terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Das mensagens de Ano Novo diferentes de todas as outras, com um espírito original, mais quente, mais giro, mais atrevido, com (muito) mais piada e para mandar só para uma pessoa com o mesmo espírito parvo, que se ria quando receber e que queira ser feliz connosco (e nu) também no resto do ano, novo ou já sem ser a estrear, porque os dias, esses, são sempre novos, pois.
Bom Ano e divirtam-se. Agasalhem-se bem, de carinho, de ternura, de maluqueiras, de gargalhadas de bons desejos... e dispam-se do frio :)))
....hoje de manhã estavam 5 graus quando pus o nariz fora de casa. Até o cinzento da neblina gelava os ossos daquela paz que o último dia do ano me deu... curiosamente, e com uma certa e surpreendente sensação de delícia, dei por mim a sorrir, mesmo cheia de frio e de nariz gelado...
...mas estava eu a dizer,  está um frio tão entranhado nos ossos que não sei como se poderia resolver isto... mas podemos dar umas ideias :)))

Bom dia!! 
(Aproveitem que é o último que 2019 tem para oferecer)

[a caminho do trabalho estavam na rádio a comentar ou a perguntar, numa palavra como foi o teu 2019? E eu fiquei a pensar como responderia... não sei bem, talvez mudança(s). Houve muitas e variadas, por dentro e também por fora, que o tempo já se nota, ou eu noto, pela primeira vez...mudanças profissionais, mudanças de perspectiva, alterações que me fizeram questionar, outra vez, muita coisa. Outras continuei a questionar mas com uma paz que não pede respostas, aceita as suas perguntas e aprecia o silêncio. E isso foi novo este ano, também isso.]

Vou-lhe contando as coisas,
quase orgulhosa por finalmente as contar assim,
e ele ali,
sem  perceber que lhe conto,
sem perceber patavina.
Nunca percebeu.

domingo, 29 de dezembro de 2019

[foto @veziphoto]

Acordei com várias coisas em modo carrossel na minha cabeça, mesmo sem querer, estive a disseca-las, a escrevê-las sem letras preto no branco ( ou vice-versa), percebi que foram coisas que eu já sabia, mas que só os meus silêncios me foram dizendo. O silêncio só nos diz o que nós  já sabemos, só ainda não dissemos.  Mas há dias em que não nos apetece escarafunchar feridas, arrumar interiores, não nos apetece abrir cicatrizes, não nos apetece voltar a um passado que nunca teve futuro e de que já não queremos presente. Então há que aproveitar o sol para levantar o olhar, há que buscar o azul para empinar o nariz para o céu, vestir umas calças de ganga e um camisolão e ir caçar um café numa esplanada solarenga. 
Poiso os olhos nesta imagem, guardada há tempos, e sempre me sugere a mesma frase  dos Argonautas (é daqui que a conheço, mas sei que a história da frase é longa e antiga) “Navegar é preciso, viver não é preciso” - naveguemos, que a água desvia-se dos obstáculos, correndo sempre, a vista é (quase) sempre sublime, e a viagem é uma e a mesma a cada dia.

sábado, 28 de dezembro de 2019

Ahahahah 
Muito bom!!
[e o mais engraçado é que quando se lê uma coisa destas...
 Involuntariamente, pensa-se logo em alguém em concreto, 
que assenta aqui na perfeição, né? Ihihihih
... não bonito, eu sei, mas é a verdade que fazer? Negar não melhora nada...]


Bom dia!!

sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

[@zackmagiezi]

Pelos poemas da nossa vida
Que incendeiam,
Que são vida,
Que trazem
Vida
Tens um?
Tens muitos?
E vida?

Bom dia :)
[nao me apetece nadinha trabalhar...
 tinha ficado na ronha e na brincadeira até daqui a bocado]
[imagem @jean_jullien]

Hoje foi o dia em que quase me tornei uma “cats person”. Ou tive pena de não o ser há muito tempo. Ao fim dum dia de trabalho e de umas voltas voltas de carro pela cidade ao sabor de um ou dois cigarros, chego, quase nove horas, a casa. Vinha bem disposta, as voltas acompanhadas de boa música deixaram-me bem disposta, vinha com fome, e se soubesse assobiar se calhar viria a assobiar escadas acima. Entro em casa, oiço uns barulhos estranhos, vou direita à zona de guerra, perdão à cozinha, mal abro a porta instala-se o silêncio - o que é logo mau sinal - dou uns passos e os meus olhos pousam no caos... o saco de ração de tamanho mega familiar espalhado pelo chão, o caixote de cartão onde estava, roído até ao osso, o saco em género carnavalesco feito em tiras, e quatro focinhos, muito bem postos, alinhados, sentadinhos e calados com o ar solene de quem está prestes a ouvir um concerto de orquestra.... e eu só penso que aquelas criaturas não têm conserto, pestes autênticas, terroristas sem fé, destruidores por convicção. Tudo. Com ar de quem não mexeu uma palha, uns santos. Até me esqueci da fome, tiro a espécie de “cancela” que separa aquele espaço, da cozinha propriamente dita, e é vê-los fugir por entre os meus pés... Depois  de maldizer a minha vida de trás para a frente e da frente para trás, e reposta a ordem mínima, mando os sacanas irem de volta para o sítio deles.... qual quê, ficaram surdos. Olham para todas as paredes,  ou enfiam o focinho na barriga própria ou alheia, o que estiver mais à mão, e nada, não é nada comeles. Danada até ao tutano,  dou  dois berros e desato a dar palmadas naqueles traseiros... mas os sacanas são rápidos, e agora a modos que tenho dois trambolhos em vez de dedos, porque um fugiu-me e bati na esquina dum armário da cozinha, e devo dizer que não, não estava a ser meiga com os moços... irra que dor. E pronto, durante uma boa meia hora não consegui dobrar os dedos, o indicador e o do meio, aquele que tantas vezes apetece usar para indicar apreço, enquanto ficavam negros e inchados... uma maravilha. Em vez de comer estive com ervilhas na mão, congeladas, pois. E os sacanas já refastelados na sua caminha a olhar para mim com aquele ar de quem devia ter apanhado, mas não apanhou. A sério, eu devia era gostar de gatos, ou assim. Irra... 

quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

Vamos tomar café?
Tenho uma prenda para te dar...
Espero que ainda não te tenhas fartado de a desembrulhar...
...É o único presente que tenho para te oferecer.

terça-feira, 24 de dezembro de 2019

Bom Natal a todos, 
mas melhor para os que merecem ;))
... mais doce e quentinho para quem não é amargo, nem frio 
Os outros enfiem o barrete (de Pai Natal, preferencialmente)
e dêem um arzinho da sua (des)graça  :DD

[não façam como a outra desgraçada que deixou parte dos presentes na mala do carro que foi para reparar (finalmente, ao fim de treze anos de vida e algumas pancadinhas de amor, ou nem tanto) e portanto... estão a ver, né? Valhamedeus e a minha estupidez natural...]

segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

Depois duns dias de gazeta custa tanto... bahhh tenho muito mais sono quando o projecto de dia é ir trabalhar... preciso dum café forte e rápido, que isto começar o dia a limpar a cozinha duas vezes, à custa daquelas pestes terroristas e destruidoras não é fácil...gosto muito  daquela lindeza de bichos, mas dão-me cabo da cabeça e da cozinha, sujam e destroem e fazem de mim empregada de suas excelências... mas depois olham para mim com aqueles olhos parvos que derretem qualquer glaciar e pronto, ficamos assim... derreados logo pela manhã, mas a pensar que vale a pena. Há coisas estupidas, não é? Já sabíamos, pois é.

domingo, 22 de dezembro de 2019

[foto @tinycactus]

Cores de domingo, suaves e doces, 
de acordares lentos
De sonhos que nos deixam leves 
Tão leves que uma nuvem adormeceu nos braços duma árvore, 
como se fosse a sua casa, mais, como se fosse o seu sítio.

sábado, 21 de dezembro de 2019

Luis Alberto Cuenca 

Adoro. Adorei.

Gosto quando estás feliz e ris-te e dizes que sou louca e que hoje estou por demais, que os meus olhos dizem tudo da malandrice diabólica do corpo. Gosto quando te ris a olhar para mim, quando fazes aqueles trejeitos ao olhar-me e não sei o que estás a pensar. Gosto que me digas para ir para o teu colo, ou para me calar que só digo tontices, quando me chamas parva, gosto que me cales com beijos e me puxes para o nosso mundo com as mãos.  Gosto quando me perguntas se tenho fome e te digo que tenho, de ti. Ou se estou danada contigo digo que não, que não quero comer nadinha. E eu não vejo, mas tu ris-te. E isso justifica o mundo rodar, e haver sol. Pena não haver futuro, e este presente ser um passado amansado e amassado em mim. E também não haver sol, chove enquanto tomo o pequeno almoço, e não me apetece comer nadinha.

Sabe bem podermos fazer com quem quisermos o que quisermos e se quisermos, mesmo que não se faça. Que haja só tempo de rir e brincar. A caminho mandar uma mensagem que sabemos que não entendem, nem desconfiam o que nos lembra quando dizemos só “sobre carris “. E rimo-nos para dentro e para fora também, mas de coisas diferentes, que não chocam, e de que já conseguimos rir. E lembramo-nos, recordam-nos, que a vida ainda não acabou, que ainda há quem aprecie o sentido de humor e alegre os outros sentidos olhando para nós. É bom conversar, rir e não esperar mais do que isso, nem querer mais. Pensar que noutras situações nada disto poderia ser assim, nem eu o quereria assim, mas ia esquecer-me que há mais pessoas que podem rir comigo e que dizem que continuam a conseguir conversar comigo como com poucas pessoas, e que o monumento continua incólume, ainda que não saibam o que é. Mas eu sei, é o que me lembro quando me dizem coisas do género, e rio-me para dentro e para fora, e conseguir esta leveza é uma liberdade muito saborosa. Nem sempre, mas as vezes é.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

... que é outra maneira de nos despirmos.
...que é outra maneira de verem o que os olhos não alcançam.
... que é outra maneira de revelar e descobrir alguém sem perguntas e respostas.
E há dias pediram-me musicas que eu gostasse... e eu fui desfiando conforme me ia lembrando de musicas que gosto e me fizeram cantar sozinha em muitas viagens de carro. Daquelas músicas que fazem cócegas por dentro que passam a coser os pedaços de alma que a vida vai rasgando. Ou talvez não cosam, mas são a banda sonora desse processo, com avanços e tropeços.  Dessas musicas fizeram uma playlist, que conheciam algumas que outras não, é que ia investigar, procurar. E eu lembrei-me que eu já fui assim com alguém. Qualquer coisa vinda dali que eu não conhecesse eu tinha interesse em saber, em procurar em investigar, ver mais e tentar perceber o que se podia perceber através da música além da música. Percebi isto quando li a mensagem e gostei, penso que um sorriso me terá roubado a expressão quotidiana, mas depois pensei que gostava de sentir isso, de sentir isso outra vez, senti-lo a exaltar o por dentro dos dias, em vez de só o ver reflectido. Aquele querer despir alguém, também em músicas, e a isso acrescentar, gostar que me queiram despir até em músicas.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Afonso Cruz

... ainda não sei.
Quero boas vistas e esforço doseado.
Quero se descer agora, subir depois.
Quero ter coração que aguente subidas e descidas
E tropeçar poucas vezes,
... terás lápis de cores suficientes?

terça-feira, 17 de dezembro de 2019

...e às vezes a razão é só sermos estupidas...
... Mas aprendi mais coisas, aprendi que não devemos acreditar no que nos dizem, mesmo que digam para acreditarmos - para confiarmos - e que nunca o disseram antes, que é diferente, que um dia teria de ser, não é, não é por se dizer, ou enquanto se disser... só as mentiras mudam. Aprendi que as sensações que temos, são só coisas que sentimos, são coisas por dentro de nós e só nossas, mas são enganadoras, e que as melhores palavras são os gestos que trazem atitudes e verdades. Aprendi que às vezes temos de fechar certas portas por dentro e deixar de fora o que nunca quis pertencer, e que por isso não merece ficar. Que há mais portas, e mesmo que não haja, assim, cá dentro, só está quem sabemos que fez por isso, quem quer realmente. O resto não vale a pena, e não chega. Aprendi que há opções e escolhas que fazemos que são feridas que abrimos com as próprias unhas, mas que o sangue que se perde é uma purga. Aprendi que temos de aceitar que temos o direito de não querer aceitar mais nada que não seja pleno e genuíno, e que isso não é injusto, nem egoista, nem demais. Aprendi  que há perguntas que nunca tiveram, nem terão, resposta ou razão que nos explique, e que a maturidade às vezes é simplesmente aceitar as nossas perguntas em paz, e que nem todas as respostas do mundo nos esclareceriam, porque a verdade raramente está nas respostas, talvez esteja, sim, nas perguntas que cada um faz no silêncio das noites que falam. E com quem as partilhamos, ou não.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

...das coisas viciantemente deliciosas. 
Das que criam dependência 
das que não queremos independência.

Bom dia! 
(E este tempinho hein? Bom para ouvir a chuvinha cair ainda enrolada no calor da cama, numa ronha doce, ou para descansar à lareira, né?... tão  bom! Aiiiiii.... está-me a saber a ginjas)

domingo, 15 de dezembro de 2019

[foto @carolinamaez]

“Sempre que penso em ti estás a dançar levemente num clima de canela despenteada, ó aroma vagaroso, desordem aérea, mas a memória tem pressa, o sangue tem pressa interna, e antes de pensar tremo, e depois tremo, pelo meio desenvolve-se o pavor de uma beleza maiúscula, o coração corre entre iluminuras rápidas, é uma criança sucessiva nas pautas da musica, assim escrevo uma nação simultânea, desapareces na respiração do teu vestido, entretanto a revelação anuncia-se pelo medo, curvas-te como as aldeias devoradas pela lua, mais tarde sempre que penso em ti estás com um lenço escrito nas duas mãos, e a tua velocidade abranda junto aos espelhos, expandes-te assim lentamente gravada, és uma floresta de silêncios visíveis, sempre que penso penso sempre ao contrário do fim, estás cada vez mais no princípio de ti mesma, então vejo que nesse lugar é o meu começo eterno, quando danças é um corpo rodeando a brancura rodeada ou de novo qualquer coisa criminal entre o cuidado e o espaço, nas linhas puras da solidão arde a cabeça, arde o vento, atrás de ti as imagens assassinas da noite - estrelas: subversão da noite, sempre que penso em ti danço até à ressurreição do tempo.”

Herberto Helder

Não é dos meus autores preferidos, muitas perde-me no intrincado de metáforas cujas imagens se perdem do sentido do texto, como quem complica para parecer mais complexo, quando a genialidade está em transmitir com uma imagem, em poucas palavras, toda uma complexidade de sentimentos ou sensações, ou para mim é assim... mas há coisas dele que gosto, algumas que gosto muito, e este texto em que bati os olhos adorei. Realmente há alguns vagares que semeiam urgências. É tanto assim, quando as coisas são como deviam ser, ou como eu gostaria que fossem - “um aroma vagaroso” de “canela despenteada”, ao qual dançamos num domingo sem tempo para faltas de tempo, entre os suspiros do vestido que ainda não vesti, mas que irias despir.

E depois uma pessoa percebe que o dia do jantar de natal da empresa é o dia de todas as empresas fazerem o jantar de natal... é desesperante. Tenho saído pouco (ou nada) e no dia que saio não me consigo mexer... e precisava de dançar para descansar a alma um tico. Valeu a noite por dar conta que foi preciso chegar a esta idade para ouvir alguém dizer “gosto muito desta mulher, e o gajo que ficar com ela é um sortudo que merece a minha admiração, e só pode ser um gajo as direitas -  e se não for está lixado comigo -, mas esta mulher é um bicho enxertado” :DDD nunca tal tinha ouvido, menos ainda de mim... eu, euzinha da Silva um bicho enxertado... fartei-me de rir, o que as pessoas dizem, e as que gostam de mim (e neste caso sei que sim), fará se não gostassem... mas saber que me sabem os defeitos e ainda assim me gostam, é o melhor que posso pedir, é genuíno.

sábado, 14 de dezembro de 2019


Tobias, Malhadinhas, Flash, Romeu, Blackie, Double, Spoty, Van Gogh, Cueca e Alentejano, todos os que nasceram e a que demos nome. Todos por uma razão que os identificava. Faz amanhã dois meses. Todos lindos, nascidos cheios de vida, vivacidade. Só chegarão a fazer dois meses quatro deles, a tristeza é grande e ressente-se. Sente-se mais ainda quando os damos à terra, que tem uma fome de vida desenfreada e cruel. A vida vai-se fazendo um fio cada vez mais fino, cada vez mais afiado, cada vez mais frágil. Vêmo-lo, dia a dia, entrar-nos pelos olhos e ressentir-se nos dias, no cansaço sem paga, paga-se a vida com vida e a morte com morte também, em nós. Faz-se tudo o que se pode e a impotência ri-se, triunfante, de nós. Temos a morte ao colo e sabemos que o tempo tem arranjinhos com ela, e nós damos colo, horas de sono e de vida, porque não podemos dar mais nada. Ontem enquanto tinha o Spoty ao colo pensava em tudo isto, em como às vezes dá raiva de uns serem saudáveis e outros terem nascido condenados, só porque sim, ou porque não. Pergunto-me se as mães que têm filhos saudáveis e filhos que não o são, conseguem não sentir isso que senti, essa espécie de raiva, revolta de incompreensão, que enquanto quatro brincam e saltam e destroem tudo, porque têm vida de sobra nas garras, o outro estava ao meu colo a desfiar os seus últimos tempos, e ninguém tem culpa, mas por que é que uns me tiram do sério e da paciência e o outro não tem nada, só o meu colo que não consigo, ou posso, negar-lhe. Como aos outros antes dele. E lembro-me do título do livro “em tudo havia beleza”, quando o pouso para fazer o jantar ou alguma coisa, vejo a irmã dele a sentar-se à frente dele, e a não deixar que a correria maluca dos restantes chegue aquela criatura que nasceu da mesma mãe e tem menos (muito menos) de metade do seu tamanho, e que com um olhar meio triste o protege, e nem sabe bem porquê, mas fá-lo. Como dizia o meu irmão (e ele sabe demasiado bem do que fala), há seres que nascem para tratar de si e outros que nascem para cuidar dos outros antes de si, sempre. Talvez também isso seja uma espécie de condenação.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2019


[José Tolentino de Mendonça]

Há dias em que me pergunto se tentas saber de mim, há dias em que me pergunto se tentas saber de mim todos os dias, até naqueles em que não me pergunto nada, e me lembro de te esquecer. Nesses dias pergunto-me se te lembras, se procuras por mim como os apaixonados a lua. Pergunto-me se te perguntas de mim quando olhas a lua perdida nas noites em que te perdes, mas onde já não andas perdido. 
Depois há dias em que não me pergunto nada, não quero saber se me queres saber ou não. E chego ao fim do dia e pergunto-me como foi possível. Afinal pergunto. Há sempre uma pergunta, mas que já não pede resposta. E a minha resposta é que é bom isso.
Hoje é um dia onde vejo a lua em todo o lado, onde na minha pele se reflecte o luar que ainda não chegou, ou que já partiu, mas que não está, ainda que o sinta. Há dias em que me pergunto se tentas saber de mim, e que sei que nunca tentaste nada, mas pensaste tudo.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Foto @jean_jullien]

Não... há vários. Há um tipo que começa logo a praguejar quando começam 
com estas teorias da segunda feira à segunda-feira...
E voltamos ao carrossel... mais uma moedinha, mais uma voltinha :))
Boa semana para todos, os pró e os anti segunda feira ;))
 eu já fui os dois, isto varia, há esperança!

sábado, 7 de dezembro de 2019


Amanhece-me a cada noite
Entrega-me o dia inteiro
Noite fora
Que cada dia
é noite fechada
Abre-me
Agarra-me
Arranca-me a escuridão
Desta luz
Com a tua fome
Que é minha
Inunda-me de ti
Até ser hoje o amanhã
Que já não esperamos

quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

[foto @zynp] 
Preciso dum café na boca e de flores nos olhos, nas mãos, por dentro do inverno da manhã. É demasiado cedo agora no Porto. Há pouco era muito mais cedo em casa, noite fechada ainda pelas janelas, a alma ainda a vaguear pelos sonhos que se distraíram. E eu sem saber se já acordei ou se dormir é só uma das formas de não se estar, não se saber.
Preciso dum café quente nas mãos e de acordar a primavera na bocaa. 
Alguém deixou um bem-me-quer poisado no meu olhar, esquecido, e as vezes ele acorda sem saber onde está. E é sempre muito cedo, demasiado cedo para tudo, que é como quem diz, tarde demais para qualquer coisa.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019



Já que fui à procura, então aqui fica :)))


Carneiro
P: Quantas pessoas do signo Carneiro são necessárias para mudar uma lâmpada?
R: Apenas uma, mas serão precisas muitas lâmpadas. -não há nada como aprender sozinho mesmo que à custa de muito erro, e ao menos não pedem a ninguém, avançam sem medos, ou com eles e depois, depois logo se vê, hajam lâmpadas...

Touro
P: Quantas pessoas do signo Touro são necessárias para mudar uma lâmpada?
R: Nenhuma, os Touros não mudam nada. - mudar para quê? a próxima vai fundir na mesma, e os olhos habituam-se à escuridão da noite e durante o dia não precisamos de lâmpadas!!

Gémeos
P: Quantas pessoas do signo Gémeos são necessárias para trocar uma lâmpada?
R: Duas, claro! Vai durar o fim-de-semana inteiro, mas quando estiver pronta, a lâmpada vai fazer o serviço da casa, falar francês e ficar da cor que você quiser. - não vai é estar ninguém para ver a proeza, entretanto já estão noutra, não páram quietos...

Caranguejo
P: Quantas pessoas do signo Caranguejo são necessárias para trocar uma lâmpada?
R: Somente uma. Mas andará três anos a fazer terapia para o ajudar a passar pelo processo. - tudo pode ser um trauma, mais vale estar quieto, a terapia sai cara para caraças...

Leão
P: Quantas pessoas do signo Leão são necessárias para trocar uma lâmpada?
R: Um Leão não troca lâmpadas, a não ser que ele segure a lâmpada e o mundo gire em torno dele. - certo é que raramente se fará luz, apesar de pensarem que iluminam qualquer sala... tal como que o mundo roda à volta deles...

Virgem
P: Quantas pessoas do signo Virgem são necessárias para trocar uma lâmpada?
R: Vamos ver: uma para girar a lâmpada, uma para anotar quando a lâmpada queimou, e a data em que ela foi comprada, outra para decidir de quem foi a culpa da lâmpada ter sido queimada e perguntar, dez para decidir como remodelar a casa enquanto os restantes trocam a lâmpada. - tudo cheio de método e processos perfeitos, tudo controlado e previsto, nada pode falhar, a próxima lâmpada por exemplo deverá ser eterna, tal e qual o processo para a mudar.

Balança
P: Quantas pessoas do signo Balança são necessárias para trocar uma lâmpada?
R: Bom, na realidade eu não sei. Acho que depende de quando a lâmpada foi queimada. Talvez só uma, se for uma lâmpada comum, mas talvez duas se a pessoa não souber onde encontrar uma lâmpada, ou .... - ou, ou , ou... os eternos ses e ous que ponderam em tudo, porque tudo é relativo, tudo depende, pode ser assim ou doutra maneira... entretanto, ou alguém decide ou é melhor aprender a viver na escuridão, mas por outro lado poupa-se, e se não houver luz vai-se para a cama mais cedo, por outro lado o dia assim fica mais curto e aproveita-se menos, por outro lado se ...

Escorpião
P: Quantas pessoas do signo Escorpião são necessárias para trocar uma lâmpada?
R: Mas quem é que quer saber? Porque é que queres saber? És polícia?? - are you Talkin' to me?? queres ver? que é que queres saber? andas a perseguir-me? queres que mudem a lâmpada para veres melhor quando me quiseres espiar é isso? porque queres saber o que eu penso, hum? mania da perseguição, eu? que é que queres dizer com isso hein?

Sagitário
P: Quantas pessoas do signo Sagitário são necessárias para trocar uma lâmpada?
R: O sol está a brilhar, é cedo, nós temos a vida inteira pela frente, e estás preocupado em trocar uma estúpida lâmpada? - eheheheh este não comento, mas às vezes é um bocadinho assim, só quando quisermos ler à noite e precisarmos de o fazer é que vamos e fazemos, já está. E não precisamos de pedir a ninguém, aquilo não tem instruções por uma razão, qualquer um que queira, ou precise, faz!

Capricórnio
P: Quantas pessoas do signo Capricórnio são necessárias para trocar uma lâmpada?
R: Nenhuma. Os Capricórnios não trocam lâmpadas - a não ser que seja um negócio lucrativo. - claro nesse caso abrem uma empresa para o feito, se já houver uma, pagam para alguém fazer, pois claro! têm coisas mais importantes com que se preocupar... como singrar na vida, por exemplo.

Aquário
P: Quantas pessoas do signo Aquário são necessárias para trocar uma lâmpada?
R: Vão aparecer centenas, todas competindo para ver quem será o único a trazer a luz ao mundo. - porque têm sempre melhores ideias e ais originais que o vizinho, que não sabe mudar lâmpadas tão bem, e as dele até são mais fáceis de mudar, agora a deles, a deles é a mais difícil, mas eles conseguem, têm uma imaginação prodigiosa ( e têm mesmo) e são os melhores, sem dúvida nenhuma (deles, claro)

Peixes
P: Quantas pessoas do signo Peixes são necessárias para trocar uma lâmpada?
R: O quê?! A luz está apagada?! - então deixa estar, se não deram conta até agora podem continuar, há sempre outras coisas com que uma pessoa se distrair... digo focar, focar...


[do pouco que conheço e vou lendo dos signos, foi isto que me suscitou a brincadeira... na verdade conheci poucos escorpiões, peixes ou caranguejos, os outros foi comentado à luz (sim, precisei de mudar a lâmpada, lá teve de ser) das pessoas que me rodeiam... só para brincar :) que estou a precisar de dizer disparates, desculpem lá]

domingo, 1 de dezembro de 2019

Dezembro... o meu mês. Sagitária  das 4 patas me confesso. Pouca pontaria no uso do arco e flecha, infelizmente. ... aqui ficam mais alguns zeros à esquerda inerentes aos Sagitários, ao que parece. Alguns são verdade, uns  não serão defeitos, outros não serão qualidades, não há nada como conhecê-los para aferir ;) os que eu conheço gosto de todos. 

“Discutem tudo” - verdade, não é defeito é vontade de trocar ideias :)

“Começam tudo, não acabam nada” - às vezes é verdade, o gozo está em mudar as coisas, fazê-las doutra forma, começá-las, fazê-las arrancar, depois alguém assegure a continuidade do repetitivo, do monótono. Os Sagitários não são para coisas monótonas ou mecânicas ou repetitivas. Dão-lhes seca.

“Estão sempre certos e as suas verdades são “as” verdades” - quem tem ideias e convicções tem de acreditar que está certo, não? Não anda só a repetir o que ouve e muda de ideia todos os dias, conforme o público ou a parangona do dia... Quem discute qualquer coisa, com base no que pensa e sabe (ou pensa saber), e acredita estar certo, então, para si mesmo é uma verdade. Como não? Mas não tem tendência a desprezar as opiniões alheias, ou nem as discutiria... e se provarem que estão errados, mudam de ideia. A custo, mas mudam. Não gostam de falsidades, e não defendem o que não acreditam, ou o que comprovadamente não estiver certo.

“Insensíveis” - as pessoas é que são demasiado sensíveis à verdade... não gostam de a ouvir, por norma, depois chamam o mensageiro de insensível. Os Sagitários são muito directos e francos, verdade, mas se gostam da pessoa a quem têm de dizer algo, procuram dizer de forma a não magoar, se, por outro lado, essa pessoa não lhes disser nada, dizem como sair, directa e sinceramente, sem soluços ou grandes filtros. Quem não quiser arriscar, não pergunte...

"Sortudos como tudo" - caramba, a mim não me calhou essa parte... devia estar noutro sítio quando distribuíram a sorte aos Sagitários... a olhar para o vazio, ou assim. Ou a ir buscar alguma seta mal atirada...

E muito haveria para dizer, mas há que deixar coisas por dizer, na descoberta está também a piada do processo, né? 

Bom Domingo, sagitarianos e restantes almas do zodíaco  :)))

sábado, 30 de novembro de 2019

A raridade poucas vezes sobrevive, está condenada, por esmagamento ou exaustão. Por desilusão também.  Gostava de encontrar pessoas assim, que se dêem, que dêem tudo o que têm, que tenham palavra. talvez até andem por aí e não damos por isso, fazem pouco alarde os genuínos, se calhar. Talvez. Camuflagem também é defesa. Desistência também é sobrevivência.

terça-feira, 26 de novembro de 2019

... uma vez que a última foi à vida, e se voltar a dormir acho que não acordo tão cedo... 
é melhor dedicar-me à primeira ...
Bahhhh 

Bom dia!

domingo, 24 de novembro de 2019


Dispensando o açúcar, 
será que ainda vale o convite para café? 
Ou para isso é preciso usar açúcar?
É que então não vale nada...

[tenho ouvido ultimamente que devia ser mais doce ao falar...
 ando a agitar demasiado as águas... deve ser falta de açúcar. 
Que  eu quero manter. 
A minha doçura, se a tiver, é espontânea, 
e realmente nunca foi para todos... menos ainda por encomenda. 
É uma doçura sem agenda, ou objectivos. Ou convites, lamento. ]

O fim do dia, da noite, o silêncio das luzes apagadas, as janelas acesas: os olhos postos no de fora olhado por dentro. O tríptico de luzes e sombras na parede, uma campânula sonolenta debruçada sobre o sofá. E eu aqui sentada, a pé ainda, sem saber das horas ou horários. Olho o dia e fecho páginas. Mas há sempre páginas em branco, que esperam o que hão-de ser. E eu já toda escrita à procura de páginas onde ainda possa escrever, ser, viver. Espero palavras de cores que ainda não conheça. Parece que a vida se esquece de acontecer nos intervalos dos dias corridos.
Penso em quem continua do lado de fora, pergunto-me se precisam do silêncio das luzes apagadas, assim, para fechar o dia, e a noite, se lhes faltarão tantas cores como a mim, se os silêncios, e precisar deles, vem do que se viveu ou daquilo que se é, como se é.
O silêncio será como uma ausência? É algo que nos trazem pela falta, ou é só uma presença em nós, um bocado nosso que trazemos connosco?

sábado, 23 de novembro de 2019


[foto @projetoamoramora]


TRAPÉZIO

subir por aquele rapaz acima
e chamar deus à vontade
de subir

Raquel Nobre Guerra


[deus...
que vontade,
o rapaz, aquele,
aquele só.
a bíblia da pele
que leva a alma ao céu.
céus.
a subida ofegante
a descida em suspiro 
a vontade, a vontade, 
a vontade, tão à vontade
tudo. sempre.
deus!
deixa-me cair.]

sexta-feira, 22 de novembro de 2019

[foto @nordlingpeter]

O cigarro sussurra cinzas de ardência
A janela geme chuva,
A porta, vida de silêncio,
Como eu.
As janelas só se fecham por dentro,
Algumas portas também.
O cigarro sou eu que acendo.

segunda-feira, 18 de novembro de 2019


Há pessoas com a capacidade de partir o mundo dos outros. Reduzi-lo a cacos. E não quer isto dizer que a imagem do mundo fosse muito boa, mas era inteira, sentia-se-lhe um sentido. Agora, quando se tenta pegar, caco a caco, para refazer algo, tudo sao arestas que nos cortam as mãos. Que sangram o sangue que tínhamos quando as coisas pareciam ter algum sentido. Esvaímo-nos agora do que fomos. Não há como voltar a colar o mundo, a vida. Talvez não devamos refazer nada, talvez o que se parte seja para ficar partido, talvez haja nisso um novo sentido, e nesse, os cacos dispersos fazem um mundo, que iremos entender, que não se voltará a partir. E talvez o todo valha mais depois de partido se soubermos como tratar cada parte, cada coisa - o lugar de cada coisa. O nosso lugar, as coisas sem lugar e o lugar daqueles que partem o mundo dos outros e ficam com as mãos intactas. Não sangram, e seguem a partir novos mundos, daqueles que ainda têm inocência suficiente para se deixarem partir. Coitados.

domingo, 17 de novembro de 2019

Das verdades que saem melhor a meio da noite, ao fim duns copos.
 Das comunicações nocturnas que acordam coisas boas.
Um “must”. :))

sábado, 16 de novembro de 2019

Não tem receita, mas alegam que se vende sob prescrição médica... não pode.
 Publicidade enganosa. Não se vende, por muito prescrito que seja. Ou necessário, ou necessitado. Acontece quando se tem, ou teve, prescrever, isso sim, acontece.
 É genérico, sim, mas nunca se sabe onde se pode arranjar, é demasiado específico para cada um. Os efeitos secundários, quando se começa o tratamento, esses,
são óptimos e generalizados: estupidez da mais pura e nuvens por chão. Com o tempo tendem a desaparecer, fica apenas uma sensação de bem estar, connosco e com a vida, que ajuda a enfrentar o mundo.
Há quem o tome apenas por via oral, muitas vezes assim tomado revela-se um placebo de descoberta retardatária e de efeitos por demais nefastos. Há mais no amor que a via oral, raramente eficaz nos princípios activos,  e do verdadeiro não há maneira de se poder abusar, não se conhecem medidas para o bicho, nem morte por overdose. 
Resumindo: publicidade enganosa é o que é. 
O amor não é um produto senão do acaso, e não se compra, e não há amor em comprimidos, injectável ou enfrascado (embora haja relatos de quem o pensa ter encontrado, depois de enfrascado...) ou o que for, são tudo placebos. E saem caros.
 Cobram-se em tempo e sonhos.

;)) Bom dia!

quinta-feira, 14 de novembro de 2019


Há pessoas que nos vão ganhando aos poucos, sem darmos por isso vão passando a fazer parte do nosso dia, entram descalços como quem respeita o chão da casa que quer conhecer. Vão-se tornando casa e fazendo casa, devagar, com a consciência que cada lugar tem um tempo, mas que tudo pode ser conquistado, ou, pelo menos, acolhido. Há frases que vão ficando, sentidos que nos vão acalentando, ao ponto de se sentir a falta quando o silêncio se torna ausência. Chegamos ao ponto de desejar a presença, sem que disso haja consciência, até que há, e tentamos perceber o que aconteceu, ou porquê, e não há resposta mas há um sorriso que nalguns dias persiste. E medo, não se sabe de quê, como não sabemos explicar porque nos ausentamos do tempo quando repetem frases de outros tempos. Sem o saber, repetem frases antigas que nunca conheceram, que usavam outra voz. Gostam do olhar onde descobrem meiguice... e gostam da minha cabeça, e eu gostava de apagá-la em muitos momentos, partes dela, pelo menos. Gostam dos movimentos, do andar, das expressões que não noto serem minhas... sem saberem o que ouvi-lo move consigo. E face a um ou outro atrevimento catita, com piada, que me faz rir, eu lembro-me do que não quero responder, que já respondi, e no compasso, calo-me. Não quero repetições.
Lembram-me para olhar a lua, e eu quero esquecer que vi. E não sei mais nada, de perdida no tempo em que as palavras me diziam coisas que nunca disseram.

um homem não chora a não ser
quando geme
nos braços de quem
o prendeu pela boca

Bénédict Houart

Gemidos de corpo inteiro, a carne quente cravada de suspiros, arrepios que eriçam a espinha, bocas que dão de beber, que prendem a vontade de pele à pele de alguém. Pele que não aprisiona a alma, pele por onde nos libertamos, onde deixamos o mundo sem deixarmos de nos ser. Braços onde somos livres e abraçamos a própria essência que entregamos, onde somos livremente,  numa intimidade que geme de vida que escorre para dentro.
É a vida que nos prende num gemido, se tivermos sorte.


quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Desligo as luzes como quem foi dormir, fecho a luz do dia em mim. Mando a bicha para a cama, ela vai e volta passado quase nada, enrola-se nas sombras do chão. Acendo um cigarro no cadeirão com vista para a chuva, os pés dentro das pantufas contra o vidro, e os olhos de mim para dentro. Olho  como quem dorme, inconsciente de mim, consciente em sonhos. Oiço o batuque da chuva lá fora. Há coisas que não mudam. Quantas vezes já fumei este cigarro, aqui, assim? 
Dou-me conta que continuo a perguntar-me tudo e nada, coisas demais sempre, e que cada vez mais quero que me dêem menos respostas. As nossas perguntas definem-nos e as respostas a que chegarmos também. Talvez haja, para cada um, uma resposta. Por isso não quero respostas de ninguém, ou cada vez menos. Quero as minhas perguntas até às minhas respostas, ou, talvez, aceitar apenas perguntar-me. E ir conversando com a chuva, falando-me no silêncio das palavras. E ir fumando os mesmos cigarros, nas noites que são as mesmas do que nunca foram. O tempo só existe se olharmos para trás.

terça-feira, 12 de novembro de 2019

Ahahah... tirem senha se faixabore :D
... sim, quero ordem nisto, dava-me muito jeito!
.... e isto é uma ordem!!
:DDD muito bom...

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

[desenho @_baccc]

Numa só linha desalinhada
desenham o que fomos,
um traço sem destino
num passado enovelado
em desatino de beleza.

domingo, 10 de novembro de 2019



...espírito de Domingo melancólico... 
...dos fins de semana de Outono que valem quanto vale o prazer da nossa companhia, 
dos pensamentos que nos agarram enquanto vagueiam pelas frases que lemos,
 e da música que nos envolve neste compasso lânguido e lento, 
acolhendo este cinzento que entra pela janela como um aconchego.

["O escritor galardoado (...). Nota-se-lhe um certo incómodo, uma certa aspereza. Talvez poucos dos presentes o tenham lido. E, mesmo que tivesse sido muito lido, na realidade de pouco lhe pode servir, pois ninguém o ama, e desse ponto de vista é como se ninguém o tivesse lido. Não há amor aqui, não há amor em lado nenhum. E talvez ele saiba e aceite isso. Todos sabemos e aceitamos, pois a literatura é já algo irrelevante na medida em que não há nela amor. Não há nela amor, pensa o homem de gravata amarela, e devia haver, pois só o amor tem sentido, e onde estará o seu amor, e o que está a fazer neste sítio se não encontrar aqui amor, e lembra-se do seu pai então, cuja vida aconteceu segundo esta ordem que aquela mulher com tacões severos simboliza.
O seu pai teria ficado contente ao vê-lo ali, junto dos reis. Teria gostado que ele lhe contasse alguma anedota, talvez por isso tenha ido, por amor ao pai."

Manuel Vilas, in Em tudo havia beleza [Ordesa]

Quando se sabe amar leva-se amor a todo lado, connosco, em gestos que os corações alheios não vêem. São gestos fruto de fazer o que se sente, só. Apenas quando se questionam, quando olham para dentro dos próprios gestos que vivem, vêem. Vêem onde os outros nem olham. Há corações que raramente se questionam, que não vêem para dentro e nem sequer olham para fora, que nunca chegam a ver ninguém, apenas batem e nem sabem por quê. 
Para quem sabe amar há amor em tudo, tal como há beleza em tudo. Beleza é amor.]

sábado, 9 de novembro de 2019



É preciso um abraço, daqueles que param a rotação da terra, que suspendem tudo, que largam o dia lá fora, que aconchegam a respiração do coração. 

Há dias acordei a meio da noite, mais uma vez com os bebés patudos a fazer barulho, levantei-me e fui ver deles como quase todos os dias de há duas semanas para cá, acabei a fazer um biberon e a dar ao mais magricela, com medo que a magreza o consumisse. Voltei para a cama, e só me lembro disso: de precisar dum abraço que me parasse o tempo, me retirasse do mundo, me fizesse descansar do carrossel louco que têm sido os meus dias. Embrulhei-me em mim mesma, fiz dos meus próprios braços o abraço, e debaixo das mantas senti frio, só o cansaço o adormeceu, deixando-me abraçar o sono durante umas horas.

Lembrei-me agora disso, agora que me sento no sofá e o fim do dia me abraça de anoitecer pela janela.

quinta-feira, 7 de novembro de 2019


O cansaço apaga-me a vontade de parar o tempo para dar lugar às palavras.
Passam por mim e não as prendo, são minhas mas não as guardo, dissolvem-se, perco-as, tal como se perde tudo o que não fica. Ou quase tudo. 
Guardamos o que não permitimos deixar fugir.

terça-feira, 5 de novembro de 2019

[Foto @ramazancirakoglu_photo]

A minha incompreensão
não é eu não estar ainda inteira, 
é tu nunca teres partido.

domingo, 3 de novembro de 2019

[Manuel Vilas, um Em tudo havia beleza (Ordesa)]

Que frase para abrir as hostilidades... faz-nos logo parar.
O que tem medida é mais real, mais fácil de lidar, de contar de remediar. De conhecer por fora e até comparar. De pôr por ordem, ou em ordem. O que não tem medida, o que não se desfaz em números e se perde em palavras que nos ganham, é irredutível. É de cada um.
 É abstracto, e no entanto nada é mais real no nosso por dentro de ser.

... este dia-bónus está-me a saber melhor que ginjas!!
E há uns relances de sol e tudo :)
Só faltam as macacadas e parvoíces, entre um biberon e outro, uma limpeza e outra...
 um virar de página ou outro e o olhar lento para fora da janela,
 como uma brisa de que a pele ainda foge, aninhada em si mesma.

Bom Domingo, crianças :)

sábado, 2 de novembro de 2019

[imagem @picame]

[que eu quando escolho, faço sempre as piores escolhas...]
... mas não me espetes com uma surpresa careca, tá?
 Cabeluda também não... 
... vê lá isso do corte certo...
um golpe de sorte, portanto.

sexta-feira, 1 de novembro de 2019



Era aquele que eu achava mais bonito. Vi-o nascer, ainda sujo e acinzentado. Notava-se já que a pelagem seria ruão, ficou com o nome de Malhadinhas por causa disso. Os outros ainda pareciam branquinhos como pelagem de fundo. Todos foram baptizados logo com o nascimento ou no dia seguinte quando de quatro passaram a nove, e depois - já depois de eu sair de casa a correr com 3 horas de sono e meia de atraso para chegar a Viseu na hora marcada -, para dez. Esse, o último, o lento, o pachorrento ficou Alentejano, o primeiro, todo taralhoco com este mundo todo novo, ficou Tobias, a Flash saiu disparada e assim ficou, num flash. Aquele que trazia um coração em mancha no dorso ficou Romeu... todos ficaram com identidade, e reconhecemo-los todos. O Malhadinhas tinha uma grande mancha no ombro direito, e começou, a não crescer como os outros, mesmo com paciência acrescida e biberon, ele dormia quando os outros se esgadanhavam para mamar, uns mais outros menos. Ontem ao dar-lhe o biberon da noite senti uma paz... uma coisa que não consigo explicar. Hoje de manhã confirmei, explicou-se.
A Pintarolas agora é mãe de nove, mas, como todas as mães que passam por isto, continua a ter dez filhos.

terça-feira, 29 de outubro de 2019


Ah pois é!!... democracia, mas nem tanto :))
A Mafaldinha a aligeirar o caminho, demasiado madrugador,  para o meu FMI :)
Bahhh é muito cedo... tenho sono.

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Não sei quem é a Dana White, mas se tiver razão, 
eu estou quase imune ao fracasso...
Na última semana já houve quem se despedisse porque eu não fui/sou muito agradável... 
estamos a começar bem, sim senhor.
 Paciência, a minha consciência está tranquila, ainda que triste com a falta de hombridade de algumas pessoas. Mas já percebi que homens com tudo no sítio há muito poucos. E carácter é coisa que rareia em quase todos os quadrantes (ainda que tendencialmente eu demore muito a perceber isto, parto sempre do pressuposto de se ter carácter e não o contrário). 
Eu não aprecio o género, e digo o que tenho a dizer,  
e há muito quem não goste, mas vai daí isso explica muita coisa...
Mas isto tudo deixa-me triste, desiludida, descrente, sei lá... 
com esta sensação de estar sempre errada quando sei que o erro não é meu.
Enfim, assim vai o mundo.

domingo, 27 de outubro de 2019

.... que apetece ligar-lhes uma ficha,
finalmente fazer-se luz,
... e em caminho (mais iluminadinho e tudo)
... poupar na factura da electricidade!! :DDD

Bom Domingo, cheio de boa energia :))))

[não era nada disto que estava no resto da frase desta imagem @ironicadisney, mas foi o que me ocorreu mal li o início da frase.... há domingos assim ehehehe... cheios de boa e sarcástica energia ;) é verdade, eu às vezes embirro um bocado com aquele pessoal que exagera no paleio das boas energias e coiso, na verdade, o pessoal boa onda, que não chateia, não anda sempre a impingir esse ou outro paleio... mas pronto, eu às vezes tenho um ligeiro mau feitio, ou falta de paciência, vá, para certas tretas...]

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

... e um olhar perdido, 
perde-se onde?
No horizonte que nunca alcançaremos,
no tempo que pelo relógio não passa,
ou na palavra que sabemos não existir?
Um olhar perdido encontra-se?

quinta-feira, 24 de outubro de 2019




Não é a toda a hora, 
mas muitas vezes pego no telemóvel para falar com alguém 
que me faça esquecer que exististe. 
Já não me basta a tua existência no meu passado.
 Quero a tua inexistência definitiva como infinitiva. 
Procuro em mim a inexistência do teu silêncio, só.

Outras vezes pego no telemóvel para escrever estas coisas,
enquanto fumo um cigarro na varanda,
 e vejo a noite passar a frio e as palavras atravessarem-me a quente.