sábado, 7 de setembro de 2019

...maravilhosa ronha.
Parar os dias feitos a correr, compensar o sono dormido depressa, deixar-me estar na lassidão do não dever, apreciar o tempo vazio a saber-me a tempo inteiro e pleno.  Tão bom. Não me apetece sair daqui. Não me apetece que haja mais nada, apetece amputar o mundo a um quarto e fazê-lo universo, vida aparte, coisa minha. Há a sensação de que se não sair, o tempo não passa. Mas eu quero que o tempo passe. Todo. O tempo engole tudo ou quase, fica só o que está, o que é, e ainda bem. Quero que passe e me leve tudo o que será de o levar, mas agora, este tempo aqui, parece imóvel, fixo, casa., como se fosse meu, parece só conforto e retorno... Depois há a fome, é tramada.  O corpo acorda-nos, faz-nos regressar à superfície da pele, e leva-nos. A alma poderá conseguir ser imune ao tempo , o corpo nunca. E o amor?  O amor que é corpo e alma? É talvez aquele espaço de ronha, onde o mundo pára,  que engana o tempo, mas que a fome surpreende ?

2 comentários:

  1. "A beleza do espírito, causa admiração; a da alma, estima; e a do corpo, amor." Bernard Fontenelle
    Olá Vi, o tempo engole tudo se ficares muito tempo na ronha:)

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    1. Olá Legionário, tinha-me passado este comentário... mas olha que não concordo com o Bernard, não acho que a beleza do corpo cause amor... pode causar algumas e variadas coisas, mas não amor. Ainda que se possa amar alguém a quem se admire a beleza do corpo, o que não é a mesma coisa.

      Bom dia :)

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