sexta-feira, 7 de julho de 2017


Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro
Ergo as pálpebras e tudo volta a renascer
(Acho que te criei no interior da minha mente)

Saem valsando as estrelas, vermelhas e azuis,
Entra a galope a arbitrária escuridão:
Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro.

Enfeitiçaste-me, em sonhos, para a cama,
Cantaste-me para a loucura; beijaste-me para a insanidade.
(Acho que te criei no interior de minha mente)

Tomba Deus das alturas; abranda-se o fogo do inferno:
Retiram-se os serafins e os homens de Satã:
Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro.

Imaginei que voltarias como prometeste
Envelheço, porém, e esqueço-me do teu nome.
(Acho que te criei no interior de minha mente)

Deveria, em teu lugar, ter amado um falcão
Pelo menos, com a primavera, retornam com estrondo
Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro:
(Acho que te criei no interior de minha mente.)


Sylvia Plath
Tradução de Maria Luíza Nogueira

[cerro os olhos... e queria morto o meu mundo inteiro - o que criei a partir de ti, contigo dentro da minha mente. nenhum existe, mas a mente persiste. mente.]

4 comentários:

  1. Talvez Vi, se as coisas fossem como gostaríamos que fossem, mesmo assim as pessoas continuariam a queixar-se de que já não eram como dantes;)

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    1. nem sempre dizer que as coisas já não são como dantes é uma queixa... há coisas que ficam diferentes e melhores, outras só diferentes, outras muito pior. eu só queria que o meu olhar mudasse, que visse as coisas de forma a senti-las de outra forma. Não queria as coisas como dantes, isso não.

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    2. Vi, para o seu olhar mudar tem de sentir de dentro para fora:)

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    3. Sou moça para saber isso muito bem, Legionário, isso e que para mudar por dentro não basta decidir mudar. Não funciona assim.

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