terça-feira, 29 de junho de 2021

Amor...

Não, ou é amor ou não é amor, e ponto final.

Não há reticências.
 

segunda-feira, 28 de junho de 2021

Parar para pensar, tentar sossegar o espírito que parece que não se aquieta de não saber o que o inquieta. Procurar caminhos onde não há trilhos, pensar o que não deve ser pensado, deixar-me ir e talvez cair… Nada de novo, mas talvez tudo diferente, ou na mesma, de outra maneira. Tudo, menos esta vontade de querer esticar o tempo antes de voltar a casa. Menos esta vontade de trincar a vida sem lhe encontrar o fruto. Esta vontade que me escorre pelos lábios e já é chão.

domingo, 27 de junho de 2021

 


Na cozinha tenho umas colunas para ipod que há pouco pus a tocar enquanto preparava o meu brunch. Ao fim de semana há sempre mais música. A música vem com tempo para nós ou nem a ouvimos, ou melhor, não valerá muito a pena ouvir porque não nos chega dentro. Estava eu entre arranjar a fruta, bater os ovos, tropeçar nos cães, torrar o pão e oiço esta música que me faz lembrar dum sonho que tive há uns dias e que ainda não me largou. Acho que me quer dizer alguma coisa, mas ainda não sei o quê. Estava ao balcão dum café, dum bar, não sei, o sol entrava pela porta e janelas atrás de mim, o ambiente era claro, primaveril talvez. Eu estaria à espera de ser atendida, à espera de alguma coisa, não havia ninguém do lado de lá do balcão. Aliás, não havia mais ninguém em lado nenhum, aparentemente. Ao meu lado esquerdo surge alguém, eu olho e fico uns segundos sem reacção. Então eu faço a coisa mais espantosa - ou que me pareceu, ao acordar - encosto-me e aninho-me no peito dele, o meu ouvido encostado ao seu coração, a minha mão pousada, eu a pensar no meio disto, (ou talvez quando acordei??) naquele meu sítio naquele peito, e se  existiu, mas acho que só ouvi o meu próprio coração. Mas senti-me em casa, como se aquilo fosse suficiente, não, como se aquilo fosse tudo. Tudo o que eu precisava. Não disse nada, ele também não, o silêncio deixou-se ficar uns momentos, sem pressa ou constrangimentos. Era só o tempo a passar, sem ruídos, comodamente, não entre nós, mas connosco. E então afastei-me, sorri, não havia raiva, nem cobrança, havia como que uma aceitação do que me era incompreensível, uma aceitação de não haver respostas, uma aceitação da injustiça que sempre me dedicou, estiquei-me e dei um beijo nos seus olhos fechados, enquanto emoldurava o rosto com as minhas mãos. Olhei-o, e curiosamente, eu não deixava de sorrir, virei-me e vim-me embora. 
Este sonho mexeu comigo, e talvez por isso me tenha lembrado dele várias vezes nos últimos dias. Há, para mim, três pontos no sonho incontornáveis: a sensação de casa, de pertença de protecção, de segurança, de ninho; o vir-me embora, e com um sorriso na alma, sem necessidade de dizer nada; e a total ausência de emoções do outro lado, não sei se para mostrar que sempre foi assim, ou que não é realmente importante?? não sei. Sei que contei este sonho ao Miúdo e ele saiu-se com uma resposta que até hoje ando a dar a volta, pegou na parte onde lhe disse que me sentia só bem, e em casa, que aquilo era tudo e: " amor é isso. estás tramada... o que descreveste nesse sonho é amor. Em estado puro. É a mais bonita capacidade que mostras ao mundo". E eu discordo dele, acho que para ser amor não basta um amar, é preciso sentir-se amado, senão é amor fraternal, o que lhe quiserem chamar, mas não é o amor de uma vida. Que eu acredito que não existe um, tem de existir mais, é preciso é sorte para tropeçar nele duas vezes... o que sim é difícil. Mas bom se fosse fácil não era para mim, já se sabe. 
Hoje pus-me também a pensar se este sonho não surge numa altura que me quer mostrar que eu quero sentir-me em casa, e porque estou com medo de o querer. De arriscar com alguém, de acreditar, sei lá. Porque querer alguma coisa é poder ter de lidar com depois não a poder ter, com a recusa, conscientemente. E não sei se o quero, e não sei se vale a pena o risco... mas acho que há muito que não tenho esta vontade, que não estou neste ponto. E depois o sonho. Talvez queira aninhar-me e sentir-me outra vez em casa, sentir-me bem, só isso.

sábado, 26 de junho de 2021

 
[foto @adolfovalente]

Fim‑de‑semana, daqui a nada sozinha em casa, só eu e os quatro patas. O tempo está bom para palmilhar o sol derramado no chão, antes disso o meu exercício de fim‑de‑semana (que esta semana baldei-me todas as manhãs…) talvez ler, talvez dormitar na varanda, talvez nada. Logo à noite filmes no sofá, talvez uma série nova, ou talvez combinar jantar (não me parece que me apeteça, mas nunca se sabe). É tão bom não ter planos pregados a horas que constranjam o correr do dia… gosto tanto desta sensação de folha em branco que será escrita ao correr da pena. Com a liberdade de, se for caso disso, nada se escrever ou nada se fazer… ou nada. E como isso pode ser tanto. Para mim é.

sexta-feira, 25 de junho de 2021


 [André Domingues]

As maiores emergências são ferozes, íntimas, 
resguardadas do mundo que não as guarda, 
olha-as com desdém e meio dedo de loucura por reconhecer. 
 E cada emergência que não emerge, 
que não queima nem explode,
 que apenas agoniza até ao desespero,
 deixa de ser um desastre para ser uma convicção.
É um milagre.

quinta-feira, 24 de junho de 2021

 

[@zackmagiezi]

Há dias em que precisamos que torçam por nós, que desejem uma vitória nossa, com ou sem garras de metal. Há dias em que precisamos dum colo para sentar, dum futuro para abraçar, dum peito para encostar a cabeça e ouvir bater um coração, o nosso. Há dias em que precisamos dum hipopótamo rosa, ou de alguém que à quarta tentativa o queira conseguir para nós, para ficar feliz com o nosso sorriso. Mas aqui é longe do supermercado, é longe de quase tudo, perto de coisas longínquas.

terça-feira, 22 de junho de 2021

Talvez sim,
Talvez seja isso
Talvez queira
Ou talvez seja
querer confirmar o contrário 
no sentido inverso
Porque aqui está vazio
E eu talvez não 
Ou talvez não
O que será o contrário de vazio?
Não o sentir?
Ou o inverso?

 
… só bons prognósticos. :))))

Ou então sou eu cheia de esperança e fé na humanidade, sei lá. Ou então é o cachorro que me derrete, ou a cor do enorme ramo onde cabe tudo. Não sei, e hoje não me apetece saber.

Bom dia!

 
[alejandra Pizarnik (nada melhor para rematar um dia de sede)]

… se te atreves a ver podes encontrar.
Mas, e depois?
Fechas os olhos 
e finges que não conheces a sede
 que já soubeste beber?

segunda-feira, 21 de junho de 2021

 E quando a cabeça não tem folga durante o dia para divagar por caminhos errantes, vinga-se à noite, em sonhos. Acordamos com os lábios ardentes de beijos que não demos, beijos que nos dizem que nada está igual, que o feitiço se quebrou, mas sonhamo-los. Ou sonhamos o feitiço ter-se quebrado. E a sensação que fica é do beijo. Até agora. E a sensação leva-nos no tempo e no espaço a sítios que já não são nossos, mas que ainda habitamos, e onde vamos parar em caminhos errantes, quando a cabeça acaba o dia e arruma as botas. Vagueamos de alma descalça por aí, onde deixámos a alma em crepúsculos infinitos que se tornaram uma vida que às vezes (ainda) nos assombra.

quinta-feira, 17 de junho de 2021

 Outra vez a mesma coisa, algo se passa e não sei o quê, venho aqui parar depois de desligar a máquina e ainda a tentar desligar-me. Mais exausta que ontem e mais chateada também. Com outro cigarro na mão, penso que o quarto desde ontem aqui. A única coisa boa e também má destes dias, é que não dá para pensar em mais nada. Até agora.

quarta-feira, 16 de junho de 2021

 Já não basta os dias que saio de casa às sete e meia, nos dias em que saio às nove fico a trabalhar até agora. Acabada de fechar o maldito portátil venho para a varanda… ao tempo que não faço isto… sabe Deus porquê, bem eu também sei mas para o caso não interessa nada. O certo é que aqui estou, sentada no degrau da varanda, a sentir a humidade do ar recém lavada, o brilho das ruas acabadas de luzir, e agora mesmo um flash enorme sem sítio certo no céu. E outro. Agora aquele rosnar dos deuses em teatro de fúria quase amansada. E fumo um cigarro enquanto penso para quê… não faria melhor ir direitinha para a cama? Amanhã de manhã responderei prontamente que claro que sim, minha estupida… agora digo só que há preços que se pagam, e dez minutos de silêncio acompanhado de relâmpagos enquanto queimo um cigarro e penso parvoíces só minhas valem a pena. Hoje acho que será o único tempo meu, e faz-me falta. Ou eu gosto. Haverá diferença? Ou sentimos sempre falta do que gostamos? Ou gostamos mais daquilo que nos falta, porque andamos distraídos? Olha outro. 

segunda-feira, 14 de junho de 2021

 
[foto de Dimpy Bhalotia]

Não percas a cabeça! Bem sei se é que segunda -feira e coiso… mas há boas segundas-feiras, a sério, vão por mim, e depois há as segundas- feiras melhores que outras (por exemplo, hoje tenho outra vez o escritório só para mim e estou perto de casa, não me levantei de madrugada), e há as piores que isso, e até as que não queremos sequer lembrar… 
Há que não ter preconceitos com a coitada da segunda, e curiosamente -  e se calhar em mais coisas vida - tem nome de segunda, mas na verdade é a primeira, primeiríssima. Inicia a semana, é o começo de um novo ciclo. Certo é que há ciclos que uma pessoa maldiz começarem… mas enquanto assim for estamos aqui para dizer disparates acerca disso e encontrar fotos espectaculares ;)

domingo, 13 de junho de 2021


 … e de repente o futuro ovo mexido trouxe-me o palhacito do Domingo :)) 

O meu tio deu esta taça à minha filha há anos, é ela que a costuma usar, eu uso-a menos, mas com essa lembrança quase sempre. Hoje apareceu-me o palhacito. Não sei se sempre lá esteve, mas eu nunca o tinha visto. Será que ele já me tinha descoberto?

sábado, 12 de junho de 2021


Sozinhas, avistadas do carro, enquanto fumo um cigarro antes de regressar a casa. Dantes aqui havia mais, lembro-me. Agora houve uma razia, aparentemente, mas estas permanecem, sobreviventes. No céu rufam tambores desordenados e loucos. Flashes iluminam a seco os céus, e elas ali à espera da chuva ou do sol. Ou de nada. Que é tudo.

sexta-feira, 11 de junho de 2021

:)))) 
... e perder a confiança de alguém que gostamos é pecado capital, não deveria poder ser!

 Custou-me horrores hoje, sair da cama, abandonar os lençóis, o conforto daquele calor do abandono ao sono… uma relação doce e sensual entre a realidade, o desejo de fazer o dia mais longe, sonhar uma vida mais além. Enfim, não sei porque achei que seria inteligente começar a trabalhar hoje, e ir jantar com um amigo que só acredita em jantares que acabam depois da uma da matina, mas ao menos o escritório está só para mim… e amanhã é sábado ;))

quinta-feira, 10 de junho de 2021


 A seguir ao meu “Workout” (como diz a moderna da minha filha), a arranjar-me para ir almoçar no jardim de uns amigos que não vejo, já me parece, há anos, recebo uma mensagem em relação ao jantar: “vai sexy”… WTF??? irra... que raio de coisa para se dizer… das duas uma, ou ando sempre um trambolho de que se sente vergonha de levar a qualquer lado, ou devem achar que estou sob encomenda…. Por muito que goste deste meu amigo, e saiba que ele é doido, tive de responder! "Vou como sou, não estou sob encomenda!"… claro chamou-me mau feitio e mais não sei o quê…. Bahhhh serei eu a esquisita? Apeteceu-me dizer-lhe também para ele ir sexy, mas achei que era demasiado, quase ofensivo e completamente do reino das maravilhas… é que nem sob encomenda. E não faz mal, que gosto dele na mesma. Será muito pedir o mesmo?

quarta-feira, 9 de junho de 2021


 [foto @hana_photphrapher11]

Último dia de férias e não fiz nadinha... e não, não é desse doce nada com tom doce e prazeroso, é só nada. Ontem passei a tarde a trabalhar urgências em frente ao computador, hoje é urgente que me dedique a outras lides. Começar com uma massagem daqui a pouco,  tratar de mim um tico, depois tratar de mais umas coisas para a casa, a seguir talvez ir sonhar com o meu pai e mostrar-lhe a cartografia do sossego que me vai dar uma trabalheira, e me dá medo também... Ontem à noite cansei os olhos de tanto sonhar, horas a procurar um pedaço de Alentejo onde eu faça parte do meu caminho. Nada. Encontrei no Algarve, uma coisa muito a minha cara, aliás duas, que serviam para se viver de sonhos, paisagem e água, verde azul e sol, não horizontes dourados a perder de vista, e muito longe para o que queria... mas ainda assim muito a minha cara. Hoje vou continuar a procurar. Algum dia tenho de decidir se quero realmente viver do olhar, da paz e do sossego, mas longe das gentes, algumas que gosto, algumas que gosto mesmo muito. Talvez haja um meio termo, ainda não descobri, e não descobri se me assiste esse modo do “meio termo” de qualquer coisa... e no caso de não assistir, a distância não importa não é? Até porque a única distância maior e mais difícil mede-se em saudades, não em quilómetros, e não sei se será possível ter saudades inundada de beleza e paz e sossego. E uma solidão que não fere. As verdadeiras saudades são aquelas onde não há estradas a percorrer para as matar. E nos entretantos é de um projecto destes que o meu pai precisa, sugeri-lhe fisioterapia para as dores que tem sentido, destroçam-me as respostas que me dá, a que não sei o que dizer - eu que me acusam de ter sempre, sempre, resposta - sinto que o que mais lhe doi não é o corpo, é o sentir que ele lhe foge, que a vida se esgota sem encontrar razão para a contrariar.  E isso não é dele. Um projecto destes talvez lhe traga mais uns anos de vida, e às vezes penso que se não trouxer, sem ele, nunca começarei essa viagem, onde espero aguardar-me no fim da linha, com esboços riscados, corrigidos, escritos em margens imaginadas, gatafunhos sem sentido pelo caminho daquilo que será a perfeita cartografia do sonho que se debate com a vida, com os medos e com a inércia. É o companheiro perfeito para cartas de marear terrenos e lavrar sonhos. Não terei outro. Escrevo isto, e ferem-me saudades que ainda não chegaram , mas que já sinto.

domingo, 6 de junho de 2021

 
... estou a desesperar por um café!!! Maldita hora em que a máquina pifou, habituei-me a beber um café logo a seguir a comer qualquer coisa, ainda em casa. E agora nada, népia... e ainda tenho umas tantas coisas para fazer antes de poder sair de casa, em modos decentes pelo menos... estou quase a ir roubar café a algum distraído nas imediações como aqui a amiga girafa tão bem exemplifica... mas hoje tenho de comprar uma máquina, esta tragédia tem de acabar. E eu que nunca fui de tomar café em casa e por isso não ter esta necessidade do café pouco depois de me levantar, agora é isto. Este meu eu pós-pandémico é um ser com muita coisa nova, só não sei se melhor. Nunca me tinha ocorrido roubar um café a algum distraído, e agora.... olha pareceu uma ideia altamente catita.

sábado, 5 de junho de 2021

 

 :))))

verdade!

... mas não ando sozinha na rua de máscara (ponho-a quando percebo que me vou cruzar com alguém), ou no carro se for sozinha, a não ser que entre e me esqueça, de resto ao ar livre e quando não há ninguém por perto, não. Não sou fundamentalista, nem com uma coisa nem com outra, e espero que com nada... e talvez devesse ser com algumas coisas, mas não gosto de regras fixas, indiscutíveis, obrigatórias. Verdade que não gosto, mas também não gosto de estupidez e falta de senso ou respeito pelo outro... enfim, lá está cada coisa é uma coisa, é muito subjectivo... O que não é subjectiva é a sessão de exercício que está à minha espera há um bocado sem a minha comparência... estou preguiçosa, não me apetece... mas sei que tenho de aproveitar os dias em que tenho mais tempo para esticar o tempo de exercício, durante a semana não é mais que 10 minutos e só nos dias que não tenho de acordar de madrugada... aiiiiiii preciso de motivação, tenho de ir pesquisar mais umas fotos de destinos (e chegadas, aiii) paradisíacos, de mocinhos aparentados de deuses (esperemos que não gregos...) cheios de saúde e muito exercício, claro :)))) Depois pegar na trafulha da minha filha e convencê-la a ir habitar uma esplanada um bocado, em troca de um bocado de shopping para ir ver não sei o quê, não sei onde, que quer comprar... valhamedeus ninguém merece, mas temos de negociar sempre tudo, credo!!! Só não consigo negociar o achar que sou completamente do século passado... 
... bom, e na verdade sou...

sexta-feira, 4 de junho de 2021


True...

Para mim, pelo menos... mas fico a pensar em que categoria cairia... porque sei bem por qual caio... e me estatelo, podia só tropeçar, só que não...

 Um café com meia hora de leitura de esplanada, umas voltas pela cidade antes de fazer férias das férias com uma reunião desnecessária... mas não interessa, obriguei-me a sair de casa, até porque a máquina de café pifou... e café é um bem essencial. Tenho de desconfinar também fora do trabalho, o verão já anda a vestir as almas por aí, é tentar aproveitar a onda... ou tentar. Depois redimir-me de há um ano me ter passado o dia de aniversário dum amigo que me cobrou o esquecimento, com razão. É estranho ainda não podemos dar um beijo e um abraço de parabéns... 

quarta-feira, 2 de junho de 2021

terça-feira, 1 de junho de 2021


 ... já almoçava...

Estou com uma certa larica, e hoje não deu para almoçar... já ia para casa, já... ou dar uma volta, sair daqui... estou fartinha disto, para me alegrar só não ter hora e meia de caminho e estar quase de férias para lado nenhum provavelmente, mas sem fazer nenhum, certamente. O que já é alguma coisa.