terça-feira, 23 de janeiro de 2018




[fotografia roubada ao Impontual no seu jogo, aqui , que eu joguei assim (ou quase): ]


- Mas estás com pena? De quê? Penas temos muitas, é por isso que voamos. Aos outros as penas pregam ao chão, pesam-lhes, a nós fazem-nos rasar o céu e cheirar o azul.
- Pena? Não tenho pena, não, mas às vezes dizem-me (sem saber o que dizem..) que tenho pêlo na venta, como costumam dizer os que penas não têm mas também não voam... eu não tenho pena, tenho raiva, às vezes tenho muita raiva. 
- De quê? Nem dentes tens para rilhar a raiva como se quer... Vá não comeces, vais para a outra ponta da casa só para que te persiga, não é?... olha, a água em volta não te acalma? Olha, repara... Eu estou aqui, volto sempre, não volto? Se volto é porque quero, senão por que estaria aqui e não lá? Explicas-me?
- Voltas, voltas sempre aqui como voltas sempre ao sítio que te leva daqui. E usas as mesmas razões sob luzes diferentes. Sabes... mudas a plumagem sem te mudarem as penas... ou sem pena de virares casacas para nunca teres frio. Um dia estas águas calmas engolem-te e não haverá lado da casaca que te que te aqueça, nem luz que te salve o argumento... agora deixa-me que me crescem os dentes.

2 comentários:

  1. Deixar que nos cresçam os dentes não faz mal nenhum. Por vezes, é mesmo a melhor e a mais acertada resposta. Limpa o tabuleiro para o jogo seguinte ;).

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    1. :)) sim, mas depois convém fazer alguma coisa com os dentinhos, só descabelarmo-nos mas com dentição afiada não vale muito a pena...
      E o jogo não é meu, não me cabe a mim limpar o tabuleiro ;)

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