domingo, 3 de novembro de 2019

[Manuel Vilas, um Em tudo havia beleza (Ordesa)]

Que frase para abrir as hostilidades... faz-nos logo parar.
O que tem medida é mais real, mais fácil de lidar, de contar de remediar. De conhecer por fora e até comparar. De pôr por ordem, ou em ordem. O que não tem medida, o que não se desfaz em números e se perde em palavras que nos ganham, é irredutível. É de cada um.
 É abstracto, e no entanto nada é mais real no nosso por dentro de ser.

4 comentários:

  1. "Dizem que o tempo ameniza
    Isto é faltar com a verdade
    Dor real se fortalece
    Como os músculos, com a idade

    É um teste no sofrimento
    Mas não o debelaria
    Se o tempo fosse remédio
    Nenhum mal existiria" Emily Dickinson


    Bom dia, Vi:)

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    1. ... se o tempo curasse tudo, haveria um sentido para o tempo passar, ao menos haveria esse. Assim passa sem se saber para quê.

      Boa noite, Legionário:)

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  2. Essa entrada evoca-me Jerusalém de Gonçalo M. Tavares, mais concretamente a personagem Busbeck. Será que realmente há um padrão para o sofrimento humano? E se o descobrirmos e erradicarmos, quanto de nós perdemos? E quanto de nós ganhamos?

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    1. Não sei se há um padrão, mas haverá causas e pontos comuns. Erradicar a dor seria provavelmente perder a capacidade de sentir, imperar a insensibilidade. Não me parece que seja um ganho. Tudo tem as suas compensações, o seu equilíbrio, eliminar a dor não permitiria apreciar a alegria, valorizar o estar bem, provavelmente.

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