sábado, 17 de dezembro de 2016

As minhas palavras nascem com origem mas sem destino. Nascem de mim, do que penso, do que me baralha, do que me dói, do que preciso libertar para ganhar perspectiva ou só paz. Sabem onde nascem mas nunca sabem onde vão acabar, ou qual o destino. Quando começo a ceder às palavras raramente sei onde me levam, e depois não sei onde pararão, onde apeiam, qual o destino depois de acabadas, depois do último ponto final. Que voltas dao depois de mim? Viajam ou apenas morrem? Onde chegam? Alguem as acolherá assim sem destino?... eu só preciso delas para me recomeçar, também sem destino, só composto de partida. Cada dia que deixo levantar em mim não sei onde irá parar, não há controlo, não sei se fará parte dos dias que ficam ou se se juntam aqueles que contam tempo que não se guarda, que não conta. O tempo que se guarda é de vida, do que nos marca - para o bem e para o mal - a ferro e fogo. O tempo que se guarda é a nossa vida, a nossa idade. Talvez por isso muitas vezes me digam que pareço tão mais nova do que sou... Mas quem me conhece acha-me mais velha do que sou. Tempo guardado não se vê e não se conta em anos, mas é o tempo que já vivemos. Eu já vivi muito. Bom e mau, mas não se vê, e ainda bem. Guarda-se e guarda-nos, é lá que encontramos a alma a respirar.

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