quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

[foto @gregbionde]

O que eu gosto, o que me encanta, o que me incendeia e arrebata, é essa força da onda movida por dezenas de cavalos selvagens galopantes, que quando arrancam já razão nenhuma os pára - não importa a roupa, não importa o sítio nem a hora, tudo passa a cenário, e a cena é o palco principal donde não se tiram os sentidos, onde nenhum sentido se distrai e a razão é a única traída. Chamem-lhe tesão, chamem-lhe desejo, chamem-lhe loucura, que rótulos há muitos e de nada servem, eu só sei que esta onda que me arrasta do mais fundo de mim para o mais fundo deste sentir, desta coisa, deste furacão indomável que nasce na brisa do seu primeiro toque e acaba com o coração galopante, devastado de prazer mas de alma descansada, como quem cumpriu a razão da sua existência. O instinto da alma, a essência da alma, é amar - há uma sensação de chegada, de finalmente ser inteira de alma até aos ossos. E até os ossos serem alma.
E é isto que me fica, que se guarda cá dentro para sair em palavras que me tiram o sufoco do peito. É isto que me vai às raízes dar de beber, que me acorda a seiva da vida nas veias, no respirar, no brilho que estende o olhar, e que agora, aqui, me saiu de rajada. E há um prazer e uma enorme tristeza nisso, nem tudo é igual, por mais sorridentes que alguns olhos me olhem e se mostrem ponte para alguma coisa, nem tudo me serve à exacta medida da alma, do ritmo galopante do coração que deseja, mas isso será sempre a minha tristeza. O estar provavelmente condenada a ficar contigo até ao fim, sem ti. Em ti, mas noutro.

4 comentários:

  1. A libertação do desejo conduz à paz interior.

    Bom dia, Vi:))

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    1. Ahhh... o desejo conduz a muita coisa, graças a deus. Conduz a paz interior, sim, mas a caminho dá de beber a muita inquietação ;)

      Bom dia, Legionário :))

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  2. "O estar provavelmente condenada a ficar contigo até ao fim, sem ti" uma maneira tão bela de dizer algo tão triste.

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    1. Bem vinda, Somniare :)
      As coisas tristes, muitas, conseguem também ser bonitas. Guardarmos alguém dentro até ao fim é uma forma de amar bonita, sim, mas dolorosa e até castrante. Mas não é uma escolha.
      Bom dia :)

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