Triptico de regresso a casa... não conhecia os primeiros, gostei, vou pesquisar. A sonoridade dos segundos encaixa bem com os meus finais de dia, mas já era conhecida. E a última, além de me ter encantado pelo nome que se derrete na boca, embala-me as ideias no caminho... deixei o video porque adorei o filme (bom, e porque tem a Monica Belucci, que cá por coisas minhas me faz lembrar coisas que me fazem sorrir..)
terça-feira, 30 de janeiro de 2018
Triptico de regresso a casa... não conhecia os primeiros, gostei, vou pesquisar. A sonoridade dos segundos encaixa bem com os meus finais de dia, mas já era conhecida. E a última, além de me ter encantado pelo nome que se derrete na boca, embala-me as ideias no caminho... deixei o video porque adorei o filme (bom, e porque tem a Monica Belucci, que cá por coisas minhas me faz lembrar coisas que me fazem sorrir..)
[imagem @33thirdmedia]
Ao ver esta imagem lembrei-me da frase:
"Proibida a entrada a quem não andar espantado de existir"
( de José Gomes Ferreira),
e de repente fiquei com muita pena de eu não ter um muro visível ao meu redor, onde pudesse escrever tal espanto de frase... evitar-se-iam tantos dias poucochinhos e gente rasa, que com o espelho de água oculta a falta de profundidade e de tanta coisa que preciso.
Todos devíamos trazer uma frase pintada num muro que nos rodeasse... pergunto-me que frases leria por aí, e que muros teria vontade de trepar depois de ler...
Bom Dia!!
[foto @gregbionde]
Deixa que os meus olhos se fechem
E confiem um minuto nos teus
Olha por mim, protege o meu sonho
Vigia o meu descanso e afasta-me de todas as mágoas
Com os teus beijos apaga as lágrimas que correm pelo
meu rosto
Envolve-me nos teus braços e, cuida de mim
Preciso do teu apoio, do teu abraço, do teu sentido
Deixa-me descansar e,
Adormecer no teu peito
Deixa que os meus olhos durmam
nos teus...
Deixa-me sonhar
Deixa que sonhe com a tua boca
Com as tuas mãos, com os teu beijos,
Com teu corpo na minha pele
Com o teu calor a queimar-me por dentro
Com tudo o que quero de ti
Deixa que os meus olhos despertem
com o sol a romper nos teus olhos.
Albano Martins
[deixa que os meus olhos durmam nos teus sonhos,
e que a tua boca desperta, sonhe com a minha.
deixa-me sonhar no teu peito que durmo contigo
com as minhas pernas a abraçarem-te inteiro
por fora do sonho,
dentro do nosso sono]
segunda-feira, 29 de janeiro de 2018
Quando passo por ele, calcanhar no chão como dizia, e determinação dobrada pela força da mágoa de algo que tinha ouvido, agarra-me pela cintura, tocando-me num ponto estratégico na medida certa, com a força exacta, senta-me ao colo dele, tinha tomado conta da situação, de mim, e eu rendida, mas calada para que não se notasse, como se não tivesse percebido o que se passou. Foi aquele gesto, aquele gesto preciso, com aquela indubitável intenção e toque afinado, que me desmontou, que me desfez de razões. Não foi nada do que me dizia, a voz e as palavras não me desatam certos nós, talvez só as mãos, talvez só o calor da pele perto, talvez aquele toque preciso, talvez apenas a sensação da vontade dele de querer ficar bem, de saber e fazer por ficar bem comigo. Agarrou-me porque queria, porque me queria, porque nos queria bem. No mimo. Em nós. Sem nada desentendido pelo meio. Entendemo-nos sempre. Sempre.
(...)
sim, cria comigo esse silêncioque nos faz nus e em nós acende
o lume das árvores de fruto.
diz-me que há ainda versos por escrever,
que sobra no mundo um dizer ainda puro.
Vasco Gato
[sim, diz-me que ainda há no mundo o puro desejo
de ser silêncio a dois, indizível e indivisível,
de ser silêncio a dois, indizível e indivisível,
de sermos nós despidos de tudo que não seja nudez,
diz-me que te falta sentir falta de tudo que não nos é,
e que é ruído o que não nos ouvimos de dentro
diz-me que o calor que a pele fundiu e reteve
diz-me que o calor que a pele fundiu e reteve
ainda sonha, a cada migalha de silêncio
semeada nos barulhos do mundo.
fala-me da memória do silêncio
que mal alimenta a pele]
semeada nos barulhos do mundo.
fala-me da memória do silêncio
que mal alimenta a pele]
domingo, 28 de janeiro de 2018
Pelos caminhos da vadiagem:
... a correr e a saltar
... com o rio a espreitar-nos entre os vultos que não o vêem.
... com o sol quase a pôr-se e nós a pararmos para beber um café à sua despedida.
...e depois ficar a pensar, enquanto o café amargo se acomoda no palato, que a frase do filme de ontem "chama-me pelo teu nome, que eu chamo-te pelo meu" tem nas suas raízes mais beleza que o melhor por-do-sol que possa ver.
Aqui sentada, luzes apagadas, cigarro a queimar devagar e o silêncio das letras na mão, vejo a lua quase a fugir da janela em frente. Admiro-lhe o brilho da luz, a solidão entre a escuridão e a altivez das deusas. Sussurro-lhe em atrevimento, entre a inclinação do sorriso e a curva da orelha, se não mas empresta, só um bocadinho, só para que outro alguém no mundo, também entretido nos seus silêncios, uma noite se alheie de tudo ao ver-me assim. E que olhando-a, enfeitiçado, para sempre me veja.
sexta-feira, 26 de janeiro de 2018
Acabei de ter essa certeza.
Quem me pode salvar?"
Roubado ao Dias Cães.
[O meu medo a mim não me trava,
mas não me deixa andar o medo alheio.
Trava-me as pernas
ainda que o medo de andar não seja meu.
Doença alheia, tua,
mas dor própria, minha.
E eu, a cura da doença que te tem
que só a mim me dói.
Tu não és cura para doença minha,
tu és a doença para a minha cura,
a doença tua que a mim me dói.
Se te curo não me dói.]
quinta-feira, 25 de janeiro de 2018
[foto @mr007]
O café quente entre as mãos, a esfriar o silêncio que a chuva entretém lá fora.
O tempo que se quer a correr e nunca perdido, mas em que nos perdemos.
A cabeça nas próximas horas quando estas ainda estão entre mãos.
O dia hoje a começar-me mais cedo e todos os começos me parecem sempre tardios.
Talvez seja da chuva, talvez seja de ser cedo.
[foto @jeannoirphotography]
"Dentro de cinco minutos, acrescentou de súbito baixando o tom de voz - inclinara-se um pouco na direcção dele, com os cotovelos sobre a mesa e os dedos entrelaçados, olhando-o com desenvoltura -, quero que vamos até ao hotel, que faças amor comigo e que me chames de puta. Capisci?
(...) necessito com a máxima urgência que me abraces com uma violência razoável mas contundente e deixes em branco o conta quilômetros do meu cérebro. Ou que o partas. Tenho prazer em comunicar-te que és muito bonito, Faulques. E estou nesse ponto exacto em que uma francesa passaria a tratar-te por tu, uma suíça tentaria averiguar quantos cartões de crédito trazes na carteira e uma norte americana perguntaria se tens preservativo. De modo que- olhou para o relógio - vamos para o hotel, se não vês inconveniente.
(...) levantou-se para se aproximar da janela e, olhando para a fachada desguarnecida e escura de San Frediano in Cestello pronunciou as únicas dez palavras seguidas que Faulques ouviu naquela noite: já não há mulheres como a que eu queria ser."
Perez Reverte, in O Pintor de Batalhas
Sinto assim também - não há mulheres como a que eu queria ser, a não ser em livros ou filmes, fruto da imaginação de alguém, e também da minha. Um pouco como esta que aqui se lê - foi o que pensei quando li a frase que associa o seu estado de espírito a francesas, suíças e americanas... fez-me sorrir pela inteligência malandra, e pela maneira como francamente se diz indirectamente que se quer alguém com vontade, muita vontade sem vergonha de a ter. Quando o li pensei que gostava de ser um pouco esta mulher (ainda antes de ler a única frase completa que numa noite de amor ela proferiu), com presença de espírito, uma pitada de humor inteligente maravilhosamente encaixada, sem falsos pruridos, vergonhas hipócritas ou acanhamentos toscos, sem filtros e sem medo. Com a dose certa de segurança, independência e alguma doçura ao mesmo tempo. Doçura, ternura e meiguice, sem ter medo de ser, ou parecer, fraqueza - de pedir.
Há alturas em que chego a pensar que, por dentro, não estarei muito longe, mas falta-me um contraponto para descobrir tudo o que posso ser, para fazê-lo respirar e sentir-se. Para ser plenamente, afinal. E então percebo que estou longe. A mulher que queria ser não precisa de contraponto para saber que é - o que é-, sabe e ponto final. Falta-me também isso.
quarta-feira, 24 de janeiro de 2018
Verdade.
É também por isso que há más decisões. Se forem más por assentarem num suposto erro é porque talvez não o seja... o erro está, sim, muitas vezes, em não se assumir o que se quer, rotulando como erros sucessivos a nossa vontade indomável. E a vontade é sempre indomável,
só as decisões se domesticam, e muitas vezes mal. É um erro.
terça-feira, 23 de janeiro de 2018
- Mas estás com pena? De quê? Penas temos muitas, é por isso que voamos. Aos outros as penas pregam ao chão, pesam-lhes, a nós fazem-nos rasar o céu e cheirar o azul.
- Pena? Não tenho pena, não, mas às vezes dizem-me (sem saber o que dizem..) que tenho pêlo na venta, como costumam dizer os que penas não têm mas também não voam... eu não tenho pena, tenho raiva, às vezes tenho muita raiva.
- De quê? Nem dentes tens para rilhar a raiva como se quer... Vá não comeces, vais para a outra ponta da casa só para que te persiga, não é?... olha, a água em volta não te acalma? Olha, repara... Eu estou aqui, volto sempre, não volto? Se volto é porque quero, senão por que estaria aqui e não lá? Explicas-me?
- Voltas, voltas sempre aqui como voltas sempre ao sítio que te leva daqui. E usas as mesmas razões sob luzes diferentes. Sabes... mudas a plumagem sem te mudarem as penas... ou sem pena de virares casacas para nunca teres frio. Um dia estas águas calmas engolem-te e não haverá lado da casaca que te que te aqueça, nem luz que te salve o argumento... agora deixa-me que me crescem os dentes.
segunda-feira, 22 de janeiro de 2018
...ora então, bom dia!!!
De regresso à "lókura" do dia-a-dia, já com os olhos postos na sexta-feira e a língua, juntamente com os bofes, de fora, logo segunda-feira pela manhãzinha...
(... e as fotos que a minha filha descobre e me manda :D )
sábado, 20 de janeiro de 2018
quinta-feira, 18 de janeiro de 2018
terça-feira, 16 de janeiro de 2018
[foto @tarasovm]
Havia alguma coisa que queria muito dizer-lhe, ou perguntar-lhe, mas não sei sequer o quê. Havia só, quando vim embora, uma sensação de urgência que queimava. Perguntei-me o que lhe quereria dizer ou perguntar, e não achei resposta, só aquela sensação me corroía o por dentro. Como uma ferida que se quer pressionar ou uma impressão que se quer arranhar violentamente, quase de raiva, sei lá. Como se quisesse tirar qualquer coisa de dentro de mim, arrancá-la, mas não soubesse o quê, e nada me saísse - como um grito que a garganta não me cedeu, nem a voz condescendeu. Vim assim o caminho até casa, nesta loucura incógnita a que se procura o nome, a cara, o corpo para agarrar, mas onde se encontram apenas fantasmas. Talvez eu quisesse uma resposta qualquer, mas a que pergunta? Que resposta importante, verdadeiramente importante, me falta? Nenhuma. Talvez o meu desespero tenha sido esse. Não me falta saber nada. Falta-me dizê-lo. Gritá-lo.
gostar é estar junto
até quando não.
gostar é estar junto
nem que seja no passado,
o passado presente,
escondido debaixo da pele,
onde o sol não desbota
e a chuva não lava,
onde o fora não chega
e tu não sais.
gostar não é precisar,
é não precisar de gostar,
porque se gosta
sem saber precisar como
precisar é subserviente,
é utilidade.
gostar é selvagem,
serve-se a si próprio
e não serve para nada,
não é escravo de nada
senão de si mesmo
estar junto é gostar
sempre que sim.
é utilidade.
gostar é selvagem,
serve-se a si próprio
e não serve para nada,
não é escravo de nada
senão de si mesmo
estar junto é gostar
sempre que sim.
segunda-feira, 15 de janeiro de 2018
O nevoeiro lá fora já tapa a torre. Cá dentro, só a luz de fora.
Não há barulho, nem dentro nem fora, só um carro passa de quando em vez. E eu aqui, agora, sem saber se fumo mais um cigarro ou se deixo o silêncio arder na penumbra. Gosto desta luz, gosto desta sala, gosto deste cadeirão em frente à lareira apagada, ainda que goste mais quando está acesa, crepitante e ardente, ou depois, quando as chamas adormecem para nos oferecer o doce calor do braseiro, que se alonga noite dentro. A rua acomoda a luz alta dos candeeiros, logo aqui ao lado, do outro, as sombras nas paredes. As pernas esticadas apoiadas na parede como tantas vezes estiveram. O cansaço assoma-me o corpo mas não me adormece o espírito, que não se cala, no silêncio desta sala. Há tanta coisa por dizer, talvez por isso o silêncio seja tão precioso, para o manter por dizer, para o manter falado para dentro. Talvez o mau silêncio seja aquele que temos connosco. Quando nada temos a falar-nos por dentro não temos nada para guardar, nada ficou por dizer. Talvez o por dizer faça parte do nascimento do porvir que podemos gerar.
O nevoeiro lá fora tapa a torre, e a árvore do vizinho mal a vejo, adivinho-a só porque a sei, e ela aqui tão perto. Há coisas que só se vêem se se souberem, e depois de as saber vêem-se sempre, mesmo com nevoeiro - apesar do nevoeiro.
sábado, 13 de janeiro de 2018
A páginas tantas:
-mas eles têm de esforçar-se, dizer, mostrar que querem conhecer a pessoa!! - diz ela... pela décima vez, mas doutra maneira...
- mas o que é que tu queres? Que caia um moçoilo de pára-quedas na varanda e diga: olá, eu sou o Zé Carlos e estou aqui para te conhecer na intenção de bons compromissos futuros? - digo eu, já em desespero de causa...
...
Mais umas páginas folheadas de conversa e:
- é nessa altura que tem de entrar em acção a testosterona pahh!!! - diz ela em sua defesa e em defesa da iniciativa masculina.
- ... pois, mas ele é tímido e a testosterona também...
E assim se passa o tempo de tertúlia pós-jantar... valhamedeus para as conversas de gajas, a nós vale-nos (ao menos) umas boas e sonoras gargalhas como banda sonora para tanta parvoeira...
...
...meu doce vampiro.
Agora sim... o fim de dia a começar no sofá...
[desenho @virgola_ ]
Dias que me apetecem assim: de mim para mim, num dentro e fora dum livro, nas entrelinhas do acinzentado do dia, a desfiar calores ausentes. Com a bicha aos pés depois dum passeio pelos silêncios.
Apetece, mas primeiro trincar qualquer coisa que não palavras... mesmo que não apeteça.
sexta-feira, 12 de janeiro de 2018
[foto @nurukimondo1]
Hoje era daqueles dias, ou noites, que ficaria aqui a desenrolar pensamentos e palavras que não tenho tempo de pensar ou escrever. Apetecia-me conversar devagar, divagar com um copo de vinho a quatro mãos, uma conversa sem rumo traçado. Tenho a bicha aos pés a dormir, e a mim o sono ainda não me beliscou mesmo tendo dormido tão pouco, e estou aqui, no sofá, às escuras, só a luz do computador ilumina além da luz que entra pelas janelas, vinda do outro lado do mundo - o lado de fora. Estou cansada, mas hoje não estou derreada e apetecia-me descansar os dias numa conversa lenta, daquelas que se desenrolam bem à lareira e combinam com frio do lado de fora do vidro.
Tenho tantas perguntas, tantas respostas guardadas no tempo e tanto tempo guardado por dentro. E esse para onde irá?
Vou continuar sempre assim, ou haverá um qualquer acaso na minha vida que me fará encontrar-me noutro olhar? E isso dar-me um novo mundo para olhar com os mesmos olhos? Não faço ideia do que me espera, tenho curiosidade e medo, sei que o tempo me dará as respostas que tiver, e as que não tiver far-me-à mudar as perguntas, ou matar-me antes. Depois penso no agora, no que penso, no que sinto, no que não quero sentir, no que não compreendo e nessas respostas que não tenho. Sei que me ponho a divagar e a rodar sobre mim mesma e o que vivi e o que me faltou viver - ou não faltou, só não vivi. Sei que me apetecia conversar e sentir um conforto qualquer, sei que me apeteciam uns olhos que me ouvissem com atenção e umas mãos que me falassem com carinho da doçura que lembro. Da ternura, do desejo inteiro, do sentir completo. Sei que me falta tudo, mas que tenho tudo o que preciso porque vivo, estou viva, mas não sinto. E penso que o que não se sente não existe, não para nós, não cá dentro. É como a luz que me entra na janela, vem de fora, se não a visse, se não a sentisse entrar-me nos olhos, para mim não existiria. Como não existe para um cego. E eu - agora, neste momento - existo para alguém? Agora, talvez só para esta bicha que tenho aos pés, ela sente-me porque se aninha no meu calor. Eu aninho-me ao ela precisar de mim. Preciso sempre que precisem de mim, senão parece que não me sinto existir. Como hoje. Como ontem, como há tanto tempo, e por quanto tempo? Só o tempo responderá... E o tempo que perguntas terá? E o sono quando me apagará as palavras que não saem do sítio, à volta sobre si mesmas e ao meu redor? Quero dormir, apagar a cabeça e esquecer. Esquecer que penso, esquecer que me apetecia conversar e que o vazio, às vezes, ainda me arranha a alma por dentro. Ela sente, mas já não grita. Só quer conversar, e que o passado corte rente as unhas e fale baixinho dos seus ruídos ensurdecedores. Quero descanso de mim e do tempo que me ignora, mas a que o mundo obedece cego, sem o ver passar. E eu, eu só o queria ver passar ao ritmo intemporal duma conversa sem tempo.
quinta-feira, 11 de janeiro de 2018
No idea...
... with lots of ideas to do in bed...
Dormir, ler, sonhar, fechar os olhos no calor do corpo, ronhar, ouvir a chuva da madrugada de ontem como se fosse agora, recordar palavras e sinfonias, escrever, deixar o tempo passar no sorriso que se enraíza e não se desfaz no matinal até ao fim do dia, e mais umas coisitas a inventar a gosto...
E eu aqui... Bahhhhhh...
quarta-feira, 10 de janeiro de 2018
[vi este video há tempos e fiquei a pensar em como a tinta se dissolve sem haver volta, como inunda tudo, depois, com os pensamentos a vaguearem soltos por outras paragens, as imagens regressaram a mim e tudo se conjugou nisto que se segue]
Duas ou três gotas de tinta conseguem dar cor a um jarro inteiro de água, dissolvendo-se, alteram toda a água, espalham-se até não se separarem mais, num caminho sem volta. Tudo ganha a mesma tonalidade - dissolvem-se, rarefazem-se, mas tomam conta. Como algumas memórias se dissolvem nalguns dos meus dias, que de repente deixam de ser meus, são tomados de passados presentes.
O mesmo momento são vários momentos, conforme o bater de cada coração, conforme o respirar de cada alma.
Para uns serão de pouco querer, de nenhuma vontade, resume-se tudo a sonhos de suposição, de brincar de faz-de-conta. Separam o tempo e o espaço e a vida, estanques, nunca chegaram a tingir o resto do tempo.
Para outros, é aquilo que acontece, duas ou três gotas de amor tingem litros de sangue e tantos momentos, dissolvem-se, invadem-nos, não nos largam mais, não se volta atrás, não se tira essa tinta tonta do sangue, passa a fazer parte de nós. Basta que seja amor para tudo se alterar. Para sempre. Mas é preciso que seja amor, uma reacção que altere os dois elementos, por se integrarem, por se entregarem.
Depois há as purgas, as sangrias, as transfusões rápidas ou a suposta recuperação tão lenta que até o tempo parece esquecer de entregar...
terça-feira, 9 de janeiro de 2018
segunda-feira, 8 de janeiro de 2018
domingo, 7 de janeiro de 2018
Acordo enrolada nos lençóis do amor que não tens, do amor que é teu, do amor que se te enroscava nas pernas enquanto o sono nos agarrava juntos, entrelaçados, da mão que deixavas poisada na minha pele, numa qualquer curva em que se aninhava o calor ou uma beleza que só tu vias, do amor que ouvias nos golfinhos em que o meu adormecer mergulhava e tu atentavas, dizias-me. acordo com a cabeça encaixada no teu peito, desencaixada do tempo que já não existe, dum amor que é teu e não tens, dum amor que se me alojou cá dentro e te desalojou a ti e aos vindouros. tu já não és o meu amor nem o meu amor és tu, mas o meu amor é teu e tu não o tens, respira mas não existe. como esse pedaço de peito que é meu, que me deste, que amo e não reclamo. esse peito que não guarda o meu amor que guardo no meu, num domingo de ronha que me acorda contigo dentro do nosso cheiro, enroscado na minha pele. e eu rio-me dentro dum sonho que não acorda. nunca foi teu.
sexta-feira, 5 de janeiro de 2018
"Esse papo já tá qualquer coisa
Você já tá pra lá de Marraquexe
Mexe qualquer coisa dentro, doida
Já qualquer coisa doida dentro mexe"
... adoro este começo, acho delicioso, e as últimas linhas acabam como se recomeça... " 'pra lá de Teerã" numa conversa doida
... adoro este começo, acho delicioso, e as últimas linhas acabam como se recomeça... " 'pra lá de Teerã" numa conversa doida
quarta-feira, 3 de janeiro de 2018
A maior liberdade talvez seja a de não querer ninguém, não gostar ao ponto de o querer para um nós que queremos ser.
A melhor é talvez a que se vive presa a um amor que ama correspondido, que se escolhe amar sentindo não ter escolha.
Penso e escrevo isto, e percebo que anseio pela primeira mas desejo a segunda....
Parece-me que há muito pouca gente livre neste mundo quotidiano de reflexos e miragens, de enganos e enganados.
Só é livre quem enfrenta o medo, ou por não ter nada a perder, ou por poder perder tudo.
E é aqui que me baralho, onde o fio lógico se embrulha sem lógica, onde o fim e o começo se embrulham no meio: eu tenho medo de perder tudo o que não tenho para perder.
terça-feira, 2 de janeiro de 2018
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