terça-feira, 28 de setembro de 2021

 


… tenho os dois neste momento e preciso das duas. Umas férias para desligar do mundo e ligar-me ao essencial de mim. Paz e descanso precisam-se. Muito.

segunda-feira, 27 de setembro de 2021

 
Já. E não é bom, não é uma boa sensação. Ter vontade de esbofetear alguém que não tem sistema nervoso… ou qualquer sistema que seja… ahhh senhores a vida custa a quem tem de aturar gente parvinha… irra! Que sorte a minha, qualquer dia estou como eles… também é só menos um hamster… 
… who’s counting, anyway?

domingo, 26 de setembro de 2021

 

É isto. E esta vontade de birra também. Porque as vezes apetece, e não há grandes alternativas de comportamento adulto perante tanta estupidez. Pelo menos aqui na santa terrinha. Mas fui votar. Só não sei para quê, suponho que foi votar para poder dizer que tentei evitar mais um desastre, ou que contribui para um desastre menor ou pelo menos mais incerto… mas a vontade de fazer birra ninguém ma tira.

sábado, 25 de setembro de 2021

 
Dias cinzentos têm outras cores, e um tempo doce que corre devagar.  
Seda de cabelos entre os dedos, risos soltos presos à pele, a cama desfeita em calor, 
e uma luz de prata entra pelas janelas que só o olhar aquece.
Há dias que deviam ser sempre assim. 
Vidas que se interrompem para viver.

quarta-feira, 22 de setembro de 2021

 
O Outono no seu esplendor. Lindo. Demais. As cores, as misturas, o pôr-do-sol, as folhas a caírem e porem tudo a nu. Um postal de melancolia. A minha alma tem estas cores, é toda Outono quase sempre. 

[@davidbenolielphotography]

Quando bruscamente, nas trevas da noite,
Ouvires passar o tropel invisível das vozes puras,
O coro celeste das sublimes harmonias,
Abandonado definitivamente pela fortuna,
Desfeitas em pó as últimas esperanças,
Esvaída em fumo uma vida de desejo.
Ah! não sucumbas lastimando um passado
Que te traiu, mas como um homem
Que se prepara há muito tempo,
Despede-te corajosamente
De Alexandria que te abandona.
Não te deixes iludir e não digas
Que foi sonho ou um logro dos teus sentidos,
Deixa as súplicas e os lamentos para os poltrões,
Abandona vãs esperanças.
E como um homem que se prepara há muito tempo,
Resignado, altivo, como te compete
E a uma cidade como esta,
Abre a janela e olha para a rua
E bebe a taça inteira da amargura
E a derradeira embriaguez da multidão mística
E despede-te de Alexandria que te abandona.

Konstandinos Kavafis
[justine, lawrence durrell]


não é Alexandria que te abandona
as noites, os cheiros, o desejo,
os sonhos em vão
és tu que deixas que te abandonem
que o pedes, que o provocas
foste, sem saber, há muito,
quem a abandonou
quando já não a distinguias de ti
se ela estava em ti, ou tu nela
se te inebriava, ou se te querias inebriar dela
se ela te envolvia, ou se te envolvias com ela
se a amavas, ou amavas como a amavas
tão única como o amor que lhe tinhas,
que tinhas

envolvente de tão intensa
embriagas de desejo
não abandonas
preparas-te para que Alexandria 
te abandone
e fiques nela onde fores
o que Alexandria tinha de ti
era teu
sempre foi 
só teu
o sonho, o cheiro, o desejo
as noite que agora te não cegam,
e vês o tempo 
e tão longe já Alexandria,
um amor como os outros

não abandonas,,
nunca abandonaste
nunca se abandona onde já não se está.

domingo, 19 de setembro de 2021

 Hoje foi dia de dar passeio aos cães, depois de dormir o que me faltava dormir e fazer toda a ronha que me apeteceu. Voltar a casa ao fim da tarde, pegar no carro ir comprar cigarros e pão e ver as últimas cores pela janela do carro enquanto fumo um cigarro e penso que a segunda feira não me apetece. As semanas passam a correr, mas o fim‑de‑semana parece sempre ultrapassá-las em velocidade… não percebo este fenómeno…

sábado, 18 de setembro de 2021

 

[foto @bird.ee]

Hoje foi dia de começar o dia numas mãos  quentes que nos percorrem o corpo e nos trazem a ele, ao mesmo tempo que nos faz abandoná-lo, esquecê-lo.  Uma hora que aquelas mãos nos dão a nós, nos devolvem, para a cabeça vaguear entre as sensações da pele e as mil e uma coisa que nos passam pela cabeça, umas para resolver outras só para dissolver em suaves prestações. Aquelas mãos ou outras, o facto de serem de homem já não me faz confusão, nem sei se faz diferença, mas suponho que sim, terão um toque diferente. Também foi dia de acordar com dor de cabeça de fim‑de‑semana a seguir a semana difícil, e ainda é… e é dia de tomar café com o meu pai numa esplanada por aí enquanto o tempo não passa e tanto já trespassou. Hoje é dia de ser dia e aproveitar o que os dias podem ter ou nós lhes podemos dar…ou tirar.

quinta-feira, 16 de setembro de 2021

 


Escrevinhei para aqui o que penso desta coisa das vacinas e de como parece que levei uma sova dum comboio de alta velocidade e de como detesto que me retirem o direito de opção, de decidir e avaliar os meus riscos e assumi-los. Há muita gente que de bom grado entrega as decisões da sua vida, e claro a responsabilidade pelas consequências, não é-o meu caso, até quando é para deixar alguém decidir por mim, isso tem de ser uma decisão minha. Nisto das vacinas não foi, foi compulsório, indirecta e veladamente, mas foi. E não gosto. E não, não sou negacionista, apenas questiono muitas coisas e não sou adepta de carneiradas. Não tenho certezas, mas quem decidiu por mim também não as tem, mas as consequências serão minhas. Não gosto. Disso, de hoje parecer que a minha cabeça não cabe na caixa, das náuseas e de me doer o corpo todo. E não ter sido consequência de decisão minha. Irrita-me…Mas dizia eu, escrevinhava eu p’raqui e desapareceu tudo. Isso também me irrita sempre que acontece. O dia está a correr mesmo bem, portanto.

segunda-feira, 13 de setembro de 2021

 Cai como furiosa, resmunga alto de tempos a tempos, tomou conta do azul do céu e pintou-o de cinza encharcado. E eu oiço-a cair, vejo-a escorrer pelo vidro da frente e a toda à volta. Não abranda nem descansa, dá outros nomes à via rápida e oferece piscinas para escorregar. Parece inverno, mas ainda não. É já noite, e a noite ainda não chegou. É só para nos trocar as voltas, ou gozar com quem não teve férias e ainda as queria tirar. É nestas alturas que sabe bem estar em casa, mas a mim, e agora, não me apetece. Apetecia-me sair do carro e lavar a roupa no corpo, ou lavar a alma com a roupa colada à chuva. Sempre gostei de chuva, e de botas, e de chuvadas tropicais. Suponho que falta a parte tropical, porque para as botas não deve faltar muito…

sábado, 11 de setembro de 2021

 A noite está maravilhosa, as pizzas comeram-se aqui fora na varanda, acompanhadas desta temperatura dócil e deste tecto negro salpicado de magia, tudo balanceado pela luz duma vela que dança nas sombras. Agora fuma-se um cigarro antes de escolher um filme para ver. E olho a lua, corada, a aninhar-se devagar no colo dos telhados das casas iluminadas…Não é preciso muito mais. Temos o suficiente, só temos de ter as pessoas certas para se tornar extraordinário. 

 
E sabe tão bem recebê-la…

… é quase tão bom como querer, e poder, mandá-la. E provocar, e brincar, e haver sempre espaço e tempo para isso.

quarta-feira, 8 de setembro de 2021

 Hoje precisava desta paisagem dourada como a encontrei há dias, mas não as cores são frias e coadas pelas nuvens. Precisava daquela tranquilidade que o por do sol nos dá, mas hoje não há maneira da tranquilidade assentar arraiais no espírito. Paro e parece que o coração não desacelera. Fumar um cigarro ou dois e deixar a brisa leve entrar.

 

Realmente, neste momento era mesmo uma benção. Ainda que promessas, valham o que valem, e não valem nada.

Há muitos tipos de fdp neste mundo, mas seguramente os que o são melhor, que são os mais fdp, são aqueles que sempre que pudemos ajudámos e defendemos. E são os mais difíceis de reconhecer e deles tomarmos consciência. Eu já devia saber, eu sei (aquela frase do meu tio ecos muitas vezes na minha cabeça, hoje é só mais uma: “nunca ajudes um fdp que o gajo nunca mais te perdoa “. É verdade)

domingo, 5 de setembro de 2021

 



Domingo de manhã, agora, na minha cozinha, enquanto batia os ovos do pequeno almoço e contornava os cães espalhados pelo chão da cozinha. A música é um mundo onde às vezes conseguimos morar e descansar, saborear o tempo. Hoje, aqui, agora por exemplo.

sábado, 4 de setembro de 2021

 Começar o dia devagar, a meia luz, com um toque quente e firme, não demasiado leve nem o seu contrário, apenas a medida certa numas mãos que nos percorrem enquanto nos deixamos levar àquele limbo entre o adormecer e o acordar dos sentidos. A mente vagueia, ou perde-se, não sei por onde, frases soltas pela cabeça, imagens por sossegar, esquecimentos por esquecer, mas o corpo regressa como que em vagas de consciência de si, ou de mim. Deixo ir e vir cada pensamento, como um fluir que não prendo nem busco. Fico a pensar, de olhos fechados... a pele também tem uma linguagem, mesmo que ande muda por algum tempo. E tem memória, adormece por vezes, mas também sonha acordada. Saio de lá leve e lenta como uma manhã de domingo, como um feriado no meio duma semana caótica, exactamente o que se quer. Para a semana há mais. Não viajo como se a vida dependesse disso, não tiro mais de três semanas de ferias por ano, tenho um carro com a idade da minha filha adolescente, não gasto dinheiro em marcas de roupa, não faço muita questão em jantar fora (embora cozinhar não seja um prazer...), mas há muito que queria uma rotina de massagens... acho que decidi que não é desperdício, que não devo poupar em mim (já muita gente, de muitas maneiras , o fez por mim), que me faz bem, e que me sabe bem. Acho que cheguei lá, a esse ponto. Finalmente.

quinta-feira, 2 de setembro de 2021

 
Os dias já estão a encolher, a luz já anda apressada. Parece que sai mais cedo para o outro lado do mundo. É uma pessoa tem de correr para ainda a apanhar colorida nas árvores, dourada na paisagem nesta hora perfeita de despedida. 
E eu dou por mim a semear a alma nos instantes em que o olhar se perde em horas antigas, mas já só aceita colher futuros. Talvez também a vida já ande apressada.
[ está um mocinho aqui parado, uns metros  à frente, numa bicla a olhar o horizonte comer o sol até ao fim… e fiquei curiosa com o personagem, que será que pensa? Será uma alma desassossegada? Perguntará o mesmo de mim?]

quarta-feira, 1 de setembro de 2021

[foto @therealdanaleigh]

As ondas cansadas,
cada vez mais cansadas, 
Fazem marés menos cheias,
cada vez menos cheias.
O momento esvazia-se mais depressa,
cada vez mais depressa.
E a porta para aquela outra dimensão, 
onde tudo é possível,
e impossível de conter em nós,
cada vez mais estreita, menos iluminada.
Mais fechada.
A idade entorpece-nos 
mas engrandece-nos, 
e fechamos melhor a porta,
conscientemente.
Não é de entrada,

mais vale não sair.

[foto @vorosmate]
 

Dias há em que só apetecem coisas simples, sem ruído, sem complicação. Sem cores, gente, ou palavras a mais. Como um deixar fluir natural, sem puxar ou empurrar, sem esforço ou deliberação. Só assim, simplesmente ser e estar, sem mais. Uma contemplação sem peso, quase como um olhar sem ver, como a leveza duma existência sem consciência de si. Um abandonarmo-nos sem deixarmos de ser. Não desejar nada e ser sensação envolvente de ter tudo, mergulhar no essencial, e ser parte dele. Era o que me apetecia hoje, uma simplicidade destas, uma tarde que fluiria ao ritmo da alma. E hoje a minha está sonolenta, ou adormecida, mas quase em paz. Quase.

 
[António Cabrita ]

… quando não é amor, são.

… quando é, é amor e ponto final.