sábado, 3 de julho de 2021

 A noite está perfeita, no que toca a temperatura está. Venho despedir-me na varanda e tentar não pensar como a minha estupidez me assalta, e como me leva - e eu deixo - a sítios secretos, fechados e arrumados, que abro e desarrumo e releio, e ponho e reponho para não restar nada, senão uma desarrumação asfixiada pelo tempo. Precisa de respirar às vezes ainda, talvez por isso nunca apague nada. Coisas estúpidas, eu sei, mas talvez seja preciso revisitá-las, revê-las, remexê-las, para que possam voltar a assentar num qualquer lugar do esquecimento. Relembra-se para se poder esquecer novamente, e saber porquê. Está tudo lá.

2 comentários:

  1. É parecido com os armários e a roupa. Precisam de ser arejados e desarrumados de vez em quando. Um processo necessário , para perceber ou não perceber nada. Talvez seja melhor assim.
    Beijo Olvido :)

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    1. Sim, talvez seja necessário :) para perceber que há coisas que nunca se perceberão... para ver o que restou, e ao que tudo se resumiu, de parte a parte. Também para nos lembrarmos do porquê de decisões que tomámos. Às vezes parece que lembramos menos, lembramo-nos mais da falta que algumas coisas nos fazem, mas é preciso arejar as memórias, desarrumá-las de novo, relê-las, as conversas giras e as duras que doeram, as faltas de resposta, de respeito, de consideração... de amor, tudo... E os olhos agora são diferentes, mas - ou talvez por isso - é preciso às vezes e ainda, remexê-las, desarrumá-las, arejá-las, para sabermos melhor porque as arrumámos, para esquecer melhor que demos tudo e que isso nunca mudou nada, até que concluímos que isso não nos chegava e que merecemos mais.
      E que haverá decerto quem valha a pena, e ache sem sombra de dúvidas que nós valemos a pena :) menos que isso já não me faz mexer o esqueleto ;))

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