segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

 

A essas pessoas a quem ajudei sempre que pude, quem defendi quando ameaçadas de alguma forma, e que agora me tentam queimar para sobressair, ou por qualquer razão que não quero conhecer, só me ocorre agradecer-lhes. Não fora isso é continuava a pensar que eram o que não são. Assim sempre se distingue melhor o trigo do joio, e em discurso directo. Custa, mas é melhor assim. E lá me lembro da frase do meu tio com que sempre embirrei por a adivinhar demasiado certa: “nunca ajudes ninguém, que o gajo nunca mais te perdoa”. Válido para todos os géneros. 

[verdade seja dita que o plural com que escrevo é neste momento uma hipérbole... mas também pode ser um resumo, porque houve mais... mas lá está, esses já os remeti para longe, não me preocupo mais com essa gente]

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

[Vasco Gato]

 Uma pessoa esquece-se de viver no rodopio das horas que viram dias que contam semanas e parece que nem respiramos. Não nos lembramos disso. Será que fazemos o que não nos lembramos de fazer, de ter feito? Certamente que sim, mas será que conta?? Se não nos lembramos de respirar sabemos que respirámos, e sabemos porque se nos faltar o ar damos conta. Mas daremos conta quando nos falta a vida? Algo em nós se sobressalta se nos falta a vida? Não. Não para quase todos. Há pessoas diferentes, com sensibilidades diferentes, necessidades diferentes, sangues mais ávidos, corações mais fortes na sua sede. A mim só me dou conta que me esqueço de viver e de sentir, se não escrevo. E quando digo não escrevo, não apenas assim, em palavras enfileiraras a caminho de algum lado a contraluz do ecrã branco... escrever por dentro, em palavras que não se dizem, mas nos valsam na cabeça, que fazem a festa no silêncio duma música própria que mais ninguém ouve, mas onde há palavras que dançam e almas que (se) compõem.  

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022


 Estava frio, mas soube bem… fazer tempo até ao jantar, debaixo da lua, cheia de si, caminhar ao longo do rio, vê-lo a, devagar, encaminhar-se para onde tem de chegar sem saber, apenas corre, ao sabor das forças que o vão levando. Não pensa, não quer, não escolhe. Há-de lá chegar, mesmo não sabendo como, ou porquê. Nem sequer é destino, é o que tem de ser. Há-de pertencer ao mar, e não mais distinguir-se dele. Será mar. Nós seremos o quê?

domingo, 13 de fevereiro de 2022


 Vejam lá, o tempo está a passar, e depressa :)) 

Este ano até me lembrei deste dia antes do dia e de ser bombardeada pelo consumismo habitué em tudo o que é loja ou publicidade, e das manifestações facebookianas de felicidade, frases de “hoje e todos os dias”, jantares e prendinhas que proliferam no dia. Já o disse aqui, acho esta e outras datas, uma óptima desculpa para se fazer uma coisa diferente, uma brincadeira, uma noite diferente a dois, sem restaurantes prendas e afins. Quanto mais não seja, se a vida corrida nos varre tanto tempo, há datas que nos dão desculpa para - se quisermos - as aproveitar. Não uma obrigação, mas mais uma (podem inventar-se mais, e à discrição...) desculpa para fazer o que se quer…sempre que se pode. Não algo para mostrar, mas para celebrar a sorte de se terem, e gostarem. De se pertencerem. Mas talvez seja (muito mais) raro…

sábado, 12 de fevereiro de 2022

Um sábado em que caí da cama. Melhor, empurraram-me. A miúda tinha um exame de manhã, e toca a levantar para a ir levar. Depois, mal feito, ronha desfeita, lençóis que esfriaram... resolvemos pegar num livro e ir cheirar outros caminhos. A tracção às quatro perdeu-se com tantos cheiros, sempre de nariz no chão... feliz da vida, qual alquimista com as suas essências :) eu atrás dela, à espreita de perigos quando a soltei para que pudesse apreciar a manhã com os caminhos soltos debaixo das patas. Depois fomos ao cafézito improvisado que por ali há, beber um e  (re)começar um livro que li devia ter uns dezasseis anos, e que há dias ofereci a alguém. Recebi na volta do correio outro igual, com uma dedicatória gira porque disse, quando lho comprei, que gostava de o reler agora com outro olhar. De modos que é uma leitura mais ou menos conjunta, tipo clube de leitura :)) mas à distância. Quem não ficou muito contente foi a Pintarolas quando começou a ver que à distância iam ficar aqueles cheiros todos, o verde, o rio, o parque de sentidos que ela tanto gosta de explorar... voltámos a casa, mas ela, triste, vem feliz. :)

 





 O antes…


E o depois…

... podia ser a história de um jantar :))

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

 E talvez assim o tempo passe melhor entre o despertar e o adormecer de conversas e desconversas, risos e silêncios, entre desvendares e pequenas descobertas, que contrabalançam o que se guarda sem esconder. Cada descoberta é um risco, cada conversa uma rede que nos ampara, mas nos vai prendendo numa segurança só aparente. Mas o tempo passa e não avisa o que muda, ou se muda alguma coisa. A vida é a mesma, mas sabe a diferente, ligeiramente diferente, mas não descobri em quê. Os fins de dia, esta ponte que teimo em fazer ritual, permanece. E eu também. Perguntam-me o que é para mim paixão, e dou por mim a pensar numa resposta com palavras, sempre curtas por mais que se estiquem. Paixão é em essência uma força motora. É o que nos faz fazer as parvoíces mais parvas carregados de razões que sabemos não existirem, mas que sentimos até aos ossos. É como uma força da gravidade que nos puxa incessantemente para o sonho onde mora a nossa felicidade - penso, e sai-me nestas palavras. Mas podiam ser outras, ou uma imagem que guardamos, um cheiro, um momento que enche todas as paletes de cores numa fotografia intemporal a preto e branco. As cores são nossas, as palavras são de toda a gente. A paixão de poucos.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022



[foto @gregbionde]

Há um sítio onde as almas se sentem confortáveis. 
Não é um sítio. 
São outras almas 
como casas com o nosso cheiro.
Que não é o nosso.


 ... pode ser ainda mais engraçado
 se de vez em quando as porcas forem às duas da tarde, 
sem que mais ninguém perceba,
 e as profundas às duas da manhã, 
sem mais ninguém por perto.
Gargalhadas com livre trânsito em todas as opções :))

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022



[foto @nicoladavisonreed]

O que me entristece é eu ter-te dado os melhores anos do meu corpo

O que me angustia  é eu ter-te dado os melhores anos da minha vida

O que me revolta é eu ter-te dado o melhor de mim

E teres feito de tudo o pior.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

 
Há maus hábitos que são bons.

Talvez não sejam muitos, mas há. Trocar umas horas de sono por alguns dedos de conversa com uma garrafa de vinho por testemunha é capaz de poder preencher os requisitos…