sábado, 30 de junho de 2018

Começar o dia a medir azuis com metros de olhar...
Respirar fundo e longe, deixar o coração desacelerar, 
sorrir levemente como a brisa que percorre a pele.
Sentir que a alma ainda se eriça, 
que ainda temos alma. 
Talvez azul e líquida.
Talvez ponte e caminho.

Há vidas piores, há...
Bom dia!

sexta-feira, 29 de junho de 2018



Gosto de levantar voo, não de aterrar. Gosto de sentir a aceleração que nos encosta ao banco, a urgência da pressão a que não se foge. Gosto de sentir a turbina acelerar, o som e a força, e gosto da trepidação nas pernas, o chão a tentar fugir-nos, e depois a ponta levantar e sentirmos como que um formigueiro que nos invade, nos sobe pelas pernas, que nos conquista os sentidos, e então deixamos de sentir o chão debaixo dos pés. E depois, depois navegar a espuma dos céus, com uma outra linha de horizonte. Entre o branco e o azul há uma linha que não separa, junta duas espécies de céu, duas matérias de céu. Aqui não há terra, ou não se vê, o que sendo o mesmo não é a mesma coisa para quem sabe mais do que vê. 
Gosto de levantar voo. Gosto que a aceleração me leve, sem apelo nem agravo. Mas só porque eu escolho assim. E as vezes eu escolho assim.
... Hum?
E com um ar peludo, esgazeado, bem disposto e giro destes? 

quinta-feira, 28 de junho de 2018

... não estava não. Não tenho pachorra.
 Filas só se nao puder contornar,
 como a das matrículas dos miúdos para o ano seguinte... 
bahhhh não há pachorra. 
Quase há uma hora nisto... tirem-me deste filme....

quarta-feira, 27 de junho de 2018

[imagem @hey.luisa]

Escrevo coisas estranhas, frases que me aparecem por dentro, imagens que me nascem na cabeça, coisas que nem gosto, mas que me são fortes e se desfiam quando as escrevo, quando as repito silenciosamente depois de me surgirem do nada. Como que para as entender, as dissecar. Vou puxando o fio e outras imagens surgem, outras frases se desenrolam de mim pelo que sinto. Depois é o ritmo ou o som das palavras que brincam entre si e se enredam umas às outras - como cerejas, talvez seja a cabeça que é de cereja, não os lábios, não a boca, como alguém dizia. E agora saem coisas que não gosto, mas que escrevo para quase me livrar delas, não tanto porque me transbordem mas porque quase me incomodam, porque não sou assim, ou não quero ser. Sou sombria talvez, mas não sou negra. Sombria sempre fui, mas havia uma doçura, acho, uma pureza que não me deixava cerrar as sombras ao ponto da escuridão absoluta. Sombra é luz algures, sem luz não há sombras; escuridão é ausência completa de luz. É diferente. Estou diferente, mas sinto que não sou assim. Tenho esta sensação duma tranquilidade que nada espera, dum alívio que me pesa nos ossos e os verga, esta sensação de quase paz podre que me vai, que me pode, apodrecer de dentro para fora, como quem me come o corpo pelo avesso, como quem alastra, conquistando terreno sobre mim. Que se alimenta dos fantasmas que se recusam a morrer e doem como membros amputados, sem razão - que não a memória - de terem existido, num paradoxo temporal que dá um nó num passado que nunca foi presente. E eu disseco tudo isto na minha cabeça, analiso para entender, mas entender não me faz esperançosa de luz, apenas organizada nas gavetas mentais. E tenho muitas desarrumadas. Há coisas que ainda não entendi. Lembrei-me de me dizerem que a cabeça às vezes tem truques, que prega partidas que nem o próprio percebe, e que muitas vezes o auto-sabotam. Não sei se a minha cabeça não me faz também umas partidas, uns truques que não percebo. Não sei. Sei que escrevo coisas porque os meus botões malucos mas sussurram mas não ando a gostar de as ler. Escondo-as da luz, mas saem, e eu escrevo para as poder apagar de algum sítio. Talvez de mim. Talvez da luz.
Gostava de escrever coisas luminosas, coloridas como a imaginação duma criança, com cheiros a nascentes frescas e o som salgado do marulhar do mar. Mas quando sinto alguma dessas coisas guardo-as, não as escrevo, para que não mas possam apagar. 

[foto @gregbionde]

Como se não tivesse mais nada para falar
Como se todas as palavras se emudecessem de mim

Como se eu tivesse desaparecido com o sentido 
E matado com o vácuo, o vazio
Assim, como quem vomita a própria fome

segunda-feira, 25 de junho de 2018


Alegações finais. Às vezes a vida também tem disso. Aqui, no fim dos processos, há um juiz que decide de acordo com as regras e as leis, e supostamente, com justiça. Na vida não é assim, as regras mudam de cabeça para cabeça, as leis tendem a obedecer à moral não (d)escrita de cada um, invoca-se amiúde a justiça divina mas -  ainda que muitos sejam os que julguem - não há um juiz a decidir, só as partes. E acontece muito o único acordo a que se chega seja o de não chegar a acordo nenhum. Na vida não sei quando acaba o processo, quando passa o prazo para requerimentos e junções ao processo, quando é que se sabe ter chegado a altura das alegações finais? Onde é que se sabem os prazos da vida? 
Acabou o cigarro e as divagações, comecem as alegações. Que a justiça dos homens seja servida, que os deuses sempre estiveram mortos e fora de qualquer processo.

domingo, 24 de junho de 2018

sábado, 23 de junho de 2018

[foto @jeanphilippepiterphotography]

Se eu escolhesse ser diferente do que sou,
deixaria de ser eu, posto que a escolha seria minha?
Se eu desejar ser alguém que nunca poderei ser,
não o sou já um pouco por verdadeiramente o desejar?
Nós não somos, e estamos, tanto nos nossos desejos e escolhas?

O que não somos, sendo como que o negativo do nosso ser, não nos revela? E não revela mais ainda do que somos - nessa revelação do negativo - o que desejaríamos ser mas para que nos faltam braços, mãos e olhos para agarrar?
Então, afinal, somos o que somos, ou somos a vastidão do que genuinamente desejaríamos ser? 
Ou somos só o que vamos imaginando?

sexta-feira, 22 de junho de 2018

Tenho muitos dias destes. 
É sempre sopa.
E eu estou com a Mafaldinha...
Não quero sopa.

Bom dia!

quinta-feira, 21 de junho de 2018

[foto via @cuddleupnow]

De cada beijo regressamos diferentes
ou não regressamos.

Maria Gabriela Rosas
(rapinado no sítio do xilre, não deu para resistir...)

Duvido que haja algum momento vívido
De que se tenha caminho de regresso depois de vivido.

quarta-feira, 20 de junho de 2018


Não sei qual a conclusão a tirar, ponho-me a pensar em toda a história do filme e não consigo perceber se o erro fatal é ter alguém por garantido, se o problema é que há um ponto a partir do qual não se consegue perdoar quem se amou por ter tido outra prioridade que nos relega para segundo ou terceiro plano. Depois, nada, nunca mais, apaga o facto de alguém ter preferido arriscar perder o nosso amor por outra qualquer coisa que considerou mais importante (dinheiro, estabilidade, estatuto, carreira, o que for)- , ou se afinal a conclusão é que afinal há homens que não são adeptos da máxima "cada um luta com as armas que tem" (seja elas quais forem), porque vêem nesses comportamentos um carácter que depois não conseguem amar, pela mesquinhez, pela falta de grandeza de espírito (e são poucos estes seres - homens ou mulheres - parece-me). Quando ela percebe que ele se pode apaixonar pela rica e inocente e boa moribunda, já o arriscou, e ele já se sentiu secundário, já sentiu que era mais importante o dinheiro, o estatuto, tudo isso, do que ficarem os dois, era mais importante o dinheiro do que o risco de atirá-lo para os braços de outra mulher. Já percebeu e sentiu que a prioridade daquela mulher não era o que sentia por ele. Depois, quando ela percebe e tenta desfazer tudo, afastá-los, com as armas que tem, faz alguém, já às portas da morte, sofrer muito, e é aí que ele percebe que gosta dessa mulher que sofre e detesta o sofrimento que lhe estão a provocar e para o qual ele contribuiu (engraçado perceber que é pelo sofrimento que causa que percebe que gosta dela, parece uma conversa que tive há tempos...). E ainda que com a morte no corpo não lhe morreu a dignidade, nem a grandeza de espírito, tão diferente da mulher que ele sempre amou, afinal. Ela morre e deixa-lhes parte da sua fortuna, aos dois, fortuna que ele recusa terminantemente, e ela, tentando desfazer tudo o que fez, dispõe-se também a dispensá-la se ele ficar com ela (ainda) por amor. E ele já não consegue, de alguma forma já não a ama, ama aquela que morreu. Aquela que perdeu. Aquela para quem ele era a prioridade, para quem ele era tudo o que importava, que o amou assim, dessa forma, e que tentou que ele a amasse, simplesmente. E parece que no fim aconteceu. Apaixonou-se pela mulher que conheceu e que lutou por ele só com o amor por arma e a dignidade por escudo, que o conquistou com a sua inocência, e que morreu. 
Talvez a conclusão não seja nenhuma destas, talvez seja que há coisas que não se conseguem desfazer depois de feitas, não se conseguem reverter depois de subvertidas. Tomou-o por garantido, arriscou-o achando que não o fazia, ou achando que havia coisas mais importantes, mostrou nas atitudes o fundo do seu carácter, depois percebeu o erro, a inversão de prioridades, o risco, tentou desfazer tudo, mas há coisas que depois de mostradas, sentidas, deixam um travo no olhar que talvez não se dissipe facilmente. Já não a olhava nem via da mesma maneira. 
Ela perdeu tudo. Ele ganhou dois amores mortos.
E isto é coisa que me dá para pensar e pôr a cabeça em remoinho, tanto que tive de o escrever, para assentar o turbilhão, e por causa disso lembrei-me de alguém me dizer que devia ser das poucas pessoas que conhecia que quando lia alguma coisa era capaz de, logo a seguir, escrever sobre o que tinha lido e o que me ficava disso, ou via nisso. Em filmes parece que também, este chamava-se "Nas asas do amor" - o amor não tem gaiolas, não se controla, nem se pode ter preso, suponho que só podemos tentar sempre que queira, a cada dia, voar para nós. De resto não controlamos nada, nem temos ninguém, nunca, garantido. 

[tinha este texto escrito nos rascunhos há uns tempos, mas por causa dum comentário ontem lembrei-me dele - há coisas que depois de subvertidas não se podem reverter. quando sabemos que não fomos a prioridade de alguém, e quando o sabemos repetidamente por várias vezes sem margem para dúvidas das tantas dúvidas que têm, há um ponto em que deixamos de querer. É talvez a diferença entre sentir falta de algo, e ainda assim já não o querer. Porque sabemos que queremos mais. Queremos que não nos arrisquem e que não nos tomem por garantidos. O que tomamos por garantido não valorizamos. Há uma altura em que os desvalorizados percebem. ]
Adoro!
Começar assim o dia é carregar-me sempre duma energia boa... 
era melhor se fosse a caminho de férias, mas é bom de qualquer maneira 

Bom dia!

terça-feira, 19 de junho de 2018

Sobre os encontros impontuais
e a pontualidade dos desencontros.

Acontece, às vezes, 
acontecerem  impontualmente 
encontros pontuais.
Quando os adiamentos e os atrasos 
se embrulham na elasticidade do tempo à hora certa.

[Sem ricochete no elástico sff  ;) ]





[Pierre Lefebure]

Não sei onde guardas a tua essência,
se no canto esquerdo ou recanto direito,
superior ou inferior, 
se guardas no bolso de fora ou de dentro, 
ou se no avesso da luz.
Sei que da essência não se foge,
dista-se para se regressar.
Sei que a essência é epicentro
Resta saber se és terramoto 
ou mera réplica duma ausência
que já não abala.

segunda-feira, 18 de junho de 2018


Os sentimentos são paisagens áridas, imprecisas, tremeluzentes, desconfortáveis.
Dito isto, poderia fechar a porta, correr as grades, trancar o cadeado, dar a loja por encerrada, sem previsões de reabertura.
Fechados lá dentro, os sentimentos, bem, seria como se não existissem.
Talvez morressem, se desidratassem, se pulverizassem, talvez deles restasse apenas uma mancha de gordura no chão.
Em qualquer caso, emudeceriam. Ou não seriam escutados, o que vem a dar ao mesmo.
Nunca contemplei esta hipótese por mais de cinco minutos – certamente, nem tanto.
Não consigo. Não sei. Julgo que, no fundo, é o que menos quero. E que essa é a raiz da minha resistência. Crónica e aguda.
Os sentimentos são onde sei viver, onde me sinto menos morto.
Os sentimentos sou eu.
Os melhores.
Os piores.
O beijo.
A bala.
(Ou vice-versa).

Todos os nomes da intranquilidade.


Miguel Martins
[sentir será sempre uma intranquilidade, amar será sempre um risco.
Faltar-nos um afecto, um sorriso, um toque, como quem asfixia e enlouquece. Faltar-nos o amanhã pela ausência de futuro. E nessa prisão que a falta se torna, que nos tolhe, que nos reduz, que nos paralisa o de dentro, respiramos de fora, falamos por fora, vivemos fora. Mas não gritamos senão para dentro dessa prisão onde tudo se emudece e nunca se cala.
e é esse silêncio que cada um é. 
o que guardas no teu? 
sabes do que falo? 
sequer?]



[foto via @rebelcircus, não sou mocinha de coraçõezinhos...
...a não ser que sejam deste género...]

Apeteces-me.
Demoras?
Quero lamber a vida na tua pele 
Quero beber-te a vontade
Até toda a tua vontade ser minha

domingo, 17 de junho de 2018

[imagem via @33thirdmedia]
Domingos descascados sábado à noite em urgência. 
De manhã o vagar da ronha, o sorriso abananado... 
:))

Bom dia!

sábado, 16 de junho de 2018

[foto @jeanphilippepiterphotography]

Anda, vamos fazer da vida uma brincadeira.
Só hoje. Depois passa, esquecemos.
Só agora, só um tico, senão acabamos a brincar com a vida,
num faz-de-conta que vivemos... que vivemos tudo,
 e isso, depois,  não conseguimos esquecer.

Bom dia!

sexta-feira, 15 de junho de 2018

...hum hum.

[ainda que não goste muito das bolhinhas do champanhe...
...aliás em lado nenhum, por isso também não bebo cerveja, o que escandaliza muita gente.
 Talvez eu seja realmente uma moça de café ou de um bom vinho, ou até de um copinho de água - que para matar a sede não há melhor, temos de convir... champanhe é que nem por isso. Só uma tacinha para comemorar qualquer coisa... 
Mas há que variar. Mudar e assim...]

quinta-feira, 14 de junho de 2018

Os únicos que se salvam são os que não esperam por ser salvos.
Os que não pensam numa salvação, mas em passar o dia. Hoje, depois amanhã, talvez depois também. Os que inventam uma vida quando não a têm, os que a esquecem se a tiveram, pondo os olhos no amanhã e as mãos a tapar as feridas abertas até que sequem, porque sabem que nunca fecham. Mas não olham para não saber, tapam com as mãos dos dias e com a escuridão tranquila das noites. Nunca esperam ser salvos, sabem que têm de se salvar sozinhos, que não há nada, dia algum na vida, em que deixemos de estar sozinhos - nascemos sozinhos, morremos sozinhos, às vezes, entre uma e outra, distraímo-nos e pensamos que temos alguém ao lado, esperamos que esteja ao nosso lado... Mas os únicos que se salvam são os que não esperam. Nada. Ninguém. E tudo de si.
Não sei se me salvo, e tu?

quarta-feira, 13 de junho de 2018


Esbardalhei-me. 
Perdi a contagem dos degraus que desci com o "monumento" (como alguém, por piada e com piada, além de bastante imaginação, o costumava apelidar) prestes a tornar-se meras ruínas. Foi um tralho vintage, que é como quem diz, à antiga, completamente estatelada e distribuída por vários degraus das escadas exteriores do prédio. Eu que, quando vou ao chão, costumo desatar a rir-me desta vez fiquei à espera que o corpo se esquecesse do valente tralho a que se tinha acabado de submeter, ou que simplesmente eu tivesse coragem de me mexer e me doerem coisas que nem eu sabia que tinha - é frequente, acreditem. A minha filha, em pânico, só perguntava tipo disco riscado " mãe, estás bem? mãe, estás bem?", e eu ainda a tentar processar o que me doeria... enfim, nada como começar o dia a contar peças para ver se perdemos alguma pelo caminho. Além dos parafusos, que já nem contam para a contagem...
Ainda me dói tudo, e vou ficar às cores... mas nada como uma corzinha, né? 
Pronto, era só isto para parvoeira do dia, um bom dia para vocês, e cuidado com as escadas, sim?

sábado, 9 de junho de 2018

Ahahah... muito boa!!
Mas agora podem parar com a brincadeira, sim? Só hoje, vá... 
pronto, não chover já serve, certo? Combinado? 
Inverno, hoje entretém-te no spa ou assim, 
ou fica a jogar cartas em casa, sei lá... nada de sair à rua.
Agradecida. :)

sexta-feira, 8 de junho de 2018

...na antecipação.
:))
[foto @nicoladavisonreed]

Fui levar a miúda, cheguei, tirei um café e sentei-me a tomar o café na mesa da cozinha. Pego nisto não sei porquê, não tenho nada para escrever nem me apetece, mas talvez seja um misto entre uma companhia e o ter-me lembrado de quando fazia deste primeiro café um ritual e tinha sempre alguma coisa que escrever, porque me surgia, porque me fervilhava por dentro, porque na altura ainda parecia sentir, talvez ainda não estivesse morta. Doía-me, sofria, mas não estava morta, amorfa, dormente. Agora escrevo não sei porquê, por companhia, para falar falar sozinha e ter a sensação de despejar o assunto, pôr para fora e ganhar espaço dentro. Depois dou-me a pensar que também já é um hábito, uma coisa que uso como solenes actas dos meus rafeiros monólogos interiores. É estranho. Piora quando ando numa fase que não consigo encontrar grande sentido na minha vida, no que ando cá fazer e para quê. E é assim que ando de há uns dias para cá, desde que deixei o Alentejo para trás. Se eu não retirar prazer da vida, a vida, a minha, serve-me para quê? Não tenho mais nenhuma e só a minha me pode servir para ser feliz, para me sentir bem, para ter pelo que valer a pena todas as partes menos boas que fazem parte, para ter pelo que acordar de manhã. Se não o tiver não é a minha vida que vivo, é outra qualquer, da minha filha, dos meus pais, das pessoas que a empresa sustenta, mas para mim não vivo. E isto não me serve, nunca serviu. Agora sinto-o mais ainda. Nada disto me faz sentido. Eu não sou assim. Por que é que não podemos ser só uma pequena parte de nós? Perfeitamente recortado num espelho que nos devolve o que podemos ver, o que podemos arranjar, tratar, cuidar? O que podemos ser sem nos sentirmos pequenos, ou demasiado vastos, sem procurarmos em vão um espelho onde caibamos. Um espelho onde todas as dimensões se espalmam à superfície e se reduzem em duas. Era tão bom poder ser só uma parte de mim, com as dimensões exactas do mundo onde acontece eu respirar. Talvez assim achasse que vivia e nem sabia, não o pensava. 

quinta-feira, 7 de junho de 2018

[foto via @latenightinparis]

Amo o que és pelo que sou
Como deixar de te amar
Sem deixar de me ser?

Amo o que és por tudo que sou
Por tudo o que te fez e desfez
E nos refaz

Sussurra-me o tempo...
Que ou te desfazes de ti
Ou não me refaço de ti

Se me desfaço, ficas-me
Se me guardas, fico-me em ti
E não me acabo em mim.

Se não me contenho, não me completo
Desinteiro-me inteira
Não me recomeço se me acabas.

Ou deixas de ser tu
Ou não deixo de ser tua
Sem deixar de ser eu.

ahahahaha
pois claro!! 
...nem há dúvidas!!

Ora a'tão quase bonôte... 
com a falta de luz que reina nos céus, quase que já podia ser...

terça-feira, 5 de junho de 2018


eu e tu:
as bocas fazem do beijo
a palavra não dita,
que nos refaz num só proibido
silenciado.

segunda-feira, 4 de junho de 2018

Today's mood.

Estou a ponderar pôr o seguinte aviso na porta do meu escritório:
"Favor não incomodar, caso apareça sem ser esperado 
poderá ser recebido como não espera.
Aviso à navegação feito."

Será que resultaria?
Ou não entravam, ou se entrassem eu podia, qual panela de pressão, 
justificadamente, e avisadamente diga-se, 
libertar alguma pressão, parece-me uma jogada win-win, não?

... Ainda não me habituei às pessoas outra vez, é o que é... 
eu estava tão bem pah, parece que foi ontem... bom, e foi...

domingo, 3 de junho de 2018

...parecia uma criança numa loja de brinquedos, numa enorme loja de brinquedos... 
... como se me faltassem livros para ler, mas é um vício, ou alguma coisa parecida com vício, não sei. Sei que o único que não consegui mesmo mesmo resistir foi a Campânula de Vidro, o único que custou mais de dez euros. Os outros foram pechinchas de valor seguro, os autores pelo menos, assim o fazem crer. Javier Marias estou curiosa, foi um autor que ouvi falar a primeira vez aqui na blogosfera e depois li umas coisas sobre ele, já ofereci um livro dele ao meu pai e hoje comprei este -  por menos de metade do preço do que aquele que lhe ofereci, é que assim é difícil resistir, só vos digo. Agora falta-me ir buscar um à feira do livro, mas esta aqui do burgo, que encomendei a um amigo - o Papalagui. Depois tenho de me prometer não comprar mais livros para mim até ao fim do ano (gosto de oferecer livros, mas é um perigo, normalmente acabo sempre a comprar dois, o que ofereço e aquele que estive indecisa se devia oferecer ou não... assim leio os dois normalmente ;) ). Pronto, foi uma bela maneira de acabar estes dias que me souberam a ginjas...  até me deu mais ânimo para abandonar o meu Alentejo, parar a meio caminho para me abastecer de vidas enroladas em páginas. Foi uma espécie de batota, uma paragem num apeadeiro desejado, para depois já só faltar meio caminho para a realidade... pronto, eu sei, pareço uma miúda. Isto amanhã já passou, garanto-vos.

[ahhh e os dois livros que me sugeriram o Patife e o Paper em comentários aqui no Blog também já os arranjei, o Moderato Cantabile li-o nestes dias de férias,  o Fisico Prodigioso,  que não foi fácil de arranjar, ficará para depois, entretanto comecei outro...]

Às vezes uma pessoa demora muito tempo a ver e perceber as coisas mais simples. Sem complicar, sem teorizar demais, sem tentar justificar o que não tem outras justificações, senão a óbvia. O mais difícil de ver são as dolorosas verdades óbvias. Não há falta de tempo, ou trabalho a mais, ou obrigações demais, há falta de interesse e vontade de menos, de quase nada; ou não. O tempo dura demais nas mentiras, descansa nelas, às vezes adormece. Quando se acorda com a verdade, todo esse tempo como que nos é roubado, como se tivesse sido tão curto que parece não ter existido, porque não deixou nada...  mas não raras vezes percebemos depois o tanto que levou. Receamos não recuperar a crença, o sonho, a inocência.

sábado, 2 de junho de 2018





Terra cor de fogo
Incendeia-me o coração
pelos olhos,
Enterrado em ti
Como terra tua
Semeada de
Futuros estéreis

Despertador avistado e em fuga!!...
Agarrem-me senão eu tiro-lhe as pilhas!!!...
... ou as penas, sei lá... O que quer que funcione 
para ele deixar de funcionar, tão cedo pelo menos...

Bom dia!!




Caramba... como é que estaria se não estivessem nuvens?? A luz é tal que inunda o chão. E está menos frio que há bocado. Está-se bem aqui, às quatro da manhã, de pijama já , e enrolada numa manta, a ver esta luz almofadada espectacular e a fumar um cigarro. Depois de ver um filme e ter acabado um livro.
Depois de muito tempo na escuridão os olhos habituam-se, vê-se como ao raiar da manhã, torna-se confortável, doce até, íntima. Depois o que pode ferir é a luz.

Às vezes pergunto-me se não estivesse sozinha se gozaria assim estes dias. Qual seria a probabilidade de estar aqui neste preciso momento?

sexta-feira, 1 de junho de 2018

O primeiro café do dia... é tão bom não haver horas, 
ou haver horas mas não haver horários, 
havendo tempo em vez de tudo isso.
Café...
com massagem ou sem massagem, eis a questão...
:))