Uma noite calma envolta na manta, o degrau da varanda, o silêncio a emoldurar o último cigarro que queima devagar. Estes dias passam depressa por tentarmos gastá-los devagar. Nunca se faz tudo o que se quer, e o que mais se quer, mais das vezes, é gastar o tempo vendo-o passar ao nosso ritmo. E haverá diferentes opiniões acerca do meu ritmo, poucos conhecerão este, o de olhar devagar para dentro para acalmar coisas do mundo, as vezes, até do meu mundo. Quando quer rodopiar-me as ideias e as incertezas, as maluquices e as razões, os agora e os depois. E agora, agora só quero fechar os olhos até um novo e melhor amanhecer, novos silêncios, noites boas de despir a manta e o frio, agasalhada de outros calores, trincar biscoitos de amora até ao fim, como selvagens. Até lá, não quero ver nada, nem sonhar, só deixar o mundo girar debaixo dos pés sem saber e sem cair. Acaba-se o cigarro e falta-me alentejo no olhar, penso.
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