Está uma noite como o verão parece já não usar. Até a varanda se ressente.
Fumo o último cigarro e procuro no céu a pestana que perdi de vista. Nisto penso que gosto do silêncio, com este burburinho da rua que se deixa atravessar por carros daqui e dali. Um silêncio que não atrapalha, não incomoda. Não se aloja no que ficou por dizer, não desaloja o que disse. Um silêncio que não se pede, nem é oferecido, que não é a soma de tudo o que foi calado, mas preso no coração. Há quem fale só para calar o silêncio entre as pessoas. É bom quando não é preciso. É bom quando o silêncio não queima, não gela, e não nos grita. Nao provoca, acomoda-nos como um abraço onde nos aninhamos de olhos fechados e coração aberto. Aqui deitada, de olhos perdidos no negro do céu, penso que há silêncios com a temperatura certa. Como esta noite, aqui e agora. Deixo-me ir pelo silêncio. Deixo-me ficar por aqui.
Viagem serena, certamente.
ResponderEliminarNoite boa, Menina Olvido
... tens razão, talvez a palavra fosse mesmo essa: serenidade.
EliminarAproveita a noite, que está boa outra vez, Perséfone :)