sábado, 18 de janeiro de 2020

Os miúdos foram para as suas novas casas. Ficou uma, à espera que eu decida se consigo dá-la ou se desgraço a minha vida. E eu só quero a minha vida de volta, a minha cozinha antes do canil, o ir trabalhar sem ter primeiro de limpar a cozinha (às vezes mais de uma vez). O entrar em casa sem saber o que vou encontrar do lado de lá da porta. E penso nisto tudo, e estou mais perto de o ter, e no entanto, este nó que me engoliu e tenho dentro não se desfaz. É uma raiva e um alívio, um paradoxo de quereres e não quereres, de saberes que tem de ser e doer-te esse saber. E depois este não saber, esta angústia. Se decidir dar a última, a protectora, a mais torcida e teimosa deles, a exploradora da matilha, que põe o nariz em tudo, aquela a que me liguei mais e me parece diferente em pelagem e interiores, só vos digo, vou chorar baba e ranho.
... Por enquanto vou só sair de casa para me esquecer desta sensação de abandono que é minha e há-de ser, ainda mais, do Alentejano, esse texugo de dez quilos e três meses que acabou de se ir embora, conhecer a nova casa, fazer outra família. Foi o último a nascer, terá sido o último a sair de casa?... detesto não saber o que fazer, o que quero, ou o que quero mais. 

2 comentários:

  1. Pois é Vi, há decisões muito complicadas...e quando toca ao que retratas ainda pior...
    A decisão é tua, mas o olhar do canino diz-me muito;)

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    1. O olhar dela é doce de me partir o coração e traquina de me dar cabo da cabeça... :)
      ... não sei que parte me contrariar...

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