segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Ahahahahah 
Sim, senhora...
Haja moral! 
(e sentido de humor... )

Bom dia :)

domingo, 29 de setembro de 2019

Mesmo!
Grande tirada.
E assim se assinalou aqui no tasco o aniversário desta sábia de meio palmo.
A quem por aqui passou espero que ela tenha arrancado pelo menos um sorriso :)

Boa noite.

Muito boa...

Lembro-me de a ter usado em tempos para tentar fazer rir quem estava longe. 
Acontece que estava muito mais longe do que eu pensava...   nunca reconheceu ou percebeu o gesto de quem se estava a esquecer de si mesma para tentar animar quem estaria a  precisar de um sorriso...
E sorrisos é coisa que com a Mafaldinha é fácil de provocar :)
(pelo menos a mim)

... o tema recorrente da sopa :DD

Esta ficou-me na memória desde a primeira vez que lhe botei os olhos... 
...há que ter muito cuidado com o dar argumentos ao inimigo ;))

... a questão dos títulos... a antiguidade e data de aquisição dos mesmos... 
Uma tirinha muito presente em mim quando respondo (também) à minha filha 
que faz porque eu estou a mandar e eu sou mãe dela... cá em casa não é uma democracia...
...graças a deus ainda não conhece a Mafaldinha ;))






:DD
O pragmatismo contra o idealismo... 
... já sabemos quem ganha.
... uiii continua pela hora da morte!!... e poucos o acham de necessidade 
...quanto mais de primeira...

eheheh...

... para abrir as hostilidades...
... com delicadeza e habilidade ;))

E hoje a Mafaldinha faz 55 anos.
E, por ver isto, estive mais uma vez a revisitar tantas tiradas inteligentes desta miúda.
 Ainda aqui ponho algumas daquelas com que me cruzei e gostei mais.
Apresentaram-ma na minha adolescência, e foi admiração à primeira vista, tornou-se uma das minhas personagens favoritas de sempre. Nunca mais a larguei.  A resposta pronta, a inteligência de fina ironia,  a perspicácia, o questionar constante... prenderam-me desde a primeira tirinha que li nos livros que o meu tio coleccionou, e depois me deu. Ainda os tenho na minha estante. Uns livrinhos A5 que gastei de tanto ir folheando de tempos a tempos. Ainda hei-de comprar o livro grande, com todos os trabalhos compilados que se fez pelo seu 50o aniversário. 
Passem os anos que passarem, como todas as coisas realmente boas, não envelhece, está tão eloquente e actual como há 55 anos. E eu continuo a gostar e a rir-me, 
mesmo que seja a ler e ver, pela enésima vez, a mesma tirinha. 

“Assim vai o mundo”, ainda, Mafaldinha :)

sábado, 28 de setembro de 2019

Apetecia-me um Bom Dia destes :)
Mas contento-me com um dia bom...
mesmo tendo de ir pôr-me atrás dum monitor... bahhh

Bom dia :)

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

[foto @luca_alutto]

Espantam-me palavras que tanto me surgem na boca. Do nada, sem razão. Quando à noite desligo o ruído e me levanto dos dias, quando abro a porta do carro e faço o tempo não ser tempo, quando não dou conta do que digo, e menos ainda conto com o que me oiço dizer. As palavras são minhas, surgem na minha boca, não as leio nem as repito, mas reconheço-as. Já as disse tantas vezes quando eram minhas até às entranhas, mas agora já não sei por que as digo, não me parecem de dentro, porque de dentro já sacudi muita coisa, como sacudo essas palavras que não percebo porque são minhas, e vêm de dentro. Não percebo o que me falta apagar, além do hábito, ou da teimosia, ou da memória. Talvez as palavras. Talvez. Ou a boca, pelo avesso das palavras.

terça-feira, 24 de setembro de 2019

Primeiro você me azucrina,
Me entorta a cabeça
Me bota na boca
Um gosto amargo de fel
Depois vem chorando desculpas
Assim meio pedindo
Querendo ganhar
Um bocado de mel
Não vê que então eu me rasgo
Engasgo, engulo,
Reflito, estendo a mão
E assim nossa vida
É um rio secando
As pedras cortando,
E eu vou perguntando:
"Até quando?"

São tantas coisinhas
Miúdas, roendo, comendo
Amassando aos poucos
Com o nosso ideal
São frases perdidas
Num mundo de gritos e gestos
Num jogo de culpa
Que faz tanto mal
Não quero a razão
Pois eu sei
O quanto estou errada
O quanto já fiz destruir
Só sinto no ar o momento
Em que o copo está cheio
E que já não dá mais pra engolir

Veja bem, nosso caso
É uma porta entreaberta
Eu busquei a palavra mais certa
Vê se entende
O meu grito de alerta
Veja bem, é o amor
Agitando meu coração
Há um lado carente
Dizendo que sim
E essa vida da gente gritando que não

[grito de alerta, Maria Bethânia]

Tantas relações assim, tantas vidas assim. Quanto tempo assim?
Tempo que vai passando sem saber se se perde ou se se ganha. Sem saber o que resta ou sequer o que temos. 
Já tive a minha dose de pessoas a desfiarem desculpas, a dizerem o quanto se achavam estupidos ou burros, a dizer muita coisa, em busca, se calhar, de não perder o que não sabiam sequer se queriam guardar para si, em si, mas num conforto que queriam assegurar a qualquer custo. Abdicar custa, deixar de ter as botijas de oxigénio à disposição assusta, e o lado carente aperta tanto por dentro, enquanto as desculpas são tão fáceis e inesgotáveis. Como os pedidos de desculpa sempre tão, tão sentidos. Até à próxima vez. 
Já tive a minha dose de portas entreabertas, de destruição silenciosa e interior, já tive a minha dose de me deixar ser menos do que sou. Deixou de ser só a vida a dizer que não. A certo ponto, que talvez não tenha sido no ponto certo, eu também disse. 

[há coisas que lemos, e quando voltamos a ler percebemos que há pessoas que as podem ler na primeira pessoa e depois na outra, conforme a altura da vida, ou para onde apontamos o holofote... 
numas alturas as desculpas são de um, noutras são eles a dá-las a alguém... nuns reclamamos atenção e noutras ouvimos reclamar. Tantos alertas que não alertam ninguém, até não haver nada que valha a pena salvar.]

segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Voltando de caminhos antigos, 
onde o passado ainda se cola ao futuro.
Imagens bonitas que o tempo vai renovando, 
ano a ano, estação a estação.
Viagens de fim de dia
que deixam saudades.

domingo, 22 de setembro de 2019



Um pequeno almoço com vista de arco-íris,
 e depois, respirar a pronúncia do Norte enquanto entretemos um cigarro.


sábado, 21 de setembro de 2019


Cuidado com os investimentos.
Há escolhas que arruinam ,
há prejuízos sem retorno.
E vida só há uma. 
 A moeda é o tempo,
e só lucras com amor.

sexta-feira, 20 de setembro de 2019


O que complica tudo são as soluções mais simples.
O mais difícil é simplificar. 
O mais fácil, tantas vezes, é não fazer o que custa.
É não fazer. 
Ou fazer nada, simplesmente.
É tão simples.
E complica tudo.

quinta-feira, 19 de setembro de 2019


Verdade. 
Outra tristeza é agora os factos andarem sempre de fatos... principalmente num tema destes assim tão descabelado. Não combina. Não gosto... mas também não gosto de despertadores. É facto. 



Podia ser gosto, podia ser adoro, podia ser amo, sonho ou quero.
Todas as prováveis, e até as mais difíceis de alguns dizerem, confessarem, entregarem,
mais difícil ainda de chegarem a sentir com verdade inteira, sentido avassalador.
... Mas a única que eu gostaria, adoraria, amaria,
que ainda sonho, e quero um dia voltar a dizer, é:
 sou-te.
 ... a improbabilidade de voltar a cair no abismo da loucura de me encontrar noutro,
sentir-me noutro, ser-me verdadeiramente, noutro alguém que sou e me faz.
"Sou-te."
Talvez o mais impossível dos possíveis.
E o melhor. Se for verdade inteira, sentida.
Com sentido todo sentido.

quarta-feira, 18 de setembro de 2019


“O que verdadeiramente somos 
é o que o impossível cria em nós.”
Clarice Lispector

[Somos o que fica depois de tudo ter passado. Somos como ficamos depois de tudo nos ter sido tirado. Somos a vontade despida de intenções. Somos o que resta do que vivemos e do que não conseguimos viver. Somos o que não envelhece e o que em nós nunca deixará de ser criança. Somos o que temos de imutável, de essencial, que nos sustém e nos conduz. Somos o nosso olhar sobre tudo. Somos as sombras que usamos para nos cobrir, e a nudez última que não tem o que despir.]

terça-feira, 17 de setembro de 2019

Hoje acordei de um sonho, que não sendo cómico, me fez acordar a rir por dentro, dando por mim a sorrir por fora... Era realmente uma ironia que a vida me servia, com requinte de torcida sabedoria, isso era. Mas fiquei com medo de acontecer. E ainda assim, acordei a rir com a ideia. Nunca me passaria pela cabeça... e o sonho até foi bom, eu estava feliz...valhamedeus 

Bom dia!!

segunda-feira, 16 de setembro de 2019



[imagem @_odadiana]

Tentamos por tudo não amargar, manter um cepticismo saudável a trela curta, para não apodrecerem os poucos sonhos, que selvagens não se resignam, parece que não sabem como. E há dias em que desaprendem tudo o que lhes foi rasgado, como se rasgada tivesse sido a memória.
 Tentamos não amargar, mas ficaram tantas feridas por lamber, tantos medos por matar, tantas lágrimas por calar. 
Dou por mim com medo de começar o que pode ter fim. E tudo pode.

domingo, 15 de setembro de 2019

[foto @lolitita]


LISTA

Preparei uma lista de perguntas
cujas respostas já não chegarei a obter,
ou por ser demasiado cedo para elas
ou não conseguir entendê-las.

A lista de perguntas é longa,
toca em assuntos menos e mais importantes,
e como não quero aborrecer-vos,
revelarei apenas algumas:

O que foi real
o que aparentava sê-lo
nesta plateia
estelar e subestelar,
onde é obrigatório tanto o
bilhete de entrada como o de saída;

O que será do mundo vivo
que não terei tempo
de comparar com outro mundo vivo;

De que vão falar
os jornais do dia seguinte;

Quando cessarão as guerras
e o que as substituirá;

No anelar de quem
andará o meu anel de estimação
furtado ou perdido;

Onde fica o lugar do livre-arbítrio
que consegue estar e não estar
em simultâneo;

E todas aquelas dezenas de pessoas -
ter-nos-emos realmente conhecido;

O que tentava dizer-me M.
quando já não conseguia falar;

Porque tomei por boas
as coisas más
e o que me faltará
para não mais me enganar?

Certas perguntas
anotava instantes antes de adormecer.
Quando acordava
já não as conseguia descodificar.

Às vezes suspeito
ser este o código correcto -
mais uma pergunta
que um dia abandonar-me-á.


Wislawa Szymborska
(trad. Elzbieta Milewska e Sérgio Neves)


Das perguntas que foram lista. Tive tantas de tantas formas e feitios, demais até. Hoje não são nada. Nem vontade de resposta. Onde não há vontade, não há nada. Verdade tão simples que custa, como outras, seus corolários. Onde há perguntas há ainda vontade. De entender, de conhecer, de saber, de justificar e querer desculpar. De arranjar por onde lidar. Onde há perguntas, e há interesse em ouvir as respostas, há pontas soltas por prender, ou desprender. Quando só se pergunta para desviar outras perguntas, como defesa ao que não se quer responder, não há vontade de ouvir, só de afastar. 
A única pergunta que tenho é por que entendi tanta coisa tão tarde, se já o sabia desde tão cedo. E até desta me abandono, não quero saber, teve o seu tempo, foi o meu tempo de entender o que apenas precisava ser sentido, e sentindo-o, sabe-lo sem lugar para dúvidas.]

Vamos fazer a barba ao domingo?
...rasar-lhe a lâmina pela pele como se amanhã não fosse segunda-feira? 
(...e eu que gosto tanto de barba, e fins de semana também, de três ou quatro dias.... aiiii não é justo)

Bom dia!

sábado, 14 de setembro de 2019



Ainda toda quente da roupa tirada
Fechas os olhos e moves-te
Como se move um canto que nasce
Vagamente mas em toda a parte

Perfumada e saborosa
Ultrapassas sem te perder
As fronteiras do teu corpo

Passaste por cima do tempo
Eis-te uma nova mulher
Revelada até ao infinito.

Paul Éluard
(Tradução de Egito Gonçalves)


Quando de olhos fechados, de olhar quente e nu, se ultrapassam as fronteiras do corpo, o infinito desfia-se e nunca mais a existência cabe inteira no corpo. Uma ponte que se atravessa com outro corpo, mas não com qualquer corpo, qualquer existência. Há que depor as armas todas, inteiros, sairmos do corpo, entregá-lo e recebê-lo na forma de outro. É ser mais e ser além, é estar e ser nação inteira de alguém, principalmente de nós. Ser casa e ser viagem, por instantes que seja. Para sempre, quase sempre. 
Uma viagem de que não se regressa. O momento em que, ainda presos, somos a coincidência deliciosa de corpo e existência. Nunca seremos tão livres ou mais inteiros. 
Passa a faltar corpo, ou sobrar existência.  
O tempo passa a medir-se a eternidades, incomensurável. 
Pequenas eternidades como reticências em cada parágrafo. Sempre à espera do fim, ou do principio... ou de ser o fim e o principio de algo sem fronteiras, sem tempo.

[a chuvada que se abateu há pouco na cidade, como uma paixão desenfreada, e que me colou o vestido leve de verão à pele que cobria, acorda-me os sentidos  como o sonho a vida. Visitam-se memórias como futuros. Perdendo-nos pela cidade em sítios onde nos encontramos. Chovem sorrisos e a chuva abranda enquanto ainda escorre pela pele e pelos cabelos, esmorece depois de acordar.]

ahahahah.... tão eu!!
... o meu weekendig ;))))
... falta só um bocadinho de reading a seguir ao coffeing numa sunnying esplanada.

(sou só eu que acho tão bons e xpto estes anglicanismos finos, usados à boca cheia de gente que se quer moderna e cheia de "mundo", e que têm tradução até bastante fácil e directa? 
pronto, podem não saber traduzir, 'tá bem... ganharam.)

Bom dia!

quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Eram pouco depois das oito quando, à porta, mando a mensagem combinada: “Podes sair”.
A miúda não saiu, eu espero um tico, e nos entretantos recebo uma mensagem “Hoje não, tenho uma série de coisas para acabar.” E logo a seguir, ainda os meus olhos esbugalhados do que lia e mais uma mensagem “sorry”. E eu, de repente percebi, desato numa gargalhada à moda antiga, daquelas que há muito não me acontecia... respondo sem conseguir parar de rir (e a pensar olha-me a lata deste gajo...) a dizer que era para a minha filha sair, e peço desculpa pelo erro no destinatário. Ainda acrescentei em modo ligeiro “então era por isso que a miúda nunca mais aparecia...” e fico a rir-me da suposição de eu assim, sem mais, mandar uma mensagem a dizer “podes sair” no intuito de ser um convite... assim à papo-seco! Sem ponto de interrogação, sequer!... E não só achou que seria isso, não questionou, e ainda “sorry” por não poder Ahahahah... que espectáculo!! Estava eu nesta divagação da lata e moral do moço quando: “independentemente disso agora já fica o convite feito. Está registado.” Ahahahah grande lata! Não se ficou, não senhora, nem se desfez... achei piada ao miúdo. E hoje, quando der de caras com ele no escritório, ainda estou para ver se me desato a rir ou me consigo conter...

terça-feira, 10 de setembro de 2019

Bom dia, gulosos... :)

Bom dia aos que lambem os dedos
e aos que se lambuzam de paixão sempre que podem.
Bom dia aos que descascam os dias com as unhas,
e põem à mesa noites inteiras de tudo.
Bom dia aos que gostam dos dias doces,
mas os trincam amargos.
Bom dia aos que não esquecem o que é viver.
E que os dias não acordem os esquecidos.
Aos que não têm o que esquecer... boa sorte.

segunda-feira, 9 de setembro de 2019

[via @taxcollection]

Mood do dia:
Não estou cá, não me procurem, não me chateiem.
O fim de semana ainda não saiu de mim.
(aos teimosos: depois não se queixem...)
(aos restantes: Bom dia :)  )

domingo, 8 de setembro de 2019

Fazem-se listas e desfazem-se listas. Atrapalham-se os planos por outros planos. Vive-se sem fazer muitos planos, afinal. E até já o sabia, e é assim que gosto. Adapta-se tudo ao que, dia a dia, nos vai apetecendo e podemos fazer. 
Depois do Camus terminado em terras além-Tejo, a caricatura do “Cândido”, personagem Voltairiana, que me cansou um tico por repetitivo que era, depois meteu-se entre mim e os livros na calha, o tropeçar no Velho e o Mar do Hemingway. E gostei. As coisas de que acabamos por gostar caem, não raramente, da árvore dos acasos, dos tropeções bem sucedidos. E eu, que sou tão trapalhona e desengonçada, podia tropeçar mais vezes no acaso das coisas certas para mim... e acaso ou não, apeteceu-se explorar os antigos, os sábios, os clássicos. Alguém aqui uma vez me disse que este meu nome aparentava a sonoridade de um outro - Ovídio. E por, de repente, me lembrar disso, e por me ter cruzado há tempos com ele num alfarrabista amigo e raptado para a minha estante, resolvi há dias pegar nele.  E agora aqui estamos, num dia tórrido, onde a varanda está impossível como o deserto, e a temperatura desfaz a lucidez, recuamos para dentro das paredes antigas, grossas, que nos protegem, baixam-se as persianas da sala e deixa-se só a luz suficiente para aprender essa arte de amar que Ovídio diz poder ensinar.

sábado, 7 de setembro de 2019

...maravilhosa ronha.
Parar os dias feitos a correr, compensar o sono dormido depressa, deixar-me estar na lassidão do não dever, apreciar o tempo vazio a saber-me a tempo inteiro e pleno.  Tão bom. Não me apetece sair daqui. Não me apetece que haja mais nada, apetece amputar o mundo a um quarto e fazê-lo universo, vida aparte, coisa minha. Há a sensação de que se não sair, o tempo não passa. Mas eu quero que o tempo passe. Todo. O tempo engole tudo ou quase, fica só o que está, o que é, e ainda bem. Quero que passe e me leve tudo o que será de o levar, mas agora, este tempo aqui, parece imóvel, fixo, casa., como se fosse meu, parece só conforto e retorno... Depois há a fome, é tramada.  O corpo acorda-nos, faz-nos regressar à superfície da pele, e leva-nos. A alma poderá conseguir ser imune ao tempo , o corpo nunca. E o amor?  O amor que é corpo e alma? É talvez aquele espaço de ronha, onde o mundo pára,  que engana o tempo, mas que a fome surpreende ?

quinta-feira, 5 de setembro de 2019

[imagem @diego_cusano]

... que ideia luminosa, ou duas...
Hoje, que o sono me expulsou da cama.
Com sono, mas estranhamente sem conseguir dormir. 
Parece que se passa algo na minha vida, em mim, que nem eu percebo, ou sei porquê.
Há dias, ou noites, em que me sinto uma estrangeira na minha própria pele.
Não sei quem estará fora de casa.

terça-feira, 3 de setembro de 2019

Depois de inquirida e antes do regresso, os pés trouxeram-me para aqui, atraídos pela água ou pela fome, quem sabe. Agora, trincar qualquer coisa, comer azuis vários e  espreguiçar o olhar sem garfo e faca. Como uma sobremesa de que se serve para se vingar da gula de vida que corre nas veias. O calor não refresca as ideias e amolece a vontade de trabalhar. Penso no trabalho daqueles dois, empoleirados no parapeito desta vista sobre o rio, e no que conversarão. Talvez o chilrear deles, que não ouço, seja melhor que as conversas que procuro não ouvir. Oiço a música que nos diz que “... no peito dos desafinados também bate um coração”... eu devia, então, ser afinadinha.
Café e rodas ao caminho.


Está uma noite como o verão parece já não usar. Até a varanda se ressente.
Fumo o último cigarro e procuro no céu a pestana que perdi de vista. Nisto penso que gosto do silêncio, com este burburinho da rua que se deixa atravessar por carros daqui e dali. Um silêncio que não atrapalha, não incomoda. Não se aloja no que ficou por dizer, não desaloja o que disse. Um silêncio que não se pede, nem é oferecido, que não é a soma de tudo o que foi calado, mas preso no coração. Há quem fale só para calar o silêncio entre as pessoas. É bom quando não é preciso. É bom quando o silêncio não queima, não gela, e não nos grita. Nao provoca, acomoda-nos como um abraço onde nos aninhamos de olhos fechados e coração aberto. Aqui deitada, de olhos perdidos no negro do céu, penso que há silêncios com a temperatura certa. Como esta noite, aqui e agora. Deixo-me ir pelo silêncio. Deixo-me ficar por aqui.

segunda-feira, 2 de setembro de 2019

[foto @rua_fotos_de]

... e no entanto deve parecer que custa muito, de, aparentemente, tão pouco praticado. Vejo uma maioria que fala, lê ou escreve, mas só descreve, só replica, só repete,  ou então, em alternativa, fala sem nada dizer, apenas em benefício de gostar de ouvir a própria voz.. Espremido não sai nada, e não espremendo, às vezes nem bonito é (mas aí é relativo, cada um com os seus gostos, bem sei)... e não se vê um pensamento, uma conclusão, nada... e não tem a ver com concordar-se, ou não, com o que alguns dizem, pensam, ou sequer com o gostar-se ou não, mas sim com o não haver um pensamento, uma ideia, uma reflexão própria que seja, algo original mesmo que seja sobre o que leram ou viram.
 Por isso ficamos reféns dos que escrevem com beleza uma reflexão, uma ideia, um pensamento. Por isso voltamos sempre a ler os que nos fazem pensar, e sentir. Por isso, quando encontramos alguém que gostamos de ler, há uma âncora que se lança, e nos deixa ali a pairar, à espera do próximo texto, poema, mera opinião inteligentemente alicerçada, o que for. De bom, de original. Porque pensar é grátis e sentir é inevitável, mas nem todos são capazes disso,  e de provocar isso.