segunda-feira, 18 de novembro de 2019


Há pessoas com a capacidade de partir o mundo dos outros. Reduzi-lo a cacos. E não quer isto dizer que a imagem do mundo fosse muito boa, mas era inteira, sentia-se-lhe um sentido. Agora, quando se tenta pegar, caco a caco, para refazer algo, tudo sao arestas que nos cortam as mãos. Que sangram o sangue que tínhamos quando as coisas pareciam ter algum sentido. Esvaímo-nos agora do que fomos. Não há como voltar a colar o mundo, a vida. Talvez não devamos refazer nada, talvez o que se parte seja para ficar partido, talvez haja nisso um novo sentido, e nesse, os cacos dispersos fazem um mundo, que iremos entender, que não se voltará a partir. E talvez o todo valha mais depois de partido se soubermos como tratar cada parte, cada coisa - o lugar de cada coisa. O nosso lugar, as coisas sem lugar e o lugar daqueles que partem o mundo dos outros e ficam com as mãos intactas. Não sangram, e seguem a partir novos mundos, daqueles que ainda têm inocência suficiente para se deixarem partir. Coitados.

7 comentários:

  1. Juntar os cacos, costurar os pedaços e seguir em frente. Porque é a única coisa a ser feita.

    Olá, Vi:)

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    1. Sim :)) tens razão, mas seguir em frente depois de reflectir sobre tudo e arrumar os cacos e lidar com eles, e fazer disso uma base para seguir em frente, mais dorida connosco mesmo (somos sempre os únicos responsáveis pelas escolhas até as más, ou principalmente as más) mas melhor.

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    2. Bom dia, Legionário :)
      Faltou isto

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  2. Delegar a solidez da nossa Casa identitária nas mãos de outrem é ficar à mercê de uma possível derrocada.

    Boa e sólida semana, para ti.

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    1. Não entendo que seja entregar a outrem, entendo que somos aquilo que fazemos e como, também face aquilo que os outros nos fazem. E acho que ninguém será imune a desilusões, porque não o é a iludir-se, ainda que ( como dizia no comentário anterior) as escolhas são sempre da tua responsabilidade. Até quando é a escolha de se acreditar em alguém.
      Não achas que na vida há sempre a eminência da derrocada? Eu tenho essa sensação, pwnsarmo-nos seguros é talvez dos piores perigos, diria até.

      Bom resto de semana,Eros

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  3. A Iminência de derrocada é parte indissociável da condição humana. Falo apenas do seu aumento de probabilidade estatística ao colocar em causa a solidez identitária nas mãos de outrem. Claro que é uma escolha e não julgo ninguém, apenas falo e escrevo sob a penada do meu ponto de vista. Não quero com isto ratificar que estou certo ou errado.
    É apenas a minha opinião... ;)

    Sobre acertar no tal Alguém... Isso é fácil, apesar de propagado e propagandeado como complicado. O problema é que a maioria vê o outro projectado como aquilo que desejava que fosse e não como aquilo que realmente É.
    :)

    Bom fim-de-semana, Olvido.

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    1. Pois foi o que te disse, não entendo essa ideia de colocar nas mãos de outrém, é a vida que te acontece, e acontece-te também através das pessoas com que te cruzas. Não são elas, mas através delas, é como reages pensas e sentes em relação ao que vives ou viveste com elas, o foco não são elas, és tu. É como reages às curvas da vida, por estradas onde entras às vezes por causa de pessoas com que te cruzas. Situações e lugares onde nunca terias ido, onde nunca te terias perdido se não te tivesses cruzado com elas, acidentes que não terias tido também. E há pessoas que acho que são especialistas em levar os outros a acidentes onde se magoam. Mas não são elas que vão a guiar, és tu.
      Quanto a essa parte de ser fácil ou complicar-se o “alguém” bom é facílimo quando, ou não se sabe o que se quer e qualquer um serve, ou quando o que se quer é simplesmente ter alguém. Fora isto não é fácil nem difícil, é um acaso. Há acasos que crescem e nos fazem sentir bem e há acasos que se revelam apenas desencontros e às vezes nos fazem sentir mal.
      Bom fim de semana :)

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