terça-feira, 15 de novembro de 2016




Houve qualquer coisa que despertaste em mim que não soubeste cuidar, que não quiseste guardar. Que perdeste, que quiseste perder. De que te perdeste.
Há uma parte qualquer de mim que não é minha - que é o lugar de quem me tem - que é das pequenas coisas que me encantam, que se fazem donas dos meus dias bons e senhoras do meu jeito traquina, que me roubam momentos em troca de eternidades. Coisas pequenas, sem jeito, talvez, mas que dão um jeito ao dia. Brincadeiras, palavras agridoces, tontices, gargalhadas que nunca andam longe, presenças que se sentem perto, que nos fazem sentir perto, que nos tocam sem aflorar a pele, mas que não nos desabitam o sorriso. Não nos largam a disposição, o céu azul do olhar. Margaridas apanhadas à beira dos começos de dia, entregues na vontade de serem recebidas, e sentidas - de serem o meu amanhecer em sol de pétalas. Vontade de morar nos momentos que me fazem o dia e habitar-me a vontade. Coisas que se fazem com desejo de chegar ao outro, de chegar a mim, de fazer de ti aquela parte de mim que guardo sob reserva para quem me quiser, e conseguir ter. Quem tiver ganas de fazer lugar, de ser lugar - que possa ser o meu lugar e eu o dele. Um sítio onde nos encontramos e nos reconhecemos no toque, no sorriso, no olhar derramado sobre o essencial. Não onde nos esbarramos para seguir desconhecidos, mornos e amorfos, em que o passado não interessa, o presente é o que for e o futuro não existe. Onde o tempo se conta em horas e dias e tudo tem calendários. Não, um sítio onde se aceita o passado, se goza o presente e se vai fazendo, a cada dia, o futuro. Onde o tempo é um presente que não envelhece, que não se sente passar quando me tocas e não se mexe quando te sinto longe.

3 comentários:

  1. Olá Vi!
    Escreves doçura :)
    O tempo, como dizes é um presente que não envelhece; e creio que o bem mais precioso da nossa vida.A mim também me encantam as pequenas coisas do dia a dia, dou por mim a sorrir e a maravilhar-me e a sonhar por tudo e por nada;sou uma parva e uma deslumbrada, but "I don't care, I love it!"

    nanda

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  2. Há um livro muito giro que se chama "o amor é para os parvos"... Por isso ainda bem que somos completamente e irremediavelmente parvas... :))) um dia pode ser que exerçamos com todas as plenas faculdades essa parvoice...
    Beijo, nanda
    Vi

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