terça-feira, 26 de maio de 2020

Mais um passeio, hoje com a russa da casa, a terrível pequenota, 
mas não em tamanho.,.
 Já descemos, já subimos e agora sentamo-nos um tico na frescura da sombra, 
antes da derradeira subida até casa, ela de língua de fora e eu quase...
 Devíamos fazer isto todos os dias, eu só devia trabalhar meio-tempo, sempre, 
para sobrar tempo inteiro, assim.


[imagem @_baccc]

Peregrina do amor sem caminhos
Percorro a tua pele
Sedenta de luz
Subo ao cimo de ti
A cada crepúsculo
Entontecida de devoção
Faço do teu corpo templo
Cada beijo um milagre
Cada gemido uma oração
Cada êxtase o céu
E no latejar de um suspiro
Peço guarida no teu peito
Sinto-te a vida pulsar 
Comigo dentro
Sinto-me dentro de ti
Contigo dentro


segunda-feira, 25 de maio de 2020

Hoje por exemplo, a esta hora, já houve dois candidatos ao título...
... que mereceram, mas não, não disse, bom... só em pensamento. 
Ainda que, com o que efectivamente disse, suponho que eles desenvolveram a excepcional capacidade de ler pensamentos... com alguma clareza, diria eu.... o que, convenhamos, dá sempre jeito. A mim, pelo menos, deu. :))))

domingo, 24 de maio de 2020

Bom dia!!
Vamos cuscar o dia lá fora?? Abrir os olhos e aproveitar o Domingo... amanhã começa o carrossel dos malucos (onde acontece eu trabalhar) ... mais uma moedinha, mais uma voltinha... mas enquanto não, não deixemos o Domingo passar por um canudo ;))
[foto @markeastmenphotography]

“Estou mudo porque todas as palavras te escutam.”
Vasco Gato

... e assim, dizes tudo.

sábado, 23 de maio de 2020

[Emanuel Jorge Botelho]

Longe, dás-me bom dia, lembras-me a pele que acorda... o que tantas vezes não fazes com as mãos, fazes com palavras. Às vezes uma mensagem basta. De bom dia, do que for, desde que nosso, e o dia só poderia ser bom.
Bem sei que é tarde, e que poderiam dizer que já não é hora para bom dia, mas nunca vens tarde à minha pele, porque o que se sente não conhece relógios e tantas vezes não sabe o que é isso do tempo, porque não parece mudar. E o tempo, quando existe, é mudança.

quinta-feira, 21 de maio de 2020

...acautelem-se!!! 
:DDDD
Não há nada como uma paixão para nos injectar de vida, 
bem sei, e sou a primeira a concordar, 
 ... mas... 
cuidado com as máscaras (de todos os tipos, aliás)... 
...ou livrarem-se do vírus não será a vossa maior preocupação  ;)))




Gosto. Muito.
Lembro-me de muitas vezes fazer o caminho de manhã e esta fazer parte da banda sonora. Cantei-a muitas vezes sozinha a olhar a paisagem que ia fugindo pelo caminho. 
Sinto-a como paradoxo, 
como tanta coisa que nos fica, por isso mesmo, mas gosto.
 A sonoridade doce embala, se não atentarmos ao resto.
 Mas não deixa de ser bonito, de dar prazer ouvir.

Damage the dream
The magic is broken

quarta-feira, 20 de maio de 2020




[foto @krejir]

Sonhei-te,
Estavas cada vez mais
Vestido de tempo,
Soterrado debaixo de camadas
E camadas de pó e de lama.
Quase irreconhecível,
Ou talvez completamente.
Cada vez que abrias a boca
Era só vazio que gritavas,
E nem um gemido se ouvia,
Nada.
Cheio de pó que ninguém limpa,
Lama que água nenhuma lava,
Sombras que luz nenhuma vê.
E eu, ali, 
A tactear o caminho da minha própria pele,
Cercada de grades 
que tocam o céu como árvores,
sem saber por que caminho voltar.
Não sei se eras tu, se era eu,
Mas eu acordei.


terça-feira, 19 de maio de 2020

mesmo com frio, 
continua a olhar as estrelas 
para não cair nas malhas do vazio, 
e para o seu olhar não perder lonjuras.
Continua a coser a alma com fios de desejo, 
como um vício que não quer largar.
E conta pelos dedos as estrelas em que não caiu.

domingo, 17 de maio de 2020


Sento-me aqui, queria sentir o fresco da noite. Aqui sentada, de cigarro aceso, parece-me a noite apagada, profundamente adormecida, deitada numa paz silenciosa entre a escuridão do céu e as luzes da cidade. Eu aqui, calada, e tão desperta, com a vida toda adormecida. Como se tudo estivesse ao contrário, o negro da noite debaixo dos pés, e o mundo lá em cima, onde só o olhar chega. Tudo num avesso sem costuras.

[e, aqui sentada, lembrei-me desta música, não sei porquê  
... talvez haja muitas maneiras de estar presa, drink up baby]

sábado, 16 de maio de 2020


Entre outras coisas, estes meus registos nesta plataforma, servem-me para anotar coisas que leio e que por alguma razão me ficaram ou fizeram pensar quando as li. Várias vezes acontece que para as recordar as pesquiso nestes diários, porque a memória é de galinha, e se ficam as ideias a forma invariavelmente dissipa-se no tempo. Tenho andado muito preguiçosa nestas lides, e hoje o tempo, e uma ideia que já não conseguia reproduzir-se na forma original, convidou-me a recuperar as últimas leituras. À conta do bendito curso online, para o qual afinal não tive o tempo esperado - alteraram-me o plano e a minha quarentena não chegou verdadeiramente a acontecer - li algumas coisas que a bendita preguiça impediu que ficassem registadas. 
Uma das coisas que dou por mim a pensar é que há obras que marcaram os tempos de alguma forma, e que a mim não me marcaram muito, pouco havendo para mim a registar, a não ser confrontar-me com a ignorância -  ou da sua existência, nalguns casos, ou com o contexto que as tornaram marcantes na história da literatura. 
Nunca tinha ouvido falar no Épico de Gilgamesh, o curso, fraquinho que possa ser, sempre reduz a minha vasta ignorância :)  Foi escrito em placas  de argila mais de dois milénios a.c. e a sua referência ao dilúvio foi a razão porque inicialmente lhe dedicaram tanta atenção, e terá sido a mais antiga  história escrita que chegou aos tempos de hoje. As histórias contavam-se, espalhavam-se e passavam os tempos sendo contadas, não escritas. Com deuses e mortais, como os tempos assim usavam, com características tão permeáveis entre entre eles, os deuses com defeitos tão humanos e alguns mortais considerados quase deuses e deles próximos.
O texto ficou para a história por muitas razões, para mim ficou principalmente uma passagem que aqui deixo (afinal foi para isso que me decidi a dobrar a preguiça...) para futuros regressos:


"Se teu coração está tomado de medo, joga fora esse medo; se há terror nele, joga fora esse terror. Toma o machado em tua mão e lança-te ao ataque. Aquele que abandona a luta não fica em paz." - quem abandona a luta, ao contrário do que poderia pensar não fica em paz, bem verdade.

Por agora já chega... daqui a bocado logo verei o nível de preguiça :))

quinta-feira, 14 de maio de 2020

E o meu dia começou assim... a rir-me de diatribes de alguém com
aparente sentido de humor :))
E fez-me lembrar...”Oh amor... vai p’ro diabo!! “
Ao que respondem: “... mas... com quem achas que estive todo este tempo??” 
;)))

Apanhei isto algures, mas podia bem ser uma conversa minha ....

segunda-feira, 11 de maio de 2020



Outlander - comecei a ver porque ouvi vários comentários que valia a pena. Não fora isso e a temática não me puxaria, viagens no tempo e séries de época não são a minha predileção. Claro que quando entra em cena este moço o interesse sobe seja qual for o contexto, e não costumo ser muito susceptível a estes moços bonitinhos, com um fisico que não fere os olhos ( e o dele vai muito para além disso... jazuzzz há ali qualquer coisa no conjunto que impressiona) e uma carinha de meio meninos ainda ( e este, da pesquisa que fiz, ao natural parece muito imberbe.. mas vá, acho que talvez  lhe perdoasse isso...). O certo é que realmente desde que comecei a ver, a partir do quinto ou  sexto episódio, tornou-se um tira-sono... era só mais um episódio... e de manhã o despertador não queria cá saber de coisas... mas deixou-me algumas vezes a pensar. O que me cativou (além do moço, pois) foram pequenos pormenores da relação deles. Não vale a pena tentar explicar, nem eu o farei, mas fez-me pensar... coisas simples, pequenos (grandes) pormenores que se reconhecem, que me fizeram pensar que, se por um lado há certas coisas que se vêem, ou lêem, e dizemos ah e tal, estas coisas só em livros ou filmes; por outro, quando as vivemos dizemos que são únicas, parece que nunca ninguém as viveu, ou sentiu, assim. No entanto, depois, quando somos confrontados com certas cenas sorrimos, porque se foram escritas alguém as sentiu assim, ou muito parecido... e afinal aquilo que chamamos único, parecerá único para toda a gente... ou seja, não só não é único, como  não é só de livros, ou filmes. A vantagem é que quando é escrito tem o fim que quem escreve quer, e talvez seja essa a razão de algumas pessoas escreverem, para lhes dar o fim que querem ou para expurgar o seu. 
Nesta série há muitos pormenores de cenas entre eles que me fizeram pensar isto, e sorrir algumas (muitas) vezes mesmo sem querer, outras consciente, pois se nada disto é único, haverá mais e até melhor. O sentido de humor partilhado, o brincarem em momentos estranhos a outros, a "taradice" entendida em conjunto como saudável, boa e nunca como ordinarice, os olhares que falam, as brincadeiras privadas, o vocabulário íntimo, as coisas que se dizem. Tanta coisa comum se calhar a tanta gente - sim, haverá mais quem veja as relações assim,  e a mim (re)lembra-me que existe, que é possível, e que se poderá viver, sem viagens no tempo e sempre a fugir de algo ou alguém.
Há coisas que podem ser, nem todas, mas algumas poderão ser, e podem ser muito boas, ainda que não o sejam sempre e a todo o tempo - mas não são só de livros, afinal, cada vez mais nos apercebemos que a realidade em tudo ultrapassa a ficção a seu tempo... a alguns essa realidade chega tarde demais, para outros nunca chegará. Uma coisa parece certa para quem a conhece, não a consegue desconhecer, mesmo que queira.... e depois há memorandos assim, na tela. E isso é bom. Há coisas que não mudam, e coisas que têm de mudar para que nos mantenhamos fieis ao que acreditamos, ou queremos.


 [Fiquei para sempre fã do sotaque escocês, e gostei da série, sim senhor, acabei agora o último episódio da quarta temporada. Acho que já há outra, mas ainda não está disponível... não fui muito a favor de oferecerem a assinatura da Netflix à minha filha... mas... :))) ]

sábado, 9 de maio de 2020

Já o disse e é verdade, fazer-me ir para a cozinha, espontaneamente, por livre vontade e com vontade, só mesmo um grande amor. Dos que dão vontade de um gesto que chegue ao outro, que o toque, que o entenda.  Fazemos coisas raras pela raridade do que se sente e se quer que sintam. Infelizmente - ou talvez não, aliás, certamente que não - poucos o saberão entender, ver, deixarem-se tocar, talvez. Se calhar é nas alturas em que as coisas não são como gostaríamos, e queríamos, que fossem, que o coração impele as mãos a fazerem gestos que guardam coisas que não dizemos, como verdades encriptadas, mas sem qualquer enigma se nos conhecerem, e se não escolherem olhar para o lado para dizerem que não viram, que não perceberam, que não se aperceberam. 
Quando não temos nada para oferecer, damos o que somos, sem embrulhos. Só o recebe quem quer e aprendeu a amar e a ver, ou verá apenas a mão, o bolo, os biscoitos, o embrulho e não o gesto, a doçura... todo o amor que não traz papel de embrulho, mas às vezes é tímido no saber dizer-se. Ou no fazer-se entender. Hoje perceberam perfeitamente... "tens razão, as melhores prendas não vêm embrulhadas", e não foi preciso dizer mais nada.

[... a noite está maravilhosamente fresca, como se um gesto deste silêncio quente que se sente]

terça-feira, 5 de maio de 2020


Um passeio a duas, há muito que não tínhamos, e tão bem que me estava a saber... resolvemos dar uma volta maior porque o jardim ao fundo da rua estava cheio de gente e o no outro a seguir só conseguimos uns cinco minutos para ela correr um bocado, até aparecerem mais canídeos... a modos que resolvi continuar, apetecia-me andar e a luz de fim de dia tem sempre um efeito qualquer meio mágico no tempo, que apetece estica-lo sempre mais um tico. Descemos à praça, subimos à Sé, descemos ao longo dos Arcos, e o panorama era este, a rua assim, só nossa. Pedi-lhe a sua melhor pose... e foi isto... acho que ainda não quer fotos... deve ser dos quilos a mais que ganhou da ninhada e ainda não recuperou a forma nem perdeu a fome... continuamos e já quase em casa, do lado da rua oposto ao nosso, vejo uma senhora, velhota, cair.  E foi quando enfim a estupidez me assentou, quando não a vi levantar, ou sem o conseguir fazer, já ia a meio de atravessar a rua. Vi que a cadela não ladrou, o que é raro quando as pessoas levam sacos - não sei, não me perguntem, deve ser um qualquer trauma que desconheço ou ouviu alguém contar a história do homem do saco quando era pequenina... vá-se lá saber - mas não ladrou, passei a trela para a outra mão e com a mão direita tento ajudar a senhora a levantar-se... o que me fez de repente lembrar que os badalados dois metros já eram, e só agora me lembrava disso, e que nenhuma de nós levava máscara e que a senhora com aquela idade, era um perigo. Afastei a cara o mais possível da senhora e lá consegui ajudá-la a levantar. Afastei-me, perguntei se estava bem e se conseguia ir bem para casa, se era longe, se precisava de mais alguma ajuda... disse que não, e tinha fome de conversa coitada da senhora, e eu só a pensar se lhe teria pegado alguma coisa, mesmo pensando que não tenho nada, nunca se sabe, ou só se sabe mais tarde... e o passeio que me estava a saber tão deixou esta sensação estranha, de poder ter feito mal a alguém sem querer. Foi uma estupidez, por um lado, mas ia deixar a senhora estatelada no chão, à beira do passeio? 

domingo, 3 de maio de 2020

Noite limpa, rasgada por um trapo de névoa que sublinha a lua. O sossego da rua, um dia que se acaba e se resume enquanto, aqui sentada, meço luzes e sombras. Há coisas que se tornam límpidas na boca dos outros, como o céu de hoje, quando as ouvimos calçados de nós mesmos. Coisas simples, que sempre estariam ao alcance do nosso olhar, se não nos enevoassem maravilhas que por dentro dos olhos nos cegam. Oásis  em desertos que se atravessaram a seco, devagar e em delírio. Muitas vezes ouvi que depois de abertos os olhos, não seria possível voltar a viver de olhos fechados. Não é verdade, podemos voltar a fechá-los, mas nunca deixaremos de ver. Por muito que cerremos os olhos. Como uma maldição, vestida de benção. Resta-nos evitar morrer à sede, por tudo tomarmos por oásis. 

sábado, 2 de maio de 2020

Quando vou passear as tracção as quatro apercebo-me da quantidade de bichos que estão a dar graças a Deus pela quarentena... sim, como se para eles o COVID fosse o salvador... cães supostamente das redondezas a quem eu nunca tinha visto o focinho... nunca devem ter saído de casa, qual refém em confinamento.  Mas recebem os seus adoptantes o mesmo destino de reclusão, e não gostam, lembram-se agora de passear os cães, que coitados precisam, sei lá, de apanhar ar... uns chamam-lhes passeios higiénicos, mas de higiénicos têm pouco porque os passeios estão minados de presentes das criaturas que não estão habituadas a sair de casa, ou quem os traz pela trela, de os passear... 
Eu sei que sou preguiçosa para passear os bichos, muitas vezes acontece não os passear todos os dias, mas não deixo passar dias e dias sem os levar à rua a esticar as pernas e correr um bocado, nem com isto de supostamente estar mais tempo em casa (que acabou por ser verdade muito poucos dias) fiz deles livre passe para ir à rua, eles, coitados, é que agora quase não conseguem correr, os jardins onde vamos para, soltos, poderem correr, estão cheios de gente a conhecer o espaço... este confinamento está a acabar, temos de encontrar um equilíbrio para conseguir viver com isto - confinar e proteger mesmo o grupo de risco, a sério e sem facilitismos, mas os restantes têm de retornar a uma vida (mais) normal, tanto quanto estar longe dos mais velhos que lhe são próximos permitir... mas este negócio aqui sugerido, de cães passearem confinados,  dava uma boa maquia cá em casa... :))))