quinta-feira, 14 de junho de 2018

Os únicos que se salvam são os que não esperam por ser salvos.
Os que não pensam numa salvação, mas em passar o dia. Hoje, depois amanhã, talvez depois também. Os que inventam uma vida quando não a têm, os que a esquecem se a tiveram, pondo os olhos no amanhã e as mãos a tapar as feridas abertas até que sequem, porque sabem que nunca fecham. Mas não olham para não saber, tapam com as mãos dos dias e com a escuridão tranquila das noites. Nunca esperam ser salvos, sabem que têm de se salvar sozinhos, que não há nada, dia algum na vida, em que deixemos de estar sozinhos - nascemos sozinhos, morremos sozinhos, às vezes, entre uma e outra, distraímo-nos e pensamos que temos alguém ao lado, esperamos que esteja ao nosso lado... Mas os únicos que se salvam são os que não esperam. Nada. Ninguém. E tudo de si.
Não sei se me salvo, e tu?

6 comentários:

  1. eu não me salvei de certeza...mas penso que a partir de agora me venha a salvar! Deixei de acreditar na salvação vinda dos outros!

    -____-

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. eu deixei de acreditar que alguma vez deixamos de ser sozinhos, por isso a salvação, a existir, só pode vir de nós. E se calhar a melhor salvação é não pensar se existe salvação, é tentar viver apenas tudo o que nos for dado viver com todas as ganas que conseguirmos ter... e o resto que se salve se puder.
      A humanidade é muito menos do que alguma vez supus. Talvez venha a reconsiderar o ser humano mas ultimamente é só isso que me parece: muita capa e pouco livro...
      boa tarde para ti, Corvo :)

      Eliminar
  2. É imagem literária bonita.
    Mas, é, bonita imagem literária.
    " Os únicos que se salvam são os que não esperam por ser salvos" .
    A graça de escrever, é lermos o que escrevemos.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. A graça de escrever, para mim, é escrever o que me apetece e o que me vai dentro como o entendo, entendendo que não há mal entendidos quando não estamos a dialogar.
      Cada um lê com os olhos que tem, entendendo o que lê com aquilo de que é feito.
      Há quem leia o que escrevi, e quem possa ler palavras escritas por mim. Há quem não veja nisto diferença alguma, e quem perceba o que quis dizer :) A beleza das palavras é essa, diria eu.

      Eliminar
  3. Olvido, há sempre uma mão que nos aconchega.
    Dia bom em Ti ;)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Será? será que todos temos uma mão que nos aconchegue? Não sei... mas era bom que tivesses razão :))
      Um bom dia para ti, Perséfone :)

      Eliminar