sábado, 31 de julho de 2021

[foto @juliansell.fotografie] 

Não sei como se faz isso de ir para longe e ficar perto, mas era o que me apetecia hoje. Ir para longe daqui, passear, deambular, serpentear caminhos, ouvir música, deixar o esqueleto debaixo do sol, o olhar, mudo, escondido atrás dos óculos de sol, ouvir o mar, dançar sem ninguém ver, mas não sair daqui. Como se a distância ficasse ali ao virar da esquina, como se me quisesse longe de mim em mim, desaparecer daqui e não sair do lugar, ou quase. Como um ligeiro descolamento, só. Talvez seja preguiça, talvez seja pouca motivação... mas acho que é mesmo preguiça... e querer esquecer-me do agora de mim para me voltar a lembrar do que sou, do que posso ser, do que sempre fui por baixo dos dias, perto ou longe. Talvez a medida da felicidade se veja pela distância a que estamos de nós mesmos, e da facilidade (ou não) com que a suportamos, da medida da asfixia a que nos permitimos.

 Está frio, outra vez. Já não se fazem noites de verão para sonhar como dantes. Os barulhos da rua também mudaram, andam silenciados. As estrelas, ariscas, andam escondidas. O sono vem mais cedo e o cansaço fica até mais tarde. A miúda faz-me falta, faz-me ainda mais falta, como se alguém me tivesse o coração na mão e apertasse,  quando me liga e diz que está cheia de saudades minhas. Quando nos sentimos amados ainda nos magoa mais a distância, ainda faz mais falta poder amar, agarrar, abraçar, encher de beijos… até que a danada começa a fugir de mim… pronto pronto, mãe, também não exageres :)) 

… uma vez escrevi que as distâncias não se medem em quilómetros, ou em metros, medem-se em saudades. Acho que pelo menos uma vez na vida, disse uma coisa de jeito.

sexta-feira, 30 de julho de 2021

 Aqui já não moram papoilas… aquelas duas despernadas que há tempos aqui se encontraram comigo desapareceram. Nenhumas outras as substituíram, agora é terra e coisas daninhas que o vento baloiça e eu observo. O sol quase deitado estica as sombras antes de se despedir, e eu tão cheia de despedidas que os lugares me trazem e eu acolho. De dias antigos de vidas passadas de eus que se perderam. Só não desapareceram, nem outras sombras lhes tomaram o lugar.


 …. Humm… há aí um cavalo para mim?…

… ou é só chapéus?

É que chapéus há muitos… bom, e cavalos também…

[sim, eu sei, isto hoje está difícil para o tico e teco, querem dormir porque eu não os deixei… agora olha aturem-nos!!, ou não, pronto…]



bebi todas as palavras,
embriago-me
na ternura que não digo,
petrifico
no gesto que prendo
e me tem presa, 
embriagada e muda.
Ausente de mim
líquida duma doçura salgada  
tenho domicílio entre uns lábios sem morada.

[roubado ao baú, deambulações que têm (des)caminhos próprios]

quinta-feira, 29 de julho de 2021

 Há dias em que apetecia chegar a casa e ir para a varanda aninharmo-nos na noite, numa noite de verão, quente, de céu e peito aberto. Despir o frio da alma com o silêncio como agasalho, ou numa conversa que aconchega. Mas está frio. E quem não desiste pega numa manta e faz dela verão. Há muita coisa assim na vida. Só não sei se a manta é a desistência da noite de verão, ou se é insistir nessa ideia e agarrarmo-nos às conversas ou aos silêncios, ou ao que nos sabe a agasalho, ou à noite que nos apetecia.

quarta-feira, 28 de julho de 2021

 
…. Ahhhhh e esqueci-me - como é que me esqueci??!!! - claro, poder vestir calças de ganga todos os dias, ou quando me apetece, mesmo quando tenho reuniões, porque só me vêem a fronha e pouco mais :DD

Outra das maravilhas do teletrabalho é quando em julho não está frio, vento, o céu todo tapado, ou até chove, e pronto, frio no geral… podermos trabalhar na varanda, ao ar livre… mas esta parte esqueci-me, porque com o tempo que tem estado não dá para nos lembrarmos de tal coisa… hoje a coisa parece melhor, veremos…

terça-feira, 27 de julho de 2021

 

[ foto @vorosmate]

Uma das coisas que gosto no teletrabalho é levantar-me 45 minutos antes de estar ao computador. Durmo mais um bocadinho, ou tenho mais um tempinho de ronha para ganhar coragem para me levantar. A partir daí é sempre a correr, banho, pentear, pôr qualquer coisa em cima do pelo, e tomar o pequeno-almoço já em frente ao bicho que debita os novos e-mails enquanto trinco a minha torrada. Depois toma-se café a olhar o dia lá fora, inspecciona-se a cor do céu e como essa pinta todas as outras; a cor das folhas da árvore da frente, os telhados das casas que espreitam a janela da varanda, as nuvens que tapam tudo ou deixam desenhos à imaginação. E esta semana vai ser assim. Só tem um problema, deixo os maus vícios entrar no “escritório”…

domingo, 25 de julho de 2021

sábado, 24 de julho de 2021

 

[de Nicoleta Vacaru]

E, no meio da multidão, eu vi-te. Não te procurei, não te encontrei, saltaste-me aos olhos de repente;  com tal nitidez e clareza que percebi que não consegui deixar de ver - depois, até mesmo de olhos fechados, eu via. Via-te, vejo-te. Como se não fosse possível voltar a fechar os olhos. Onde não se distinguia nada, não se via nada, eu vi-te. Não te procurei, não te encontrei, estiveste lá sempre, mas só depois ficaste.  E, no meio da multidão, no meio do nada que é tudo, eu vi-te,  como se tivesses sido desenhado para o meu olhar. Como se só eu, no meio da multidão te tivesse visto, no meio de tudo e de nada, para sempre.

quinta-feira, 22 de julho de 2021


 Eheheheh…

Me too, me too…

Aceita-se mocinho (dependendo das qualificações, claro) para mudar a lâmpada fuuuuuuuundida. Para voltar a acender-se aquela luzinha interior :))
[não são precisas (nem fornecidas, tirem o cavalinho da chuva… desenrasquem-se!) muitas instruções, só um bocadinho de jeito, um “je ne sais quoi” (pois…lamento, são as idiossincrasias da vida!) e muita vontade… paciência também é capaz de ser requisito…]

Bom dia!!, com ou sem luzinha, trabalha-se (e vive-se um bocadinho às escuras e apalpadelas, mas… é o que há, até haver outra coisa!)

quarta-feira, 21 de julho de 2021

 


Gosto desta.
Gosto da letra, talvez  da melancolia.
Enquanto houver vazio, enquanto se sentir esse vazio, 
o que se perdeu deixa este tom, 
uma tristeza quase doce, mas funda.
Reconheço-o bem, acompanhou-me tanto tempo que o vazio parecia meu, parecia eu.

There's a place I know
I call it home
It's the prettiest place I've ever known
There's a girl I Know 
I call her home
(…)

terça-feira, 20 de julho de 2021

 
… ora, agarremo-nos à prancha e surfemos a onda do dia. 
Aqui o dia está fusco-fusco, feio e tapado. O contrário deste mocinho simpático à vista, portanto…  

Dia  bom para trabalhar sem vontade de fugir… para a praia, pelo menos… mas ainda assim sem grande vontade de trabalhar, digamos. Surfava a onda do dia de outra maneira… mas naaaa pode ser, paciência. Ao menos hoje trabalho em casa, com os bichos à minha volta, deitados a surfar lá os sonhos deles (agora mesmo, à volta da minha cadeira tenho os três preguiçosos, deitados e a ronronar sono em sons lá deles…)

segunda-feira, 19 de julho de 2021

 
Hoje o malvado do despertador acordou-me dum sonho pouco decente… e digo pouco decente porque quando estava a ficar realmente decente e bom, o despertador cortou o meu barato!! Portanto foi pouco decente… tenho para mim que o despertador está dentro dos sonhos, tal qual um espião disfarçado e acaba com o filme na melhor parte… raio do gajo, parece parvo… get a life oh triste!!… deixa-me lá curtir os meus sonhos decentes, deixa de ser invejoso, vai-te lá meter com as horas e rodar ponteiros, ou o raio, e deixa-me aproveitar os meus sonhos bons, raio de desmancha prazeres pahhhhh... irra!

domingo, 18 de julho de 2021

 
E é isto… ora se estica ao meu lado, ou resolve lamber-me os pés… ou faz aquela cara de pateta quando lhe dizemos alguma coisa que não deve fazer - como que não pode estar em cima do tapete, que não me lamba os pés, que não se faz xixi na cozinha quando a porta está aberta, mesmo que esteja a chover e não apeteça ir lá fora, enfim, tanta coisa...  tenho sentimentos muito estranhos em relação a esta criatura… irrita-me que seja tão apatetada, e que não aprenda  (não sei se é burrice, ou só teimosia em fazer o  que lhe dá na real gana e ignorar-nos de cima a baixo...), e ao mesmo tempo acho que é por isso que mais gosto dela, não sei explicar. Não percebe metade (ou percebe tudo e acha só estúpido e sem cabimento na cabeça dela, sei lá) do que se lhe diz, mas é tão meiga e bonita por dentro daquele olhar pateta… é estranho, pronto… não lhe interessa o que se lhe diz, interessa-lhe fazer o que lhe apetece, sofrer as consequências, e independentemente delas continuar com a mesma alma meiga e incondicional... como que quase a fazer-nos patetas a nós, que não percebemos nada disto… e não é que a pateta poderá estar certa, sem usar razão nenhuma?

sábado, 17 de julho de 2021


 … era um café e um “que s’a fod@“ para a mesa 7, se faz favor!!

Há muito tempo que não usava nestas lides esta expressão, talvez porque tenha aprendido a dizê-la fora daqui, ou a, subtilmente, exercê-la sem a dizer: subtilmente ou na lata mesmo… mas quando bati os olhos nisto lembrei-me dessas publicações antigas noutras moradas… parece que de certa forma já sou outra, ou sou exactamente a mesma, mas aprendi esta bela arte de não me chatear com o que não posso mudar, ou não depende de mim…


 Me too.

Acho que faz falta às pessoas (a muitas parece-me) perceberem isto, evitava muitas dores e chatices. Quando se está realmente com alguém, não se sente grande interesse, ou vontade, por mais ninguém. Quando se está apaixonado, não existe mais ninguém.

[a lua estava uma beleza, viram? E esta noite agora? Que maravilha, senhores…para apaixonados e para os aspirantes a :) ]

sexta-feira, 16 de julho de 2021

 A regressar de casa da hora de almoço, parada no semáforo, vejo um moço de outra fila de trânsito sair do carro, deixar a porta aberta, correr até à espécie de rotunda, arrancar uma flor (plantadas há pouco tempo, por acaso) dum amarelo cheio de vida, e correr de volta para o carro. Assim, um miúdo de vinte e tal anos, sem querer saber se estava no meio do trânsito, cheio de carros por todos os lados, do que iam achar ou do que poderia parecer… grande puto, ganhaste a minha simpatia até ao resto dos meus dias… E com isto tudo, desatei-me a rir, apeteceu-me sair do carro e aplaudir. Estava a precisar duma prova de vida destas hoje - e ontem, e provavelmente amanhã - fiquei só a rir-me sozinha, enquanto arrancava com a descida do verde ao semáforo e a vida à terra, a desejar longa vida a paixões assim, e longas e boas paixões a quem se entrega assim, em momentos que valiam ser fotografados (lembrei-me mas desisti mal pensei nisso). Ficou só um momento deles, e uma memória minha, com um desejo forte de muitos momentos assim para quem se atreve a sentir e a fazer maluqueiras boas e apaixonadas … são essas pessoas que ficam e esses os momentos que valem a pena. 

Espero que a flor, chegada a casa, seja guardada dentro dum livro de poesia, que como se sabe, é o único sítio onde os amores perfeitos não morrem.

[lembrei-me, já a estacionar o carro, duma viagem onde fui ultimada a encostar o carro, porque há beijos que são urgentes e imperdíveis... e deram-se e não se perderam :) tenho saudades de estar apaixonada, e agora senti-o mais, essa é que é essa! ]


 A minha cara hoje está como que com um letreiro que diz “sono extremo, não chateiem” e então temos que tentar motivar-nos e manter-nos acordados. Vai daí fazemos uma pausa e vamos remexer nas fotos que nos vão aparecendo, e que vamos guardando para mais tarde utilizar - como agora. Uma pessoa bate os olhos numa coisa destas e motiva-se um tico, pena (ou não…) que não seja para trabalhar… e o moço também tem qualquer coisa de sonolento, de meia ronha, e de pronto… anda, vamos voltar para vale de lençóis… que o resto pouco vale (mas infelizmente tem de ser, e agora acaba a pausa e volta o trabalho. Mas hoje estou sozinha e perto de casa, já é alguma coisa… só falta mesmo acordar o espírito…)

quinta-feira, 15 de julho de 2021

 O sol esconde-se atrás do telhado da frente. Passam trotinetes várias e carros a caminho de algum lado, os cães passeiam os donos, a passarada traz a música da festa, e eu procuro o fim do dia nalgum recanto desta varanda, escondido à espera da noite de vários dias. No outro dia dizia a alguém que poucas pessoas percebem a diferença entre esperar, estar parado, e simplesmente não querer estar noutro sítio. Dizia-me que não queria esperar mais, como me disseram tantas vezes noutras alturas, e eu respondia isso: não é esperar, é não querer ir para lado nenhum, porque não queremos, porque não temos por que o querer. Talvez a única coisa que se aguarde seja a vontade de ir.

 
Aqui está uma coisa que podia resultar comigo. Uma das poucas que realmente poderia ter eficácia, esta e fazer uso do berbequim - serão das únicas coisas que de facto uma não consigo e à outra não me atrevo… já mudar lâmpadas, desmontar electrodomésticos (repor como estava já serão outros quinhentos, mas costumam ficar a funcionar pelo menos), montar mobílias e pendurar quadros não preciso de técnico especialista nestas lides, licenciado no dia que nasceu, simplesmente por nascer gajo… mas também posso confessar que a melhor eficácia desta proeza indicada acima é que, realmente, quem a fizesse, seria certamente mocinho certo para a minha pessoa, senão vejamos: teria de ser pessoa com sentido de humor inteligente, com ligeiros laivos de esperança (demasiado torna as pessoas optimistas, que para mim é meio caminho para inconscientes e irrealistas…) absolutamente necessário para aventar a hipótese de eu dar o braço a torcer por uma colher de mel, um tico de polpa de tomate, ou maionese, sei lá… mas, e principalmente, se o mocinho tivesse a presença de espírito de estar por perto para ver a minha figurinha a tentar, sem sucesso, abrir a porr@ do frasco previamente apertadinho por sua excelência… é que podia não lhe pedir nada, fazer de conta que afinal o chá bebe-se sem mel, a maionese engorda e, com a falta que há deles no sítio certo, tomates desfeitos é um desperdício… mas quando pudesse, ia rir-me satisfeita com o espécime que escolhi para me escolher :) e saber que sim, que é certo para mim. Coisa rara nunca vista, um sacaninha com sentido de humor e ar de traquina naquele semi-sorriso denunciador, que me sabe dar a volta, sem eu ter de dar volta alguma, à tampa do frasco, pelo menos ;)

terça-feira, 13 de julho de 2021

 
… quando se procura o que se sabe não estar,

é isso que se encontra.  

O caos não serve o destino, é antes o destino em si mesmo. E isso é a beleza e o horror, como só a vida pode ser.

 
… e quando se acorda meia neura e a manhã a torna completa… põe-se a música no carro a caminho de casa aos berros, para ver se nos cala aquela vontade de berrar aos deuses o mal que não sabemos dizer qual é, mas nos chateia que nem um feriado em dia de folga. Chegamos a casa e pomos mais música - agora não aos berros que a senhora minha mãe deu-me educação e os vizinhos conhecem-me, e a ela também, por acaso - a ver se a neura dissipa a dançar daqui para fora. Ou então eu, que tenho tantas saudades de dançar…

segunda-feira, 12 de julho de 2021


Tira-o do bolso de dentro,
Do avesso da luz,
E lê para mim.
Diz-me coisas 
que ainda não sei.
Conta-me histórias 
Que ainda não revivi mil vezes.
Destece o tempo
Que ainda não passou.
Ateia-me desejos
Que ainda não arderam.
Lê para mim
O que ainda não foi escrito,
Palavras que ainda não existem, 
Idiomas que só eu,
E tu,
Ainda guardamos
Por ler


 
Quite so.

Sou bastante assim, mas vejo muita gente a querer impor a sua presença, ou exigindo a de quem não quer estar, até à exaustão, até ao cansaço, à desistência da vontade. A mim o que me cansaria de certeza, seria saber que não me querem, que me querem longe. Se sequer o adivinho, sou a primeira a ir, liberto-as da minha presença logo, logo. Acho que quem não o faz teme demais ficar apenas na sua presença, ou só não suporta a rejeição (e ficando e impondo-se, está a obrigar-se a lidar com a rejeição contínua…).Eu não, eu gosto da minha companhia e tento só a oferecer a quem a merece, e para isso é inevitável que a queira… 

domingo, 11 de julho de 2021

  

Assim não há motivação que aguente… Uma guarda a cama em sonhos, a outra, a filha, pensa guardar-me a mim, dormindo. Acho que vou é desistir e tirar uma soneca também… ainda por cima hoje estou um bocado preguiçosa. Acho que deve ser por amanhã ser segunda, e então também me apetece aproveitar para esticar o esqueleto aqui no tapete e deixar-me abandonar a uma soneca… aliás como já fiz uma pausa para escrever isto, é só questão de prolongá-la ;)) arranjamos sempre boas desculpas para fazermos aquilo que queremos, né? Eu sei…

sábado, 10 de julho de 2021

 Um dia para mim. Um dia que começou à hora que lhe apeteceu, um começo que se esticou para o tapete durante quarenta e cinco minutos de alongar e sentir os músculos, sentir o corpo, que agora se alimenta. Uma taça de fruta para juntar um iogurte e a minha granola dourada, os ovos mexidos numa torrada que eu sem pao não sou nada, nem quero, e o meu chá verde com limão. Assim se começa um dia cujo único plano é cuidar de mim e fazer o que me der na real gana. Pegar num livro e ir ler, ou só observar a fauna duma esplanada, talvez passear a quatro patas, que ontem quando cheguei a casa  e lhe abri a porta para entrar, foi a correr pôr um brinquedo nos dentes para mo deixar no colo… à laia de não te vejo desde ontem, compensa-me, tenho saudades, preciso de saber que gostas de mim, que também estás contente por me ver. É estranho desejar as pessoas com alma canina assim? Porque a mim servia-me. Sendo que as brincadeiras podiam ser mais divertidas para os dois do que atirar uma bola para ir buscar… ainda que possa incluir ir buscar coisas com os dentes…

sexta-feira, 9 de julho de 2021

 
… #%*&€!! 

… Só me apetece dizer asneiras. E ir embora, ver o mar, ou só as paredes de casa… enfim, não sei que ando aqui a fazer, realmente. 

quinta-feira, 8 de julho de 2021

 

Hoje o entardecer tem mar a sossegar os olhos, a despedir o dia, a despentear cabelos e alinhar horas que desfazem ideias, ou ideais. Sim, ideais.
A uns metros, num lugar onde cabe um, ao colo um do outro, estão dois a namorar. Do mar, para eles, só a música a acompanhar o marulhar dos beijos, não é ideal, pode ser perfeito, simplesmente. 

quarta-feira, 7 de julho de 2021

 
Uma pessoa corre para parar, como parece que trabalha para poder ter férias… quer uma pessoa sair cedo, mas é isto, nunca nada acontece como queríamos. Estica-se o dia mas dentro das paredes do escritório, em vez de descansar os olhos dos muros, aqui ou em qualquer lado, esvaziar o dia onde se oiça o silêncio das folhas que sussurram ventos que passam, sem trabalho nenhum. Há tempos que não vinha aqui parar, hoje aconteceu. Ninguém sabe porquê, e eu já me deixei de porquês. Acontece.

 
[ fotografia de Arno Rafael Minkkinen]

Sinto-me assim muitas quartas por esta hora… não me apetece. Não me apetece por aí além  estar aqui, menos ainda pensar que amanhã vou abrir as pestaninhas a horas demasiado madrugadoras para o meu (e delas) gosto. As quartas parecem sempre mais curtas, parece que acabam mais cedo, que a cama me reclama mais cedo e eu reclamo disso, a apreciadora do silêncio escuro da noite, não o toma de ânimo leve. Ontem queria sair cedo, não me safei antes das sete e tal, hoje que o dia será mais curto quero aproveitar o entardecer, sair cedo, esticar o que puder o tempo antes de me dedicar aos dias iô-iô até me acabarem a semana. Talvez quinta à noite salve a disposição… quiçá.

terça-feira, 6 de julho de 2021

 
É que hoje não me apetece nadinha… fazer alguma coisa de jeito, 
ou melhor de trabalho…de jeito apeteciam-me várias…

… já ficava em casa para o resto do dia. A sério. Não me apetece esta vida hoje, que fazer? Aguentar com sentido de humor ainda é a melhor abordagem. Isso ou a reforma. Ou um amor que não se espera… qualquer coisa boa, sei lá.

 Chove na varanda, estamos em julho e chove enquanto me enrosco numa manta no cadeirão protegido da chuva. Parece que afinal as coisas mais certas não se acertam. Chuva fora do tempo, um vírus que nos pôs em casa, em retiro, uns meses, é que continua a fazer das suas. Já não há nada certo ou seguro. Nunca houve. A segurança não é mais que uma sensação e eu já aprendi há tempos que sensações, por muito que todos os sentidos concordem e assinem por baixo, não são verdades, e muito menos irrefutáveis. A segurança é uma sensação porque o medo é uma realidade insegura. Não há vacinas para o medo, muito menos para a mudança. Vamos aprendendo que é assim, quem aprende, quem não aprende acha que em julho não chove assim. Porque não, porque as coisas não são assim. 

segunda-feira, 5 de julho de 2021

 

  
… e pronto, é muito doida a minha filha, e não sabe o que diz (como comprovei, mas ela n se fez rogada, e muito menos derrotada…). Mas ao menos rio-me.
… faz rir com maluquices parvas, e arranja sempre saída… flirt portanto…
Valhamedeus e dizem-me, asseguram-me, juram a pés juntos, que sai a mim com estas parvoeiras de animar o pessoal… essa parte eu gosto :)))

[e também me lembra quando me diziam parva como a mãe… ou qualquer coisa assim…e ela parece que é... como a mãe, isto é   :D ]


domingo, 4 de julho de 2021

 Uma noite calma envolta na manta, o degrau da varanda, o silêncio a emoldurar o último cigarro que queima devagar. Estes dias passam depressa por tentarmos gastá-los devagar. Nunca se faz tudo o que se quer, e o que mais se quer, mais das vezes, é gastar o tempo vendo-o passar ao nosso ritmo. E haverá diferentes opiniões acerca do meu ritmo, poucos conhecerão este, o de olhar devagar para dentro para acalmar coisas do mundo, as vezes, até do meu mundo. Quando quer rodopiar-me as ideias e as incertezas, as maluquices e as razões, os agora e os depois. E agora, agora só quero fechar os olhos até um novo e melhor amanhecer, novos silêncios, noites boas de despir a manta e o frio, agasalhada de outros calores, trincar biscoitos de amora até ao fim, como selvagens. Até lá, não quero ver nada, nem sonhar, só deixar o mundo girar debaixo dos pés sem saber e sem cair. Acaba-se o cigarro e falta-me alentejo no olhar, penso.

sábado, 3 de julho de 2021

 A noite está perfeita, no que toca a temperatura está. Venho despedir-me na varanda e tentar não pensar como a minha estupidez me assalta, e como me leva - e eu deixo - a sítios secretos, fechados e arrumados, que abro e desarrumo e releio, e ponho e reponho para não restar nada, senão uma desarrumação asfixiada pelo tempo. Precisa de respirar às vezes ainda, talvez por isso nunca apague nada. Coisas estúpidas, eu sei, mas talvez seja preciso revisitá-las, revê-las, remexê-las, para que possam voltar a assentar num qualquer lugar do esquecimento. Relembra-se para se poder esquecer novamente, e saber porquê. Está tudo lá.

quinta-feira, 1 de julho de 2021

 

… ainda hoje, acerca dos meus medos,
 e de tanta coisa que me anda a passar pela cabeça,  me disseram o mesmo,
mas por outras palavras.
Sei que têm razão, e já tantas vezes o repeti a outras pessoas, mas os medos quando são nossos, custam mais a ser vencidos e a largarmos a realidade, onde, apesar de todo o mal, já estamos moldados, não será de conforto como lhe chamam, mas já quase não dói. E às vezes isso parece quase o paraíso, se ao menos não nos lembrássemos ao que sabe realmente o paraíso… talvez pudesse parecer que chega. Só que não.