sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017


Atravesso os campos como quem passeia pelo seu peito sem voz.
Corpo abandonado, pele em pousio, peito por lavrar de beijos semeados com amor, colheita sempre urgente no desejo quente como sol de verão. Peito desabotoado de quem o proteja de intempéries, que o salve de pragas, que entre e o abotoe por dentro, cada botão a fazer-me casa, num gesto que me toca e me aproxima. 
Assim como quem fecha a porta por dentro e tranca o mundo lá fora. 
Assim como quem se abotoa mudo a um peito sem voz.

4 comentários:

  1. não deixes a tua derme ao abandono...as tempestades apenas tornam as coisas mais fortes. As sementes existem em ti...deixa-as germinar...


    bom dia

    :)

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  2. um peito sem voz deve ter tantas palavras lá dentro :)

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  3. Moonchild,
    Eu não abandonei nada... Mas também não acredito que germine coisa alguma.
    Bom Fim‑de‑semana :)

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  4. Laura,
    Palavras tem muitas. Atafulhadas, às vezes até se atrapalham para sair sem saberem como...
    ;)

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