segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Lá se foram os cartuchos deste ano...
estava tão bem... bahhhhh  
Estou em fase de negação...
mas terá de passar rápido, numas horas, pronto. 
A realidade está pronta a servir,
eu é que não estou muito pronta para servi-la...
Amanhã, estou certa,
vão elogiar-me o feitio muitas vezes...

sábado, 29 de agosto de 2020



 

Outros ares, quilómetros a encher o olhar de mar, passeios de carro com música e duas meninas a dormir parte do tempo :) um por do sol de arrepiar cabelos e descabelar toda a gente.
  
Hoje a noite é de lua e vento, muito vento, salgado, como o mar a que atiramos os olhos para melhor nos vermos. Não sei se é aquela imensidão ou a consciência da nossa pequenez perante o infinito onde o olhar se perde. Somos só um grão de areia que o vento ainda não arrastou, mas com quem brinca. Pode ser bonito, dizem-nos as ondas que lambem a areia, indecisas entre o ir e o ficar. Mas é isso que são, e ainda bem. Não seriam ondas se não fossem assim.

quinta-feira, 27 de agosto de 2020



Comprar um vinho pelo nome deve equivaler a comprar um livro pela capa. Este acabou por ter um bom argumento, digamos, ou pelo menos assim me está a saber, o que não é mau. Hoje não vai haver estrelas cadentes, nem céu negro perfurado de brilhantes estrelas... a lua açambarcou o céu, fez dele o seu palco. Tem a mania das grandezas às vezes, e isso irrita-me, mas nem sempre. A noite está fresca, um ventinho que sopra frio e arrepios, enquanto o guarda rios me guarda o calor do sangue, já pouco morno, ou meio adormecido. Acho que não quero averiguar.  A cadela doida com os bichos e os gatos que pululam por aí, agora sossega aos meus pés, enquanto maldigo o tempo que passou sem me lavar dos resquícios dos dias cansados e atropelados .... para que tenho de voltar, sem realmente, ter chegado a regressar ou vontade disso. Vou deixar aqui a alma refém, para ter de a vir buscar daqui a nada... pior é se não dou pela falta... e fica aqui abandonada, mais ainda... Irra que estou com uma neura que Valhamedeus... não há rio que me guarde, nem guarda rios que me salve. Atirem-me ao mar... ou deixem lá que a vida disso se encarrega com um sorriso sacana pendurado nos lábios.
É impressionante como o tempo passa quando não lhe ligamos, quando descansamos dos relógios. Como corre quando não damos por ele.  É quase um choque quando depois o tempo nos atinge, nos põe no lugar que ele manda. Ficava aqui mais uma semana, precisava disso, mas o que precisamos nada mais serve do que para constatar e apontar no tecto... e assim como assim que fosse um tecto destes, sobre um chão dourado e sombras que nos alongam (a)o fim do dia... só o tempo não estica. ... a não ser o da memória, esse não tem regras, nem governo.

quarta-feira, 26 de agosto de 2020



[sacado no primeiro do Quarteto de Alexandria - Justine, Lawrence Durrell]

Estive para começar a lê-los no início do ano passado, depois achei que ainda era cedo, devia deixar passar mais luas sobre tudo, mas fiquei curiosa com algumas coisas que me disseram acerca da personagem, da sua intensidade, sensualidade, profundidade de alma e alguma coisa de feitiço, coisas vagas mas vastas, coisas que guardei e me intrigraram. Este ano, achei que era tempo, já não sinto que o tempo precise de mais tempo - o que o tempo tinha a fazer já fez, e estava há demasiado na calha dos livros a ler.
Já com cem páginas volvidas, sem saber bem porquê, volto atrás para reler “Para Eva estas memórias da sua cidade natal”, a que sorri da primeira vez que por ali passei, e é aí que atento na página exactamente anterior, uma das primeiras, e leio isto... Acontece que, sem estar a contar, solto uma gargalhada. Valeu-me não estar vivalma à vista... Se calhar não devia, pois, se calhar não é bonito, mas não foi gargalhada teatral, pensada ou premeditada...aconteceu e não fez mal a ninguém, e quando assim é, e solta por vontade genuína raramente dá tempo a freios, nada a fazer. Como, relendo pensei, nada haverá a fazer aos espíritos fracos, com as argumentações fáceis e rápidas, cómodas e tantas vezes emprestadas - conforme der mais jeito na altura. Assim como há gente que, por muito que até se esforce, nunca conhecerá certa estirpe de “crimes” como os de alma que atravessam o corpo em cumplicidades e profundidades múltiplas. Que vão até às raízes do ser e não só do estar. Que têm a vileza de deixar transpirar felicidade em demasiados momentos fugazes, eternamente fugazes. Crimes, sim, parece-me talvez uma boa denominação, não aspirantes a grandes crimes que não passam de pequenas fraudes, breves, superficiais e incapazes de qualquer grandeza... coisa de pequenos burlões, ganhos mesquinhos e inconsequentes. Talvez a única consequência seja impedi-los de ser completamente infelizes, de os entreter, à imaginação e aos dias, de lhes garantir a mediocridade assegurada, o assim-assim, o comodamente seguro, o assim é que deve ser - de serem o que a minha mãe chamaria de ”desinfelizes”. Ou seja, uma garantia de que não serão felizes. Mas não há nada como uma garantia... talvez um dia destes também me renda aos encantos das garantias, quem sabe? Ou talvez eu guarde para sempre uma alma criminosa... em quem, qualquer coisa, a ser, que valha a pena, até porque, se calhar, mais tarde ou mais cedo, tudo se paga (dizem, mas disto não  há certezas nem provas empíricas... mas, pelo sim pelo não...)


terça-feira, 25 de agosto de 2020


Assim está-se muito melhor. 
As luzes hoje apagaram mais cedo, os chocalhos como música de fundo não se atrasou, 
tudo como devia ser... tudo no lugar...
tanto que hoje não me caem no regaço do olhar as estrelas... teimosas. 
Ficam-se nos seus lugares.
Bem estico o olhar para tentar abarcar esta imensidão, e apanhar uma a fugir, 
mas não há uma que queira sair deste quadro.  
E é um belo quadro, a sério. Nem a mim me apetece sair daqui.

segunda-feira, 24 de agosto de 2020

A fumar o último cigarro do dia, lá fora, enquanto tentava apanhar os restos do dia, da vida, em pensamentos soltos, fugidios, ao mesmo tempo pensava como raio me esqueci do vinho e hoje quando fui tentar comprar...tudo fechado por aqui, pois. Há coisas imperdoáveis, que combinam tão perfeitamente que uma sem a outra ficam mancas... Assim que acabei de apagar o cigarro, as luzes exteriores apagaram-se... e todo o céu cresceu. Não consegui evitar rir-me... tinha pensado nisso: a que raio de horas fecharão as luzes? Não sabem que assim tiram palco ao céu? Às estrelas? 1:24 era quanto marcava no meu relógio, e deixei-me estar, como a quem acabaram de abrir a cortina para o segundo acto. Estico mais o pescoço, empino ainda mais o nariz ao céu, e sem me dar tempo de acomodar a posição, cai uma estrela no meio do céu, mesmo por cima do meu nariz, senti-me invadida por uma alegria estranha, fechei os olhos depressa para pedir um desejo, que na verdade era um dois-em-um, e pensava eu estas matemáticas estelares, quando apanho outra a cair, mesmo onde o céu acaba para os meus olhos. Estamos saldados, deves-me dois desejos :) agora vou dormir. Até amanhã, agora já sei a hora, e com um copo de vinho, espero ;)

domingo, 23 de agosto de 2020

“Amor a metro” :)))

-então, e quanto vai ser??
-hummm ... uma altura das minhas, apenas o suficiente para um lençol para a vida.  ;)

[Se não puder ser, e tiver de ficar com os pés, ou a cabeça, de fora, também me parece justo: temos de fazer opções e saber as prioridades. Ou será um desperdício.]

sábado, 22 de agosto de 2020

Há pessoas que são casas inteiras a morar dentro de nós. Com muitos quartos, portas, divisões, janelas abertas à alma e ao horizonte de sonhos. Casas que percorremos que vivemos que habitamos e nos habitam. Algumas - percebemos um dia - que nos habitam, mas só nós a habitamos, de resto estão desertas. É aí, nesse momento, que começamos a fechar a casa. Divisão a divisão, porta a porta. Rodamos a chave e fechamos, e assim vamos andando e vivendo. Por vezes surge-nos, não sabemos de onde, um som, um cheiro, uma música, um arrepio doce na espinha, na pele, uma qualquer sensação que algo ficou por fechar. Voltamos atrás, voltamos a abrir portas e procuramos alguma janela aberta por trancar. Não encontramos ninguém no percurso, fechamos a janela e voltamos a trancar portas. Até estar tudo fechado, trancado, completamente desabitado, vazio - mesmo que esse lugar continue a morar dentro de nós. Guardamos a chave, e esperamos esquecer-nos dela... e há chaves tão bonitas, pena só servirem para fechar portas.

[encontrei esta hoje na minha garagem, antes de sair,  achei linda. Vou ver se posso rapiná-la... adorei. Espero que tenha aberto muitas portas... ou pelo menos as certas. ]

terça-feira, 18 de agosto de 2020

my wheel of love

[há dias, a conduzir, a caminho da praia, peguei num cd mal arrumado no porta CD´s, ou melhor que não foi arrumado, foi fechado, há tempos, onde os olhos não chegassem, e não mais foi mexido. Não me lembrei, ou a música da rádio não me apetecia, já não sei, mas tirei o porta CD´s, entalado entre o banco e a porta - onde costuma estar quieto e sossegado - e pus o CD que estava fora do sítio. Verdade que antes de deixar o leitor engoli-lo vi que CD era, mas não o troquei. Deixei. O sol e o caminho apeteceram-me assim. Muitas vezes o que não tem razão de ser é a melhor razão para ser.
Oiço esta música e fala-me de afastar, de combater a morte, todas as mortes, tudo o que nos impede de viver, e como essa tarefa se assemelhará realmente a empurrar o céu.]

domingo, 16 de agosto de 2020

Domingos... lavadinhos, 
com rigor e afinco em cada gesto, com o tempo à medida da vontade, 
talvez a melhor maneira de nos lavar o inverno teimoso de dentro, 
e começar limpinho um novo dia... com a vida de ontem, pois. 
Mas começar assim... bom, para começo de qualquer coisa, até do dia, 
deve estar muito bem posicionado no ranking, no meu pelo menos :)
Só não sei se um dia que comece assim terá muito sítio para onde ir...
...e isso também não me parece nada mal, um domingo de ronha :)
[pena que o meu não será assim... ]
Estrear s praia este ano, patas na areia, dar-lhes sal e sol. Mas pouco tempo.  No primeiro dia não podemos abusar, ou vimos para casa em tons de lagosta... vimos não, venho, que a peluda não tem direito a escaldões. Deu para ler um tico e olhar o mar. Foi uma hora bem passada, mais a viagem para lá e para cá. Conduzir descontrai-me e ando a precisar disso.  Boa terapia -  pudesse eu repetir muitas vezes e a gosto, para me distanciar dos problemas, das chatices, até dos medos. E não, não vale a pena dizerem-me que quem tem medo arranja um cão, que ainda há pouco tinha três aos meus pés, mas tantos mais medos por dentro da pele...

terça-feira, 11 de agosto de 2020


Aconteceu que hoje o meio dia caiu a pique - eu caio agora. Acontece. Há certos fins de dia em que só queria chegar a casa e ter colo. Alguém a quem não tivesse de explicar nada, porque olhar-me chegaria para saber-me, ou quase e esse quase chegar, mas se quisesse explicar que ouvisse, devagar, com as mãos e o olhar. E eu o sentisse. Não podendo ser assim que seja como é, a enterrar o olhar no horizonte que se afunda, em cores incolores e frias, esbatidas e mortas, de janela aberta, enquanto fumo um cigarro, que queima mas não aquece. Acontece que é assim, e nada há a fazer.
A vida não dá tréguas e esta guerra não dá colo. 

segunda-feira, 10 de agosto de 2020

€&#@%...
Estou que não me posso, estava tão bem sem trabalhar no meio de gente maluca...
É que não me apetece mesmo... irra que irritação, e eu que até gosto do que faço, estou longe daqui, ou apetecia-me estar...
acho que aqueles dias em retiro no Alentejo tão lunar, me fizeram sentir mesmo que se calhar a minha vida terá de passar por algo daquele género. 
Um sítio com céu sem fronteiras e olhar desafogado... Só me falta o holandês (ou outra nacionalidade qualquer, não sou esquisita, embora possa parecer) para, com charme e cabelo grisalho, ser anfitrião comigo, e à noite contar incontáveis estrelas em silêncio, navegar os céus nocturnos, embarcado comigo numa rede que baloiça silêncios; e durante o dia tomar conta de algumas coisas, rondar os bungalows e tratar da manutenção, a parte de andar sempre a meter conversa com as hóspedes é que acho que não vou gostar, nada, mesmo nada... 
Mas ficou-me na ideia, cada vez mais, que uma coisa assim podia fazer parte da minha minha, e talvez mais feliz. 
Olho para o meu monte encaixilhado aqui no escritório, e cada vez me faz mais sentido. 
Só tenho de dar tempo ao tempo, e daqui a algum começar a procurar. O monte, o monte...o resto não se procura.

domingo, 9 de agosto de 2020

À distância,
penso aquelas mãos
Perfeitas para minhas mãos próximas
Para me conhecerem a pele perto,
Talvez não por dentro, talvez...

quero crer que há coisas
que podem florescer de fora para dentro.
E sempre me encantei por mãos.
E sempre gostei daquelas 
E sempre que as tenho ao alcance da mão
Ponho a minha pele à distância...

onde estará a perfeição dumas mãos
a que a pele é indiferente, surda e muda?
como se fosse um sentido sem sentidos?
por que as penso sempre perfeitas?
Porquê?
se a cada vez a minha pele as ignora e foge.
E assim insisto no que nunca foi, 
Pensando sempre que poderá ser
E continuo sem saber porquê
Parece perfeito
Mas não me sabe a perfeito
Senão à distância duma ideia.
E a pele tem ideias próprias,
E vêm de dentro, por dentro 
Tocam-nos para nos deixarmos tocar

E no fim de tudo
Chego a casa e não chego a saber
Se quero saber o sentido 
Da perfeição duma ideia 
Sem sentidos


[adoro a foto... sempre  gostei - tanto - de emoldurar o rosto com as mãos em ternura, para mais aconchegar o beijo... também não sei porquê, mas faz-me todo o sentido aos sentidos, todos]
Será?
E se não sabe, em que escolhe acreditar?
Acreditamos sempre naquilo que queremos, e para isso, da realidade escolhemos os factos que as corroboram e de maneira a fazê-lo.
Então sabemos sempre, o que quisermos e que queremos acreditar.
A realidade, a realidade é outra coisa. Quase sempre. E quase sempre não a queremos saber.
Quando em dúvida, escolhemos saber o que nos dá jeito, o que nos convém, o que for mais cómodo.
Mas às vezes, no fundo, continuamos a duvidar se sabemos.
Porque duvidamos menos do que sentimos, 
mesmo que não queiramos acreditar.
Será?

sábado, 8 de agosto de 2020



 Era bom que arrumar o coração fosse tão fácil como arrumar a cabeça, as ideias. Mas não, se as ideias têm uma certa ordenação, o coração é caótico, desordenado, sem ponta por onde se pegue. É um doido.

sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Por que é que olho a tranquilidade da paisagem de tapetes dourados, que vai passando, e só oiço que os relógios andam todos desacertados? Uns adiantados, outros atrasados, mas cada um convencido da hora certa?
Até a tranquilidade tem uma certa inquietude interior, a da terra daquilo que está por vir, por rebentar, por nascer, e que ao mesmo tempo acolhe os despojos das mortes, cíclicas, mas perenes.

[sou só eu que estou a detestar e desesperar com o novo blogger?? Credo...]


Tudo tem de acabar, e acaba, e este é o último amanhecer aqui. E o dia claro, límpido, novo, desponta. Não como queremos, mas como é. Aceitar isso talvez seja maturidade. E pesa. Só podemos escolher entre o que temos e o que achamos que poderemos ter. As duas têm um custo. Maturidade é talvez sabê-lo e escolher o custo que conseguiremos suportar. Como é maturidade aceitar o que não queremos de todo, que revolta, que magoa, mas que não está nas nossas mãos mudar. 

Mas o dia nasce sempre limpo, novo, virgem. 
Quase inocente. E claro, tão claro. 

[As coisas que eu perderia se a pintarolas não quisesse vir cá fora as seis da matina, mais coisa, menos coisa. Acho que anda a sonhar com gatos. Percebo-a. Eu hoje também sonhei, mas não era o gato que estava ao meu colo, nem eu corria atrás dele, nunca o fiz, mas tinha um calor bom, brando, doce, cheio de ternura. Aquela ternura que é cruel ao acordar para o mundo. Acabei o livro, e mexeu comigo aquele lunário.]


quinta-feira, 6 de agosto de 2020

E por que haverias de querer minha alma
Na tua cama?
Disse palavras líquidas, deleitosas, ásperas
Obscenas, porque era assim que gostávamos.
Mas não menti gozo prazer lascívia
Nem omiti que a alma está além, buscando
Aquele Outro.
E te repito: por que haverias
De querer minha alma na tua cama?
Jubila-te da memória de coitos e acertos.
Ou tenta-me de novo.
Obriga-me.

Hilda Hilst 

“Meu amor carnal e obsceno... Um desejo de posse, de trazer o outro para capturá-lo.” Para prendê-lo a si,  um certo desejo de pertença, n posse. De ser de alguém e de sentir alguém nosso. Completamente, inevitavelmente. “E nessa troca de prazeres queria que soubesse q estava disposto a tudo para a fazer feliz”
in Lunário, Al Berto

“Não consegue encontrar resposta .” Perde-se a resposta e depois a pergunta, e cristaliza-se eternizada a sensação de fim inacabado, mas resolvido. Fechado. Um fim que nos sobrevive e a que sobrevivemos não vivos - o que era para ser já foi. E agora? Não consegue encontrar resposta.

É preciso manutenção. Fecharmo-nos para nós. Para abrir os olhos às vistas bonitas e largas, para ler e pensar e deixar todas as perguntas sem resposta, mas aceitá-las assim. Talvez o seu propósito seja só esse: fazer-nos pensar, nada mais. 
Trouxe dois livros, um que estava a meio e outro que me apetecia, e nem sabia porquê. Agora já sei, e acertei, era o que este lugar pedia e a minha manutenção também :)

quarta-feira, 5 de agosto de 2020


Há distâncias que se procuram, que se querem sentir, e sentem: como um sentimento futuro, como a vista que sabemos que vamos ter ao chegar ao cimo, onde as vistas são largas e a perspectiva inteira. E subimos, continuamos a subir, com a sensação da distância desejada a mover-nos, a empurrar-nos, queremos chegar ali, ao ponto de não ser sensação futura, não aquela que se antecipa, mas sim já realidade que as mãos agarram e o olhar carrega. Por vezes parece-nos até que já chegámos, e não, não chegámos, mas sentimo-la ao alcance da mão, quase como se já a pudéssemos chamar nossa, quase como se conseguíssemos. Como se conseguíssemos sentir a distância que queremos sentir, que sabemos certa e segura: real... até quando há inexplicáveis sensações de proximidade, de telepatia, de estar perto do que não se toca, do que não está, do que nunca realmente esteve, mas são só isso: sensações, como aquelas que nos trouxeram até aqui, à procura de distâncias.  Coisas de mundos imaginados e cruéis.
E depois partimos, pomos, entre sensações estranhas e a certeza de querer distância, muitos quilómetros, e é aí que fugimos de nós, que tentamos, nessa distância, que por nos isolar e nos devolver, ao trazer-nos tanto a nós, nos traz o que queremos distanciar, aqueles que nos têm. Mesmo que nunca os tenhamos.

A lua está sublime, meio escondida por trás das oliveiras. O céu deixa a um canto os melhores espectáculos. E o vinho, branco e fresco, deixa-a tão ternurenta que dói. E é tão bonito ao mesmo tempo. A ternura tem de doer sempre?
Ora um mocinho destes é que combinava com a brasa que estava...
... mas não, só mesmo na imaginação, e na fotografia, pronto....
... se calhar este é só para jipes... quando comprar um pode ser que me apareça um destes :)))
Mas ainda há esperança na humanidade, enquanto esperava dois mocinhos pararam para perguntar se precisava de ajuda... nenhum como o da foto... infelizmente, podia ser que nesse caso pensasse nalguma coisa para poderem ajudar... um percalço destes é que era ;))
Eheheh 

Se podia correr tudo bem e sem percalços?
Poder, podia... mas não era a mesma coisa...
[...hummm e este fresquinho de quarenta graus? Um mimo!]

terça-feira, 4 de agosto de 2020




Melhor que um banho de lua destes, mergulhado em silêncio, que apaga quase todas as estrelas do céu, e nos deixa ver tudo tingido duma luz de prata vários palmos à nossa frente... só isto, mas com uma companhia de duas patas e menos pêlo que não estragasse o silêncio. Tem de haver comunicação, mas sem destruir o silêncio. Sem silêncio o luar perde a magia, pode continuar belo, mas deixa de ser mágico. Como algumas conversas, as melhores.
Gosto, e apetece-me. E posso, e gosto tanto de fazer o caminho, como parar onde for a meio ou depois ou antes, como gosto (espero eu) do destino. Devíamos ser assim em tudo. Desperdiçaríamos menos tempo, tudo tinha o seu encanto... e agora vou :) finalmente descanso, silêncio, ares diferentes, distância.

[so espero que não haja incêndios, agora estamos sempre com isso presente... eu pelo menos estou... ainda venho a toque de caixa, eu e a pintarolas para a segurança do lar que é um mimo...]

domingo, 2 de agosto de 2020

[cãibra - Miguel Martins]
Isto tudo.
Isto tudo que já foi, isto que me lembra o que um dia fui,
ou senti - sim talvez seja melhor dizê-lo assim.
Isto lembra-mo, e muito.
Comungar dos corpos esfaimados como quem reza a um deus maior.
Precisar do outro para sermos mais nós, mais inteiros.
Precisar do outro para nos despir mais do que saberíamos,
ou nos atreveríamos.
Precisar dele para nos despir de toda a humanidade que os dias,
deste mundo que tanto corre, não sabem vestir.
Para aprender que, no fim, será só o que nos resta.
E nos faz sentir vivos, mesmo matando-nos.
Isto tudo relembra-me o que não foi, o que não fui,
e o que quero:
Isto tudo.