sábado, 31 de dezembro de 2016

Caro Universo, nada de te armares em engraçadinho e mandares tipo um comboio de última geração, ou algo assim espectacular, na minha direcção.. É só coisas espectacularmente boas e que eu goste, ok? Nada de depois vir com aquela desculpa esfarrapada... Foi o que tu pediste!!... hein? Mania de ser engraçadinho... Só coisas boas, ou pronto, pelo menos que me façam bem... e já agora saibam bem, óbistes?? Vamos lá ver... Hum!
Boas despedidas de 2016!!!

Apanhei esta foto por aí e lembrei-me da expressão que há muito não lembrava nem pensava: "que pontes atravessar e que pontes queimar". Que pontes apenas usar e deixar, que pontes queimar sem nunca atravessar e quais as que depois de atravessadas são queimadas para não permitir retorno.
Há pontes que depois de queimadas nos ficam atravessadas, mas estão para sempre vedadas, resolvidas. Penso que neste 2016 houve pontes que foram atravessadas e queimadas. Mas, agora ao pensar nisto, pergunto-me quem as queimou, concluo que as queimei depois de queimadas. 
Há sítios de mim onde não voltarei, há recantos que se perderam para sempre, de que me perdi eternamente. Mesmo sendo meus, mesmo sendo eu, havia pontes a atravessar para lá chegar, as pontes foram queimadas e desapareci de mim para sempre. Há novos caminhos a trilhar, outros tantos cantos por descobrir, tanto de mim por cuidar. Mas não quero mais pontes para mim, não pontes que possam ser queimadas. Não pontes que me possam ficar atravessadas, trespassadas no tempo.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Ponho-me a pensar neste ano, aqui em frente à chávena de café, já vazia, poisada na mesa da cozinha... Passei o ano sozinha com a miúda com vista para a ponte e fogo de artifício, só as duas. Tínhamos jantado com os meus pais, não os quis deixar sozinhos na entrada do primeiro ano sem um de nós, jantamos e fomos ver o fogo à meia noite, quando regressei a casa lembro-me de abraçar o choro com a minha minha mãe por dentro, de chorarmos as duas, assim, sem dizer palavra, estando tudo dito. Entrei em casa, olhei-a, e soube o que ela estava a pensar, isso doeu-me muito, tudo doía muito, eu saber e não poder fazer nada. A não ser abraçar o silêncio com ela dentro, aconchegada. O ano passou, assim, sem dar grandes ares de coisa nenhuma, passei uns dias sozinha no Alentejo, que me souberam divinalmente à alma, com uma chuva de estrelas vista à beira da piscina com os olhos mergulhados no infinito, que às vezes também cai. Lembro-me de contar onze estrelas cadentes e depois deixei de contar. Talvez, como na vida, depois de certa altura, que nem sabemos dizer qual é, deixamos de contar, de fazer contas, de planear, recostamo-nos e apreciamos apenas. Essa deve ser a melhor parte, mas ainda não cheguei lá...parece-me. Depois seguiram-se as férias que deveriam ser dos cinco, tenho tentado juntar o resto que resta de nós nas férias, mas a vida mete-se no meio dos planos para os azedar, baralhar ou inovar, nunca se sabe à partida, desta vez foi para separar. No meio do Gerês, num lugar de sonho, longe de tudo, não quiseram arriscar o pesadelo duma urgência e fomos só os três, eu, a pequenitates e o irmão que me resta. Sempre com um olho na tranquilidade da vista e outro no stress da chamada de quem ficou do outro lado. Foi bom, apesar de tudo, gostei da paz, dos pequeno almoços que arranjava para todos na mesa cá fora, cheios de tempo e de vistas. De sons com dons de não perturbar o silêncio. Gostei muito da casa, adorei os passeios, de sentir que faça o que fizer há coisas em que somos completamente do mesmo sangue, e isso é bom. A única coisa boa no meio disto tudo é que estamos mais próximos, mais juntos, mais família ainda que sejamos menos. Com muita ou pouca família, eu gosto dela junta, por muito esquisita que seja, por muito doente que seja, como dizia alguém. Aceitar-me é aceitá-la e aceitá-la é aceitar-me. 
Depois das férias aquilo, mais uma decepção, mais uma punhalada, mais uma desconsideração, mais um chorrilho de mentiras, mais uma vez, e incrivelmente, sem o sentir como novidade. Magoou, magoou outra vez muito, mas magoou pela última vez. Não teve resposta, nem eu vontade de a dar. Foi tudo demasiado mau. Enfim, acho que serviu para lhe sentir raiva durante algum tempo e quando passou, restarem apenas mágoas demasiado repisadas e felicidades que ressacámos demais e muita vontade de esquecer. Vontade de distância do que me magoa, do que sempre me magoou, afinal. De me esvaziar, de ser um lugar por ocupar em vez dum lugar ocupado de vazio sem saber. Estava eu nesta vontade imensa de afogar esta história num sítio morto de mim, e a consegui-lo, quando me aparece alguém que me arranca sorrisos de sol. Assim, depois de sete anos sem ver nada que me despertasse, entra-me alguém pelas frestas da vida como o sol da manhã pelas janelas fechadas. Alguém que me traz margaridas no amanhecer e frases banhadas a luar a qualquer hora do dia. Foi bom e foi curto, demasiado curto, mas valeram as gargalhadas, as conversas de horas, as margaridas que me enfeitaram os sonhos e o ver que me podia encantar... Mais: que me queria encantar. Acabou, não se olhou para trás, ninguém olhou, o que ficou ficou, o que era para ficar ficou. Ficou principalmente, talvez, um tico de esperança para acreditar que às vezes uma pessoa ainda se encanta. E que há desencantos que não nos dilaceram tanto. Pela primeira vez alguém passou pela minha vida quase impunemente, deixou pouco, levou pouco, mas valeu a pena. 
Agora estou aqui a pensar no que passou, no que vou fazer da minha vida para o ano, no que vai ser de mim, dos meus todos, de tudo. E não sei, mas na verdade não tenho vontade de saber, o tempo vai-mo segredando na pele enquanto me arranha os dias e sonha as noites. Não quero saber e, mesmo não querendo saber, saberei. Com tempo.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016




(...)
el corazón a veces nos despierta a los gritos
y uno se vuelve sordo de ternura
(...)

Mario Benedetti


[a alma a queimar gritos
a pele a derreter sussurros

lábios que não vêem 
olhares que não ouvem.

palavras que não falam,
sonos que não dormem

beijos que despertam,
almas que fogem.

tempos que passam,
eternidades que ficam.

onde a saudade se demora
a ausência não mora.

se a distância aparece
de amor não se padece.]

... É o destino, ou o karma... 
Nunca sei, baralho-os sempre... Mas desde que eles não se baralhem está tudo bem!
Eheheh 


quarta-feira, 28 de dezembro de 2016



"Falhamos, a cada dia em que não vivemos ao máximo todo o nosso potencial, matamos Shakespeare, Dante, Homero, Cristo que habita em cada um de nós. Cada dia que vivemos em conflito com a mulher que já não amamos, destruímos a nossa capacidade de amar e de ter a mulher que merecemos."

Henry Miller

[às vezes acontece que para não destruirmos a nossa capacidade de amar ficamos sozinhos, deixamos as companhias que já não nos fazem amar, para depois, afinal, não nos deixarem amar quem amamos. para quem amamos não nos amar. 
Já dizia Beckett que o amor correspondido é um curto-circuito, e com choques desses não sou eu abençoada... infelizmente.]
texto de 2013

Caramba... as palavras que eu já fui, a pessoa que eu já fui, o amor que eu já senti, a maneira como sentia as palavras, como eu era... caramba. agora por causa do Beckett acabei a ler uns posts de outro poiso meu, de outras vidas... e caramba... de outras palavras, de outra força, de outro eu... caramba será possível? Onde me enfiei eu? onde? afinal é verdade: o fogo vira faisca, talvez não por ser incipiente, mas porque se cansa de arder em vão, ou de não ter onde arder, não ter lugar onde ser lareira, luz e calor, só ter onde se fazer cinzas que o vento, que traz o tempo, leva.
Caramba... às vezes leio-me coisas antigas e percebo que fui esmagada entre todos os minutos que passaram entre lá e cá. Que sucumbi ao que sou por ter sempre sido quem sou e já não consigo voltar a ser. Que me espremi e esgotei, o sumo ferveu e evaporou, que já não sou eu e não deixo de o ser, que sou a mesma mas já não sei ser igual a mim, ao mim que eu era. Caramba.]

Unidade dos ex-faiscados-regressados-em-fogo-inteiro-que doutra-maneira-não vale*. 
Que aprendamos a arder do que for para arder e que nem sequer faísque a tentação quando não servir para arder. Dispensam-se os curtos-circuitos - menos os de Beckett**, os meus preferidos e desejados - aliás tudo o que souber a curto, ou a simples fogo de vista, não chega.
A sabedoria para  distinguir uns dos outros dava jeito, se 2017 pudesse dar um jeito... Ninguém tinha frio!
Bom dia!


[ * Rapinada a ideia do post de ontem do Impontual ;) 

** "Era assim o amor de Neary por Miss Dwyer, que amava um tal de tenente-aviador Elliman, que amava uma tal Miss Farren de Ringsakiddy, que admirava apaixonadamente, e de longe, um tal Padre Fitt de Ballinclashet, que não podia, sem mentir, ocultar uma certa inclinação por uma tal Miss West de Passage, que amava Neary.
- O amor correspondido - continuou Neary - é um curto-circuito."
Samuel Beckett, in Murphy 
( o único livro que li dele e a frase que me marcou, que ficou claramente e de forma nítida do livro, foi esta.) ]

terça-feira, 27 de dezembro de 2016


[tirado da entrevista a Vargas Llosa, 
expresso de 24 de Setembro]

... Um preço alto, mas que no fundo 
ninguém está disposto a deixar de pagar. 
A não ser que não ame.
 Que nunca tenha amado. Que não saiba.
Aí conseguem evitar a dívida a pagar com tanto custo, 
e não lhes custa nada. 
Ou melhor, não sabem o que lhes custa,
 o preço que pagam.
[foto @blackandwhiteisworththefight]

Aconchega-me como a noite se aninha no meu colo
Olha-me como a lua contempla as estrelas
Beija-me como o amanhecer se prolonga pelo horizonte
Abraça-me como a pele bebe o calor do sol
Apaixona-me com a força da primavera
no renascer de cada florir perfumado
Quer-me um querer colado a cada minuto
Sonha-me no recanto de cada pensamento que foge
Para se sentir em casa.
Sente-me como te sinto em cada noite
Em cada estrela, amanhecer ou banho de sol
Em cada primavera encostada
a cada sorriso que os pensamentos trazem...
E penso...
Se tenho a noite, o olhar da lua,
as aguarelas do amanhecer, a pele quente do sol
E a primavera sorrindo em cada flor silvestre
Se tenho tudo em mim...
Acabo a sonhar a loucura...
Preciso de ti para quê?

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016


Ando estranha, deve ser da altura do ano - aniversário, Natal e passagem de ano é um tríptico do mês que me trespassa como um tridente. 
Dou por mim a vaguear pela cidade, a conduzir sem rumo, a soltar a alma, e venho parar aqui. Olho as folhas amarelas pela luz e pela natureza do frio que estala nas veias cansadas. Já não vinha aqui há meses. Acho que vim aqui fazer o que aqui sempre fiz... Fumar um cigarro e namorar, mas desta vez só se for namorar a lua e os pensamentos... Nada mais. Estão três graus, acusa o carro, e eu, se calhar, estou mais fria, estou esquisita... pergunto-me porque estou realmente aqui e isso preocupa-me, estar aqui e não saber bem porquê, apenas que estou esquisita, com uma sensação estranha. O final do ano é sempre uma sensação de balanço de olhar para trás e perceber o que fiz no ano, o que mudou, o que consegui mudar e o que simplesmente não consigo, não consegui. Houve histórias que aconteceram, mesmo que quase de raspão, que mostram, que me dizem alto e bom som, que comecei o caminho que deixa o passado num apeadeiro onde não se retorna, onde já não entra nem sai ninguém, essas coisas de que quero libertar-me, grilhetas que não me deixam deixar de olhar para trás com saudade e tanta mágoa, desprender-me do que me prende os pés e os passos. Histórias que me provam finalmente que quero, que tenho vontade de largar o passado, e principalmente que sou capaz de estar com outras pessoas.
Enfim... Continuo sem perceber porque estou aqui... Quero-me sentir mais perto de quê, de quem? Desse passado? Daquele que quero largar? do passado de que me quero vingar sem ter de quem me vingar?... Engraçada esta palavra vingança, só existe se o outro a sentir e no entanto fazem-se coisas numa espécie de sensação em seu nome, mas de que o outro nunca saberá... Deve ser só necessidade de provar a nós próprios alguma coisa... Mas o quê? Que fui parva e estúpida e agora o reconheci mas já vou tarde? Será isso? Se calhar estou a vingar-me de mim, o que seria de certeza uma coisa dos píncaros da inteligência dum burro...   
...Mas agora calar os dedos e olhar a lua a fumar um cigarro... 
Cigarro fumado concluo que não posso mais vir aqui, parar aqui, a cada segundo toca uma música que só se ouve por dentro da minha cabeça. E agora eu sei, sei que são só coisas, músicas, da minha cabeça - só da minha cabeça. Sei e sinto. Estou esquisita, não sei porque vim aqui parar. Mas, ao menos, talvez já saiba como vim aqui parar...

sábado, 24 de dezembro de 2016


... E aconteça a vida que acontecer, que nunca, mas nunca, se perca o sentido de humor. Uma gargalhada de vontade é dos melhores analgésicos que nos podem dar.
Que o Natal nos lembre o que nos deveria juntar, mesmo que não o sintamos. Será sempre melhor uma avaliação crítica, um olhar honesto sobre as coisas, do que uma hipocrisia simplista, em que todos se amam para a fotografia de família, porque assim é suposto. 
Viver não deveria ser uma obrigação, mas uma benção aproveitada com prazer. Mas sabê-lo é tão diferente de o conseguir fazer...

Hoje foi o dia que te despi de mim
Que te despi do calor da minha pele
Como uma segunda pele
Hoje foi o dia em que, vendo-te,
Mal te olhei e não me vi
Não me encontrei
Vi-te despido onde eu nunca fui pele
Nem calor, nem amor,
E no frio da noite em cinzas
Sozinha no silêncio dum cigarro a fumegar
As palavras, a queimar,
soltaram-se da boca
Alto e bom som,
Para ninguém ouvir,
Senão eu e o cigarro a consumir-se pelas mãos do coração,
O que sempre quis pensar sem ter coragem de sentir
Despi-te de mim em palavras
Quando despi as tuas palavras em actos
Que ninguém ouviu
A não ser a minha vida
Desgarraram-se de repente e sem aviso
Num baptismo nocturno que me nasceu na boca,
e disseram o que és,
o que sempre foste,
sem nunca querer acreditar chamar-to com vontade e propriedade
Desejei que morresses todos os dias um bocadinho,
Não, não de repente, não de vez,
apenas o suficiente para que sintas inteira
A morte lenta da vida e do calor
Nos dias que se comem uns aos outros
sem alimentar ninguém, 
Nas rasteiras da vida que mordem os calcanhares
Que fazem perder todas as guerras
Quero que sintas a asfixia de cada respiração, 
quero que morra todos os dias um bocadinho de ti
Como me mataste da minha própria pele
Como me mataste de mim
Como me mataste a esperança em mentiras aguçadas,
Como me enganaste a cada morte que ressuscitaste 
para me agonizar outra vez
Não, não é ódio,
é só a tua nudez das velhas mentiras,
Cozinhadas  em fogo e temperadas de doce de amora.
É a tua nudez e a minha.
Despi-te de mim
como se atira ao chão o que trazemos vestido
mas não precisamos.
A nossa pele chega.
Para mim chega.


sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

A alma guarda o que a mente recorda mentindo.

Esta frase surgiu-me não sei de onde, mas tem-me andado a morder os minutos parados há dias. Escrevi-a numa viagem para o trabalho para que me deixasse trabalhar quando chegasse... mas a verdade é essa: a memória é muito manipuladora, por mentira e omissão. Recorda o que, sendo bom, nos aperta as feridas em nós de sal por dentro do peito. Quanto mais doces as recordações mais amargo é recordá-las.  A memória recorda sempre como lhe apetece olhar o passado, mais do que ver o que realmente se passou. Estranho, porque assim o passado custa mais, por não haver, nessa coisa do tempo, a possibilidade de inversão de sentido, ou de repetição... como dizia Kundera, na sua insustentável leveza do ser,  cada instante tem em si o peso da eternidade, porque não volta mas às vezes revolta, e afunda-nos o presente no passado - como se rasgasse o tempo já rasgado.
... tenho de começar a ser mais esperta!... 
...é que demoram tanto tempo a começar a viagem!...
 eu devo andar a fazer a coisa mal, só pode..

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

...já reparei, só não reparei que aceitei antes de responder,
e que a água ainda me dá pelo pescoço mas o ar já não me chega à boca.
sei-me afundada em olhares que são miragens de terra que não se avista,
onde o pé não sustenta a espinha 
e a pele corre louca atrás do naufrágio que a matará de fome.
engulo sal como quem vomita choros guardados
deixo o sonho balançar inerte à tona das ondas
como quem já morreu vezes demais sem conhecer a praia

...acerca da reunião matinal, 
este parece-me um bom resumo...

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

...há dias em que me apetece mesmo!!
estou fartinha de gente parva....
... E de números e quadros e argumentos parvos e desonestos, alguns ofensivos até ... 
Estou farta, pronto, farta e a ficar parva também...

domingo, 18 de dezembro de 2016


E a vida é isto... Uns vêm, outros vão e alguns ficam sempre... sangra-se o dia numa tasca com sangria regada a conversas salpicadas de risos com sabor a canela e frutos e sangue de vida que às vezes inebria.

sábado, 17 de dezembro de 2016

As minhas palavras nascem com origem mas sem destino. Nascem de mim, do que penso, do que me baralha, do que me dói, do que preciso libertar para ganhar perspectiva ou só paz. Sabem onde nascem mas nunca sabem onde vão acabar, ou qual o destino. Quando começo a ceder às palavras raramente sei onde me levam, e depois não sei onde pararão, onde apeiam, qual o destino depois de acabadas, depois do último ponto final. Que voltas dao depois de mim? Viajam ou apenas morrem? Onde chegam? Alguem as acolherá assim sem destino?... eu só preciso delas para me recomeçar, também sem destino, só composto de partida. Cada dia que deixo levantar em mim não sei onde irá parar, não há controlo, não sei se fará parte dos dias que ficam ou se se juntam aqueles que contam tempo que não se guarda, que não conta. O tempo que se guarda é de vida, do que nos marca - para o bem e para o mal - a ferro e fogo. O tempo que se guarda é a nossa vida, a nossa idade. Talvez por isso muitas vezes me digam que pareço tão mais nova do que sou... Mas quem me conhece acha-me mais velha do que sou. Tempo guardado não se vê e não se conta em anos, mas é o tempo que já vivemos. Eu já vivi muito. Bom e mau, mas não se vê, e ainda bem. Guarda-se e guarda-nos, é lá que encontramos a alma a respirar.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016



É engraçado quando de repente olhamos à volta e somos a única criatura adulta a dançar sentada, a mexer a perna, os ombros, a abanar-se. Não percebo como a música não lhes dança no corpo, não lhes entra nos músculos, o cabelo não ganha ventania, não nasce movimento. Fiquei cheia de saudades de dançar, de dançar com vontade, de fechar os olhos e deixar o corpo esquecer-se do peso de existir, deixá-lo voar com a música, ser música. Gostei de ir, a minha pequenitates ficou contente, as coisas conjugaram-se e consegui ir e fazer-lhe a surpresa quando já não contava... Gostei, gostei mesmo de ver a miúda dançar coisa muito ligeira mas que dá para ganhar o bichinho... Agora quem parece estar a ganhar bicho sou eu, à espera de cortar a trunfa...

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016


As coisas impossíveis não existem.
Tudo o que existe é possível.
Mas sendo possível pode não existir.
Não existir não é impossível.

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

... das heranças que ficam. 
Cada pessoa que passa por nós, e de alguma fora nos toca, deixa alguma coisa. Eu fui ganhando ao longo da vida músicas novas, sonoridades que não conhecia, fui compondo a minha banda sonora. Houve quem deixasse muito - música, expressões, momentos suspensos para a eternidade, formas de olhar que o tempo não apaga, pequenos nadas que semeiam sorrisos muito mais à frente do sítio onde resolveram mudar de caminho, abandonar o nosso passo, seguimos sem eles, mas sem a sua completa ausência. 
É engraçado olhar para trás e ver o que fui coleccionando de cada pessoa que deixou algo de si em mim e que agora faz verdadeiramente parte de mim, de como falo, do que gosto de ouvir, de palavras carregadas de história que não conseguem sacudir, como uma chuva que os ossos beberam. E é isso, é isso tudo que nos faz e que nos faz ser sempre inacabados. Eu sou eu e tudo o que escolhi guardar dos outros, que se calhar já era eu sem saber. Coisas que gostava, algumas que eram realmente feitas duma essência que me era também essencial, mesmo que desconhecida. Uma pessoa descobre-se por reconhecimento... Os outros ajudam-nos sempre a descobrir-nos, a vermo-nos e entendermo-nos melhor no que gostamos, a sermos mais nós em muito mais olhares do que aqueles que víamos antes de nos mostrarem.
Pergunto-me o que terei deixado como herança, ou sequer se deixei alguma coisa e o que terá sido. Às vezes gostava mesmo de saber... outras pergunto-me o que ainda não sei de mim.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016


Beijo-te como despedida da despedida
Numa dança que não conhece o silêncio dos corpos.
Nem a mentira no movimento
Tudo é puro
É o que é,
E parece ser.
É o que é sentido.
E é sentido esse olhar,
Quando os olhos se fecham
Para ver
Carinho em cada recanto dum gesto
Ternura em cada silêncio que fala
Abraço que acalenta
Mimo em cada toque
Desejo em cada urgência descompassada
Ao compasso certo dos corações nos lábios,
Na língua, na pele
Beijo-te
Como quem responde a todas as perguntas que te faço.
Beijo-te em despedida
Despida de respostas
Vestida de adeus


Me too... 
...And yes you can
(Já dizia alguém...)
Os sagitarianos serão, segundo os entendidos nestes desentendimentos, as criaturas mais sábias e filosofas do zodíaco. Serve-lhe a vida para ir afinando a pontaria da flecha, que sempre dispara para longe (para as estrelas muitas das vezes, outras para horizontes imaginados que deseja), tem o seu quê ( e deve ser maiúsculo...) de selvagem - a força animal habita-lhe as pernas, o que os faz correr a toda a brida donde querem fugir, ou para onde querem ir... embora poucas vezes cheguem a chegar, às vezes parece só prazer em galopar, conhecer, ver, viver. 
Entre carneiros, caranguejos, peixes, touros ou mesmo leões, signos simbolizados por animais ou outras coisas (aquários, balanças, etc),  é o único caso "stereo" do zodíaco: é animal e humano - instinto selvagem e razão ( é um upgrade, portanto... Cof cof ), uma mistura completa, incompletas as duas metades que o fazem inteiro. Deve ser das faíscas da combinação que têm  fogo por elemento.
Das melhores descrições que até hoje me passou pelos olhos ficou-me, e diz qualquer coisa como: acautelem-se - criaturas metade humanas, metade selvagens, e a parte humana ainda vem armada de arco e flecha!!... Eheh

domingo, 11 de dezembro de 2016


... Realmente, só pode ser mito.. Quem é que pode gostar de acordar de manhã???!!!!... Eu não. As pequenas criaturas, nada míticas, que trazemos ao mundo obrigam a cada coisa...
Bahhhhh... já estou atrasada e o sono ainda vai ficar mais atrasado, e isso, sim, é um atraso deveras problemático... E nada mítico.
Bom dia.

A lua está tão luminosa, tão linda, tão magnética que é impossível não lhe colarmos o olhar. As páginas do livro não resistem, perdem a minha atenção, as palavras desfazem-se no luar. É em gesto quase automático que fecho o livro e me levanto do sofá, desligo a luz e deixo o luar ligar-me os sentidos à alma, abarcar-me inteira. Sento-me à beira da janela, nariz quase colado ao frio do vidro, e deixo-me navegar aquela luz, divagar devagar à deriva naquela força da gravidade lunar, que me puxa e dá asas, sem me fazer mexer um músculo. Não, não é verdade, mexi só os necessários para me roubar um sorriso de meia lua inteira. Não é lua cheia, mas esta luz é inteira, a parte sombria da lua não lhe ofusca este brilhar intenso e denso, intenso, sem ser deixar de ser leve e de nos levitar, a pairar à sua volta, tal como os fiapos de nuvens que rodeiam aqui e ali, e que só lhe favorecem a beleza, como finos véus esvoaçantes. Se se conseguir uma luz brilhante o suficiente, nem se dá pelas sombras que trazemos.

sábado, 10 de dezembro de 2016


[Clarice Lispector faria hoje anos.]
Compartilho este medo de um dia deixar de sentir, de ver a vida de régua e esquadro, de entender o fio invisível que explica o caminho que liga o passado ao futuro e nos revela à laia de algoritmo previsto e previsível. Por muitas perguntas por responder que tenha, talvez perguntar seja o motor dos dias. Quando só tiver respostas anoiteço-me sem sequer questionar o luar, sem contar as estrelas que me faltaram mapear dum olhar perdido no caminho que não sei onde me levou, nem o que me levou.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Acordou, não sabia se dum pesadelo ou só da realidade que lhe destinaram sem que a reconhecesse sua. Ainda. Levantou-se a custo, à medida que se levanta, tudo regressa com  a certeza do que se passou, não tinha vivido o pesadelo a dormir, mas acordada, e sem anestesia. Passou pelo caixote fechado que guardava o vestido branco ainda por despir de planos, projectos e felicidade desenhada. Olha-o e ouve a alma esgaçar mais um pouco ao golpe da incompreensão ainda quente. Os passos sofrem uma arritmia e, de fugida, entra na casa de banho, liga a luz do espelho. Quando se viu, as lágrimas começaram a correr, lentamente primeiro, depois em convulsões de corpo inteiro. A alma não  sossegava, gritava, esperneava, contorcia-se por dentro da pele que parecia recusar, como se também ela se rejeitasse por dentro dela, à luz da imagem que até o espelho devolvia. Não sabia o que fazer com ela, com o corpo dela, com a alma que lhe tinham dado, que a vida tinha esculpido primorosamente, para, vagarosamente, a destruir toda, inteira, à força de picareta. Hoje era mais um dia de destruição. Teve raiva de si, teve raiva dele, teve raiva da vida que os juntou para nada, ou para pior que nada, para aquilo. Para o desacontecer dum amor que só a ela tinha acontecido. Há uma semana, a uma noite de tudo, um bilhete deixado naquele mesmo espelho roubou-lhe toda a vida até ali e toda a que dali lhe tinha sido prometida. "Não  sou capaz, não consigo fazer isto" - uma cobardia inteira numa frase só de fragmentos por explicar, assim, sem mais nada, sem mais uma palavra além daquelas sete - uma por cada ano que apagou, que roubou à ilusão.
Porquê aquilo? Porquê assim? O que haveria de errado com ela, com aqueles sete anos? Com a felicidade que sentia ser partilhada?
Levou as mãos à cabeça, de cabeça perdida, ao cabelo que ele tanto gostava, era o que mais gostava nela, tinha-lhe dito vezes sem conta, os seus cabelos de fogo, compridos, brilhantes, de ondulação larga, que ele dizia ser como um mar calmo e fundo de intensidade, onde navegava pelas estrelas dos seus olhos e mergulhava em profundidade de amor. Ela lembrou-se disto e, sem querer, sorriu. Sem querer, sem aviso, sem notar, sem ter havido um esboço que o adivinhasse, como a desavisada plenitude que a tomava quando lhe habitava o colo doce como casa própria e certa, onde a espontaneidade era o ar que se respirava sem se pensar nisso, onde o único esforço era parar de rir ou mimar ou esticar as noites até ao limite do sono e das obrigações do mundo. Mas riu-se, o espelho denunciou-a, encriminou-a, devolveu-lhe o sorriso que não quis dar, que não queria dar, que o passado lhe rasgou da boca e que aquele bilhete selou como morto. Um bilhete em troca de sete anos.
 Fecha os olhos e leva as mãos à cabeça, aquele sorriso acordou aos berros um grito mudo por dentro, tão intensamente sentido, que a ressonância na alma estilhaçou as garrafinhas de fino vidro onde se quiseram trancar os sentimentos como essências que se querem esquecer. Negar se possível. Matar se impossivel.
Quando tira as mãos das ondas ruívas só navegadas por quem, afinal, não as quis, vieram-lhe juntas, as duas mãos, cheias de cabelos - os seus cabelos, os cabelos dele. Ficou atónita, não percebia, não entendia o que se passava. Seria um pesadelo? Será que desta vez a realidade lhe escapava das mãos, e nao os cabelos, e iria acordar? De boca ainda aberta, e olhos por acreditar, voltou a passar as mãos pelo cabelo, agora com intenção, com ganas de perceber o que se passava na sua cabeça, na sua cabeça perdida. Mais uma vez os cabelos pareciam desistir, um a um, todos lhe vinham agarrados às mãos. Ela repetiu o gesto, uma e outra vez, e quando o espelho lhe deu a sua imagem completamente desgrenhada, meio careca e impotente inteira, desatou-se uma gargalhada de profundezas desconhecidas. Riu-se do fundo de si, riu-se de si, riu-se dele, riu-se da vida que, parada, a queria apanhar. Ria-se enquanto, agora propositadamente, tirava da sua cabeça todos os cabelos, despia-se daquele mar de fogo. Careca e resplandecente, olhou o espelho e não conseguiu deixar de se ver, finalmente viu-se despojada de tudo. Cada cabelo perdido como uma recordação arrancada pela raiz frouxa, cada frase, que guardava com o zêlo que tratava do cabelo que era dela mas para os olhos dele, reduzida a cinzas. Libertou-se de tudo. Ao contrário de Sansão, em que o cabelo lhe levou a força, a ela o cabelo levou-lhe a fraqueza, a sua maior e mais pungente fraqueza - a mais perigosa porque a tomava toda, de corpo e alma. Com o cabelo foram-se os suspiros, os choros, as perguntas infindáveis e os desesperos de querer ser amada por quem só lhe amava o fogo manso do cabelo, o calor da ondulação suave que parecia embalar-lhe o desejo, apenas isso. E nem isso.
Saiu de casa com ar triunfante, de sorriso estampado na cara toda, agora maior, enorme, até à nuca. Passou pelo porteiro, a quem caiu o queixo, ela levantou uma gargalhada e disse-lhe: 
" Não se preocupe. Foi o desgosto que me levou o cabelo quando saiu. Se o vir por aí, em cabelos de fogo, diga-lhe que o fogo sou eu." - e riu-se, mais uma vez.
Parou em frente à porta de vidro - o sol invadia sem medo o chão, o tempo, o corpo -, enquanto se via reflectida em compasso maduro de renascimento procurou na enorme carteira, invariavelmente desarrumada, os óculos de sol, pô-los, e saiu para o mundo sem cabelo, sem fraquezas, sem precisar de defesas. Sentiu-se inteira, nua de medos, careca do desgosto que a fez perder o cabelo e despida do amor que lhe tinha feito perder a cabeça. A partir desse dia todas as provas de fogo eram jogadas em casa e a cobardia incinerada à primeira mansa desilusão.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016


...realmente tenho para mim que quem é surdo que nem uma porta deve mais facilmente ter dias bons... Até porque, a bem da verdade, surdo assim, se quiser abre a porta, sei lá... Ouve só o que quer e gosta. Eu não, oiço coisas a mais e tenho dias bons de menos. Devo ser surda que nem um pneu furado, não vai a lado nenhum até que o mudem.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

A noite desarma-me do dia
E com a noite cai a armadura
Despe-se o peso da força
Doi a moleza dos ossos
Que Veste as grilhetas da nudez 
Que me soltam ao que sou
Que me entregam ao que não posso ser
A não ser debaixo da noite
Onde me escondo da força que não tenho 
Que me descobre a força que finjo
Que veste a fragilidade que o dia cobre
Numa armadura que o sol não despe

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

[foto de Hossein Zare]

A vontade é o enorme e profundíssimo abismo que separa a sobrevivência do viver. Para sobreviver basta ir respirando, comendo, fazendo o necessário. Cumprindo o instinto. Para viver é preciso o desnecessário, o inútil... e a vontade. Curiosamente a vontade vem, por norma, dessas coisas desnecessárias e inúteis para continuar a respirar, mas não para perder o fôlego, para respirar fundo, para encher o peito e o dia, dando-se conta que a alma é o que mais oxigena e nunca expira.
O que mata muito da vontade são as pequenas (e as grandes também, pois) frustrações, as injustiças, a sensação (e a prova, como estocada final) de que a corrente é demasiado forte para o nosso esforço de batê-la. Dormir começa a parecer um idílio celestial, uma pausa num esforço inglório, onde os olhos se desligam e a cabeça se fecha, onde não a deixamos fugir em devaneios - dores ou sonhos, o que for, vai tudo desaguar no mesmo mar, na mesma sobrevivência quase amorfa.
Preciso sair deste rio, evaporar-me e chover-me noutro lado, regar outras plantas, desenhar outras margens, navegar outras curvas onde me perder e me afogar. Preciso de mudar tudo para poder continuar a ser-me sem me perder.
Quero um monte no alentejo, um alpendre cheio de tempo com horizonte cosido a todas as vistas, quero perder-me nas searas, encontrar-me na sombra duma árvore, adormecer com o por do sol dourado nos olhos, quero beber os tons de fogo que ensopam a terra, que acalentam por dentro, mas não queimam.
Quero fugir-me para onde eu estiver. 
Estou cansada, farta, mais uma chatice, desisto, façam-me desistir porque este ano foi demais, não me quebraram, não me dobraram, mas desfizeram-me a vontade e a força, dobraram-me doutra maneira. Não sirvo.
Curiosamente já não tenho medo, não tenho medo do julgamento, não tenho medo do que eu possa pensar de mim, nada pode piorar, estou quase tranquila, entregue à vida num futuro em que não acredito, confio-o nas mãos dum destino sempre por cumprir, sempre desdito ou contradito, sempre vida que fica por viver - sobrevivência. Ler e escrever-me, talvez a única coisa que me resta, e não tenho medo disso. O medo não sobrevive à esperança.


domingo, 4 de dezembro de 2016


Ahhhh... Então é por isso!! 
...Caramba, boa explicação!! 
Eheheheh
Bom domingo

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016


[foto: @paradoxos]

"Já não escrevo poesia para mudar o mundo 
mas tão-só para evitar que o mundo me mude a mim."

Manuel António Pina

... mas muda, vai mudando, pétalas vão caindo, as pequenas memórias vão morrendo, os sorrisos perdem elasticidade, o coração encarquilha, a poesia voa-nos do olhar. Vão-se arranjando e aplicando pensos rápidos para dores lentas, vamos enganando a vida com o tempo disfarçado de dias, mas em que o tempo não chega a ser tempo, e os dias não chegam a contar. O tempo só faz de conta de alguma coisa que não sabemos, mas que nesse jogo de faz de conta que conta já perdemos, ainda que os dias não passem porque não acertam contas com o tempo que conta... Mas já nem queremos saber o que, ou como, perdemos, são contas que queremos perder sem fazer de conta. Vamos, a pensos rápidos, tentando enganar lentamente a mágoa a prestações. A mágoa que não faz de conta e nos muda, lentamente, o mundo a cada dia, que nos sufoca a poesia que não nos respira, e isso muda-nos o poema da vida.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016



"Se o teu olhar é vazio, todas as paredes do mundo estão em branco " - acordei hoje várias vezes com esta frase na boca, a cabeça repetia-ma e eu dizia-a sem desfazer o silêncio da manhã por acordar. Estive para acordar os olhos e escrevê-la, para me largar de vez e deixar dormir, de teimosa não o fiz, mas a frase, teimosa, ficou. Ficou-me. Ficou-me a falar até agora, o que me quereria dizer ou o que eu queria dizer - afinal se saiu da minha cabeça é minha para mim, por muito estranho que tal pareça.
A fazer o almoço tentei desmontá-la - a lembrar-me de como em pequena via construções de legos do meu irmão que faziam mil coisas das mesmas coisas -, e lê-la, vê-la, percebê-la de todas as formas que me lembrei... Quando não temos nada para dar, a todas as pessoas falta alguma coisa... Quando nunca vivemos verdadeiramente, o olhar é claro, límpido, fácil e muito mais vazio, não se lêem as paredes, não se percebem os muros - não se sabe distinguir uns de outros, porque vão vemos além do mundo, nem sabemos ninguém... Se não o tens em ti não o verás nunca, vê-se como se é, como diz Anaïs Nin numa das minhas frases preferidas...
...Seria isto?