domingo, 4 de abril de 2021




 Trouxe-os para aqui com um propósito, rever as páginas dobradas e escolher algumas passagens para deixar o registo histórico que tantas vezes gosto de rever... mas acho que não estou com pachorra. Do primeiro, o que me ficou essencialmente foi uma cena relatada ao inicio de que senti vontade até aos ossos... descobrir um lugar qualquer, num fim de mundo improvável, sítio pequeno a contrapor a beleza e tranquilidade do lugar, tirar três meses ao quotidiano para os acrescentar à vida, alugar uma casa com vistas e uma varanda generosa, e levar na bagagem só tempo, música, livros e um computador para escrever. Assentou-me tão bem a ideia que se me gravou na alma como uma memória futura. De resto, é de leitura cómoda e leve, exactamente o que eu estava a precisar e queria ler nesta altura. O título - Não se encontra o que se procura - arrastou-me logo ali na livraria quando lhe bati o olhar, porque é uma frase cujo sentido eu repito há muito, e sinto-o muito como o meu sentido. Este livro do Sousa Tavares, curiosamente remeteu-me para o que comecei a ler há dias - A Louca da Casa, da Rosa Montero - ele refere o livro e a autora, assim como inúmeros livros e autores. Como que em conversa com o leitor, vai partilhando ideias e livros, faz também uma leitura à direita de alguma história do nosso país. E é um tipo de diálogo que gosto, não impõe, mas apresenta, comenta, talvez por isso tenha gostado do livro, como uma espécie de tira-gosto, algo para limpar o paladar entre livros de outra estirpe. Não sabia que tipo de livro seria, comprei, não pela capa, mas pelo título :) e não me arrependi. Seguiu-se o do Machado Vaz. Gosto de o ouvir e gostei razoavelmente do seu romance "Muros", que li há anos. Também não sabia o que esperar deste livro - à Escuta dos Amantes -, soava-me à partilha da vasta experiência que tem em ouvir pessoas e as suas histórias no seu consultório: as relações, o amor, a desilusão, a vida afinal. E ainda que num formato completamente desformatado cativa, porque é isso tudo, é mais que isso, mas não chega a ser isso... ou seja, é uma amálgama de tudo. Aqui não o descreveria como diálogo, mas como monólogo sobre várias facetas da vida partilhado com o leitor, e sei de muita gente que fazia bem em lê-lo e pensá-lo em várias vertentes, também me fez pensar nalgumas coisas e tem várias páginas marcadas. Gosto de algumas coisas neste homem, uma delas é chamar amantes a quem ama, quem pratica o amor, quem o sente, quem o dá, quem o sabe receber. Não, amantes aqui não são relações paralelas, ainda que possam ser, porque pode tomar muitos formatos, desde que a essência seja essa, até podem ser casados (vejam lá o escândalo ;) ), assim como classifica a Amizade como uma forma de amor, uma das suas facetas. Os amantes têm de ser amigos, mas os amigos não precisam ser amantes, são coisas diferentes mas que se tocam em muitos pontos.

[agora não me apetece escolher e transcrever aqui um ou dois trechos, daqui a bocado pode ser que a vontade assente, gosto de fazer esse exercício de deixar aqui partes que gostei, ou que me fizeram pensar, dos livros que vou lendo... há que vencer a maldita preguiça bahhhh]

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