Porque nós estamos aqui.
Aqui onde te entrego os meus bolsos,
e - repara - as tuas mãos cabem.
Nós estamos aqui.
Vasco Gato
[O nós é um aqui que tu nunca frequentaste,
onde sempre te guardei lugar,
com a tua mão na minha,
num bolso que guardava o que sentia.
Aqui é um lugar onde a tua mão cabe na minha,
mas onde a minha nunca coube na tua.
Aqui é onde se entrega o que não se escolhe dar.]
(escrito quando senti alguém o lugar de mim)
Nós foi um lugar aqui,
aqui já não é um lugar,
aqui perdeu a geografia.
Aqui perdeu-se no tempo perdido
onde em tudo me cabias
onde contudo nunca te tive cabimento.
onde contudo nunca te tive cabimento.
Aqui é um tempo que fez tempo
na geografia dos meus afectos.
na geografia dos meus afectos.
Aqui nunca te foi agora, já.
Aqui já não é ainda
Aqui foi-me ainda muito depois
do depois de nós aqui ter sido
Aqui já não é sequer depois,
aqui é onde não cabe senão o vazio
do que não foi acolhido nem devolvido,
do que se entregou e não se escolhe dar.
Aqui foi um tempo verbal de amar
sem futuro
com passado no singular
e presente vazio imperfeito.
Aqui, eu sem ti.
o amor, sempre o amor... é tudo o que temos nos dedos.
ResponderEliminarum beijo com a luz da lua, vi. :)
Alaska,
ResponderEliminarO amor é tudo e não é nada, mas os dedos não sabem nada disso, apenas se deixam dançar à música que toca, muito depois do silêncio o calar... Talvez seja um violino como o teu...
Beijo de luar para ti
já nã posso escrever sobre bolsos sem pensar no que aqui li :)
ResponderEliminarUm nós que pode ser uma casa, um porto de abrigo.
ResponderEliminarO que acontece quando ele desaparece?
Há vazios difíceis de preencher.
:)
Manel,
ResponderEliminarO Vasco Gato tem coisas que gosto muito ... E realmente aqui é um bolso de fundo descosido, dos teus ;)
(mas os meus também parecem ser assim, perde-se muita coisa por estes bolsos sem fundo, há vezes até que somos nós que caímos ao chão por lá...)
Bom dia, mau tempo (aqui está sol...)
Imprópria,
ResponderEliminarNão sei, também me pergunto, ando à procura da porta para fora do vazio mas não encontro fechadura por onde me escapulir de uma casa que já não abriga nada que me faça bem... O vazio só se pode preencher se não estiver ocupado, ha vazios atafulhados... E então eu que tenho a mania de guardar coisas demais...
Bom dia!