sexta-feira, 29 de junho de 2018



Gosto de levantar voo, não de aterrar. Gosto de sentir a aceleração que nos encosta ao banco, a urgência da pressão a que não se foge. Gosto de sentir a turbina acelerar, o som e a força, e gosto da trepidação nas pernas, o chão a tentar fugir-nos, e depois a ponta levantar e sentirmos como que um formigueiro que nos invade, nos sobe pelas pernas, que nos conquista os sentidos, e então deixamos de sentir o chão debaixo dos pés. E depois, depois navegar a espuma dos céus, com uma outra linha de horizonte. Entre o branco e o azul há uma linha que não separa, junta duas espécies de céu, duas matérias de céu. Aqui não há terra, ou não se vê, o que sendo o mesmo não é a mesma coisa para quem sabe mais do que vê. 
Gosto de levantar voo. Gosto que a aceleração me leve, sem apelo nem agravo. Mas só porque eu escolho assim. E as vezes eu escolho assim.

4 comentários:

  1. Respostas
    1. O pior são as aterragens ;))
      Bom fim de semana, Corvo

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  2. Gostei bastante do que li, só que por vezes...basta o avião sacudir um pouquinho mais, e logo todos os passageiros ficam parecidos com a foto do passaporte:D

    Bom fim-de-semana, Vi:)

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