segunda-feira, 16 de janeiro de 2017



Há dias em que se acorda com vontade de dançar, e há dias em que se acorda com vontade de adormecer, de tão adormecidas andam as vontades, de tão apunhalada de mera sobrevivência se caminha. Depois há aqueles dias em que, depois de nos arrastarmos da cama, a música nos acorda a vontade e dançam-nos, no sono acordado, realidades que nem sequer sonhamos, mas que nos brincam no corpo, que o agitam de uma espécie de encantamento. A música conhece-as, a dança ri-se com elas, sorri em movimento, leva o corpo, levita-o, esquece-se que tem pés, que tem braços ou pernas - tudo é música quente e ritmos e realidades que sonham, dançando sem chão na língua do que não se sabe dizer ou pensar, apenas nos mexe, nos fala, nos acorda... dança-nos à flor do que sempre fomos por baixo da pele.
A vida dum tango nem sempre precisa de dois para se dançar, para se viver o salero nas veias, para nos bailar no olhar, para o corpo nos dançar de alma. Como este. Como hoje.

[...caramba o que seria de mim sem música, acho que só a música me sabe descoser parte das costuras da tristeza que me deixa depois virar a disposição do avesso, há uma qualquer raíz em mim que é regada com música. que floresce no corpo que dança sem dar conta que já se mexe e sorri. há dias que é a única coisa que é capaz de me fazer acordar, não os olhos, mas o olhar da vontade.]

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