sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Às vezes é este mundo que me salva, este das letras, das pessoas que sabem sorrir e fazer-me sorrir por palavras, por imagens, por fazer-me sentir - por fazerem-me sentir, também e muito, eu!... Com as lamechices do calimero, das tristezas enroladinhas no muro de lamentações que suporta o peso do que não digo, sim, mas também com a vontade imensa de ainda agarrar a vontade de rir, de não deixar nunca morrer o sentido de humor, o sarcasmo, a ironia. Afinal se a vida não esgota as suas ironias, o seu sarcasmo, o seu eterno sentido de humor retorcido, como hei-de eu deixar de o apreciar? E apreciá-lo é - um bocadinho - tê-lo, melhor ou pior. 
Há dias em que tenho de ocupar a cabeça, quando não a ocupo no trabalho, engalfinhando-me com números e debatendo-me com dúvidas existenciais decisórias, as palavras, as cenas, as imagens  metralham-me sem piedade ou descanso.... Aiiiiii quando terei o meu alpendre com quadros de pinceladas a cores quentes em todos os pontos cardeais? Quero Alentejo e paz e um céu imenso que me possa abraçar, onde caibam todas as minhas palavras, onde as afogue para eu conseguir respirar, vazia. Finalmente vazia. Não de um vazio ocupado, cheio, atulhado, sem espaço para respirar novo ar e nova vida, mas dum vazio que possa encher de coisas novas, de espaço por ocupar, de vida com vontade de viver. De dias como a promessa florescente duma página em branco à luz do sol, com toda a incerteza, improbabilidade e impossibilidade por refutar, por arriscar, por teimar, por provar - por viver com vontade da vontade de viver.
A felicidade será uma incerteza, uma improbabilidade ou uma impossibilidade, pergunto-me agora... sem grande vontade de saber.

6 comentários:

  1. "as palavras, as cenas, as imagens metralham-me sem piedade ou descanso...."

    quero o meu trás-os-montes para conseguir o som do silêncio...em mim e na natureza...


    boa noite

    ps: se fosse falar em lamechismos e afins eu, certamente, seria rei e senhor :P

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  2. Hummm... Não sei se ganhavas ;)
    Boa noite, Moonchild

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  3. também tu salvas algumas almas... no fundo se calhar a felicidade é isso, salvar e deixar salvar a alma...

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  4. Salvarei? Nunca dei conta, mas se for verdade é bom :)
    A felicidade ainda não sei definir, mas talvez seja também já não precisar que nos salvem a alma.

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  5. mas e assim para que servem os outros?

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  6. Os outros são sempre pontes para chegares a ti, para te conheceres nos espelhos que todos os que se cruzam connosco são, no que temos de bom e de mau. Sem os outros acho que não chegaríamos a conhecer-nos, ou a ter tanta consciência do que somos ou não somos. Dei por mim a pensar, por causa da tua pergunta, que alguém que não contacte com outros, que seja eremita toda a vida, não saberá o que é sinceridade, franqueza, honestidade, inteligência até. Os outros são sempre espelhos onde nos vemos se quisermos vermo-nos realmente. Se gostarmos desses outros, gostamos do que eles reflectem de nós, aos sítios de nós onde nos levam, e gostamos neles de coisas que gostaríamos de ter, mas que adoramos que eles tenham. Mas acho, ou quero achar, que não são eles que nos salvam a alma, ainda que nos possam indicar bons caminhos para a conseguirmos salvar. Nós. :)
    Bom dia, Manel

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