terça-feira, 6 de março de 2018




"pus a mão na boca para
amordaçar a dor, mas
era tão mais forte que
mesmo a mão gritou."

Bénédicte Houart



A dor, como o amor, não se amordaça.
Não se prende nem se aquieta.
Gritam ecos nocturnos
que o sol mais radiante não emudece. 
Falam diferentes línguas pela mesma boca. 
E mordem-nos com dentes de punhal,
enterram-se fundo até onde somos
essência encolhida e entorpecida,
à espera que a vida passe sem nos atingir.
Para não amarmos, para não doermos.

8 comentários:

  1. Amar por vezes também dói, mas tudo que faz doer cura...

    Bom dia Vi:)

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    1. sempre ouvi dizer que o que arde cura, agora o que dói não me parece que funcione da mesma maneira...
      Boa noite, Legionário :)

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  2. a dor não se amordaça. essa não me sai da cabeça... levei a frase para a cama e apliquei-a (a frase) a uma sonsa da fraguesia

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    1. o abstrato é um bocejo. no fundo, sou um proletário

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    2. Não concordo contigo, o abstracto é um mundo de possibilidades de concretização...

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  3. A dor aprisiona, se deixarmos. Há quem diga que não podemos negar a dor. Deve ser enfrentada com coragem...
    E é essa coragem que me falta.
    Beijos Olvido

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    1. Não podemos negá-la, nem há mordaça que a cale, porque nos fala, nos grita, pelo lado de dentro. Acho que as vezes o melhor é rendermo-nos a ela durante algum tempo, deixarmos que nos varra para depois de nos ter dominado, nós a dominarmos, e aí nos libertarmos dela, ou dos seus piores e mais gritantes efeitos...
      beijo, JI

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