domingo, 24 de novembro de 2019


O fim do dia, da noite, o silêncio das luzes apagadas, as janelas acesas: os olhos postos no de fora olhado por dentro. O tríptico de luzes e sombras na parede, uma campânula sonolenta debruçada sobre o sofá. E eu aqui sentada, a pé ainda, sem saber das horas ou horários. Olho o dia e fecho páginas. Mas há sempre páginas em branco, que esperam o que hão-de ser. E eu já toda escrita à procura de páginas onde ainda possa escrever, ser, viver. Espero palavras de cores que ainda não conheça. Parece que a vida se esquece de acontecer nos intervalos dos dias corridos.
Penso em quem continua do lado de fora, pergunto-me se precisam do silêncio das luzes apagadas, assim, para fechar o dia, e a noite, se lhes faltarão tantas cores como a mim, se os silêncios, e precisar deles, vem do que se viveu ou daquilo que se é, como se é.
O silêncio será como uma ausência? É algo que nos trazem pela falta, ou é só uma presença em nós, um bocado nosso que trazemos connosco?

2 comentários:

  1. Retenho sempre aquele momento de silêncio em plateias de espaço público (numa ópera, cinema, etc), e o desconforto que provoca em muitos que logo se aprestam a rasgá-lo com uma tossidela induzida.

    Gosto da Noite
    Gosto do Silêncio.
    E reitero, gosto dessas vírgulas.
    :)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Também gosto do silêncio nocturno, é tantas vezes um aconchego de paz...

      Eliminar