quinta-feira, 14 de novembro de 2019


um homem não chora a não ser
quando geme
nos braços de quem
o prendeu pela boca

Bénédict Houart

Gemidos de corpo inteiro, a carne quente cravada de suspiros, arrepios que eriçam a espinha, bocas que dão de beber, que prendem a vontade de pele à pele de alguém. Pele que não aprisiona a alma, pele por onde nos libertamos, onde deixamos o mundo sem deixarmos de nos ser. Braços onde somos livres e abraçamos a própria essência que entregamos, onde somos livremente,  numa intimidade que geme de vida que escorre para dentro.
É a vida que nos prende num gemido, se tivermos sorte.


2 comentários:

  1. Tal como Robert Smith admitiu mentir no título da famigerada letra musical, Houart apesar de recorrer a uma figura de estilo para lavrar uma linha erotizada, tropeça num estereótipo datado.
    O Choro de um Homem não é exclusividade orgástica.

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    1. Pois não, os homens choram, claro, eu só diria que os braços onde choram devem ser os mesmos onde gemem de prazer, onde podem ser o que são. Só aí choram, onde têm tudo, onde a vida é acolhida em intimidade e plenitude. E foi o que li nas palavras dela.

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