(...)
sim, cria comigo esse silêncioque nos faz nus e em nós acende
o lume das árvores de fruto.
diz-me que há ainda versos por escrever,
que sobra no mundo um dizer ainda puro.
Vasco Gato
[sim, diz-me que ainda há no mundo o puro desejo
de ser silêncio a dois, indizível e indivisível,
de ser silêncio a dois, indizível e indivisível,
de sermos nós despidos de tudo que não seja nudez,
diz-me que te falta sentir falta de tudo que não nos é,
e que é ruído o que não nos ouvimos de dentro
diz-me que o calor que a pele fundiu e reteve
diz-me que o calor que a pele fundiu e reteve
ainda sonha, a cada migalha de silêncio
semeada nos barulhos do mundo.
fala-me da memória do silêncio
que mal alimenta a pele]
semeada nos barulhos do mundo.
fala-me da memória do silêncio
que mal alimenta a pele]
Sentir falta é diferente de sentir saudade. A saudade bate, agonia, estremece. A falta congela, chora, entristece. A saudade é a certeza que a pessoa vai voltar. A falta, é o querer ter de volta, mas saber que "não vai ter"...
ResponderEliminarBom dia, Vi:)
Sim, saudade é diferente de sentir falta do outro, na verdade acho que saudade é o vazio que se sente por alguém ter consigo parte de nós, a que não chegamos por ele não estar connosco, não estar perto, não ser perto. Agora já a parte de saudade ser a certeza que a pessoa vai voltar, não sei se é, embora no que me toca, empiricamente tens razão no que a vivos diz respeito... mas a saudade dos que foram sem retorno? É saudade, não há como não ser, Legionário.
EliminarMas a falta que falo é a falta de se sentir falta do resto do mundo. Às vezes está-se tão bem nesse mundo próprio que se criou, com linguagem íntima e vocabulário só nosso, que nos esquecemos do resto do mundo, não lhe sentimos a falta - há falta de sentir falta. E sabes, por muito bem que isso saiba - que sabe, tão, mas tão bem - depois começamos a pensar que não há forma de transportar o nosso mundo para o mundo real e de todos, como se esse mundo paralelo não pudesse ser tangente à realidade...
Bom dia, Legionário.