sexta-feira, 7 de agosto de 2020



Tudo tem de acabar, e acaba, e este é o último amanhecer aqui. E o dia claro, límpido, novo, desponta. Não como queremos, mas como é. Aceitar isso talvez seja maturidade. E pesa. Só podemos escolher entre o que temos e o que achamos que poderemos ter. As duas têm um custo. Maturidade é talvez sabê-lo e escolher o custo que conseguiremos suportar. Como é maturidade aceitar o que não queremos de todo, que revolta, que magoa, mas que não está nas nossas mãos mudar. 

Mas o dia nasce sempre limpo, novo, virgem. 
Quase inocente. E claro, tão claro. 

[As coisas que eu perderia se a pintarolas não quisesse vir cá fora as seis da matina, mais coisa, menos coisa. Acho que anda a sonhar com gatos. Percebo-a. Eu hoje também sonhei, mas não era o gato que estava ao meu colo, nem eu corria atrás dele, nunca o fiz, mas tinha um calor bom, brando, doce, cheio de ternura. Aquela ternura que é cruel ao acordar para o mundo. Acabei o livro, e mexeu comigo aquele lunário.]


2 comentários:

  1. "Só podemos escolher entre o que temos e o que achamos que poderemos ter."

    Olá Vi, grande verdade esta tua frase.

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    1. Depois tudo depende do que se pensa poder ter, há quem ache que nunca conseguirá melhor do que tem, e na incerteza prefere acomodar-se, não por valorizar de facto o que tem, mas porque acha que não arranjará melhor ou não está disposto a enfrentar a incerteza e poder ficar pior do que está... mas é sempre uma escolha... e depende da bitola de cada um para a sua própria vida.
      Olá, Legionário :)

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