quarta-feira, 8 de março de 2017

[uma das frases inesquecíveis do Rayuela (Julio Cortazar)]

Tenho saudades dos dias que vivia sem saber que iria ter saudades de os ter vivido. 
Tenho saudades do tempo em que não sabia que há momentos, plantados nos acasos dos dias, que colhem eternidades depois de mortos. Depois de mortos. Muito depois de mortos, vivem ainda.
Tenho saudades de não saber que esses momentos nos matam os amanheceres à noite. 
Que nos matam cada renascer.
A morte da inocência traz-nos eternidades.
Haverá eternidade antes da morte?... ou inocência depois dela?
E renascer sem inocência, será possível ou só um acaso?

4 comentários:


  1. Lembro-me particularmente de uma frase dele "Andabamos sin buscarnos mas sabendo que andabamos para encontarnos."Ainda só li metade do livro,no meio de muita coisa, surge uma frase brilhante ou uma descrição peculiar e outra e outra mais além.Estou a gostar de me "transportar" para Paris e observar o "mundo-Maja":)
    Talvez por os acasos dos dias (acasos?)sejam feitos de pedaços de infinito e por isso (?)como diz Cortazar"estar vivo parece ser sempre el precio de algo"
    Boa noite, Vi.
    Beijo
    Nanda

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  2. Ainda bem que estás a gostar!! Eu não o acabei ainda, e quero retomá-lo...
    Essa frase que falas é magnífica e já a pus aqui há tempos acho eu. E sim, estar vivo é um preço, às vezes alto, tanto mais alto quanto menos se vive.

    Beijo Nanda
    (Isto anda complicado, mas não me esqueci ;) )

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  3. Tens toda a razão,Vi.

    No problem :)
    Kiss

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