... descrente no amor, crente que o amor se resume à poesia que nos cavalga o sangue até ao coração, que fica a correr dentro de nós tempos tão incalculáveis como improváveis, resume-se a romances dentro de livros, de filmes, de músicas que fazem nascer sorrisos de reconhecimento nas letras, que o amor é só uma óptima ficção, mas sonhada, vivida - de forma ímpar - a solo... a solo, não a par. Há um mundo de diferença, um sonho gigante que os separa. O amor, o que todos querem, o que todos apregoam, que é a estrutura de tudo, o que no fim a tudo de resume, aquele elixir de vida que vicia como droga que faz sorrir de felicidade, que faz as cores mais vivas e o coração mais sensível - o que, afinal, todos querem, mas que é apenas um best-seller. Um sucesso de bilheteira. Um produto muitíssimo apetecível, afinal. E há dias em que tenho a certeza que é só um caso de sucesso de marketing, nada mais... Já não acredito no amor, que o amor é a única coisa por que perdemos o medo, por que fazemos o que for preciso se for preciso, que é a única coisa que faz nascer forças das cinzas, que nos faz sermos muito melhores do que alguma vez pensámos. Já não acredito porque na minha cabeça amor era uma coisa a dois, era reflexo e espelho, eram as mãos dadas, juntos no que fosse preciso, para o que fosse preciso. E isto não existe, fazem-nos crer que sim, mas não, é uma alucinação colectiva, com a publicidade mais bem conseguida em todas as artes que nos tocam os sonhos, e que nos vendem esta ideia. O amor é uma coisa nossa, creio que mais imaginação que realidade, mais sonho do que chão onde se caminhe.
Já não acredito no amor, e é talvez por isso que também já descreio na humanidade... Que afinal de contas é dependente do amor, das suas variadas facetas: de compaixão, solidariedade, amizade... a humanidade depende da capacidade de amar de alguma forma. Humanidade e amor: não há humanidade sem amor, e o amor pleno vai além da humanidade. Sem amor nem gente chegamos a ser, e os animais amam melhor.
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