terça-feira, 31 de agosto de 2021


 Outro ano. Mais um. Também aqui tudo na mesma, e tudo tão diferente. Outras pessoas, outra equipa, outras condições. O mesmo eu, ou talvez não. O último já não sei há quantos foi. Era mais nova, ou sentia-me. A paisagem, essa é a mesma e a fauna não é muito diferente, mas vale a pena passar os olhos… nalguns até passear os olhos... há pessoal aqui no ginásio de vidro a exercitar a saudinha visível. Bolas… e eu hoje baldei-me. 

segunda-feira, 30 de agosto de 2021


"Pena é não haver um manicómio para corações, 
que para cabeças há muitos."

Florbela Espanca

... Ainda que não cheguem... 
Pena não haver um comprimido que cure os corações malucos...
ainda que talvez sejam os mais sãos.

 Tinha prometido à miúda que hoje íamos ver  ao shopping as calças que ela queria, estavam em saldos e aproveitávamos. Fomos. Ela foi experimentar e eu vi umas calças de ganga que em saldos tinham um preço aceitável... recuso-me a dar muito dinheiro por umas calças de ganga (por isso também em calças de ganga não tenho nada de marca), então fui experimentar também. A mocinha depois, como manda o figurino, foi lá perguntar se estava tudo bem, ou se precisávamos de outros números ou modelos... e eu perguntei.. então filha, gostas? e a mocinha para nós: Filha? A menina é sua filha? e eu.. é, sim... E a moça... ahhh a sério? pensava que eram irmãs.... ahhhhh carago já ganhei o dia! eheheheh bem sei, que a moça tem mérito em ser boa comercial, pois claro, mas soube-me bem. Até porque já hoje o tinham dito com umas fotos do fakebook (as únicas que tirámos nas férias, e em casa)... pronto, comprei as calças. Porque gostei delas, claro, mas soube-me bem, pois, ouvir aquilo :) é aproveitar, que daqui a nada já não o vão dizer, não, se agora já é puxado... enfim, mas ganhei o dia :D e umas calças de ganga novas ;) Menos mal... Mau mau é quando estas coisas já nos deixam mais bem dispostas... isso sim já diz muito...

[caramba não me apetece nadinha ir trabalhar amanhã... raios... tenho de mudar de vida!]

sábado, 28 de agosto de 2021


 E quando a luz começa a inclinar-se, quase aconchegante, em tudo o que vemos abrem-se as portadas da varanda para o sol entrar, entao arrastamos o tapete de ioga para a frente daquela brisa que anuncia o fim de tarde. Às tantas, já quase no fim da sessão, vem esta mocinha deitar-se ao lado do tapete. E às tantas estamos as duas deitadas: uma a olhar para o azul do céu, outra encucada com uma mosca que ali anda a tentar passear. E não apetece sair daqui. Essa é que é essa.

sexta-feira, 27 de agosto de 2021

 


É mais ou menos este o aspecto. E não, não é estilo, é para tapar as olheiras até as orelhas e tentar afugentar o sono…Isso e estar agora a tomar o terceiro café do dia, e desconfiar que não seja o último... E tudo isto se podia aguentar de cara alegre e feliz, não fosse a falta de sono dever-se a, pela segunda vez esta semana, fechar o computador as duas e meia da matina e depois a cama não acolher em braços um sono descansado. Não, quando finalmente vou para a cama, só vejo horários e números e sei lá o quê. Tudo menos sono. Então levanto-me dedico-me aos rascunhos e a fumar mais um cigarro, de luz fechada e olhos que não querem fechar... até hoje de manhã, altura em que só queriam estar fechados. Dormir quatro horas por noite não costumava ser um sacrifício… aliás, noites boas era dormir duas horas, menos boas dorme-se mais. Agora não é para as dedicar a trabalho, horários e afins, não…. Preciso doutro café. E de outra cara, já agora...



Porque te tenho e não
porque te penso
porque a noite está de olhos abertos
porque a noite passa e digo amor
porque vieste a recolher tua imagem
porque és melhor que todas tuas imagens
porque és linda desde o pé até a alma
porque és boa desde a alma a mim
porque te escondes doce no orgulho
pequena e doce
coração couraça
porque és minha
porque não és minha
porque te olho e morro
e pior que morro
se não te olho amor
se não te olho
porque tu sempre existes onde quer que seja
porém existes melhor onde te quero
porque tua boca é sangue
e tens frio
tenho que te amar amor
tenho que te amar
ainda que esta ferida doa como dois
ainda que busque e não te encontre
e ainda que
a noite pese e eu te tenha
e não.

Mario Benedetti

E não.
Porque não.
Porque não há razões
para tudo o que é.
Só porque sim
Porque não há razão
para o que não é.
Porque não há razões 
que me encham da razão que tenho. 
Que sei
E não.

quinta-feira, 26 de agosto de 2021

 De regresso de antigos caminhos, que percorria dantes todos os dias, a paisagem parece não ter mudado, o verde continua verde, as curvas continuam curvas… e acabo a parar onde parava num reviver de um ritual que já não tenho, ou não tenho assim. A luz dourada que vai baixando e pintando os eucaliptos ainda tem encontro marcado a esta hora do dia, quando o descanso começa a acordar e queremos adormecer memórias. Entretanto o cigarro entretém o silêncio e conto desencontros e coincidências, enquanto converso emoções mudas.


 Um dia vou surfar uma coisinha destas…

… montar uma prancha dsetas.

Experimentar desequilíbrios bons, que acabam em mergulhos melhores… profundos ou superficiais, o mar é o mesmo, e é sempre refrescante.
Ainda tenho idade, hummmm acho eu, para adoptar novos hobbies, ideias e actividades no geral, desde que goste delas e me apeteça…

… mas bem sei, hoje não é o dia.

Bahhhhh 

segunda-feira, 23 de agosto de 2021

Apanhei isto numas coisas antigas, fartei-me de rir com os comentários parvos (aqui adaptados e destacados em fundo vermelho) que acrescentei a um texto que apanhei em algum lado na altura, não sei se na altura mais alguém se riu, ma eu ri-me a escrevê-lo e a relê-lo ontem à noite. Deixo aqui como amostra de parvoíces passadas e gargalhadas futuras. Na altura escrevia algumas parvoíces destas e tenho saudades disso, talvez até estes comentários deveriam ter outra assinatura, ainda que eu seja sempre eu, foi um eu de outra fase, que hoje revisitei e voltei a ser um bocadinho, e gostei, talvez eu não tenha mudado assim tanto, afinal, só me faltará o mote, se calhar... mas a emissão retomará a (a)normalidade habitual já de seguida, não se apoquentem. :)


As mulheres e o sexo: gritonas, mandonas, ordinárias e religiosas


No que toca ao seu comportamento na cama, as mulheres dividem-se em quatro (só??? desconfio um bocado deste começo, não sei se o mocinho tem canudo na matéria... não aparenta curriculum à altura.... só pode!) grupos diferentes: as gritonas, as mandonas, as ordinárias e as religiosas.


Gritonas - são o maior grupo (pois, já ouvi dizer...), que é formado pelas mulheres que dão gritos durante o sexo. Convém esclarecer que os gritos não são neste caso frases completas, nem sequer palavras, mas apenas sons à solta, sem qualquer construção gramatical específica. São os célebres "ahn, ahn, ahn"; o sempre muito escutado "oh, oh, oh"; os "ai, ai ai" ou o mais raro "ehhhhhh..."

Normalmente, os gritos começam com uma vogal, e aqui o "o" ganha clara vantagem (ohhhhhh a sério??? isso aparenta uma certa desilusão, não?... eu a pensar que era o AAAhhhhhhhhh), seguido a curta distância pelo "a" (ahhhhhh....bom...), e ambos muitíssimo destacados do "e". Há alguns casos em que os gritos começam por "u" (uhhhh... serão vaias, mocinho?...não sei, just say'n) ou "i" ( e...e...e mais qualquer coisa... que não chega?), mas são muito marginais, e julgo que só foram escutados por uma única vez numa ilha do Pacífico.

Quanto ao volume dos gritos, há basicamente dois subgrupos: o primeiro é o das Mulheres Sensurround, cuja gritaria nos faz trepidar (pode ser bom, se calhar...); o segundo é o das Mulheres Stereo, que gritam virando a cabeça alternadamente para a esquerda e para a direita (ele é optimista, eu acho que elas estão a dizer que não... ou estão em negação, ou o gajo pensa que está no bom caminho...mas não nãããoooo), de forma a criar um efeito sonoro digno de recordação (alguém com um sorrisinho parvo de recordação?....).

É igualmente interessante examinar o ritmo dos gritos femininos. Há o ritmo Techno, um "oh-oh,oh-oh" muito acelerado; há o ritmo "Super Slowmotion", um "ahhnnnnnnnnnnnnnnn" lento e prolongado (só para quem tem boas caixas toráxicas para aguentar...devem ser gajas bem fornecidas de pulmões, claro), quase desprovido de climax (coitadinhas.... tsss tssss); e há o ritmo Fadista (este deve ser assim.... o mais erudito sei lá...) , um "óoooooh" sofrido e inesperadamente amargurado dadas as circunstâncias (inesperado... dizes tu).

Por fim, há o ritmo mais animado, que está no Top das preferências masculinas, o ritmo Classic Remix. No fundo, trata-se de uma mistura de tons antigos da música pop com as sonoridades mais modernas da house, do tipo "ahnn...ah-ah-ah, ohhhnn, oh-oh-oh, oh...ohhh, ah....ahnnn..." (hum hum... estou a ver que não faço ideia do que seja, mas devo ser a única aqui...)

 

Mandonas - Este grupo é obviamente formado pelas mulheres que dão ordens durante o sexo (alguém tem de pôr ordem na situação, ora!). É o segundo grupo mais numeroso, e tem crescido claramente nos últimos anos, talvez devido à auto-confiança elevada das mulheres (ou à necessidade de orientação dos mocinhos, quiçá).

A ordem mais escutada pelos homens é a chamada Ordem Imperativa de Localização Vaga (OILV), com o inimitável grito "Vai, Vai, Vai!" (é mais um hino à motivação, diria eu, tipo cheerleader do próprio espectáculo...mas se ele precisa de motivação desta... não sei não...). Depois, há a Ordem Confirmativa de Penetração Eficiente (OCPE), com o não menos famoso "Isso, isso, isso!"(tipo aviso à navegação... se bem que não sei como não desconcentra o gajo, mas pronto... vocês nã0 se desconcentram nestas coisas facilmente, tá visto...)

Em terceiro lugar, aparece a Ordem Imperativa Oral (OIO), com o sempre bem vindo "Quero chupar-te!" (este gajo não sabe o que é uma ordem!!! uma ordem é: chupa-me!... esta gente...pfffff... depois admiram-se de precisarem de orientações...)Segue-se a Ordem Generalista Ordinária (OGO), com o célebre "fod..-me!" (isto sim, já me parece mais uma ordem, mas se nos durantes, algo corre mal, porque a ela parece-lhe que ele ainda não está a fazer a coisa certa, ou como deve "de" ser...), que por vezes se transforma numa Ordem Perfeitamente Localizada mas Ordinária (OPLO), com o imperial "Fod...-me aí!" (parece-me plausível...  há que especificar, não vá baralhar-se....)

Por mais surpreendente que isso possa parecer, há igualmente mulheres que dão ordens a uma terceira pessoa, que neste caso é a sua própria vagina (que portanto o mocinho entende como uma terceira pessoa... hum hum... 'tá certo...). Incluem-se nesta situação a chamada Ordem Castigadora Vaginal (OCV), com o famosissímo "Dá-lhe, dá-lhe, dá-lhe!"; e também a ligeiramente aterradora Ordem Castigadora Vaginal Nazi (OCVN), com o formidável "Rebenta com ela!" (hummm sem comentários de tão parva que a coisa é já de si...)

 

Nota: devem contar-se também neste grupo as mulheres que usam a chamada Ordem de Pré-aviso de Orgasmo (OPO), que é quando elas gritam: "Está quase, está quase!" (lá está mais um aviso à navegação, tipo torre de controlo, a dar conhecimento do ETA... talvez para ninguém chegar atrasado, ou adiantado, quem sabe)

 

Ordinárias - Este terceiro grupo é formado, como o nome indica, pelas mulheres que só dizem palavrões durante o sexo. Embora ainda minoritário, também tem aumentado bastante nos últimos anos. As classes altas e as classes médias incorporaram na sua linguagem diária não só o "ó pá" e o "tchau", mas também o calão durante o sexo (deve ser uma espécie de inbbbbeja do vocabulário alargado do pobinho... ou o reconhecimento da sua utilidade empírica, sabe-se lá).

Assim, são já muito habituais as mulheres que largam vários "fod...-se" durante esses tórridos momentos, bem como aquelas que usam o termo "cara...o" a torto e a direito, seja para referenciar o dito cujo e o que desejam fazer com ele (há que chamar os bois pelos nomes, né? chamar Joãozinho, ou Zézinho, talvez aniquile qualquer esperançazita da coisa se dar... digo eu, sei lá), seja apenas para libertar a tensão acumulada desde a última vez que viram um (pois, se libertam a tensão a chamar-lhe nomes, em vez de se agarrarem à coisa, se calhar vão voltar ao mesmo... ou não...). 

Evidentemente, é expectável que estas mulheres misturem os palavrões com gritos parecidos com os do primeiro ou do segundo grupos. Por vezes, acontece mesmo que, no espaço de breves segundos, uma mulher salta do grupo Gritonas para o grupo Mandonas (é assim, somos polivalentes!!), e desse, num micro-segundo, para o grupo Ordinárias (e valentes, também...).

A situação verifica-se quando ela, ainda um pouco inibida, vai libertanto uns "ahhnss" e uns "ohhss" e de repente começa a transformar-se e, no auge da excitação, larga um convicto "ah, ah, ah, vai, vai, fod...-me!" 

Para além dos palavrões referentes ao acto, há também o uso dos palavrões referentes aos intervenientes específicos. Há mulheres que, mal um homem as aquece, começam logo a baptizá-lo de forma vernácula (chamam-lhe aquecedor, queres ver?...). "Ó meu cabr..., (ahh afinal não, mas pode acumular, certo?...) estás a gostar?" é um exemplo muito escutado.(com quem esta gente se dá... caredo!!!)

Por fim, há o Palavrão de Auto-Marketing, que é quando as mulheres começam a chamar palavrões a si próprias. "Sim, sou uma put..." ou "adoro ser a tua put..."(não será isto assim a insinuar que no fim tens de dar qualquer coisinha??? não sei, estou só a especular...) são frases que já quase se tornaram verdadeiros lugares comuns e de que convém desconfiar, pois já todos nos habituámos a auto-promoções (jezzzuzzzzz...para isso ser promoção.... antes de serem putas eram o quê???... valhamedeus) permanentes.

 

Religiosas - Este é o último grupo e é bastante raro em Portugal (a sério? como assim? cá não se ajoelha e reza o Pai nosso fervorosamente? ou essas não são, assim.... religiosas?), embora exista muito nos Estados Unidos da América, que como todos sabemos é um país religioso (hum hum pois claro, aposto que deve ser por isso) . Assim, por lá é comum ouvir-se a exclamação "Oh my God, oh my God!" (mocinho com larga carreira internacional...que até domina o inglês!) Ao que parece, as americanas lembram-se do Altíssimo (não não és tu, deixa de ser convencido... é o DEUS mesmo, o do céu...convencido) quando estão a ter prazer. 

Com Hollywood a mostrar repetidamente situações destas, a expressão foi rapidamente incorporada no vocabulário nacional, e já se ouvem algumas portuguesas que libertam um convicto "Oh, meu Deus!"(lembraram-se que deixaram o fogão aceso, ou a máquina a torcer muito tempo... deve ser isso...e ele a pensar que é para ele...)

São as Mulheres Divinas, não porque sejam melhores que as outras, mas porque para um homem é sempre bom saber que há pelo menos uma mulher no mundo que acredita que ele é um pequeno deus na caminha (pois pequeno deus, e na caminha... 'tá certo... mas vá, pronto acabou a parvoeira...que as mais discretas não têm piada que mereça tempo de antena... ou o mocinho não conhece nenhuma)."

sexta-feira, 20 de agosto de 2021


 Uma praia só para nós. Primeiro foi o nevoeiro, chegámos e estavam todos a desistir. Quando a nuvem dissipou já restavam poucos, que os ponteiros do relógio mandaram para casa. E com tudo isto se conseguiu um espectacular fim de dia numa praia quase deserta, com sol e sem vento. A pintarolas até adormeceu enquanto o entardecer se aconchegava no horizonte. Bem bom. 

quarta-feira, 18 de agosto de 2021

 
Era bom, não era?

Até que seria bom, alguém que entendesse sem termos de explicar, que soubesse de alguma forma, sem termos de dizer… até que era… mas se calhar nem sempre, nem sempre. Ainda se fica a saber alguma coisa que preferíamos não saber…

domingo, 15 de agosto de 2021

 Ainda não sei fazer isso de inverter os papeis, de ser o porto seguro das minhas fortalezas, mãe dos meus pais. Como se ainda não os visse indefesos, ou o meu olhar recusasse essa realidade. Ajudo, estou, mas é preciso mais qualquer coisa que não sei dar, ou talvez não tenha. Fiquei sem reacção, sem resposta que soubesse dar, já não iríamos tomar café como combinámos, estar um bocadinho na conversa numa esplanada qualquer a entreter o tempo, a aproveitar o tempo, faltavam-lhe as forças, até na voz... e a minha desapareceu também, assim, ao sentir-lhe a falta, ao sentir-lhe as lágrimas disfarçadas a queimar-me por dentro etapas e tempos, anos, encurtando esperanças, amputando ilusões que ando a roubar à lucidez dia após dia. Desligámos e desfiz-me, não conseguia segurar um pensamento, nem conter nada, os soluços abanavam-me como senhores duma realidade que recuso, como se algo tivesse libertado marés de tempestades por dentro. Tempestades de revolta, de raiva, de impotência, de solidão. Vi o meu pai chorar três vezes na vida, recordo-me delas como se agora lá estivesse de novo. A primeira de cansaço e impotência face à crueldade e exigência da vida, outra pela perda da sua fortaleza mágica, e à beira do caixão do meu irmão, depois de dois meses sem o poder ver no hospital, o choque de o ver ali, assim. E hoje que não vi, mas senti. Há coisas que simplesmente não sabemos sentir, não conseguimos conter, domesticar, controlar. Agarram-nos pelos dois braços, pelo cabelo e pelas pernas e arrastam-nos rumo a um abismo conhecido que nunca experimentámos. Depois, esgotamos o que houver a esgotar, levantamo-nos e vamos, quase como se nada fosse, estar, fazer conversa que não temos, inventar o que não somos, mas somos, temos de ser - um porto seguro que não se segura. E aos poucos forçamos uma espécie de normalidade que se nos cola à pele e nos convence, as coisas podiam estar piores, foi só um dia de fraqueza, de todas as fraquezas e cansaços. O coração falhou vários compassos, o medo instalou-se nas veias, mas continuamos aqui. Tu meu pai, eu tua filha. Coisa que não mudará nunca, não há realidade que leve essa magia.

sexta-feira, 13 de agosto de 2021

 


Há dias em que há perguntas fundamentais por responder, e ontem foi um desses dias. O problema das perguntas fundamentais é que são geralmente retóricas, porque já deveríamos saber a resposta. 

Há pessoas estranhas, já se sabe, mas também há pessoas estranhas que se pensam melhores, mais inteligentes e articuladas do que são. E um tico mais más do que a sua inteligência pode sustentar. Onde a maldade, ou talvez uns laivos de raivinha, sobram largamente aos argumentos. E raiva não é argumento. Então acabam por ter respostas a mails que não os deixam em melhor posição do que estavam… e apesar de me chatearem estas merdinh@s dá-me (algum) gozo rebater ponto por ponto, e começar o Mail por usar a mesma palavra que usou, mas sem o erro ortográfico (grave) com que a escreveu… mas são estas subtilezas (algumas nem são muito subtis, são só indirectas, ou entrelinhas)  que nem sempre “apanham”, que na verdade são as que mostram o patamar em que cada ser se move  - e não, não estou a falar dos erros ortográficos, mas do perceber a ironia da resposta, esse nível de entendimento não se prende com saber ou não escrever sem erros… e na verdade é esse que eu admiro nas pessoas, os erros corrigem-se e aprende-se, mas o resto, esse entendimento, esse nível de percepção, não se ensina nem se aprende, é da essência de cada um, ou não…

quarta-feira, 11 de agosto de 2021

 

O importante é querer.
É não arranjar desculpas para facilmente se aceitar que as dificuldades não são obstáculos, 
são impossíveis, e essa ser uma armadura que não se despe.
O importante é querer, e quando se quer, e é importante, arranja-se maneira. 
O impossível mesmo, é não arranjar. Nada.
E quando não há maneira, inventam-se maneiras, outras e diferentes, 
inventa-se qualquer coisa, faz-se muita coisa, 
mas não se aceitam impossíveis, nem se camuflam desculpas. 
Se não se consegue o perfeito, consegue-se algo a caminho. 

O perfeito é querer, mesmo e a sério,
tudo o resto será sempre imperfeito, com dificuldades ou não, querendo ou não.


segunda-feira, 9 de agosto de 2021



Agora, passo nesta rotunda a caminho do escritório e lembro-me de quando noutro regresso da hora de almoço, vi um moço morrer roubar uma flor, como quem quer roubar um beijo, ou a vida toda. Fico a pensar na história por trás do gesto, nas pessoas por trás da história, e em como será essa história. Fico a sorrir feita parva debaixo do semáforo vermelho, e penso que sinto muita falta da paixão, tenho saudades do meu ser apaixonado e estupido e tonto. Fiz muitas coisas estupidas e outras tantas muito tontas, mas não houve nenhuma estupidez que não tivesse um fundo bonito e nenhuma tontice que não fosse irremediavelmente parva mas gira, com aquela certa piada. Coisas de gente meia desregulada das intensidades. Já fiz coisas giras e apaixonadas, mas acho que nenhuma num semáforo. Faltou essa. Pergunto-me se ainda sou essa mulher. Desconfio que sim, falta-me a prova de que ainda acredito no amor, nas pessoas, em viver as paixões como se isso as impedisse de morrer, como se valesse a pena vivê-las. E aquele mocinho? Quantas tontices giras já terá feito? Espero que não tantas quantas as que ainda fará. Espero ainda, como se a esperança, qualquer uma,  não fosse apenas uma crueldade pouco lúcida.

sábado, 7 de agosto de 2021

Os bons hábitos à esplanada tornam. 
Há muito que não fazia isto. Desabituei-me, troquei o fora pelo dentro com o confinamento, e ninguém me obrigou a desconfinar, a sair… ainda por cima na minha varanda há muito sol. Só não há gente, nem conversas na mesa ao lado, nem o sorriso de quem nos atende, acompanhado de um “há que tempos que não a via, tudo bem?”. Ontem fui pela primeira vez, desde o início da saga virulenta, fui beber um copo à noite, às tantas foi o mote. Isso e começar um livro, deste autor que gosto e que escreveu um dos livros que adorei ler (e onde roubei o nome com que aqui assino…).

sexta-feira, 6 de agosto de 2021

 


Esta capa tem uns aninhos, já. Encomendei-a com esta frase para que não me esquecesse desta verdade tão óbvia. Como quase tudo o que é óbvio, tem de ser dito para estar consciente. Ao longo destes anos, várias pessoas comentaram ter uma frase na capa do telemóvel, e depois comentam a frase e questionam o porquê dela. É das minhas frases preferidas, e o porquê desta frase nas costas deste bicho que anda sempre connosco para todo o lado, é fácil: para me lembrar constantemente que o que eu vejo e percebo, é de alguma forma sempre um olhar meu, para e bem e para o mal. E para os outros a mesma coisa. Nunca vêem o mesmo que eu. E eu vejo demasiadas vezes mal, engano-me muito, acerca das pessoas principalmente. Ou essas acabam por doer mais, e deixar mais marcas. Porque não vemos as coisas como elas serão efectivamente, mas como nós as percebemos, como o nosso olhar as traduz, como nós somos. Está velhinha a capa, mas tem servido muito e poupado uns cacos… alguns, alguns.

 
Hoje baldei-me, não ao ioga que isso é só ao fim‑de‑semana, mas para o caso serve. O despertador tocou as duas vezes da praxe e mandei-o ir chatear outra. Não me apeteceu, em vez daqueles minutinhos de exercícios, exercitei a preguiça em vale de lençóis de olhos fechados e agarrada à almofada, quentinha e fofa, soube-me as mil maravilhas, até me levantar, isto é. Depois foi uma correria, para chegar quase meia hora atrasada. Pena o teletrabalho ter acabado tinha chegado menos atrasada, poupava dez minutos de percurso e tomava o pequeno almoço condignamente. Mas ainda não me puseram a fazer de io-io com dias marcados, menos mal. Tenho de pelo menos aproveitar estes dias para não me baldar. Tenho de passar mais tempo em frente ao espelho para me motivar. Tenho de arranjar um PT, mas assim aquela hora, em casa, só se fosse PT para um treino um tico diferente. E um para que não faltasse motivação… isso é que era…

quinta-feira, 5 de agosto de 2021

 Tentar sair a horas decentes para comprar pão e não apetecer ir para casa. Dar voltas sem sair do sitio. Trincar um pão quente e olhar os cinzentos molhados do céu. Querer outra coisa e outra coisa não servir. Fumar um cigarro e ocupar os cinzentos do dia. Ficar a pensar o que pensar e não querer pensar nada. Nada. Cheirar a pão quente, e gostar.

terça-feira, 3 de agosto de 2021

 Há dias que a viagem custa mais. Quando saio a correr e sem café é um desses dias. Saio a correr mas a tempo de não ter de fazer o caminho todo muito (bastante mesmo) acima do limite de velocidade, porque aí ao menos não dá sono… porque não sendo o caso dá-me sono. Mas há coisas que nos acordam, ver uma maca com um lençol por cima de alguém, acorda. Ficamos a pensar que raio andamos a fazer quando há dias fizemos a estrada demasiado a correr para não chegar atrasada a coisas sem importância, no fundo. Coisas como tentar cumprir horários. À chegada, porque à saída não costumo ter. Chego, poiso as coisas, venho tomar café, e continuo a pensar no carro virado ao contrário, na vida que hoje não chegaria a casa, e em quantas do avesso ficariam por isso. Há coisas que fazemos sem sentido, a que nos obrigamos por chamá-las de obrigações, e querermos ser cumpridores, ou que nos vejam e considerem como tal. Mas serve de quê? Faz-nos mais felizes? Talvez dêem alguma satisfação, sim, sentirmo-nos considerados por qualquer coisa, apreciados até, mas felicidade é outra coisa. Acho eu, ou pelo menos para mim. 

segunda-feira, 2 de agosto de 2021

 É verdade, é chato, não dá jeito como muitas verdades, mas é verdade. À medida que se vai aprendendo isto, percebemos que há dois tipos de pessoas: as que para não sofrer ou sofrer pouco entregam-se pouco ou nada, e aqueles que arriscam dores incomensuráveis porque só um grande amor vale qualquer entrega, ou é ou não é.


 … é que já podiam variar as perguntinhas parvas… sim som os mocinhos aqui na terra são todos distraídos no geral e cegos no particular… irra!! Não lhes lembra que prontossss, eu é que não sou cega e para algumas coisas pouco distraída, e talvez ande atrasada, até pode ser que sim, mas não estou desesperada. Desesperava-me era qualquer coisa servir, ou usar alguém para fazer número -  par de preferência -, para isso realmente ainda devo ter qualificações a mais, ou amor próprio ou só ideais que já não se usam… sei lá… ainda acho que posso encontrar a pessoa certa para mim, talvez não seja verdade, não sei, mas sei que de pessoas erradas estou farta e sem pachorra para aturar. Prefiro não aturar ninguém e que ninguém tenha que aturar-me…

[sim, eu sei é de ser segunda feira, que querem?]

domingo, 1 de agosto de 2021

 

Sunday morning
Brunch

Ligo a música enquanto faço os ovos, o pão torra, espremo o limão e tento esquecer que amanhã é segunda, e que não me apetece.  Nada. Ligo e dá-me Portishead como ambiente, como tom, como alma. Bom, muito bom, e soube-me assim. Combina. Shuffle de Portishead, só. Combina com o espírito do (meu) domingo, com a luz que entra pelas janelas da cozinha, com o pijama ainda a cobrir o corpo, com o pé distraído em cima da cadeira. Combina comigo e com a densidade destes meus momentos vagos, deste beber o café devagar e escrever sobre nadas, enquanto estico o tempo até ter de ir fazer alguma coisinha...