quinta-feira, 9 de março de 2017

A noite traz o céu tapado, as luzes tornam o tecto do horizonte alaranjado, a torre vejo-a ao fundo, como farol num mar por regressar,  e tudo parece imóvel, sem vida, sem destino, como se nunca fosse mudar, como se nunca fosse chegar. Mas amanhã talvez destapem o céu, e as estrelas não se contem, não por estarmos cegos delas, mas apenas por os dedos não nos chegarem para tanto, nem os desejos infantis, de tão poucos. Eu, pelo menos, não tenho muitos, um cantinho desta janela de céu onde me encosto, coisa pequena e bem aproveitada, chegava-me. Hoje de manhã eram beijos, de todos os tamanhos e feitios, com tudo o que se pode viver de bom dentro de cada um, sem amarfanhar afectos, sem amarrotar a ternura com o desejo... Hoje foi assim, amanhã não duvido que também. Sou monótona de desejos e insistente de beijos.
Quando será que as estrelas deixam de ser cegas de mim?

2 comentários:

  1. quando as deixares pousar nos teus dias :)

    tarde boa, Olvido

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  2. :))
    estou-te a perceber, quando as deixar lerem-me em braille... nunca tinha pensado nisso. Mas é uma óptima resposta, e uma bela imagem, Lauzinha ;)
    Boa tarde também para ti.

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