sábado, 3 de março de 2018

Levar o meu irmão ao aeroporto, ensonada, com o cabelo ainda a dormir, e os sonhos na ponta das pestanas, desejar-lhe boa viagem e dar-lhe um beijo rápido que dura toda a viagem. Os regressos começam com cada partida, cada passo é um caminho de volta. Do que tem volta, do que quer volta. E agora penso nisto, dentro do carro com as janelas pintadas de um azul que se espreguiça e parece um nascer traquina com algo de prenúncio doce. O vento sopra nos ramos e ouve-se pelas frestas, já a barriga ronca, e eu faço silenciosamente tempo para as horas de pequeno almoço e contas ao regresso à cama, quente e de braços abertos para o meu sono limpo de sonhos e preguiça requintada de pequenos nadas.
Levanto o nariz das letras, as luzes da rua apagam-se, o azul amanhece-se, mais leve, e a noite parte a caminho do seu regresso.

4 comentários:

  1. E insistir no que não quer volta é a mais dura das lutas. As partidas deviam ser o começo de um novo dia, de uma nova hora. Gostava que fosse possível
    Bom dia Olvido :)

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    1. No que não quer volta eu nunca insisto, mas no que volta (e se volta é porque quer, supostamente) eu deixo insistir (se eu ainda quiser, claro). Curiosamente eu, depois de decidir partir, nunca (até hoje, pelo menos) voltei, mas foi todo um caminho de regresso a mim, e todo um novo tempo, uma nova era. Tem de ser possível, JI :))))
      Bom dia, JI

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  2. Por vezes...podemos percorrer o mundo inteiro em busca daquilo que "precisamos" e voltamos a casa para encontrá-lo.
    Bom Domingo Vi:))

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    1. Acho que quando estás num sítio que sentes casa, quando sais não vais à procura de nada, porque tens o que precisas, logo não descobres que afinal é donde partiste que está o que procuras... por isso não sei se concordo com isso... acredito é que a viagem te muda perspectivas. Isso acredito.

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