Sento-me aqui e acho sempre que estou sem palavras, que a maré baixa me invadiu e me deixou a praia despida de alma, depois começo uma frase e alonga-se num parágrafo que não sabia estar enterrado em mim. Devia querer sair e conseguiu, pelo meio dos dedos, encontrar-se na perda do tempo.
Não sei porque abro esta página branca se nunca tenho o que dizer, ou melhor, se tantas vezes -como hoje - não sei o que quero dizer. Não sei o que me pesa para me libertar do peso. É como ter uma dor e não saber o nome de onde se aloja, nem saber explicar onde anda a morar-nos. Mas às vezes habita-nos, tanto, que nos desabitamos, sem nunca nos acharmos vazios. O vazio deve ser um começo - o começo -, o resto são só segundas voltas. Nunca se começa outra vez, por muitos recomeços que aleguemos. Apenas se combate a imobilidade e começa-se de novo a andar, mas os passos dados estão todos marcados na pele e na memória. o caminho está cravejado de passos, de paragens, de recomeços, que não começam, só continuam, porque nunca esvaziamos a bagagem, nunca apagamos as pegadas dos passos, como se eles nos caminhassem continuamente. Voltamos a andar, às vezes, so para os esquecer, para os fazermos longe de nós, mas apenas acumulamos mais.
Às vezes acho que só preciso de mim, outras que nem de mim preciso. Ou que preciso de não me saber, de me esquecer e esconder-me atrás do horizonte deitado sobre as minhas cinzas.
Olha que o vazio te mais peso do que ao princípio pensamos... Torna-se tão pesado que nos chegamos a perguntar muitas vezes como o conseguimos suportar...o pior é que nos habituamos a ele e depois é um 31...torna-se vício - pelo menos comigo é assim!
ResponderEliminarfica bem
-___-
boa noite Olvido
Não é desse vazio que falo, esse vazio é cheio de coisas, esse vazio está abarrotado de faltas, do que te falta como uma dor aguda todos os dias, é cheio de memórias e desejos por viver, esse vazio pesa demais porque está cheio do que queres mas onde as mãos não deixam de estar vazias. O vazio que falava é o que não pesa, o que ainda não está cheio do que gostavas mas te falta, é um vazio que só acontece verdadeiramente no começo de cada existência, depois não há como voltar a ele, não há como esvaziar o vazio que pesa e começar do zero. E eu as vezes tenho pena.
ResponderEliminarBom dia
eu também...apenas lhe chamo vazio pela falta
ResponderEliminar-___-