segunda-feira, 30 de abril de 2018

Verdade. 
Dependendo do que estiver na caneca 
pode ser que se consiga atalhar, 
pelo menos temporariamente. Ou não. 
Há quem diga que sim.
 E tenha tido bastante prática na conclusão de que não
(excepto na parte do temporário, às vezes...)
Eu não faço ideia.


Dia 313

Poucas coisas conheço tão fascinantemente belas como
esses teus olhos que fazem algarves de inveja às amêndoas.
E não há cântaros nem ânforas fenícias
com a ternura do contorno dos teus ombros.
Quando beijo os teus lábios ou mordo a tua boca,
o meu sangue adquire a consistência da terra
e o perfume maduro da fruta do mês de junho.
Os teus seios, de tão firmes, foram moldando as minhas mãos,
e os teus dedos longos têm a elegância e a doçura da cana do açucar.
As tuas pernas são os dois mastros do veleiro
que me conduz através dos oceanos do desejo.
O teu pescoço exibe a perfeição que estiveram perto de atingir
Polycleitos e, mais tarde, Miguel Ângelo.
Tudo é perfeito, ou quase perfeito, no teu corpo.
Ainda assim, esta simples verdade é tão evidente que não há
como fugir a dizer-te isto: acima de tudo, bem acima de tudo,
meu amor, tens um rabo lindo!

Joaquim Pessoa, in ANO COMUM


Bela maneira de, "acima de tudo, bem acima de tudo", começar o dia, hein? ehehehe




[foto @webb_norriswebb]


'Until I feared I would lose it, I never loved to read. 
One does not love breathing.'

Harper Lee

Da valorização, e de resumirmos a vida ao que agora damos valor.
E da descoincidência dos agoras.

domingo, 29 de abril de 2018



[foto de Chema Madoz]


O presente é um tempo que te derrete nas mãos. 
Escapa-te por entre os dedos se não sabes o que fazer com ele, 
o que queres que se torne. O presente que queres no futuro, 
depende do tempo que agarras agora. E como.
O presente é o único tempo.
O tempo é o verdadeiro presente.

sábado, 28 de abril de 2018

Eheheheh
... e às vezes passa-me pela cabeça. Verdade que sim. 
Mas há coisas que nunca fiz e, apesar de tudo, a idade ainda não mudou isso, 
ainda não mudou quem eu quero ser.
Então guardo para mim, e rio-me sozinha de muita coisa...

quinta-feira, 26 de abril de 2018




A caminho de cá vinha a pensar, tenho de fazer uma lista de tudo o que gosto de fazer, que me dá prazer, e dedicar-me a praticá-la. Ler. Ler em esplanadas ou na minha varanda ao sol. Tomar café depois duma caminhada com a tracção às quatro. Brincar com as palavras e às vezes escrever coisas que me tiram peso de dentro ou só que me aligeiram os dias em sorrisos parvos. Ir à praia sozinha, ver e ouvir a lareira enrolada numa manta. Ronha, dormir até tarde, desdenhar do sol do lado de fora da janela. O céu estrelado do Alentejo num alpendre à noite, as estrelas cadentes a rasgarem o quotidiano do olhar, talvez um copo de vinho e uma vela a tremeluzir no chão em sombras dançantes. As estradas ladeadas de árvores, curvas que desenham os contornos da terra e me fazem deslizar colada às curvas e ao chão, como se o carro lhes pertencesse, e eu também - e ser um com o caminho, sentir ser, também, aquelas curvas que se curvam comigo dentro, mãos no volante que conduz a curva sendo por ela conduzido, recurva-me a boca em sorriso. Sim, conduzir também, de manhã deixando os olhares apanharem boleia da serenidade das garças - rir-me da lembrança de ter  brincado com as palavras e ter publicado um dia "campos engarçados" -, e passear o carro à noite pela cidade,  entre as luzes da vida dos outros em casas que se iluminam, soltar as rédeas aos pensamentos bravos ou tranquilizar os medos selvagens enfrentando-os, conversando em sussurros maliciosos. As gargalhadas que às vezes faço rir a quem gosto, jantar com as minhas pessoas, as que gosto e gostam de mim, que me cosem a alma esfarrapada ou me fazem rir, ou me remendam a alma fazendo-me rir, velar o sono da minha filha, sentir a paz que já não sinto, o encostar-me ao meu irmão, às vezes, tão raro. Tão raro poder ser pequena outra vez e esperar que me protejam. Que me amem.
Tudo sozinha, vejo agora. Deixei-te fora de tudo de propósito, e no entanto, cada coisa que faça, estás lá. Como se eu estar sozinha fosse coisa tua, fosse uma maneira de estar contigo, talvez a única. Porque só sozinha posso estar contigo. Gosto de estar sozinha, mas não quero estar sozinha contigo, por causa de ti. Quero estar sozinha se não houver ninguém que me faça melhores os dias acompanhada. Até lá tenho uma lista grande de coisas que gosto para ir fazendo e não me lembrar que gostava de mais coisas. Algumas, se calhar, não sozinha. Outras sozinha, sempre sozinha, porque assim me sinto menos só, e porque gosto de estar comigo, não tenho medo de me descobrir, de me ver, de me saber. 

quarta-feira, 25 de abril de 2018


[foto de @jeanphilippelebee]

É na recôndita curva mais que perfeita
de um sorriso que se adivinha
que repousa já a alva planura das tristezas
seguras de pretérito perfeito.

Amanhecemos quando deixamos anoitecer.

segunda-feira, 23 de abril de 2018

[foto @jasonlphoto]

Espero-te no abismo das entrelinhas dos dias 
cosido entre as nossas noites.
Espera-me ao dobrar da esquina 
duma rua sem saída 
e leva-me ao fim do mundo.
Tira-me de mim. 

(não era para hoje o fim do mundo??? hum??)


domingo, 22 de abril de 2018



[foto @rosa_luxenburg_]

Há coisas perdidas há muito que no entanto ainda não perdemos. A perda só se dá quando queremos e já não temos. Mesmo que, sem sabermos, já não tivéssemos há muito, só  quando precisamos,  vamos à procura  e encontramos ausência, o vazio torna-se visível, concreto, palpável ao sentir.  Só aí há perda. Só aí apercebemos a perda. Às vezes fica-se perdido, quando perdido já se andava há tanto, sem saber. Saber faz toda a diferença - é a diferença entre o enquanto e o tarde demais. Desconfiar desnorteia e faz sofrer nos entretantos. Não precisar de ninguém é a mentira mais abençoada, sempre.

sábado, 21 de abril de 2018

[imagem original a cores, via @taxcollection]

- mamã, olha... é destas árvores que os sonhos caem?
-... ... não, filhota, os sonhos não caem, tens de voar para os agarrar.
- voar? mas, mamã, como?
- não sei, filha, não sei... acho que cada um tem de descobrir a sua maneira de voar... mas sei que se não os agarrares tornam-se grãos de areia.
E ela olha para o chão, os seus dois pés na areia.

sexta-feira, 20 de abril de 2018

Perguntas filosóficas logo pela manhã....
(ao menos neste caso não devem comer uma a pensar na outra...)
Depois admiram-se que estejam sempre a anunciar que o mundo vai acabar. Agora parece que é segunda o próximo fim de mundo... e o fim de mundo aqui tão perto sem notarem.

quarta-feira, 18 de abril de 2018

[imagem @iwitchalice]


Acendo mais um cigarro, escorrego pelo silêncio da casa. Deixo-me ficar por aqui, na lassidão do tempo, sentada no parapeito da noite, a observar uma pestana branca no céu negro. E um sorriso escapa-me a fugir à pergunta: de quem será o desejo?...
... De noite nunca me apetece dormir, fechar o dia. De manhã nunca me apetece começá-lo, sair da cama. Durmo, mas qualquer coisa em mim não sossega e o descanso não poisa na alma. Não que ande inquieta, não ando, há só uma sensação de algo inacabado, turvo, estranho. Algo por fazer, já desfeito. Estes dias passaram-se bem, não me prendi de ansiedades, não me asfixiei de pensamentos, incertezas ou certezas, simplesmente deixei ir - mas não sei sequer o quê, o tempo talvez; os dias, sei lá. Há um amargo desencanto em reconhecer o passado como tempo encantado, aperceber-me das mudanças, não esperar nada. Com tudo o que isso tem de bom e de vazio. Como aceitar uma perda, baixar os braços, e deixar que a terra engula o amor que escorre da pele. Como uma força que nos abandona e nos deixa à deriva, demasiado leves, demasiado ausentes de tudo.

terça-feira, 17 de abril de 2018

[foto @kat_in_nyc]

Hoje, enquanto deixava os pensamentos da minha cabeça maluca galopar-me, percebi que eu raramente tomo decisões, são as decisões que me tomam a mim. É o atingir de um ponto qualquer que, de dentro para fora, me faz sentir que já passei o ponto de não retorno, de dúvida, de incerteza. Quando as coisas se tornam claramente límpidas na minha cabeça e a decisão surge apenas como reconhecimento, nada mais. É a conclusão dum processo que eu não controlo - não é quando eu quero decidir, é quando a decisão me toma. A decisão vai germinando em nós muito antes de a formularmos ou verbalizarmos, ou reconhecermos, como conclusão. E há decisões que demoram tanto tempo a chegar ao seu destino e a desembarcar, inteiras e senhoras de si, como se daí em diante o tempo e a vida estivessem nas suas mãos. E sim, em cada decisão, há uma parcela que está. 
De alguma forma sempre tive a noção que há decisões que não se forçam, se forem forçadas não têm fundações para se susterem e manterem, para vingarem num mundo de incertezas, que ora sopram como brisas ora arrastam como vendavais. Talvez por isso haja tantas decisões que não tomei e tantas que me recusei a forçar ou pressionar. Mas só hoje me surgiu a frase - não somos nós que tomamos as decisões, são elas que nos tomam. 
E para quando tomar-me? Demorará muito? Para quando a certeza de não me restarem dúvidas, ou simplesmente a vontade de respostas? Para quando as incertezas não fazerem sequer baloiçar um suspiro duma folha que cai? Que caiu.

domingo, 15 de abril de 2018

[foto @bird.ee]
Não me apetece escrever porque não me apetece pensar. Não me apetece pensar porque não me apetece sentir... E dito assim parece que uma pessoa sente o que pensa, e infelizmente não é nada assim, e sim o seu contrário, pensa-se o que se sente apenas para tentar entender o que não sofre de entendimento, mas vive em desentendimento. E tantas vezes se vive neste desentendimento, entre o que se pensa e se sente. Um não manda no outro, não se sobrepõe ao outro, o que faz do tempo a eterna guerra entre iguais com pequenos desequilíbrios momentâneos, para um lado ou outro. E as palavras atrapalham porque pedem um fio condutor nesta trapalhada que são os dias que desequilibradamente se sucedem num quotidiano equilíbrio.
Se para mim houvesse - que na verdade, para mim, não há - um dia do beijo, seria hoje. Ainda seria hoje. Não sei por quanto tempo ainda seria hoje. Talvez pouco. Talvez até por isso hoje me lembrei disso. Daquele corredor, daquela parede, de tudo te ter caído das mãos, ou tudo teres atirado ao chão porque as tuas mãos precisaram das minhas costas, da minha cintura, de me agarrar de te agarrares e largar tudo. De depois daquele fim de dia tudo ter mudado e tudo ter ficado na mesma. Até hoje. Até quando?

sexta-feira, 13 de abril de 2018

 
[foto @alexstrohl]


Talvez isso, 
de sonhar ser inteiro,
 seja o placebo de gente que nasceu quebrada.



quinta-feira, 12 de abril de 2018

Oferece-se vírus usado, 
mas assegurando-se o seu perfeito estado de conservação,
na verdade aparentemente totalmente-quase-novo (a avaliar pelo seu desempenho),
de elevado grau de eficiência, conserva a sua força na transmissão (eu que o diga),
 a quem lhe queira dar uso apropriado ( até a quem não queria, eu que o diga...).



Acordo-me. Acordo-te. Sorrio.
E sobre a tua pele que a minha adora,
navega o meu desejo, esse navio
que sempre parte e nunca vai embora.
E como um animal uivando o cio
de um milénio, de um mês ou uma hora,
não sei se morro ou vivo, ou choro ou rio,
só sei que a eternidade é o agora.

Joaquim Pessoa


A eternidade hoje é sempre uma memória, um momento que perdura hoje, como ontem, como amanhã e depois. A eternidade guarda-a a minha pele como um tesouro que o tempo não envelhece, há-de a pele enrugar e a eternidade estar para sempre intocada. Como às vezes me sinto pelo tempo, como as cores que o tempo não come - e me deixam sempre o coração a dar-a-dar que nem um doido, como me disseram uma vez. 
Acordaram, esqueceram-se de me acordar, e agora invento eternidades dentro do sonho - nesse sonho uma cadeira basta, e a paisagem que me apaixona somos nós.

terça-feira, 10 de abril de 2018

[foto @viktorkosticphotograph]

Nunca se consegue fazer o caminho de volta, as curvas mudaram de sítio, há portas que desapareceram, doutras perdemos a chave. Nunca é para trás que se encontra o destino, porque a vida é caminho que só se faz para a frente, mesmo que às vezes não pareça. Mesmo que haja curvas parecidas, sensações idênticas, portas iguais. O que encerram já não é o mesmo, o tempo passou por tudo, e se é possível voltarmos a sentir o mesmo ou parecido, há a certeza que nunca será igual. O que queremos reviver, recuperar, o que queremos replicar, é algo que recordamos com aquela intensidade porque foi espontâneo, aconteceu, apareceu-nos no caminho e vivêmo-lo bem, intensamente, e tornou-se memorável, inesquecível até - o momento viveu-nos e ficou, mas nunca por algo recuperado, imitado, copiado.
Parece-me que ao querer-se reviver se procura o impossível - replicar a espontaneidade. Nunca será igual enquanto quisermos voltar ao sítio onde, pela primeira vez, nos sentimos de uma forma que nos marcou para sempre. Só me parece haver uma maneira de continuar a viver momentos intensos e plenos, que ficam sempre, é senti-los hoje com a espontaneidade do agora, sem o segundo prato da balança que desequilibra comparações e tempos. É guardar o que tivemos e não deixar que isso nos tolha os movimentos para, espontaneamente, agora e pela primeira vez, vivermos coisas boas, sem arrastar passados nem deixar rastro, sem rastejarmos felicidades passadas. 

domingo, 8 de abril de 2018


[foto @kristinenor]

Há sentimentos que a distância não apaga, 
mandam um beijo e tudo se incendeia. 
Como se nunca tivesse sido 
senão fogo. 
Outras vezes não mandam,
 e o vento leva as cinzas dum tempo 
que teima em ficar.

sexta-feira, 6 de abril de 2018

[foto @annan.jasko]

E por momentos pareceu amor.
Momentos meus, dum tempo que mora debaixo da minha pele. Sem luz, sem ar.
Por que é que a escuridão que navegamos não é sempre vazia?
...reparadora e incubadora do futuro que precisamos, por nos repousar a alma, por poisarmos as dúvidas, as incertezas, os medos... por cegar a luz que fere.

quarta-feira, 4 de abril de 2018


[foto @tarasovm]

(...)
Só por dentro de ti rebentam flores.
Só por dentro de ti a noite escuta
o que sem voz me sai do coração.

David Mourão-Ferreira


Por dentro de ti a noite acende estrelas,
apaga a escuridão e galopa o silêncio,
para me chegarem as palavras
a que cheiram as tuas flores
e que a voz da minha ternura  diz
como se  entendesse
... e então percebi.
E responderam-se perguntas que não me ouviram fazer.

[o novo Misfit anda no carro, a embalar as paisagens que correm pelos olhos - não gosto nada da separação das baladas num Cd aparte, obriga a andar sempre o trocar de Cd conforme a paisagem do estado de espirito -, há três ou quatro músicas que gosto bastante, mas o Femina, para mim, é muito, muito, melhor, e muito mais o meu tipo de música... correu muitas paisagens e tantos mais estados de espírito, por muito tempo. E ainda lá anda. Tenho de o revisitar.]

terça-feira, 3 de abril de 2018

E estes campos - onde o sol se estende no chão e deixa ao céu cores anoitecidas - são os olhares que a manhã me deixa a marinar na retina da memória, e que pego agora para aqui deixar. As estações pintam as paisagens pela mão da cor e da textura, cíclica e perfeitamente, no seu tempo. Alternam a água que espelha o céu a perder de vista com as culturas altas que tapam os horizontes, como se fizéssemos a estrada entre muros, para, depois de cortados, se arrumarem enrolados pelos campos que descansam, dourados e secos, até o verde lhes dar de beber e os mini-sóis se estenderem a olhar o infinito. Já não me imagino sem fazer este caminho, estação a estação, cor a cor, dia a dia.
Bom dia!
[foto @moniblanco]

A fumar o último cigarro...a tentar não pensar em nada, só tentar que o tempo passe sem fazer muito barulho dentro. O dia passou-se bem, só agora me chegou a noite. Amanhã vai-me custar horrores levantar, já sei, mas de nada vale ficar debaixo de cobertores que não me acobertam do dia nem me aquecem do futuro frio. Pergunto-me por quê tanta complicação se tudo é tão simples e claro, ou sim, talvez por isso. Se calhar demasiada clareza turva. Realmente o que é óbvio às vezes custa tanto ver que não se vê, turva-se, curva-se e despista-se no caminho. Estatela-se quem não vê e vai morrendo devagar quem vê. Quem já viu. Eu já morri devagar e já me estatelei também, e no entanto, ando, caminho direita, por vezes liquefeita por trás da pele. Que não se note, que a voz não trema, que o passo seja seguro, que a certeza esteja amarrada num nó cego, que não vejo, mas sei. Não há melhor saber que sentir.
Nada mudou, não há novidades aqui, a sentença é conhecida há muito, há que cumprir o caminho, mais nada. Tenho as mãos vazias de vontades, as unhas já não esgravatam porquês, os braços já nao se estendem para agarrar a brisa que a pele ainda cheira, o olhar adormeceu brilhos antigos, os pés ganharam raízes e já não desesperam, não tenho de andar, o caminho, como que já feito debaixo de mim, come-me inteira devagar, e eu não mudo nada. Deixo-me, nem me mexo. Estou só de pé, à espera do dia que me há-de calar o tempo, mais nada. Até lá respiro, sorrio futuros passados e invento voos que não sabem rastejar - fumo um cigarro antes de dormir.

segunda-feira, 2 de abril de 2018

[foto @jccabral_photography]

Ora então lá vamos nós para mais uma semana a batalhar. Nem sempre tudo corre sobre carris, mas a algum lado se há-de chegar,  ao nosso destino chegaremos sempre, seja ele qual for, anunciado ou não, por roteiro ou não, sendo levados ou optando numa qualquer altura por fazer o nosso próprio roteiro com o norte dos nossos pés. Pode não se chegar a lado nenhum, mas não há como nos livrarmos do caminho. E para quê?... se é a única coisa que se vive? o destino é a chegada, a chegada é o fim de linha... talvez a vida seja uma sucessão de linhas, de chegadas, de viagens, de encruzilhadas, de atrasos, de avarias, de novas direcções. Mas a chegada é sempre ponto de partida. A viagem é o ar que respiramos sem darmos conta.