sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

... há dias em que o Alentejo me faz mais falta. Enquanto arrefeço o café e olho pela janela lembro-me que sonhei hoje com o meu monte alentejano. Tem um alpendre de pores-de-sol gloriosos, e cadeirões com mantas, e uma mesa com livros que se vão debicando. E uma série de cães à volta dos pés. Todos os quatro, guardava todos ao pé de mim, mesmo que me tenham posto os nervos em franja e façam maldizer a vida várias vezes, talvez naquela paz a guerra fosse diferente.
O café já está bom para beber, e o escritório já não está vazio. Vamos ao dia, que o fim-de-semana está à porta, não o deixemos à espera :))

quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

O mundo do politicamente correcto, levado ao ponto da estupidez, 
um mundo sem dentes onde ninguém pode ser desdentado, 
e quem tem dentes não deve rir para não ofender... 
assim vai o mundo...

Vamos rirmo-nos a gargalhadas triunfais? Com ou sem dentes??

Bom dia :D


segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

[Emanuel Jorge Botelho, via @opoemaensinaacair]

... como hoje. 
Mais uma segunda feira, 
uma semana por estrear, 
e as portas todas iguais, ou parecem...
por trás destas só reuniões...disto  e daquilo, 
e eu com tanta coisinha para fazer....
Valhamedeus ou a poesia ...

Bom dia!

domingo, 26 de janeiro de 2020


A dar um mimo extra para minorar os ciúmes da mais pequenita. Os bichos são como nos em tanta coisa... nunca a deixo subir para os sofás ou para a cama, mas ela devagarinho e com jeito, vai pondo uma pata, depois outra, sorrateiramente em pouco tempo está toda empoleirada no fofinho. Hoje deixei, precisa de mimo e eu também :) 
Quase com o livro seguinte a acabar e sem marcas nas páginas, estive a passar pelo que deixei marcado neste do “em tudo havia beleza” que acabei há umas duas semanas, mas ainda pára aqui na minha mesinha de cabeceira... fiquei a pensar numa passagem que marquei, e reli agora, que me faz pensar na culpa e no que eu já tinha pensado sobre a culpa, as suas várias facetas e ferramentas. De como é usada como instrumento tantas vezes - de manipulação, fazendo sentir culpa para levar ao fim que alguém procura; outras vezes como desculpa, para se fazer ou não fazer algo, porque depois a culpa nos consome, ou antes, não sei, é coisa a que normalmente não me dedico... Mas para mim uma novidade, que me apercebi há algum tempo... é usar a culpa como escudo, como prova de boa formação do espírito, naquela lógica de: se eu sinto culpa é porque não sou má pessoa, senão ser-me-ia indiferente, mas como não é, e sinto culpa por isto ou aquilo que magoou ou fez mal a alguém, portanto não posso ser má pessoa. É cómodo, é até lógico se usado só uma vez, já repetidamente não serve; nem mesmo alegar que não foi vontade própria, que se foi arrastado para esta ou aquela situação, que não queria e não faria, mas não conseguiu evitar, impor, contrariar.... mas até por isso se sente culpa, esgrimindo-a mais uma vez. A culpa é pau para toda a obra, e uma moeda de troca - sinto culpa recebo imunidade contra acusação de maldade pura, ou indiferença, ou o que for que na altura der jeito... Mas a culpa que é verdadeira, e não um instrumento, muda os comportamentos, não se cai no mesmo, talvez porque a culpa leve ao arrependimento e esse - mais uma vez - só existe genuinamente se levar a mudança de comportamentos, ou a, pelo menos, não se repetirem esses. 
Este livro trouxe-me uma nova perspectiva da culpa, que eu nunca tinha pensado: quando nos defendem, quando alguém nos defende e protege livra-nos da culpa, está a dizer-nos que a culpa não é nossa, que o problema não somos nós, que não devemos sentir culpa, que não temos por que sentir essa culpa, que estamos sim, do lado da razão. E é verdade, e eu nunca tinha pensado nisto. Nos últimos anos habituei-me por um lado, a encarar a culpa, irónica e paradoxalmente, como desculpa, e por outro a percebê-la como instrumento de manipulação. Muitas vezes defendi que nem em tudo haveria culpa, mas como a culpa não era real, não surtiu qualquer efeito, e de todas as vezes que a culpa era justificada por conscientemente se magoar alguém, nunca isso também mudou... também aí não era culpa. Acho que a culpa mais pesada e mais vincada é aquela de que não se fala, não se pronuncia quase por respeito, a que se carrega, mas não lhe sabemos o nome ou o rosto. A verdadeira culpa, penso muitas vezes que é a que só se torna nítida e consciente postumamente aos assuntos que a geraram.






sábado, 25 de janeiro de 2020

[foto @seeavton]

“A verdade é que 
quando se ama de verdade
 a pessoa que se ama não é muito importante”

[frase de um amigo, no meio de uma conversa, das conversas boas onde o tempo não se sente, mas se fala do que se sente e pensa. guardei esta, que me fez muito sentido. tem tudo a ver connosco, com o que sentimos, como nos sentimos, mesmo que inexplicavelmente, mais do que com o objecto desse amor. Lição para muitas vidas...]
[foto @sarvesh_chaudhari]

Pasó el ciclo
del adiós,
el de la ira,
ahora
te andas instalando
en el recuerdo,
despacito,
sin hacer ruido.
como el azúcar en el café.


Guisela López


Apresentaram-me Guisela, que não conhecia, enviando-me este poema que gostei, que gostei muito. Pela simplicidade, pela verdade, pelo reconhecimento do que leio no que vivo. E cada vez que o leio faço-o mais “despacito “ e docemente, ainda que o meu café ja há muito não conheça a adulteração do açúcar... e esse pequeno pormenor me fazer sorrir. O certo é que que hoje, com o espírito com que acordei e prolonguei a ronha entre lençóis e leituras, este poema, a sonoridade, a singeleza, uma certa tranquilidade, caem na perfeição nesta manhã.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

[Marta Magalhães, in Limpa Metais Coração (via @opoemaensinaacair) ]

Baseado nas palavras de Beckett, muito Bom!!
Dedicado aqueles que, inexplicavelmente, falham sempre, ou quase...
de facto exige muita pontaria, ou dedicação,
 mas suponho que a prática adquirida ao longo da vida ajude bastante...
 só aqueles a quem falham,
vez após vez e cada vez falhando melhor, 
não têm grande sorte ou pontaria,
mas muitas vezes têm culpa...

quinta-feira, 23 de janeiro de 2020




Ahhhhhhh... então estou no lugar certo.
Melhor sítio seria difícil  de encontrar.
Como difícil de encontrar é o autocarro certo, isso sim...
Andar, todos andam (bom, nem sempre, há muitas avarias),
mas... e levarem-nos onde queremos?
Hum? Pois......

Bom dia!

terça-feira, 21 de janeiro de 2020

[foto @sarvesh_chaudhari]

Talvez o tempo nos mostre que amar alguém à distância é só uma forma da vida não ter frio, até chegar aquele dia em que damos conta que outro amor nos arde perto. O amor é perto, sempre. A única distância é o vazio entre dois sentires que não se correspondem. O vazio é frio, então acalentam-se sonhos e recordações impossíveis. Mas é o possível que o toma de assalto, que faz do vazio florir tudo o que ele asfixiava.
Bahhhhh... ninguém merece. 
Levantar a estas horas com o temporal que está, não se pede a ninguém... não dormi nada... detesto vento, dá-me medo, não sossego, não prego olho. 
Acordar para levantar ainda de noite... bahhh a noite é para se continuar acordada a aproveitar ou para adormecer, agora acordar e levantar-me de noite? Bahhhhh... quero dormir e que o vento se cale, não diz nada de jeito, mesmo. Como eu, agora, à espera de boleia....lá são horas de se esperar boleia?  Só se fosse do próximo sonho... Bahhh quero dormir.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Espectáculo de dança da miúda, três horas dele. Desta vez a primeira parte dedicada ao ballet quase toda. Dei por mim a pensar que nunca vi um bailado à séria, duma boa companhia. 
E que tenho saudades do ballet e da música. E que me ponho a olhar para os pés das bailarinas e a atentar numa série de coisas, em vez de olhar para o todo e apreciar a coisa doutra maneira.
Gosto de dança, sempre gostei, e sinto falta de dançar... dei por mim, mais uma vez, a abanar-me durante o espectáculo da miúda, que não enveredou pelo ballet e em que a música tem tudo de diferente. É engraçado como num espectáculo cheio de miúdas, algumas mais graúdas, a sensualidade transparece tão evidentemente em algumas, e no entanto a sensualidade não tem de ser tão evidente, e haverá muita escondida na timidez de não querer sobressair, de insegurança de se parecer ridícula (e às vezes ser ou tornar-se), de não sabermos como nos vêem. Tantas vezes as evidências se disfarçam, se encobrem, já o ser ridículo é difícil disfarçar, evidentemente. Embora os próprios, poucos se dêem conta. Ainda que não tenha sido o caso, não houve ali ridículos, só um espectáculo comprido que me levou a outras paragens de mim e do tempo, monólogos mudos que aproveitaram a música para dançarem :)

sábado, 18 de janeiro de 2020

Os miúdos foram para as suas novas casas. Ficou uma, à espera que eu decida se consigo dá-la ou se desgraço a minha vida. E eu só quero a minha vida de volta, a minha cozinha antes do canil, o ir trabalhar sem ter primeiro de limpar a cozinha (às vezes mais de uma vez). O entrar em casa sem saber o que vou encontrar do lado de lá da porta. E penso nisto tudo, e estou mais perto de o ter, e no entanto, este nó que me engoliu e tenho dentro não se desfaz. É uma raiva e um alívio, um paradoxo de quereres e não quereres, de saberes que tem de ser e doer-te esse saber. E depois este não saber, esta angústia. Se decidir dar a última, a protectora, a mais torcida e teimosa deles, a exploradora da matilha, que põe o nariz em tudo, aquela a que me liguei mais e me parece diferente em pelagem e interiores, só vos digo, vou chorar baba e ranho.
... Por enquanto vou só sair de casa para me esquecer desta sensação de abandono que é minha e há-de ser, ainda mais, do Alentejano, esse texugo de dez quilos e três meses que acabou de se ir embora, conhecer a nova casa, fazer outra família. Foi o último a nascer, terá sido o último a sair de casa?... detesto não saber o que fazer, o que quero, ou o que quero mais. 

sexta-feira, 17 de janeiro de 2020



As coisas da pele, da química ardente, vão-me sempre além da epiderme, 
não é lá que nascem, e não é lá que morrem. 
Há toda uma química física que é causa e consequência, 
e nenhuma das duas.
Não se sabe onde uma começa e a outra acaba, 
como os corpos juntos quando se esquecem da pele.
Como uma sina que nos (des)acerta a vida toda
à flor duma pele que se lê pelo avesso.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2020


“o amor é um cego com uma arma na mão”

Benjamin Prado

[Leio isto e para mim o amor é um velho cego  - às vezes sábio, outras só cansado. 
Haverá aqueles casos em que parece que tem Parkinson e outros Alzheimer... dependendo da vítima, ou dispara em todas as direcções, ou esquece-se de que já atirou, ou onde... 
Não sei o que prefiro, mas o olvido encanta-me, por ter o poder de encantar vezes sem conta, como a primeiríssima vez. O Parkinson tem aquela pontaria (in)certa, de hoje dizer-se a alguém que não se pode, ou consegue, viver sem, mas uns meses, ou até semanas, depois já estão apaixonadíssimos por outros, e a fazer planos para uma vida futura ( e não é o caso de se esquecerem, ou sequer desorientarem, pelo contrário, é a orientação perfeita da fila que anda).
...não sei mesmo o que preferiria, ou onde mora a felicidade... 
...mas uma coisa é certa, o raio do velho tem um sentido de humor filho-da-mãe.]


terça-feira, 14 de janeiro de 2020

[foto @oeysteinkarlsen]

Há lugares na cidade onde perdi partes de mim. 
Às vezes ainda as encontro nesses sítios que abandonei, 
onde ainda estou, já não estando.
Sítios onde as flores nascem sem raízes,
e morrem sem perfume.
... se houver ou conheçam algum mocinho nestas condições... que ainda acredite neste tipo de magia, reencaminhem-no para aqui se faz favor,
pode ser que se arranje uma cartola e se faça um espectáculo... sem
 redes ou ilusões  :))))
[... e desde que não queira que eu desapareça... ]

Bom dia!
(...tinha, tenho, tanta coisa para escrever, coisas que me andam a deambular pelos silêncios, e não me apetece, estou preguiçosa... depois cruzo-me com isto e pronto, é para o que me dá...)

segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

... segunda feira, de patas para o ar, com um frio do caraças e pouca vontade de sair do quentinho da cama... há dias que nos acontecem sem vontade, não deles, mas nossa. Não é por nada e é por tudo. É um cansaço sem nome, mas cheio de caras, e de atrasos, de coisas por fazer que se acumulam mais depressa que o tempo... 
Reparo que escrevo a estas horas enquanto o escritório vazio, cheio de silêncio, acolhe o aroma do meu primeiro café, à minha frente, a arrefecer ao mesmo tempo que tento aquecer a alma, aconchegando-a de rituais que me chamam  pelo nome. Penso que longe de mim estaria pensar em publicar alguma coisa a estas horas, menos ainda fazê-lo várias vezes, vários dias como tem acontecido, quando o silêncio puxa as palavras que nos querem acordar para nós. A verdade é que a vida troca-nos as voltas, muda-nos os cenários, os contextos, os horários, e nós adaptamo-nos, se quisermos, claro, e tivermos razões para querer, pois. Mas uma coisa é certa, não nos devemos nunca adaptar ao que não queremos, não gostamos e não nos faz bem, isso são acomodações que nos apodrecem de dentro para fora, fazem de vícios hábitos que nos murcham. O certo é que gosto do escritório assim, ainda silencioso e todo meu e do meu primeiro café... o pior é que também gosto da cama quente. E não sou como o outro que tenho dois amores e não sei de qual gosto mais, eu cá sei. E bem :))

Bom dia!

sábado, 11 de janeiro de 2020

... é... a ironia é calhar-me este mum dia de sol :)))
Os tempos trocados, sempre.
Como hoje, tivessem-me mandado ir dar banho ao cão hoje de manhã e eu tinha oportunidade de ser muito obediente... quatro vezes obediente! O pessoal não acerta é no tempo certo :D

Bom dia!

sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

... o que eu queria ser. Desde miúda. 
E não sabia porquê, ao ler isto, agora, percebi que é isto, sempre foi. Ter cabelos de fogo será assim, e era por isto, que eu nunca tinha pensado, ou dito, desta maneira, que desde miúda gostava de ter nos cabelos a cor que só o verão e a praia dá a alguns fios dos meus, mas só nuances, só partes que fazem lembrar o fogo, e eu queria a coisa por inteiro.
É que agora, tudo o que quero é por inteiro.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2020



La caricia es un lenguaje
si tus caricias me hablan 
no quisiera que se callen.

La caricia no es la copia de otra caricia lejana 
es una nueva versión casi siempre mejorada.

Es la fiesta de la piel 
la caricia mientras dura 
y cuando se aleja 
deja sin amparo a la lujuria.

Las caricias de los sueños 
que son prodigio y encanto 
adolecen de un defecto 
no tiene tacto.

Como aventura y enigma 
la caricia empieza antes de convertirse en caricia.

Es claro que lo mejor no es la caricia en sí misma sino su continuación.


Mario Benedetti

[as carícias que começam antes do toque, que iniciam na intenção. o observar as mãos e imaginar carícias, toques, todas as intenções em tensão. ou não. as carícias que falam uma língua de silêncios onde se conversa até onde as palavras não sabem ir. pensar o que dirão aquelas mãos. e depois não querer saber. as caricias começam antes de começar mas se acabam, acabam depois de acabar, tarde demais. ponho as mãos nos bolsos e olho-te só as palavras. as tuas palavras, não as temo, erram pelos tempos sem me acertar. antes assim, porque há palavras que também têm mãos.]

quarta-feira, 8 de janeiro de 2020


Como um cego de nascença a quem mostram o mar num entardecer quente. O cenário é banhado de um dourado rico, sem nome que lhe faça justiça, os azuis misturam-se, o céu, o mar, e quem nunca viu percebe que há um sem fim de azuis, que até as nuvens, entre si, são de um branco diferente. Vê o quanto tinha perdido por não ver e o quanto ainda lhe faltará ver... O fogo, o verde, as cores com cheiro das frutas maduras, uma seara dourada a ser penteada pelo vento, os amores perfeitos - aquelas cores indizíveis. Sentiu a vastidão do que lhe faltou ver, do que lhe faltava ver. O que chegou a ver, o cego guardou, como uma memória que, até quando não se recorda, se sabe, de tão entranhado ser o seu emaranhado na alma, e com o cair da noite cerrada voltou a amanhecer cego. Não se esquece do que viu - não consegue - as cores que chegou a tocar, a sentir, a viver. Não sabe esquecer o que agora lhe falta. Nunca lhe tinha faltado. 
Tens razão. Concordo agora contigo, com o que me repetias. Eu fui a melhor coisa que te aconteceu na vida. E eu acrescento: e a pior. Uma foi um acaso, a outra foi sempre escolha tua, até se tornar minha.

terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Pois.
E quando as coisas começam a correr mal, duram uns tempos mal. Começou sexta, o fim de semana ajudou noutro departamento - sim, os departamentos têm de ser afectados na sua diversidade, é lei - e hoje é a continuação. Sexta não respondi como queria, ontem respondi mais do que queria e hoje vamos acertar contas. O problema de certas contas é que nunca ficam certas e estou farta que me tentem fazer de parva. Às vezes até me sai a meio duma reunião que não convém tentarem fazer-me de parva todos os dias, ao menos escolham só um ou dois, que podia ser que eu deixasse passar... bom não devia ter dito, mas as caras foram memoráveis... esta gente ainda não percebeu que eu digo o que penso e quero (as vezes até o que não quero), que não ando a trabalhar para indicadores, mas para que o serviço melhore. Que por muitos objectivos que me queiram impingir e dourar, esse é o meu, não trabalho para indicadores. Os indicadores que precisavam de ser medidos dificilmente são quantificáveis. Quando se preocupam muito com os indicadores que (supostamente) dão dinheiro, convém que esse dinheiro dure muito tempo, pelo menos tanto quanto levar a esquecer o mau serviço que eles prestam ao cliente. E eu sei e defendo que obviamente as empresas sao para ganhar dinheiro, mas como em tudo, é o como, são os meios para atingir os fins que (me) interessam e definem tudo. E onde eu acredito que depois nos servirá a recompensa. Nunca fui apologista de que cada um luta com todas as armas que tem. Luta com o que deve usar para lutar, nem tudo deve ser permitido. E não, não vivo no país das maravilhas, e o meu nome não é Alice, mas não sei fazer diferente, lamento. E hoje, vamos ver o que sai daqui... que vontadinha senhores... de ir dormir para casa e mandá-los todos... ir falar com o coelho ou enfiar a cartola onde não protege do sol ou da chuva.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

[foto via @pejac_art]

Ontem fui almoçar a casa duma amiga que ao meio dia me diz “vem almoçar connosco” e há uma familiaridade e cumplicidade nisto que me encanta. Tanto, que me arranca da cama onde a ronha imperava e se alternava com leituras em papel, podcasts de coisas que as vezes me apetecem e músicas que vadiavam pela net. Perguntei “ o que é que levo?” Responde “tu. Vem.” E hoje de manhã lembrei-me dela, não sei porquê, acho que porque dei por mim a pensar que tem o sorriso feminino mais bonito que conheço. Lembro-me de pensar isto, de o constatar algumas noites atrás numa noite em que fomos dançar e um amigo meu, que avalia despudoradamente todas as moças que conhece, e não se coíbe de o comentar, dizia que ela tinha “qualquer coisa” qualquer coisa que encantava, que cativava. Há uma inocência e uma doçura que coabitam com uma maturidade que não estraga, não se estraga. Há sorrisos que são o desenho de almas bonitas, e grandes, que moram dentro deles. Quando for (outra vez, e ainda) pequena quero ser abençoada com aquele sorriso de menina que é mulher que nunca amargou. Acho que foi o meu desejo hoje de manhã, que pelos vistos começou com sorrisos, e nem tinha dado conta. :)

domingo, 5 de janeiro de 2020

Das (boas) declarações de amor, e de intenções :))
Das que nos fazem querer chegar o fim do dia para ir ao encontro de alguém que nos faz bem e sentir bem... e rir. Das que nos fazem almejar o fim de semana para ter mais tempo para nos sentirmos bem com alguém, ou sentir que temos com quem sentir o que sentimos, essa coisa da partilha. A rir ou em silêncio.

[os domingos trazem-me muitas vezes ondas de nostalgia do que nunca tive, curiosamente... ou serão as declarações de amor? Não sei. Gosto da palavra nostalgia, isso sei, e já hoje o disse. Mas não sei se será nostalgia a falta do que nunca chegou realmente a acontecer, a não ser, comprovadamente na nossa certeza do que seria a realidade que nunca o chegou a ser... mas um dia ainda poderá ser, quiçá. As mesmas coisas, ou parecidas, a mesma cumplicidade e intensidade, ou parecida, outros personagens, um deles, isto é. Pode ser. Talvez seja]
Já tão avançado o inverno, e tão recente o ano, mas hoje estreio o calor da lareira, na noite que achei certa, em que a preguiça foi vencida pela vontade de entreter os olhos nas danças do fogo e aquecer o corpo neste calor crepitante. Ficar-me aqui, assim, a medir o silêncio a espaços de palavras encadernadas, com a parede debaixo dos pés, como o costume nocturno destas andanças, e um ou outro cigarro que arde em conversas que não se dizem. Só falta aqui uma coisa... e apetecia-me. Como também me apetecia dormir aqui neste chão aquecido de fogo.

sábado, 4 de janeiro de 2020

Só o que é puro tem magia. Aquela aura inexplicável, aquela beleza sublime, que achamos mágica, que nos transforma os dias, o olhar, a vida que se vive.
Esta magia não precisa de truques, de mentiras, de manipulações, de se fazer passar pelo que não é, ela só existe, realmente, sem tudo isto. Talvez seja essa a magia, num mundo onde tudo é manipulável, onde as mentiras são ferramentas maiores, onde tudo está cheio de esquemas, joguinhos rasos, truques, e subtilezas engendradas,  até dentro de portas (ou ainda mais), quando nada disso existe e se mantém, sobrevive, faz viver, é magia. Só pode. Ou feitiço puro :)

sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

[imagem  @jean_jullien]

Das metamorfoses.
Da semana a fim-de-semana.
Do café expresso à lassidão dum copo de vinho.
Dos dias que nos comem às noites que se bebem.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

[Roberto Juarroz]

Há sempre alguém que descobre o que foi perdido
 apenas para ser encontrado.
[nao foi assim a minha manhã, mas era uma boa alternativa, mesmo a correr
 é sempre uma boa forma de agarrar o arranque do novo ano, ou do dia, ou do que for :)) ...]

Os dias voltaram a começar em correria, sempre contra o tempo como se fosse possível haver qualquer coisa contra o tempo... o tempo, no que tem de bom e de mau, tal como outras coisas, não tem antídoto (e dizem que só o amor para anular os seus efeitos secundários). Lutar contra ele é só um tique queixotiano, ou uma factura que pagamos com desilusão... e quase sempre um atraso nas chegadas supostas. E corre-se. Para o atraso encolher. E de repente volto a anos atrás. Querer dormir de manhã porque aproveitar a noite é um gosto, um prazer e talvez uma costela de luar. Mas sempre fui assim, as manhãs a correr. Correr atrás do sono que perdi e me falta, porque aproveitei o tempo para o que achei importante. Agora não o gasto da mesma maneira, mas voltaria a gasta-lo, era sono que dava vida. Talvez venha a ter vontade de fazer o mesmo, com a mesma vida e intensidade , entretanto não me queixo, é diferente, mergulho só em trabalho, mas o sono é o mesmo. Tenho outras tranquilidades e responsabilidades que me pesam menos. Fiz as pazes com as minhas derrotas, as frustrações que nos fazem duvidar-nos. Aceitei-as e aceitei testar-me, pôr-me à  prova. O medo surge-me no impasse, no processo de decisão, esse tempo que nos espreme como se nos pusesse num torno, que faz o tempo parecer imóvel. Depois de decidir, o medo esconde-se numa qualquer gaveta que eu raramente abro. Talvez de tanta correria não tenha tempo. 

quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

Fui só eu que ontem, enquanto fumava numa varanda um dos últimos cigarros de 2019 antes de jantar, que fiquei com a sensação do sorriso da lua ser um bom presságio do ano que já estava na calha para entrar em cena... mas depois, ou porque o sorriso era demasiado insistente ou parecia olhar meio de esguelha, ou eu só porque sou maluca, achei que o sacana se estava a rir do género... tu nem sabes o que te espera... 2019 foi brincadeirinha ao pé do que se prepara para ti... Digam-me que foram alucinações colectivas e o céu não se estava a rir, e muito menos em modo sacana Valhamedeus... deixou-me desconfiada... 2019 foi um ano carrossel, deu muitas voltas, muitas mudanças, muitos medos e inseguranças,  mas acabou por não ser mau como alguns que já tenho na gaveta. Portanto, de que se ria o céu hein? Sacana...