Talvez não haja receita, talvez a receita se vá fazendo. Juntando isto e aquilo que se gosta, que apetece experimentar, e que no fim se quisermos repetir não saberemos tudo o que fizemos, como o fizemos, qual foi o detalhe que resultou na delícia que não sabemos como aconteceu, ou no tremendo desastre em que se tornou a mistura de tanta coisa que se gosta, mas que não resultou bem.
Há coisas que não se repetem, ficam guardadas, imaculadas, intactas em recantos de nós que nem sempre queremos revisitar, mas queremos repovoar de coisas boas que se vivam a cada dia: as que não têm receita, as que se improvisam ao som do coração, as que vão saindo das mãos, e da alma, sem estratégia, as que nascem sem previsão. Talvez um resultado de nos lambuzarmos e lamber os dedos tenha sempre o condimento da imprevisibilidade, da surpresa, da espontaneidade que nos arranca duma rotina que parece roubar na memória do passado os desejos futuros - aqueles que um dia quisemos e acreditámos, e se foram diluindo em banho-maria num dia a seguir ao outro, sem surpresas. É a surpresa, aquele brilho do voo que esquece o chão dos pés, o atravessar o que estava riscado, é arriscar tudo de novo de mão solta e atrevida, essa que nos dá de presente o agora - a consciência de estar presente no agora, e sermos sempre agora - que faz do tempo momentos, porque os arrancamos à linha dum dia que se afunda no marasmo de todos os outros.
Há coisas que não se repetem, ficam guardadas, imaculadas, intactas em recantos de nós que nem sempre queremos revisitar, mas queremos repovoar de coisas boas que se vivam a cada dia: as que não têm receita, as que se improvisam ao som do coração, as que vão saindo das mãos, e da alma, sem estratégia, as que nascem sem previsão. Talvez um resultado de nos lambuzarmos e lamber os dedos tenha sempre o condimento da imprevisibilidade, da surpresa, da espontaneidade que nos arranca duma rotina que parece roubar na memória do passado os desejos futuros - aqueles que um dia quisemos e acreditámos, e se foram diluindo em banho-maria num dia a seguir ao outro, sem surpresas. É a surpresa, aquele brilho do voo que esquece o chão dos pés, o atravessar o que estava riscado, é arriscar tudo de novo de mão solta e atrevida, essa que nos dá de presente o agora - a consciência de estar presente no agora, e sermos sempre agora - que faz do tempo momentos, porque os arrancamos à linha dum dia que se afunda no marasmo de todos os outros.
O momento que fica cria um sítio onde sabemos que estivemos, que estamos, que a partir daí somos e seremos.
Que se cozinhe a vida sem receita, sem medida e sem tempo e que o tempo se faça assim, desfazendo-se a cada esquina da rotina, a desafiar a surpresa a rédea solta. Não, não é difícil, é só de vez em quando esquecer os planos, mandar a receita às urtigas, fechar os olhos e deixar os cheiros abrir, abrirem-nos, guiarem-nos os sentidos rumo à vontade de novos paladares que costuramos às escuras, à medida da vida que gostaríamos de ter, sem saber como resultará, mas acreditando que quando se faz algo com amor tudo acabará num sorriso, mesmo que, às vezes, de barriga vazia... mas bolas... de alma inteira, temperada com vontade de trincar e ser trincada.
Sabes Vi, identifico-me muito com o que escreveste (e de que maneira);)
ResponderEliminar;))
ResponderEliminar(às vezes a melhor receita é esquecer todas as receitas...)