domingo, 30 de junho de 2019


Às vezes ainda sinto falta daqueles momentos em que mundo desaparece, em que tudo à volta é inexistente. Em que há um sabor doce que se respira e de que se vive sem saber. Há dias assim, chegamos ao burgo com a cabeça frita, depois de horas de trabalho, jantamos e dividimos uma garrafa por dois, mas ainda assim o mundo parece não ficar longe, não esquecemos as engrenagens que nos esmagam, nem as contas que ficaram por fazer, nem os problemas pendurados à espera de resolução.
São os dias em que percebemos que o mundo é primo, só divisível por um ou por si mesmo, dividido por dois não dá conta certa, dá tudo errado, ou quase. Acho que depende de como dividimos a garrafa. Ou com quem.
Às vezes ainda sinto falta daqueles momentos em que o mundo desaparece.
... mas não de quando mundo me cai em cima dos ombros, logo depois. Talvez se resolvesse com duas garrafas. Ou com outros dois a bebê-la que não estes. Não sei.

Vou dormir, amanhã volta a ser dia de resolver problemas sem solução. De trabalhar sem descanso nem o pedir, ou se calhar querer, mesmo sendo o chamado "dia do Senhor"... mas vai daí ele descansou ao sétimo dia depois de seis dias a fazer m..... eu ainda não fiz tanto, espero eu.

sexta-feira, 28 de junho de 2019


Não sei se a porta estava aberta ou se ma abriram. A casa era antiga, os tectos altos, havia uma sensação de imponência aligeirada. A casa não estava vazia, mas não se viam móveis. A luz entrava alta e permanecia. Entrei num salão de paredes amarelo muito claro mas envelhecido, gasto. É então que me fala, pergunta-me pelo irmão e eu não sei, digo que não sei dele, nem quero. Há um porquê  interrogado no sorriso que lhe cobre os dentes, e talvez por isso lhe diga, sem responder, que saí de onde já não queria estar, que estou bem e ele, tenho a certeza que também. Ouve-me como quem procura com os dedos e de olhos fechados, os interstícios de silêncios entre palavras. Olhei-o para o descobrir absorto em mim, imediatamente antes de haver na sua boca um trejeito (sorri, talvez seja coisa de família, sussurra-me a memória) de ironia, ou de sabedoria oculta e misteriosa, que eu fingi não ver enquanto me virei para as grandes portas brancas, descascadas pelos serões passados, que davam para para o que pensava ser uma varanda, mas não, era um alpendre virado para o jardim decadente, amolecido, escuro. Levantou-se um vento que soprava ruídos e restos de passados no ar. Levantava o que estava no chão e derrubava árvores grandes mas ocas, como cascas em pé. Em pé de vento. E eu não percebia nada, a ventania soprada do vazio - assusta-me o vento como poucas coisas. Tento voltar para trás mas já não há portas, e de repente reparo no tecto, almofadado com o vento a brincar entre a tinta descolada e o esqueleto da casa. E fiquei encantada sem saber porquê. Era bonito sem ter porquê, percebi que gostava de olhar o efeito sem o descortinar por completo. Talvez haja alguma beleza magnética na decadência, nas ruínas, nos destroços do que já foi esplendoroso, ou pareceu. Não sei. O vento desapareceu e ele voltou, meio torto, meio coxo, nem consegui perceber, mas percebia-se que tinha sido um homem lindo, com altura e porte, ossatura da face bem definida, olhos magnéticos. Deveria ter tido aquele ar de quem caminhava sabendo o que queria, ou pelo menos, aparentá-lo, e agora estava ali, a guardar uma casa que não sentia vazia, mas sem mobília onde se possa viver. Agora tudo isso estava demasiado descoberto, não tinha caminho, mas tinha ainda uma beleza qualquer guardada, muda, mas familiar, como se o conhecesse de outras camadas. Chegou e abraçou-me disse-me qualquer coisa de eu não ter perdido o calor. Abraçou-me e uma paz cheia invadiu-me. Não percebi. O despertador, demasiado madrugador, também não. Deixei o sonho onde estava, vim-me embora, mas o abraço durou-me até agora. Até agora, só.
Vamos embora,
 escapamo-nos sem ninguém dar conta.
E se derem, nós nem damos.
Não interessa.
Quero-nos só nós.
Com lua ou sem, mas com mel a escorrer do tempo.

terça-feira, 25 de junho de 2019

... realmente merecem, e é libertador...
As pessoas não mudam. Por muita esperança que às vezes tenhamos
de que isto não seja verdade, é.
Se a facada depender disso, prepara-te para sangrar...
(a esperança sai quase sempre muito cara...)

domingo, 23 de junho de 2019




Às vezes ainda sinto o abraço como se estivesse lá dentro. Quase sinto o calor, os braços à minha volta, aquela força que é segurança boa, a cabeça encostada ao peito onde quis fazer casa, o cheiro da pele, a tranquilidade de estar no momento, ser tanto o momento que é como se toda a vida fosse minha. Como se o tempo acabasse ali, e começasse. E, afinal, não houvesse essa coisa a que chamam tempo, que traça fronteiras e faz contas, até cobra taxas. Às vezes parece que quase sinto debaixo do nariz a pele que afinal nunca teve o cheiro que lhe dei. Dizem que há coisas de pele, de cheiro, de química, de paixão. E que têm um tempo. Há momentos sem tempo, isso eu sei. Ficam nas fotografias que tiramos sem máquina, e que as que tiramos com máquina, tempos depois, nos lembram e nos roubam por nada nos tirarem, pelo contrário, quais tiranas, amarram-nos ao tempo aprisionado no tempo que passa.
Talvez as coisas tenham um tempo, sim. E talvez esse tempo acabe.
Para eles ainda não acabou. E eu acho lindo. Nada dessa beleza se me amargou. E quero. Quero o abraço pelo lado de dentro, não quero quase memória. Não quero quases. Quase nunca. Quase sempre... quase.
Os pensamentos trespassam-me, mas o comboio não pára. Só as palavras encontram apeadeiro, quase perdidas, recupero-as no último relance duma fotografia que podia ser minha, se a minha vida tivesse sido real.
Aqui chegámos.
Na pele o vapor da história a fuligem no ar,
 o peso da paisagem pendurada na janela dos olhos pelo lado de dentro.
Daqui parto para mais um regresso, a hoje a amanhã, 
a um futuro que espero que me espere. A mim.

sábado, 22 de junho de 2019

[imagem @diego_cusano]

Dizem que já chegou.
Eu digo que vem de caracol...
...ou até que o perdeu...

sexta-feira, 21 de junho de 2019

[foto via @nightydrunklovers ... esbarrei nela e fica aqui catita... tipo memorando e coiso]

Andam-me a apetecer coisas doces. Todos os dias. Tenho fases assim.
Há quem diga que são carências, há quem diga que é uma compensação (...mas de quê senhores, de quê?... não sei...) ou a busca do seu efeito placebo, há quem diga que é só porque apetece e que se $%#&...... Eu! E 
Quero lá saber das razões!?... Como se fosse possível responder a todas as perguntas, ou saber tudo o que tem razões, ou saber o que não as tem, ou porquê!... Como se tudo não pudesse ser outra coisa e as metáforas e outras coisas que tais, não fossem interpretações nossas, cosidas à realidade com o silêncio das nossas entrelinhas, do que somos nos interstícios das palavras, dos instantes e das noites, e as teorias alheias uma justificação ali à mão que servem só a quem não suporta mãos vazias. E vontade de doces, vá (ainda que o café o continue a querer café, como se adoçado já não seja o que é).
Pode ser que passe com a chegada do Verão. Era capaz de dar jeito.

quinta-feira, 20 de junho de 2019

quarta-feira, 19 de junho de 2019

[foto @peterwyss]

...caramba, o nosso maior, melhor, bem é a saúde dos nossos filhos, de todos os que amamos sem questões. Daqueles que precisamos para que os dias sejam inteiros. O resto nao é nada, é só paisagem que muda de janela.
Tudo pode mudar do dia para a noite, o espaço vazio à nossa volta cresce, como ervas daninhas alimentadas pela morte. Pelas várias mortes. A que nos toma uns, e os outros que morrem para nós, oferecemo-los a outras vidas onde a nossa não vive. É devastador o efeito da maturidade, do tempo e da vida na negociação dos espaços, os que mantemos ocupados, os que vagamos e os que a morte nos arranca, em que o vazio nunca se ocupa e ocupa-nos tanto.

domingo, 16 de junho de 2019



Passeio a Pintarolas a cheiros e o silêncio pensa-me, tem uma batuta que me orquestra os pensamentos, ainda que nem sempre os afine ou os musique... Olho para trás e percebo que tive pessoas fracas na minha vida. Talvez seja um padrão, talvez elas me escolham, talvez eu me tenha deixado escolher para tentar de todas as maneiras que sabia, fortalecê-las, fazê-las olhar para dentro e verem mais do que julgavam encontrar, e ver o que eu via além daquela insegurança. E com isso fazer-me amar, será? ( e talvez isto diga muito das minhas inseguranças, da minha própria fraqueza)... Mas acho que se fortaleceram, que se viram melhor do que até aí conseguiam. Sei-o. Que lhes dei isso de mim, arrancado, rasgado de mim, talvez. Só não sei se me enfraqueceram. Talvez o nosso inconsciente nos diga que as pessoas fracas não nos esmagam, que não nos magoarão (e isto é certamente insegurança, medo, mais uma vez, fraquezas minhas). O inconsciente está errado. Magoam. E eu tenho de, e vou, mudar o padrão. 

[já alguém da blogosfera, há uns anos, me dizia, tu precisas dum gajo que não tenha medo de te pôr os pontos nos i’s, de tos apontar, que te olhe de igual, não de cima, mas certamente não de baixo, alguém que te veja e te mostre - alguém que faça por mim o que fiz por outros.]
Vi isto e achei que me servia. 
De certeza.
A bicha até é parecida. E tem as mesmas manias.
Zelar pela nossa companhia e segurança ou supervisionar se estamos a fazer tudo bem... 
em qualquer lado!! :D

E hoje é dia de passeio ;)

Bom dia!

quinta-feira, 13 de junho de 2019

A minha vida não está para cardíacos, só vos digo.
Ponho-me a pensar se tudo o que se está a passar agora tivesse acontecido há seis ou nove meses, se as coisas não teriam sido diferentes... mais ao meu jeito, à minha maneira, do que foi, mas que abracei. Que agora é a minha. Tem de ser. Ainda que agora, como dantes, não me identifique... é estranho. Mas depois dos ovos partidos é cozinhá-los o melhor que o fogo deixar e eu souber. E tentar não me queimar.
E agora fechar isto, sussurrar ao coração que ele aguenta, acaricia-locom o cheiro dum café e pôr-me a trabalhar, que isto hoje vai ser o fim do mundo em cuecas... rezemos para que ao menos sejam giras.

quarta-feira, 12 de junho de 2019

[foto @zynp]

Esguias,
empoleiradas na jarra.
A luz a cair do dia,
inclina-se-lhes,
aconchega-se quando lhes chega
quente e lânguida,
a escorrer das paredes, quase anoitecidas
É esta a hora apetecida
que tantas vezes me esquece apetecer
Em que sou
o tempo que me foge
para poder estar
Sabendo ser(me).


[a hora mais melancólica do dia, a cor mais lânguida, a inquietação mais vagarosa, o tempo para preencher de mim, e o espaço enche-se de palavras para me deixar a boca vazia, cheia de alma. Sabe-me bem o tempo às vezes.]

terça-feira, 11 de junho de 2019

A caminho. Entre semáforos. A vontade não parece ter luz verde. Pergunto-me se será daltônica ou se simplesmente não tem semáforos mas as suas próprias prioridades... Se calhar a esta altura já devia estar doutra maneira, com outro espírito, com outras ganas. Mas não. Cada vez menos. Não sei porquê. Talvez um certo compasso de espera me tenha feito perder o passo. Não sei. Já estive mais entusiasmada, agora estou só meio apática. Um pouco à deriva, sem vontade de me agarrar. Ou de nadar. Deixo-me a boiar e a contar os tons azuis do céu que não vejo, escondidos por trás das nuvens que trago nos olhos. É uma sensação estranha. Como não querer nada de olhos abertos. Ou por tê-los aberto. 
Ou só porque a pachorra já não me assiste. Se calhar é isso. 

Bom dia.

domingo, 9 de junho de 2019

Ontem houve festa. Coisas do Oriente, olhos em bico e afins. Arranjei vestimenta de acordo, e fui com vontade, dancei, ri-me, voltei cedo. Ouvi que seria muito mais feliz se fosse menos inteligente, que sou um desperdício e não me sei aproveitar da vida e do que ela me deu, por um lado, e por outro que tenho uma cara que alguém gosta muito de olhar. Achei piada, não aprofundei... Fugi como sempre faço, não sou boa com elogios. Observei espécimes de relance que me levantaram questões, e responderam a outras. Realmente, apesar de metade da cidade ter sabido de determinada história e o facto de, curiosamente, pouca gente ter acreditado responde-se olhando para a criatura - para as duas criaturas, na verdade, mas ontem só estava lá uma -ninguém acreditou que ele fosse "comer aquilo", ainda por cima "tinha melhor em casa" (ouvi-o várias vezes, e de mais do que uma boca) que só podia ser invenção, boato, má-língua. É engraçado este fenómeno - fiquei a pensar nisso - porque, acaso achassem que afinal o que tinha em casa era pior, todos acreditariam à primeira, nem precisavam das ditas provas, aliás, até acrescentavam várias histórias à história, enfim, o costume... Concluo que as aparências realmente podem ser um bom alibi (o que também explica muita coisa...). Neste caso, maior parte das pessoas que soube ilibaram-no por estas razões, os que sabiam efectivamente a verdade, espantaram-se de tal modo que nem queriam acreditar. Pareciam sedentos de algo que os deixasse acreditar no contrário, qualquer coisa que fosse, o que não aconteceu: era verdade, verdadinha. E não foram os supostos altos padrões morais apregoados por certas criaturas envolvidas que levaram a que não acreditassem, não, isso nem foi tido em conta (talvez nesses ninguém acredite mesmo, lhes pareçam tão falsos como o resto, não sei) foi mesmo a incredulidade de ceder a tal criatura, só podia estar em desespero... Parece que ele se revelou um moço que não sabe dizer que não a borlas, sejam elas quais forem - se lhe aparecem à frente, sem dar trabalho, ele aproveita. Há gente assim. Dessa ideia ele não saiu ilibado, mas condenado, sendo culpado ou não. Talvez também sirva de publicidade, agora qualquer uma acha que tem hipótese... e parece que tem mesmo... mas ainda me ri para dentro a pensar nisto tudo, e lá andava uma avezinha à volta da criatura, não sei quem era, nem se tem história por trás, nem quero saber, só concluo que o moço tem sucesso. Parece o outro: só precisa de se encostar ao balcão que elas aparecem e caem que nem tordos... o que ainda me fez rir mais, na verdade. A vida tem as suas ironias, ao menos que nos dêem para rir... No meio disto tudo e de copos sempre atestados o cansaço, mesmo depois de dormir tão bem na noite anterior apareceu para me levar, e eu fui. A cama soube-me a mil e uma noites, soube-me bem.

sábado, 8 de junho de 2019

... e hoje foi o dia. Melhor, a noite. 
Não chegou a doze horas, mas por pouco.
E foi interrompida com o transbordo do sofá para a cama...
Mas soube-me a ginjas... foi uma fantasia fantasticamente realizada!! :)
Não é para todos, não  ;)))

Bom dia.

Oh Valhamedeus...
E os 40 serão os novos trinta em que horário???
Bahhh... o cansaço acumulado apanhou-me.
E eu continuo a querer fugir.

sexta-feira, 7 de junho de 2019



E depois do som das ventosas a saltar o médico diz “não tem nada no coração, o coração está bom”.
Não pode ser, o meu coração tem de tudo, mas pouco do que gosta muito, é por isso que não está bom. Está só conformado. O que não é bom. O médico não deve ser bom da cabeça. Nem do coração. Mas temos de esperar o relatório, para ter certeza. Não sei de quê.


[ acho que o coração e eu estamos sem pachorra para esta minha vida... muda tanta coisa menos esta minha falta de pachorra para o que não me faz o coração bater ligeiramente selvagem - falhar a certeza dum compasso bem orquestrado e penteadinho. 
...E as pessoas... estou um bocado farta de pessoas. Daqui a nada vou mesmo dar em eremita num monte no Alentejo, despentear searas com o vento que trago no olhar... ahhhh já faltou mais!]

quinta-feira, 6 de junho de 2019





Vejam onde põem os pés, cuidado com o que pisam.

[... e depois fico a olhar para o que escrevi. Gostava de ser assim, gostava que fosse assim. Com uma justiça implícita. Cuidado com o que pisas, com quem pisas, porque podes ir ao chão. O mais certo é ires ao chão. Mas não. Depende. Não há justiça, há é, às vezes, pessoas que dão troco. E bem, se merecido. Depois há outras que não lhes assenta na pele o papel de caixa tesoureiro. Não dão troco, ficam a dever. E bem sabemos que ficar a dever é muito feio. E até injusto. Mas há pessoas assim. E as vezes têm pena de não ser mais mercantilistas com essa coisa dos trocos, mais contas certas, não ficar a dever nada a ninguém.
E depois fico a olhar para o que escrevi, enquanto tomo o pequeno almoço fico a pensar em tudo... estou preocupada, ansiosa, com muita gente e o que lhes acontecerá; sinto-me responsável mesmo que eles mesmo me desmintam, mas sinto. E a pessoa que eu sei, pelo nosso histórico, que mais depressa me apunhalaria (pode ter mudado, aprendido até, mas a essência das pessoas não muda, ou eu não acredito), é aquela que está em maior risco, ou assim me parece pelo que oiço. E ainda assim dou comigo a pensar que mais vale apunhalar-me outra vez do que eu pensar que não tentei tudo para lhe dar essa oportunidade (ou melhor ainda para ela não a aceitar e fazer-me acreditar que há coisas que podem mudar). Para ter a certeza que nunca lhe fiz o mesmo. 
E depois fico a olhar para tudo isto. Há certa estupidez que de tão entranhada deve estragar a espinha. Ou assim, não sei. Talvez não seja preciso sempre dar troco, mas às vezes podemos tentar não evitar que a vida o dê a quem merece... mas depois há a estupidez essencial de cada um (que não tenho provas que mude, mas que de certa forma tenho sempre esperança que os outros deixem de se aproveitar dela). Vê bem onde pões os pés, vê bem quem pisas. Podes ter sorte. ]

terça-feira, 4 de junho de 2019



Adoçar a boca dos amigos que nos fazem 
rir com as doidices que (às vezes) não nos desesperam, 
e no caminho engordar um tico de felicidade 
juntamente com o resto... :)))

(é bom ter alguém para mimar de quem gostamos, 
mesmo que as vezes sejam umas pestes, e nós também, pronto)

segunda-feira, 3 de junho de 2019

[foto @marcuscederberg]

Há dias em que nos sentimos o lastro que alguém deixa para trás, noutros somos inteiros  a própria mão que larga o lastro para poder continuar o caminho. 
Hoje não sei o que sinto porque sinto as duas coisas sem partes ou distinção aparente, num novelo que me aperta e me liberta. Deslaça e prende. Mata e alimenta. 
[foto @lenadunaeva]


Quando a saudade é penedo
com nome de impossível,
contornamo-nos, fugimo-nos,
esquivamo-nos das balas da memória,
qual placebo possível
com nome de futuro.

[há passeios que têm palavras como frutos que trazemos nos bolsos, quais rascunhos à espera de amadurecerem com a noite. O que amadurece com a noite é doce sem açúcar, tem sabor de sombra e de luar. De silêncio medido em palavras.]

domingo, 2 de junho de 2019

[foto @lunaa80]

Do tempo sem pressa,
Quase como quem não tem onde chegar,
Ou onde cada passo é destino.

Às vezes tenho a certeza que não preciso de ti, 
bastam-me as memórias do que sempre não foste.

sábado, 1 de junho de 2019

Das coisas que mais gosto na minha casa é ter um pôr-do-sol só dela, só nosso. Não, não é a fita de cor a deitar-se sobre o horizonte, não é a paisagem que todos da zona verão a mesma, é como tudo isso nos invade o olhar de fim de tarde ao som do chilrear que corre os céus dum lado para o outro e deixa a cadela maluca, é a delicadeza de como as cores entram em casa sem licença e se colam às paredes da sala como se fossem de cá. Como se finalmente chegassem a casa, e então pudessem descansar do dia, fechando devagar os olhos.
Das coisas que mais gosto na minha casa é ela saber coisas só minhas. Ter maluquices só nossas.

...já que é selfie,
que seja com estilo...
;))))
Bom dia!!

[uma selfie de bom dia destas podia ter a sua piada...
... e a piada obviamente não está na selfie, mas em poder mandá-la...
e na certeza que o dia iria ser bom ;)) ]


Sinto que não me sentes.
Não te sinto.
E o que mais sinto,
é esse não sentir
teu, que é meu.

E nele aconchegada,
aninho-me,
sonho sozinha.