Tenho de me levantar e não me apetece. Nada. Nem percebo para quê... O mundo é sempre tão injusto, para quê tentar alguma coisa? Para quê se nunca me choverá felicidade na pele? Para quê se estou melhor aqui longe da existência, onde não existir é seguro e confortável. Não me apetece nada de coisa nenhuma. Levantei-me cedo para levar a miúda à escola, agora não tenho razão suficiente para contrariar todas as forças da natureza que me derrotaram e deixaram aqui, deitada, exangue de vontades, preguiçosa de sobreviver.
Olho para a janela e gosto da luz, da maneira como a luz direita se torna ondulante, insinuante do que esconde mostrando, da cor que o cortinado lhe dá, da transparência que deixa ver mas domestica a luz... gosto disso tudo, mas nem isso me apetece escrever, e tudo o que me ponho a pensar, só por olhar, dava um texto, mas não tenho vontade, escrever já não é uma ponte, é onde fica cada uma das minhas coisas não ditas. Não me apetece escrever a beleza das coisas, como se não tivessem onde chegar as palavras, e não é suficientemente avassaladora para precisar escrevê-la porque me extravasa, porque me compromete as costuras do quotidiano mediano, porque simplesmente não me cabe. Então olho só e penso. Mais ou menos como a vida: sobrevivo só, e respiro. Como se isso chegasse.
Todos temos forças para além daquelas que julgamos ter. É, pois, quando estamos fracos que escolhemos ser fortes.
ResponderEliminarPortanto Vi, mande o Morfeu à fava e aproveite bem o dia:))
Pois já aqui estou entre quatro paredes (valha-me uma ser de vidro, mesmo que a vista agora seja para um dia cinzento, é melhor do que uma parede para dentro...), com a máquina à frente, salto alto no pé e números, e outras coisas que tais, entre os dedos da mãos... :)
Eliminar... mas tenho para mim que o dia é que me vai aproveitar a mim... o danado! ;)
Bom dia, Legionário