Não sei como se faz isso de ir para longe e ficar perto, mas era o que me apetecia hoje. Ir para longe daqui, passear, deambular, serpentear caminhos, ouvir música, deixar o esqueleto debaixo do sol, o olhar, mudo, escondido atrás dos óculos de sol, ouvir o mar, dançar sem ninguém ver, mas não sair daqui. Como se a distância ficasse ali ao virar da esquina, como se me quisesse longe de mim em mim, desaparecer daqui e não sair do lugar, ou quase. Como um ligeiro descolamento, só. Talvez seja preguiça, talvez seja pouca motivação... mas acho que é mesmo preguiça... e querer esquecer-me do agora de mim para me voltar a lembrar do que sou, do que posso ser, do que sempre fui por baixo dos dias, perto ou longe. Talvez a medida da felicidade se veja pela distância a que estamos de nós mesmos, e da facilidade (ou não) com que a suportamos, da medida da asfixia a que nos permitimos.
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