terça-feira, 30 de abril de 2019



Abro o peito
cheira-me a terra remexida
à força de arrancar raízes.

Troncos grossos
Que a terra não cedeu,
decepados rente ao chão
Como tambores
Discos riscados
ecoam memórias ocas
Cada anel um sorriso morto
Por enterrar.

Abro a janela
entra um frio
entranhado no tempo
Fecho o peito
Não há tempo
Só frio


segunda-feira, 29 de abril de 2019

O caos não a deixa parar, 
ou ela não pára com medo de perder o equilíbrio e cair. 
de cair em si, sem ter o que a ampare.
exorciza o caos na pele transpirada de movimentos 
que a trazem à tona da luz
 ainda que ninguém regresse do caos 
sem um passado de chumbo com pé no futuro. 
...e nos interstícios do caos o silêncio dá-lhe música.

domingo, 28 de abril de 2019

[foto de Imre Soós]

Nunca conheci ninguém que numa conversa me fizesse dar uma volta ao mundo - já me apeteceu bater-lhe de raiva, já me apeteceu chorar de tristeza por a ter entristecido e magoado, já me apeteceu enchê-la de beijos e comê-la. Tudo.
Em cinco minutos. 
Nunca conheci ninguém assim.  Nunca. Ir desde mandar uma descasca num indivíduo, de tal maneira que ele não sabe onde se enfiar ou o que dizer, a acabar numa declaração de amor, disfarçada mas linda. Em pouco mais que cinco minutos. 
Esta mulher é um carrossel.

(Talvez, mulher para dar tonturas, verdades, ou assim. Não é para todos, está visto, por muito que gostem de dar voltas sem sair do sítio... mas nada como as autênticas roletas russas, que só dão vontade de fugir a sete pés, antes que dêem cabo dos miolos a quem ficar... há quem preze os seus miolos e não faça do jogo suicida uma obrigação.)







O título puxou-me "Estamos focados naquilo que queremos ou no que os outros acham certo?”, é uma pergunta muito pertinente, e de repente fez-me pensar e repensar algumas coisas, talvez as expectativas sejam uma espécie de medos, também nos bloqueiam, nos condicionam, nos prendem em teias que nós mesmo tecemos.
Vale a pena ler a entrevista, apanhei isto por aí no fakebook, e não tenho alergia a livros de "auto ajuda". Haverá de tudo como na farmácia e como sempre, mas podem ser escritos por pessoas que sabem do que falam. É talvez uma espécie de noções/ferramentas de psicologia expresso (neste caso não é psicóloga, mas coach e explica a diferença), mas não têm de ser ocas por estarem generalizadamente simplificadas, depois a inteligência de cada um (aqui às vezes a porca torce o rabo, pois...) servirá para reflectir e retirar disso o que ajudar. Ou simplesmente para pensar sobre os assuntos sobre outras luzes. Não me parece que sejam receitas ou mapas do tesouro, mas também é certo que nunca cheguei a mais do que folhear algum... 
Neste caso fala-se de mudança, de insatisfação, do marasmo que uma vida se pode tornar. E eu que estou no vértice de várias mudanças, umas já decididas e concretizadas, outras para breve, gostei de ler a entrevista. Fiquei a questionar-me se também já andaria insatisfeita há muito tempo. É estranho perguntarmo-nos algo que parece que deveria ser de resposta imediata, intrinsecamente sabida e conhecida. A verdade é que mudei o que tinha de ser mudado, cumpri o que estava a sentir (como sempre fiz) e a pensar - deixei de escavar o mesmo buraco -, resta saber se isso por si só leva consigo a insatisfação e o marasmo. E se nos perdoamos não termos feito mais cedo o que havia para fazer e perceber.
O tempo tem de fazer assentar o tempo do que foi, ainda não houve tempo, mas há que abrir novas janelas e deixar que a vida entre. Outra vida. Outras vidas.

[e a vista da janela da cozinha já mudou, vejo flores novas e laranjas de cor viva. A resposta à mudança pode ser um não, mas ela acontece com ou sem a nossa  resposta ]



...acho que hoje em dia há muita gente que vai para a cama com a mesma sensação...

(mas come a salada. só não sei se a pensar num belo donut, isso não sei...
sei que parece que já ninguém espera o donut,
nem acredita que salada não lhe irá matar a fome.
e se esperar chamam-lhe estúpido.
e talvez seja... quem come o que há não morre de estômago vazio,
ainda que toda a vida passe fome.)

sábado, 27 de abril de 2019


[foto de Fan Ho]

Hoje os quarenta anos chegaram-me ao espelho, aos ossos, aos olhos pelo lado de dentro. Hoje caíram-me os anos que dizem que não tenho, que não pareço - que não são meus, se calhar. Não sei por quê hoje, talvez o dia cansativo e tão cheio de ontem, talvez todos os que me trouxeram aqui, agora, e ao depois também.
O espelho confessou-me que o amor é o único que previne o envelhecimento. Não porque deixemos de acumular anos e decepções e cansaços, mas porque deixamos de o tomar como uma ofensa. Passa a justo contrapeso de amar, de continuarmos a ser, de viver.
...será que realmente se vive sem amar?... E sem ser amado? (pergunto-me sem quase dar por isso quando as palavras me saem pelos dedos...)
Quando nos sentimos amados, há um olhar - aquele olhar, único, ou que tomamos por único - que pousa em nós e nos vê, vê-nos só a nós. Vê acima de tudo, muito abaixo da pele, vê o que somos quando já não nos parecemos connosco. Do tempo em que nos lembrávamos de ser e de ainda ir ser muita coisa, ainda ir fazer tanta coisa, e viver tudo. Vê além do tempo que embaça a pele e dela parece escorrer, e com isso faz-nos desaparecer dentro de nós, faz-nos cair para dentro de nós, onde só está quem amamos. Onde guardamos quem nos ama. É um olhar sem idade, de essências, essencial à vida, antídoto do tempo.

[a culpa deste post, a inspiração da coisa, já percebi (graças ao comentário do Cru), é da JI...não se faz JI, ficaram-me as tuas palavras a brincar por baixo da luz dos dias, muitos dias, até me trazerem os anos que não sentia, à luz... só te perdoo porque, pronto, és moça da mesma (boa) colheita do magnífico ano que nos viu nascer. e bem, vamos esperar :)]


quinta-feira, 25 de abril de 2019


Sentada no carro à espera da hora certa ou errada de sair daqui, de ir buscar o trambolho pequenino (cada vez menos pequenino), a ver a chuva cair e escorrer pelo vidro oblíquo que me enche o olhar e inclina o pensamento a divagar entre disparates. Acciono o limpa pára-brisas, só para ver o trilhar do caminho das escovas, a momentânea secura dum vidro condenado a servir de chão à chuva que cai do céu. Vejo-as fazer sempre o mesmo percurso, nada muda, trespassam-me o olhar e, ao parar, deixam-me discernir e captar, por segundos, as gotas a caírem antes de, outra vez, todo o vidro ser só uma pequena corrente de água a escorrer, como se há um minuto atrás não tivesse sido desfeita. Preciso que me chova assim, é o que penso. Simples.


[foto @hana_photographer11]

"A liberdade é uma livraria"

Joan Margarit

Óptima frase que apanhei algures e guardei. Adorei. Perfeito (talvez) se a livraria fosse minha. Ou uma enorme biblioteca... porque paradoxalmente, numa livraria sinto-me sempre presa, limitada às opções, ao ter obrigatoriamente de escolher por não poder levar tudo o que me apetece, o que queria... mas afinal também é isso a liberdade, estar limitada pelas opções e decisões que temos de tomar (é por isso, também, que liberdade é responsabilidade e a razão por que tanta gente sabe não a querer, ou não a exercer por comodismo ou cobardia, ainda que não o assuma). Se calhar liberdade é só estar nas nossas mãos escolher livremente na limitação condicionada pelas opções que temos. Como, tantas vezes, escolher a nossa prisão também é uma liberdade. Talvez a única coisa verdadeiramente livre seja o pensamento, e mesmo esse só dentro da própria forma como foi educado e ensinado. Mas é o único impossível de proibir, de impedir, de impor fronteiras ou alfândegas, só se declara se se quiser...

[e este ano já me fartei de comprar livros, é um vício e, ao que parece, algo fora de controlo nos últimos tempos. ontem encomendei mais dois... uma desgraça. e o ritmo de leitura não tem acompanhado, o tempo livre não se tem acomodado a tantas leituras... nem a pôr aqui nada do que  tenho andado a ler mesmo que com páginas marcadas de trechos que gosto de deixar registados, a preguiça é um defeito muito mau...]

quarta-feira, 24 de abril de 2019

... bom, a esses que não cresceram, 
que não querem acabar com a brincadeira porque não lhes dói, 
só nos resta uma coisa: desejar boa viagem. 
Apenas e reiteradamente:
Boa viagem.

terça-feira, 23 de abril de 2019

...o tipo de pessoas com quem é melhor não jogar às escondidas...
 :DD ...muito bom!

Bom dia!

domingo, 21 de abril de 2019

[foto @cyrilledruart]

Domingo santo... que maravilha...
A porta da varanda aberta, os bichos por perto 
e o sol a entrar com canto de pássaros... 
e eu, assim, aqui, a pensar que há coisas boas sem muito.

sábado, 20 de abril de 2019

[Manuel Bandeira, 50 poemas escolhidos]

Dei-me agora conta que não dei conta que aqui há dias fez dez anos do dia em que percebi que o meu casamento estava acabado sem eu saber. Até aí ponderava apenas se estaria a ruir, a afundar-se lentamente, a perder-me aos poucos. Mas não, nesse dia percebi que já me tinha perdido, ou esse dia não me teria ficado na memória. Separámo-nos oito meses depois, mas não acho que tenha sido um nascimento prematuro, ou uma morte. Talvez apenas o reconhecimento dessa morte tenha demorado demasiado, como tantas demoram se as negarmos e nos formos deixando morrer também. O que aconteceu naquele dia fez-me perceber: tinha chegado o ponto de dizer basta. Fui honesta e disse-o, tomei a decisão e separei-me. Também me lembro da data em que saiu de casa, há datas que me ficam gravadas, é normal, suponho. E recordá-las também. O que não achei normal foi só uns dias depois me aperceber que já tinha passado aquele dia - dez anos sobre esse dia. O dia em que me caiu a ficha, o dia que me obrigou a olhar para dentro e assumir o que via. Foi também o dia em que me roubaram os dez anos seguintes. E eu deixei. Por muito pouco não chegou aos 10 anos completos, para voltar a cair a ficha, outra. Das duas vezes disse basta, não quero mais isto, cada um à sua vida - frase que ouvi muitas vezes, e desta vez, não a tendo dito exactamente assim, senti-a. Talvez seja importante sermos nós a tomar a decisão, ser uma escolha nossa fechar a porta. Enquanto não foi, a porta esteve sempre aberta se voltassem, e nestes dez anos voltaram sempre, sempre, até que a fechei. Foi preciso ser eu a fechá-la. Nunca fui atrás de ninguém, mas de cada vez que voltaram não encontraram a porta fechada, mas os braços abertos de saudades. Até que não, já não. Chega, chegou. Esta ficha demorou mais a cair, é verdade. 10 anos é muito tempo, não me ter dado logo conta desse marco talvez seja um sinal de que o tempo perdido já se perdeu. Para mim. É bom sinal.

[os nomes talvez nunca cheguem a ser como os outros, talvez tragam sempre agarrados um sorriso, ou  um esgar, não sei, o tempo sobre tudo o decidirá.]

sexta-feira, 19 de abril de 2019

[imagem @virgola_ ]


Que a vida que é vida
nos mate e nos ressuscite.
O crucificar dispensa-se ao comum dos mortais :)

Boa Páscoa.

quinta-feira, 18 de abril de 2019

[foto @in_somnia_ ]

Saber escrever pouco
Poucas linhas
Não mais que três palavras
Arrumadas por linha
Para ser bonito
Ser clara e concisa

Mas não sei

Uma coisa
É tanta coisa
Na minha cabeça
Até o nada
É uma espécie
De quase tudo

E eu não tenho nada para dizer.

Para ficar bonito.




[... hoje almocei sozinha. Nota-se. Deu nisto.]

I’m over, basically... :D

[I remember there was also this over one ;)))...]

Bom Dia!!

quarta-feira, 17 de abril de 2019

Viver num país onde o despacho relativo a serviços mínimos, supostamente para assegurar à população portuguesa um nível  serviços mínimos, refere “abastecimento de postos da grande Lisboa e Porto”... é que nem todos somos igualmente portugueses, e há mínimos para Lisboa e Porto que para o resto do país, são, não sei, talvez desperdício??? será?...  e que tal na loucura sei lá, garantirem abastecimentos as empresas de transporte público, para pelo menos dar uma alternativa para toda a gente ir trabalhar... sei lá se calhar é uma ideia idiota lá para a cabeça desta cambada de imbecis que nos governa... e tão ecológicos e coiso que eles querem parecer... no país todo. Ou talvez não. 

[foto @diego_durden]

Como o eco dum passado perdido
a meio caminho do esquecimento
a noite estremece-me do desejo
que há muito foi prazer
pele, língua e cheiro

Mordo o querer enraivecido,
rasgo o arfar adormecido,
cravo as unhas na escuridão
por tudo sentir esculpido
na sombra da pele
a estocadas cruas, cruéis,
de vontades que não envelhecem
de tanto enterrarem
nos intervalos das noites
as rugas do tempo
que não se vive

mas mata

segunda-feira, 15 de abril de 2019

Resultado de imagem para elegia filme

Fim de semana de filmes, de passear por casa, de habitar o sofá, de chá e bicharada. E mesmo na despedida do fim‑de‑semana, este filme. Até uma certa parte havia um certo reconhecimento duma antiga perplexidade por perceber certa cobardia, uma incompreensão de certas perspectivas, da mentira até. Depois, a uma qualquer altura, instantes talvez, chegar a reduzir a intrincada (i)lógica de alguns homens (que se tropeçam em justificações injustificáveis e se estatelam em verdades que lhes doerão mais), a uma clareza tal que se resume a uma simplicidade que não se coabita, a simplicidade da solidão (e há-a sob tantas formas...) por medo de ser abandonado, que acaba por ser estupidez apenas, simplificando. Mais à frente, por outro lado - ou do outro lado -, aquilo que muitas vezes não parece óbvio, o medo de afinal nunca se ter sido amada, mas apenas à beleza e à juventude que diziam gostar de ver ( ou de certa forma possuir, como um qualquer antídoto do envelhecimento dele), o medo do desejo perdido com a perfeição do corpo. O medo de nunca ter deixado de ser invisível, da beleza que dizem ver impermeabilizar o ser, de nunca ter sido vista além, de não lhe ter chegado a ser alguém. De parecer tão facilmente poder ser substituída por outra beleza que surgisse, pois nada lhe era mais além de beleza e juventude - exactamente o que, afinal, apavorava o outro de medo. E fica-se a pensar nos medos cruzados de cada um, e no tanto que isso altera decisões e vidas, no tanto que nos marcam as saudades do que não se fez, por medo de depois, se calhar, ter de viver com perdê-lo - ter de sobrevivê-lo. Como se assim a certeza de o perder não fosse mais segura, palpável até, e o idílio de o viver algo eterno nunca vivido, mas a única realidade.
E quando uma pessoa trinta anos mais velha, subitamente, tem provavelmente mais vida pela frente, toda a perspectiva muda, e de repente o tempo que não se queria perder para a frente, ficou perdido para trás, irrecuperável. E assim, curiosamente, não é (aparentemente) tão assustador arriscar o tempo que resta, que sendo menos o torna aceitável... Só se fica, só se tenta, quando já não há nada a perder?
E acabo o filme a pensar como é estranho tudo isto, porque é que se aceita aproveitar, viver, quando se sabe que vai acabar, ou que já nada, ou quase, resta; e não se arrisca quando não há esse perigo no horizonte? 
O tempo... sempre o tempo (lembro-me agora e aqui do post que escrevi ontem, esta coisa do tempo toma-me muito tempo de pensamento...), a nossa perspectiva da vida é a nossa perspectiva do tempo, do tempo que temos, do tempo que já perdemos, do tempo que não poderemos aproveitar, e daquele que pensamos que nos resta... isto e todas as desculpas que usamos com o seu apelido, quando são apenas filhas bastardas da estupidez. Mas uma coisa parece-me verdade, há um tempo certo para agarrar a oportunidade, para ficar, para tentar.. Depois disso já não há tempo, mesmo que tempo não falte, falta o resto tudo que o tempo foi levando da altura certa.
[é por isso, ou melhor, por isto, que digo sempre não concordar com o que se costuma ouvir “mais vale tarde que nunca”. Não, quando, para algo, é tarde, já passou, já não vale a pena, que se refastele no nunca... o que às vezes é difícil é reconhecer quando se tornou tarde. ]

domingo, 14 de abril de 2019

sábado, 13 de abril de 2019



O tempo nada me diz, existo sem tempo, para além dele. Não lhe obedeço, não me contém. 
O tempo só existe quando a sua passagem nos altera. O tempo não me altera. Mas com tempo altero muita coisa. Com muito tempo altero tudo, ou quase. 
Intemporal, olha, sorri e diz: dêem-lhe tempo e será meu.
Tudo será meu, tudo será mar.

sexta-feira, 12 de abril de 2019




E se quiseres escolher, 
escolhe um azul que seja verde que seja teu.

Escolhe a vida que tens, não tens mais nenhuma,
mas pinta-a, em cada dia, com cores que sejas tu.

Bom dia!

quinta-feira, 11 de abril de 2019

...então e se forem palitos?... é amor... que não dá pica nenhuma, mas pica!

E quando duas pessoas ficam juntas sendo a segunda (ou única, ao que parece, de parte a parte, neste momento) opção de cada uma delas - isso será economia de meios, uma certa justiça perversa, ou só uma pragmática pobreza - uma tristeza prática? Uma miséria que passa por elegância?... Impulse não é de certeza, até porque ali não se oferecem flores, só enfeites.... ahhh... espera, já sei... é amor forte e profundo, daquele com cenas que não deixam o outro partir, quase de faca na liga - ou, para quem não usa tal apetrecho, também se pode dizer de faca e alguidar; em alguns casos será bastante mais apropriado - em que alguém se descabela e humilha (muito), a dizer que não é capaz de viver sem o outro... e parece que é verdade, mas por falta de alternativa, não de tentativa.
Eu cá não sei, mas preferia estar sozinha... bom, vai daí, é mesmo por estas e por outras que estou. E antes assim que assim-assim, a fazer número, ou compasso de espera até aparecer alguma coisa mais interessante ou... até não ter medo de enfrentar a vida só com o que sou e tenho, sei lá.

[enquanto escrevia isto lembrei-me desta publicidade... há coisas que ficam sem sabermos porquê...]

quarta-feira, 10 de abril de 2019


[imagem @diego_cusano]


O seu canto cheira a maresia, acorda-nos os dias como espuma 
que refresca o olhar, que nos beija a pele, como quem, traquina, 
nos molha os pés da alma pelos ouvidos. Desperta o sentir
ao compasso de cada maré que anoitece o sonho.

[o mar, o mar, preciso tanto às vezes...
Traz novos dias dentro do dia]
Bom dia

terça-feira, 9 de abril de 2019

O teu riso rir-se na minha boca:
a definição de alegria tangente à felicidade.
A tua vida estremecer no meu corpo:
a indefinição de amor.


segunda-feira, 8 de abril de 2019

[foto @jeanphilippelebee]


A noite nua tem pele de desejo eriçado 
Vestimos a noite para confessar 
o pecado que não cometemos

domingo, 7 de abril de 2019

...há que ser justa.
Isso e arranjar umas galochas para o dia seguinte,
que água, aqui, já tínhamos bastante, 
há que alternar com álcool e ajudar um tico à festa metendo água...
(...e ainda bem, porque precisamos muito de água.
Disso e de dar um habitat condigno a tanto pat@ por aí...)

Bom dia!

sábado, 6 de abril de 2019

Devagar, como uma sombra de fogo,
o horizonte incendeia-se, abre-se à noite,
sequioso, esfaimado,
com dentes cheios de mãos,
numa paixão sempre por saciar.
Como uma nudez 
à míngua de pele.


quarta-feira, 3 de abril de 2019

[imagem @diego_cusano]

... olhamos as nuvens no céu e vemos animais.
Uns mais raros outros menos, depende da imaginação de cada um, provavelmente.

Então pensamos, percebemos, - tal qual epifania emprestada de qualquer coisa que já lemos, ou vimos, em qualquer lado - que há muitas pessoas que devem ser nuvens... só pode.
... E não precisamos de imaginação nenhuma, curiosamente.

terça-feira, 2 de abril de 2019


[imagem @sixnfive]



não me chegam
as migalhas do sonho
que roí sem comer

entretenho
talvez outro sonho,
ou o vazio da esperança

segunda-feira, 1 de abril de 2019

... das mentiras: cada um escolhe a sua ;)

[e algumas são tão boas, têm quase tanto charme entranhado como os artistas que as dizem, como verdades espantadas de tão sentidas, nem acreditam quando deixamos de acreditar, quando já não queremos, obrigada... pensam que é mentira! verdade, a sério!]