domingo, 7 de janeiro de 2018



Acordo enrolada nos lençóis do amor que não tens, do amor que é teu, do amor que se te enroscava nas pernas enquanto o sono nos agarrava juntos, entrelaçados, da mão que deixavas poisada na minha pele, numa qualquer curva em que se aninhava o calor ou uma beleza que só tu vias, do amor que ouvias nos golfinhos em que o meu adormecer mergulhava e tu atentavas, dizias-me. acordo com a cabeça encaixada no teu peito, desencaixada do tempo que já não existe, dum amor que é teu e não tens, dum amor que se me alojou cá dentro e te desalojou a ti e aos vindouros. tu já não és o meu amor nem o meu amor és tu, mas o meu amor é teu e tu não o tens, respira mas não existe. como esse pedaço de peito que é meu, que me deste, que amo e não reclamo. esse peito que não guarda o meu amor que guardo no meu, num domingo de ronha que me acorda contigo dentro do nosso cheiro, enroscado na minha pele. e eu rio-me dentro dum sonho que não acorda.  nunca foi teu.

5 comentários:

  1. "Amo o real quando amo os meus sonhos." Fernando Pessoa

    Boa tarde, Vi:)

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    1. :))
      Os nossos sonhos são também a realidade que nos faz, por isso somos sempre um pouco aquilo que gostaríamos de ser, ainda que nem sempre o concretizemos verdadeiramente.

      Boa noite, Legionário :)

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  2. Acredito que o amor, aquele que é único, não deixa lugar para mais nenhum.
    :)
    Beijos Olvido

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    1. Estou à espera que a vida me prove o contrário, sem grande convicção, é certo... deveria haver sempre espaço para um amor sentido, talvez haja vários únicos, sentidos de forma única, cada um deles.
      beijo, JI :)

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