quarta-feira, 28 de dezembro de 2016



"Falhamos, a cada dia em que não vivemos ao máximo todo o nosso potencial, matamos Shakespeare, Dante, Homero, Cristo que habita em cada um de nós. Cada dia que vivemos em conflito com a mulher que já não amamos, destruímos a nossa capacidade de amar e de ter a mulher que merecemos."

Henry Miller

[às vezes acontece que para não destruirmos a nossa capacidade de amar ficamos sozinhos, deixamos as companhias que já não nos fazem amar, para depois, afinal, não nos deixarem amar quem amamos. para quem amamos não nos amar. 
Já dizia Beckett que o amor correspondido é um curto-circuito, e com choques desses não sou eu abençoada... infelizmente.]
texto de 2013

Caramba... as palavras que eu já fui, a pessoa que eu já fui, o amor que eu já senti, a maneira como sentia as palavras, como eu era... caramba. agora por causa do Beckett acabei a ler uns posts de outro poiso meu, de outras vidas... e caramba... de outras palavras, de outra força, de outro eu... caramba será possível? Onde me enfiei eu? onde? afinal é verdade: o fogo vira faisca, talvez não por ser incipiente, mas porque se cansa de arder em vão, ou de não ter onde arder, não ter lugar onde ser lareira, luz e calor, só ter onde se fazer cinzas que o vento, que traz o tempo, leva.
Caramba... às vezes leio-me coisas antigas e percebo que fui esmagada entre todos os minutos que passaram entre lá e cá. Que sucumbi ao que sou por ter sempre sido quem sou e já não consigo voltar a ser. Que me espremi e esgotei, o sumo ferveu e evaporou, que já não sou eu e não deixo de o ser, que sou a mesma mas já não sei ser igual a mim, ao mim que eu era. Caramba.]

2 comentários:

  1. Laura, caramba, parece-me esse tanto tão pouco, e tão pouco do que já fui. Mas, é assim, o tempo leva-nos se calhar.

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